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Santiago 2023

Em três frentes, Marquinhos tem objetivos diversos no Pan

Número um do ranking mundial, brasileiro busca primeira medalha de ouro para o tiro com arco, vaga olímpica individual feminina e pódio com a equipe masculina

Marcus D'Almeida tiro com arco Jogos Pan-Americanos Santiago-2023
(Wander Roberto/COB)

Santiago – Não são poucas as missões de Marcus D’Almeida no tiro com arco recurvo dos Jogos Pan-Americanos de Santiago. O carioca de 25 anos vai atuar em três frentes na sequência do torneio, não apenas em busca de medalhas inéditas, como também até na disputa por uma vaga olímpica no individual feminino para o Brasil. Mas ele tem tamanho para a tarefa. Atualmente é o líder do ranking mundial, venceu a final da Copa do Mundo no México e foi terceiro colocado no Mundial da Alemanha. Isso só neste ano. Em 2021, sagrou-se vice-campeão mundial, campeão pan-americano da modalidade e ainda esteve na Olimpíada de Tóquio.

“Sempre acreditei no meu trabalho. Eu estava em algumas finais de Copa do Mundo, mas não tinha emplacado uma vitória, até que depois de Tóquio realmente consegui algumas vitórias, medalhas. Eu sempre fiz alguma coisinha, só que agora está se tornando mais consistente”, disse nesta quarta-feira (1º), sobre a evolução que vem tendo na carreira nos últimos anos. “Amadurecimento, tempo de treino, tudo isso”, acrescentou, após ficar em primeiro lugar no ranqueamento individual do tiro com arco no Pan de Santiago, campeonato no qual busca o ouro inédito.

Disputa mundial

Na linha de tiro do Centro de Tiro com Arco de Santiago 2023, localizado no Parque Peñalolén, Marcus D’Almeida precisou superar uma batalha ferrenha contra o estadunidense Brady Ellison, quarto do mundo e atual recordista mundial e dos Jogos Pan-Americanos. “É uma disputa mundial, é normal estarmos sempre se enfrentando. Hoje ele se manteve uma boa parte da competição à frente. Quando acabou a primeira metade pensei que ia ser muito difícil passar, porque estava cinco pontos atrás. Mas ele deu brecha e conseguir ficar em primeiro lugar. É sempre muito duro, é um grande arqueiro.”

Experiente, não se deixa levar pelo sucesso ainda na fase classificatória da competição, apesar de reconhecer seu tamanho. “Tem alguns favoritos, não sou sozinho. Tem pessoas com muita capacidade aqui. É uma competição extensa, hoje é quarta-feira e a final é só domingo. É manter o trabalho, a calma para seguir fazendo bons resultados”, falou, projetando a fase eliminatória do tiro com arco individual do Pan. “Estou sempre focado em fazer o meu melhor independente se estou competindo sozinho ou com um monte de gente.”

Equipes masculina

Junto com ele estavam Matheus Ely e Matheus Gomes. A soma dos três desempenhos valeu para a competição por equipes masculina. Nesse torneio, as eliminatórias já foram realizadas, com o Brasil passando pelo Canadá nas quartas de final e perdendo para os Estados Unidos na semi. Assim, vão disputar o bronze contra a Colômbia. “Jogamos contra os Estados Unidos muito bem, por pouco não fomos para o ouro. Estou muito feliz com o resultado dos meninos. Fizemos um 5 a 1 contra o Canadá com uma grande média. Contra os Estados Unidos também fizemos uma média muito boa. Isso mostra evolução e um bom trabalho que estamos fazendo no Brasil.”

Matheus Gomes também saiu satisfeito do primeiro dia de competição, tanto pelo individual, quando no coletivo. “Fechei em 19º (classificatório individual), bati meu recorde pessoal internacional. Fiz 653 e o antigo era 646. Tô muito contente. Não fiz nada absurdo, fiz o que trabalhei. Estou esperando o melhor, sei o que posso fazer, do que sou capaz. Vamos lutar pelo ouro”. Sobre o coletivo, também saiu animado. “Foram dois combates bem difíceis. Fizemos médias (de pontos) muito boas no primeiro. Contra os Estados Unidos, perdemos. Porém, estamos contentes porque fizemos nosso trabalho, atiramos bem. Infelizmente não deu pra ir para o ouro, mas temos o bronze e vamos lutar por isso”.

Duplas mistas

A outra frente de Marcus D’Almeida é nas duplas mistas. Ele vai competir ao lado de Ana Machado, a melhor do Brasil no ranqueamento do individual feminino. O torneio dá para a dupla campeã vaga individual no masculino e no feminino para o país em Paris 2024. Como no masculino o Brasil já tem, conquistada por Marquinhos no Mundial da Alemanha, e o Pan dá apenas uma por país, uma eventual conquista brasileira garante presença no individual feminino dos Jogos Olímpicos. “É um grande objetivo pra nós, em duplo sentido. Não temos a vaga olímpica no feminino e não temos o ouro (no Pan), então ganhar os dois seria fantástico”, disse Marcus D’Almeida. “Classificamos em terceiro hoje, é uma boa chave. Ela atirou muito bem, eu atirei muito bem, então é possível.”

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Céu é o limite

“Eu e o Marquinhos já fizemos algumas duplas mistas antes, trabalhamos muito bem. Acho que é possível e vamos em busca”, disse Ana Machado. Ela se saiu bem no individual. “Foi minha pontuação mais alta em uma competição adulta. Me senti bastante confiante, tranquila. Espero continuar assim até o final da competição. Tento não pensar muito onde tenho de chegar. Quero me sentir confortável e fazer o que sei. Se fizer o que estou preparada, o céu o limite”, acrescentou, falando em “conquistar uma medalha.”

Na equipes femininas, ao lado de Sarah Nikitin e Ane Marcelle, teve campanha similar à do masculino. Venceu o Canadá nas quartas e perdeu nas semis, porém para o México. Nada que abale a confiança para conquistar a medalha de bronze. “O primeiro (combate) foi relativamente tranquilo. No segundo foi contra uma equipe muito forte, a única que já tem vaga na Olimpíada. Fizemos um trabalho muito bom, aumentamos a pontuação do primeiro combate, ganhamos um set delas com pontuação de 58 no máximo de 60. A equipe está muito unida, trabalhando em uma sincronia legal então acredito que vai dar bom”, disse Ana Machado. “Quase toda competição de sul-americano, pan-americano agente combate com a Colômbia. Estamos bastante animadas e confiantes”, falou, sobre a disputa do terceiro lugar.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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