O tênis de mesa masculino do Brasil domina o cenário dos Jogos Pan-Americanos desde os anos 80. O reinado começou lá atrás com Cláudio Kano, passou por Hugo Hoyama e tem sua hegemonia estabelecida com Hugo Calderano. No feminino, no entanto, a medalha de ouro ainda não saiu. Bruna Takahashi teve a chance nesta quarta-feira, mas caiu diante da portorriquenha Adriana Díaz, que conquistou o bicampeonato. Foi um jogaço definido apenas no sétimo set com parciais de 9/11, 14/12, 11/3, 8/11, 8/11 e 11/7 em 54 minutos de partida.
- Minas inicia bem, vê reação do Praia, mas vence no tie-break
- Crescenzi marca 23 pontos e amplia série invicta do Paulistano
- Grêmio bate Athletico e se aproxima de final da Ladies Cup
- Com Léo Lukas MVP, Guarulhos supera time goiano na Superliga
- Sifontes anota 37 pontos e Botafogo vence na prorrogação
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, TWITTER, INSTAGRAM, TIK TOK E FACEBOOK
Emoção
Derrotada num jogo tão apertado, Bruna Takahashi desabou a chorar assim que a partida terminou. A bicampeã Adriana Díaz abraçou a adversária e a consolou. “Eu fiquei bem emotiva porque não é a primeira final que eu perco… porque até agora não consegui um ouro. Gostaria muito de ter conseguido esse ouro. Eu trabalho muito duro para isso”, disse em entrevista aos jornalistas, sem novamente conseguir conter as lágrimas.
“Acho que sem nunca ter conquistado um ouro e estar quase perto ali, dói muito. No Campeonato Pan-Americano que teve em Cuba esse ano, eu também estava muito perto de conseguir o ouro. Então, é muito difícil de conseguir manter a cabeça erguida, me manter positiva e continuar trabalhando duro para chegar numa final e dar tudo de si de novo. Foi um jogo muito bom, um nível muito alto. Estou muito feliz com o nível que eu joguei, mas muito triste pelo resultado”, afirmou.
O duelo
Na decisão, Bruna Takahashi teve pela frente uma velha conhecida. Adriana Díaz é a melhor mesa-tenista das Américas no ranking mundial. A portorriquenha ocupa o 11º lugar, 13 posições a frente da brasileira. Mas o nível mostrado por Bruna na campanha em Santiago dava esperança de que ela poderia derrubar a atual campeã. Na semifinal, por exemplo, ela atropelou a americana Lily Zhang por 4 a 0, enquanto Adriana sofreu para vencer por 4 a 3 a canadense Mo Zhang.
Na final, enquanto Bruna Takahashi buscava a primeira medalha de ouro do tênis de mesa feminino do Brasil em Jogos Pan-Americanos, Adriana Díaz carregava a esperança de um país porque Porto Rico ainda não tinha ganho nenhuma medalha de ouro em Santiago. Há quatro anos, em Lima, a atleta teve participação direta em três dos cinco ouros conquistados pelo país no Peru ao ser campeã de simples, duplas e por equipes.
No Chile, Bruna Takahashi já tinha colocado água no chope portorriquenho ao vencer junto com Giulia o duelo de irmãs contra Adriana e Melanie Díaz na semifinal do torneio de duplas. Na decisão do ouro individual, entretanto, a portorriquenha deu o troco.
Jogaço
Bruna Takahashi venceu o primeiro set por 11/9. No segundo, Adriana Díaz chegou a abrir 5/1, mas a brasileira fez seis pontos seguidos e virou para 7/5. A portorriquenha não esmoreceu e a briga foi ponto a ponto até a atual campeã fechar em 14/12.
Diferente dos dois primeiros sets, Bruna Takahashi não conseguiu equilibrar as ações no terceiro e Adriana Díaz abriu vantagem para vencer com tranquilidade por 11/3. A brasileira, no entanto, recuperou o foco e concentração na quarta parcial e conseguiu se impor por 11/8.
O jogo seguiu em nível altíssimo, mas com Bruna Takahashi no comando. No quinto set, a brasileira abriu 10/6, Adriana Díaz salvou dois sets points, mas a brasileira conseguiu vencer por 11/8.
Na sexta parcial, a campeã de Lima-2019 subiu de nível, venceu por 11/9 e levou a partida para o sétimo e decisivo set. O jogaço só foi mesmo definido dos detalhes. Adriana Díaz Takahashi brilhou no fim e venceu por 11/7 para conquistar a primeira medalha de Porto Rico em Santiago.
Amizade x Rivalidade
Bruna Takahashi e Adriana Díaz têm a mesma idade. São amigas fora da mesa, mas rivais dentro dela. O primeiro confronto aconteceu quando as duas ainda eram crianças. Foi em novembro de 2012 e elas tinham apenas 11 anos. A portorriquenha venceu por 3 a 0 num Challenge da categoria cadete disputado em Guam.
Depois disso, elas se cruzaram muitas vezes na vida. Nas categorias de base, o equillíbrio era muito grande com sete vitórias de Bruna Takahashi e oito de Adriana Díaz. No adulto, a vantagem tem sido da portorriquenha. A brasileira venceu o primeiro confronto no Campeonato Latino Americano de 2016, em San Juan, capital de Porto Rico. Mas depois disso, foram mais seis duelos com cinco vitórias de Díaz.
No Pan de Lima
Nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019, elas se enfrentaram duas vezes. Na chave de simples, Adriana Díaz venceu por 4 a 0 nas semifinais da competição. A portorriquenha acabou sendo campeã, enquanto a brasileira terminou com bronze.
Na disputa por equipes, elas voltaram a se enfrentar na final. Bruna Takahashi venceu Adriana Díaz por 3 a 1, mas não evitou que Porto Rico conquistasse o título e o Brasil ficasse com a medalha de prata.
Nos quatro anos entre os Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 e o de Santiago-2023, elas só jogaram uma vez. Foi na final do Campeonato Pan-Americano de 2021, novamente na capital peruana, e Adriana Díaz venceu por um apertadíssimo 4 a 3.