Santiago – Com a prata no peito, um sorriso de orelha a orelha e, como ele mesmo diz, um coração gigante, o arremessador André Rienzo anunciou a aposentadoria da seleção brasileira de beisebol. Falou logo depois da final de sábado (28), ainda no campo do Centro de Béisbol y Sóftbol de Cerrillos, em Santiago, palco onde fez história com os companheiros conquistando a inédita medalha da modalidade em Jogos Pan-Americanos.
“O André aposenta hoje”, disse, deixando claro que é apenas da equipe brasileira. “Estou na seleção há décadas. Me aposento em grande estilo. Queria que fosse a de ouro, mas tá bom também”, afirmou, orgulhoso do feito realizado ao lado de atletas experientes, como Paulo Orlando, Felipe Natel e Pedro Okuda, e mais novos, como Victor Coutinho e Osvaldo Carvalho. Rienzo foi o coração do time, modulou a moral da equipe durante toda a competição, falando primeiro em fazer um bom trabalho, depois cogitando a medalha até fazer o grupo acreditar que o ouro era uma meta possível.
Temos beisebol
“Carregamos juntos, não quero mérito nenhum. Sou um dos mais veteranos. Eles me escutam e fico muito feliz em deixar um legado e falar coisas que eles absorvam de forma positiva”, acrescentou o arremessador, o primeiro brasileiro a iniciar no montinho por um time da Major League Baseball, a principal liga dos Estados Unidos da modalidade. “A minha maior felicidade é que a gente mostrou para o Brasil temos beisebol. Que o que fizemos aqui hoje repercuta nas novas gerações que estão vindo. Que eles tenham mais apoio, mais patrocinadores, mais todo o tipo de ajuda para eles, na próxima, ganharem o ouro. Se a gente (hoje) tivesse alguma coisa perto do profissional, pode ter certeza que esse ouro seria nosso”, acrecentou, logo após anunciar a aposentadoria.
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Experiência no montinho
No Pan, Rienzo ajudou como pode, atuou até no campo externo, mas não abriu nenhum jogo. Felipe Natel, por outro lado, começou três dos seis jogos disputados. Nas vitórias contra Venezuela e Cuba, e na grande final contra a Colômbia. Fechou o torneio de beisebol do Pan com números bem consistentes. Foram 11 entradas e dois terços jogadas, cedendo dez rebatidas, sete andadas e três corridas, impondo nove strike outs. O ERA ficou em 1,80.
“Foi um campeonato com muitas emoções, a gente chegou aqui bem confiante de que podia conquistar uma medalha, mas sabia que seria muito difícil. As três primeiras vitórias no grupo foram jogos bem apertados. Depois que a gente viu a possibilidade de conquistar a medalha de ouro, todo mundo focou nisso. Veio a de prata e espero que sirva de motivação para a geração nova que vem vindo aí e no próximo Pan-Americano eles correrem atrás do ouro e levarem. Todos viram que é possível”, disse o arremessador do Yamaha, no Japão. “Fui o primeiro arremessador e a hora que subi no morro já foi uma emoção por jogar uma final de Pan-Americano. Um sonho. Vestir uma camisa com esse pessoal. A gente cresceu junto, mais da metade. Foi uma emoção tremenda conquistar essa medalha.”
Pauladas de prata
Pedro Okuda, shortstop, e o primeira base Victor Coutinho também se destacaram, mas no bastão. Okuda rebateu cinco em 14 passagens, uma delas dupla, impulsionou duas corridas e anotou uma. Registrou .867 de OPS. “Treinei bastante, me esforcei. Sei que sou um dos mais experientes, tenho 33 anos, e exige um pouco mais de experiência, de físico. Treinei bastante para estar aqui e graças a deus fui brindado. Estou muito feliz pelo grupo e pela medalha de prata”, disse. “Tinha gente que não conhecia o beisebol. Queríamos mostrar que existe atleta com talento no Brasil e que essa molecada nova leve isso adiante.”
Coutinho rebateu sete de 22 passagens pelo bastão, uma delas o único home run da seleção no torneio. Impulsionou três corridas e anotou mais três, finalizando com .773 de OPS. “Consegui fazer meu trabalho e estou muito orgulhoso de ter ajudado o time com todas as vitórias que conseguimos e ainda tem muito mais pela frente. Ainda não caiu a ficha, mas fizemos história.”