Na última segunda-feira, a Fiba (Federação Internacional de Basquete) publicou uma nota em seu site oficial na qual tratava de uma reunião de seu comitê executivo. Até que na metade do texto, citou a decisão dos dirigentes a respeito do destino das vagas para as seleções feminina e masculina do Brasil para os Jogos Olímpicos do Rio 2016. Para quem não sabe, o basquete nacional ainda não tinha uma definição se teria ou não direito às vagas por conta de ser o país-sede, em virtude de uma dívida da CBB (Confederação Brasileira de Basquete) com a Fiba.
A Fiba determinou que, pelo fato de o Brasil ter uma “rica história no basquetebol”, embora a CBB tenha dívidas significativas, concedeu a qualificação olímpica para as equipes feminina e masculina. Mas com uma ressalva: que até o próximo dia 31 de julho a entidade brasileira quite seus débitos com a Fiba, para só então confirmar a classificação olímpica das duas equipes.
No mesmo dia, a própria CBB manifestou-se em seu site, dizendo que “atendeu a todas as solicitações de informações feitas pela FIBA, o que incluiu uma proposta de equacionamento dos débitos pendentes”. O comunicado da confederação diz ainda que aguarda uma resposta formal da federação internacional, lembrando que a proposta respeita a “capacidade financeira e conta com garantias reais para o pagamento”.
Tenho apenas uma expressão para ilustrar o que eu penso de toda esta confusão: um vexame do tamanho do Cristo Redentor.
Novamente para quem não se lembra, o motivo da dívida diz respeito ao convite que a Fiba fez à CBB para que a seleção masculina participasse do Copa do Mundo de 2014, realizada na Espanha. E isso só aconteceu por causa de um vexame anterior, que foi a não classificação brasileira na Copa América de 2013, quando a seleção conseguiu perder até da Jamaica (!). Graças ao convite, o Brasil evitou deixar de disputar o Mundial pela primeira vez.
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Os valores do débito da CBB com a Fiba, segundo informou o UOL, seriam de quase R$ 2 milhões, em razão de duas parcelas que ainda não foram quitadas. Com a paciência dos cartolas da federação internacional acabou, o jeito foi apelar para a manutenção da classificação automática para os Jogos do Rio. O técnico da seleção masculina, o argentino Rubén Magnano, já havia reclamado da indefinição da vaga olímpica, pois isso estava atrapalhando o seu planejamento para a Copa América, que será realizada no final de agosto. O mesmo ocorre com o treinador Luiz Zanon, da seleção feminina.
Envolvida em diversos problemas financeiros, que aumentaram com a perda do patrocínio da Eletrobrás, a CBB, comandada por Carlos Nunes, teria evitado esse mico olímpico simplesmente se tivesse assumido a própria incompetência e não pedido o tal convite para a Copa do Mundo. Afinal, se foi incompetente para assegurar a classificação em quadra, que ficasse em casa. Agora, precisa apelar para uma espécie de “crediário” para quitar seus débitos e ter presença antecipada no Rio 2016.
Lamentável todo esse episodio.
PS: Sobre a situação financeira da CBB, recomendo a leitura do blog do jornalista Fabio Balassiano, no UOL, que em seus últimos posts analisa o balanço financeiro da entidade e, entre outras coisas, aponta que a dívida aumentou para R$ 13,8 milhões em 2014.