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Santiago 2023

Ana Marcela é prata; Vivi Jungblut leva bronze nas águas abertas

Sob um frio congelante, brasileira atual campeã olímpica era a favorita, mas acabou superada por Ashley Twichell, dos Estados Unidos na prova de 10 quilômetros disputada nos arredores da Cordilheira dos Andes

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(Satiro Sodré/CBDA)

Santiago – Sob um frio de dar inveja aos pinguins, vinte atletas de água abertas caíram na Lagoa Los Morros, nos arredores da Cordilheira dos Andes, em Santiago para disputar a prova de dez quilômetros femininos do Pan de Santiago. A brasileira Ana Marcela Cunha ficou com a medalha de prata, atrás da estadunidense Ashley Twichell. Viviane Jungblut, a outra brasileira na água, ficou com o bronze.

A disputa chegou perto de não ocorrer justamente por conta da temperatura. Na noite anterior a medição da água estava em 17 °C, apenas um acima do limite. Abaixo de 16 °C, como, por exemplo, 15,9 °C, não tem competição. Assim, vestidas com trajes que ajudam a manter o corpo aquecido, as atletas caíram na água. Do lado de fora, os termômetros custavam a chegar nos 10 °C.

Temperatura e traje

O bronze de Viviane foi o terceiro dela no Pan de Santiago, os outros dois saíram na natação em piscina. Um nos 800m e outro nos 1500m livre. “Esse era um dos meus objetivos. Em 2019 (Lima) também ganhei medalha nas duas modalidades, mas ao contrário. Primeiro a maratona e depois a piscina. Por ser uma prova com traje, no final da competição, sabia que ia dar uma pesadinha. Mas estava preparada.” O traje não é muito do gosto da maioria das atletas, mas é obrigatório se a temperatura da água está entre 16 ºC e 18 ºC. “Atrapalha um pouco a mobilidade do ombro”, explica Vivi.

Ana Marcela também não gosta do traje e, no caso dela, teve uma particularidade. “Tem mais de um ano e seis meses que eu não nadava com o traje, desde que eu me lesionei. No sul-americano, que foi seletiva aqui para pan, todo mundo nadou de traje e eu nadei sem, na época era opcional. Lógico que entrei com um pé atrás, com receio. Então fui muito no meu tempo, no meu ritmo”, falou a brasileira. Ela operou justamente o ombro no final do ano passado. “Estou muito feliz com essa prata. Óbvio que nadei em busca do ouro, de ser bicampeã, mas pensando na Olimpíada, na seletiva olímpica, aqui foi um grande passo e mostra que estamos no caminho certo”.

Oito voltas

Na prova, Ana Marcela, atual campeã olímpica e um dos maiores nomes do Time Brasil no Pan de Santiago, era a favorita. Ela passou na quarta colocação na primeira das oito voltas, com Viviane Jungblut em quinto. Ambas, porém, no grupo das primeiras colocadas. A canadense Emma Finlin fechou os primeiros 1250 metros na frente, com 4,7 segundos de vantagem para Ana Marcela e 6,2s de Viviane. Na terceira volta as duas brasileiras cresceram e passaram a ocupar a segunda e a terceira colocação, pela ordem, atrás apenas de Ashley Twichell, sétima colocada nos Jogos de Tóquio.

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Traje foi uma questão na prova em Los Morros (Javier Valdés Larrondo/ Santiago 2023 via Photosport)

Arrancada final

Na quinta volta, Ana Marcela Cunha já era a segunda colocada, colada em Ashley Twichell e com a argentina Cecilia Biagioli em terceiro, à frente de Viviane Jungblut. Todas, porém, muito próximas umas das outras. Na sexta volta, a nadadora dos Estados Unidos aumentou o ritmo e impôs quase nove segundos de frente para o grupo que vinha atrás. Ana Marcela seguia em segundo, Biagioli em terceiro e Viviane em quarto. A quinta colocada vinha bem mais atrás. Na última volta, a distância foi além dos 11 segundos. Ana Marcela não desistiu e apertou o ritmo, mas não foi o suficiente e ela ficou com a prata. Vivi Jungblut chegou logo atrás para o bronze.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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