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Presidente do CPB faz balanço de Santiago e mira recorde em Paris

Mizael Conrado destaca medalhas de jovens atletas no Parapan e projeta melhor campanha da história nos Jogos de Paris-2024

Na imagem, Mizael Conrado aparece falando com um microfone na mão direito enquanto faz discurso
Na imagem, Mizael Conrado aparece falando com um microfone na mão direito enquanto faz discurso (Alessandra Cabral/CPB)

[Em parceria com Gabriel Gentile] A melhor campanha de todos os tempos e em todos os parâmetros esportivos! Isso foi o que a delegação brasileira conseguiu nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago-2023. Ao todo, os atletas brasileiros subiram ao pódio 343 vezes na capital chilena. Dessas 156, foram douradas, 98 de prata e 89 de bronze. O número supera com folga a campanha de Lima-2019, que acabou com 308 medalhas.

+ Veja o quadro de medalhas dos Jogos Parapan-Americanos

Para se ter um impacto da campanha brasileira em Santiago-2023, os Estados Unidos encerrou na segunda posição do quadro de medalhas 166 medalhas. Isso representa menos da metade do somatório brasileiro. Além disso, os norte-americanos só conseguiram 55 ouros, três vezes menos do que o Brasil conquistou.

“O resultado foi extraordinário, a gente sabia que era um grande desafio fazer uma campanha maior que Lima, 308 medalhas, 124 de ouro. Mas os nossos atletas mais uma vez superaram todas as marcas, superaram todas as marcas de todos os tempos”, exaltou Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Além disso, outro ponto positivo em Santiago-2023 foram as conquistas de atletas jovens. Quase metade da delegação brasileira estreou em Jogos Parapan-Americanos na capital chilena. Os debutantes em Parapan conseguiram somar mais de 100 medalhas. O Chile, país sede, fez a melhor campanha de sua história com 51 no total. 

Futuro garantido

Entre os atletas jovens, um dos destaques ficou com Samuel Oliveira. O nadador de apenas 18 anos estreou no Parapan metendo o pé na porta. Pela classe S5, Samuka, como também é conhecido, conseguiu sete medalhas, todas elas de ouro. Além disso, o paulista desembarcou em Santiago como o atual bicampeão mundial dos 50m borboleta.

Samuel de Oliveira, destaque brasileiro na natação no Parapan de Santiago-2023 (Marcello Zambrana/CPB)
Samuel Oliveiras sorri para foto com medalha de ouro (Marcello Zambrana/CPB)

“A partir de 2017, mudou a lógica do desenvolvimento do esporte. A gente fazia alto rendimento, né? E o único evento que a gente tinha de base, de formação, na realidade, era para a Paralimpíada Escolar. Então, a partir de 2017, a gente cria as escolas de esportes, o Festival Paralímpico, o Camping Paralímpico. Hoje são 67 centros de referência em todo o território nacional”, ressaltou Mizael. 

A pernambucana Andreza Vitória também é fruto do trabalho para formação de atletas. Ingressando na bocha em 2015, a atleta de 22 anos conquistou o vice-campeonato das Paralímpiadas Escolares no ano seguinte e se sagrou campeã em 2017. Na seleção brasileira há cinco anos, Andreza é a atual campeã mundial da classe BC1 e estreou no Parapan com medalhas de ouro no individual e por equipes.

Andreza de Oliveira, uma das representantes do Brasil na bocha em Santiago-2023 (Washington Alves/CPB)
Andreza Vitória vibrando em partida de bocha (Washington Alves/CPB)

“O centro de referência vem sendo um projeto importante para a formação de atletas. Espaço para os atletas de alto rendimento também desenvolverem ali os seus treinamentos, sua atividade. Eu acho que isso é fundamental”, complementou o presidente do CPB.

Inspirando gerações

As conquistas brasileiras não se refletem apenas em números. Ver o Brasil no topo do pódio tantas vezes, tem o poder de trazer mais pessoas ao esporte paralímpico. Assim, tal aspecto se torna fundamental para fomentar gerações e mais gerações de atletas vencedores, assim como de ídolos nacionais. 

Washington Alves, o Shitão, Petrúcio e José Alexandre Martins posam para foto com a bandeira do Brasil
Washington Alves, o Shitão, Petrúcio e José Alexandre Martins posam para foto com a bandeira do Brasil (Foto: Marcelo Hernandez/Santiago 2023 vía Photosport)

“Todos nós quando iniciamos alguma atividade a gente precisa de uma inspiração, a gente precisa de um ídolo. Então, preciso me espelhar em alguém para entender o que é possível fazer e não tenho dúvida que o Esporte Paralímpico tem gerado muitos ídolos ao longo dos tempos. Não só esportiva, mas também como do ponto de vista da cidadania. Então, acredito que é fundamental a gente ter grandes pessoas, grandes atletas, para inspirar cada vez mais as nossas crianças”, disse Mizael. 

Metas para Paris

Assim como nos Jogos Parapan-Americanos, o Brasil vem batendo recordes a cada edição. No Parapan, o país ficou na liderança do quadro pela primeira vez no Rio-2007 e não saiu de lá desde então. Nas Paralimpíadas de Tóquio, o Brasil fez sua melhor campanha da história, terminando em sétimo lugar com 72 medalhas conquistadas. A expectativa para Paris-2024 é de outro recorde.

Na imagem, jogadores do Brasil de futebol de cegos com suas medalhas.
Jogadores do Brasil de futebol de cegos com suas medalhas (Foto: Douglas Magno/ CPB)

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“A nossa expectativa, e a gente vem trabalhando muito para isso, é para registrar lá na cidade de Luz o melhor resultado de todos os tempos desde a primeira participação no Brasil em 1972”, afirmou Mizael. O Jogos Paralímpicos de Paris acontecem de 28 de agosto a oito de setembro do próximo ano.

Divisor de águas

Em seu segundo mandato como principal dirigente do esporte paralímpico brasileiro, Mizael Conrado sabe tudo sobre a vida de um atleta do paradesporto. O atual presidente do CPB defendeu a seleção brasileira de futebol de cinco por muitos anos. Com a camisa verde-amarela, conquistou dois títulos mundiais e o bicampeonato paralímpico em Atenas-2004 e Pequim-2008. Dessa forma, ele viu de perto as mudanças na comunidade esportiva nas últimas duas décadas.

Foto dos atletas Mariana D’Andrea e Claudiney Batista, ao lado do presidente do CPB Mizael Conrado após anúncio.
Atletas Mariana D’Andrea e Claudiney Batista, ao lado do presidente do CPB Mizael Conrado (Foto: Divulgação/CPB)

“O Bolsa Atleta surge em 2005 e é um divisor de águas para o desenvolvimento esportivo no Brasil. Foi o Bolsa Atleta que permitiu que muitos atletas pudessem se dedicar exclusivamente. Agora, o atleta pode ter o atletismo ou qualquer outra modalidade como uma profissão, o que não acontecia antigamente. Então, diria a você que certamente, se não fosse pelo bolsa atleta, os resultados não seriam exatamente esses”, concluiu.

Jornalista recifense formado na Faculdade Boa Viagem apaixonado por futebol e grandes histórias. Trabalhando no movimento olímpico e paralímpico desde 2022.

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