Depois de três participações frustradas, Rafaela Silva conquistou sua primeira medalha de ouro em Jogos Pan-Americanos neste sábado (28), em Santiago, no Chile. O título teve um gosto especial para ela, não só por ser o “que faltava” em sua carreira vitoriosa, mas também porque sua vida virou de cabeça para baixo depois da última edição do Pan, em Lima-2019. Na ocasião, ela chegou a levar o ouro, mas foi flagrada no doping dias depois e foi suspensa por dois anos, além de ter perdido a medalha.
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“Foi bem difícil voltar para o Pan. Cheguei na Vila e ainda estava tudo tranquilo. Fiz a pesagem normal, mas quando teve a primeira luta e eu subi no tatame, veio um pouco da lembrança de 2019. Tive que segurar um pouco da emoção, porque os últimos quatro anos foram pensando nesses Jogos Pan-Americanos de Santiago. Estou feliz por me manter forte, conseguir focar no meu objetivo e trazer essa medalha de ouro para o Brasil”, falou Rafaela Silva, emocionada após a conquista.
A trajetória até o ouro
Rafaela competiu pela primeira vez em um Pan em Guadalajara-2011, quando obteve a medalha de prata. Quatro anos mais tarde, levou o bronze em Toronto-2015. Já em Lima-2019, chegou com o status de campeã olímpica e levou o ouro. Dias depois, no entanto, veio uma péssima notícia: ela testou positivo para fenoterol – substância proibida que costuma ser usada em tratamento de doenças respiratória, como a asma – justamente durante os Jogos.
A situação fez com que Rafa tivesse seu resultado de Lima anulado, perdendo a medalha de ouro. Além disso, ela foi julgada pela Corte Arbitral do Esporte (CAS) e acabou suspensa por dois anos, o que lhe tirou dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, ficando impedida de defender seu título. Hoje, dois anos depois de voltar a competir, a carioca já retomou o caminho das grandes conquistas, tendo sido campeã mundial no ano passado, e agora obtendo o ouro em Santiago-2023.
Rafaela Silva acredita que esse cenário lhe dá combustível para chegar com tudo em Paris-2024, me busca de seu segundo ouro olímpico. “Me tiraram duas medalhas importantes, a dos Jogos Pan-Americanos e a do Mundial, além da minha vaga para Tóquio-2020. Eu já consegui uma medalha no Mundial, não foi de bronze, mas foi de ouro, e agora obtive o ouro também no Pan. O próximo passo agora é a medalha olímpica em Paris-2024”, falou ela.
Favoritismo
Em Santiago-2023, Rafaela chegou com muito favoritismo para o ouro inédito. Quarta colocada no ranking mundial, ela era a cabeça de chave número um na categoria até 57kg. A segunda atleta mais bem ranqueada do torneio era a estadunidense Mariah Houlguin, número 31 do mundo, mas Rafa não a encontrou. Independente disto, a brasileira impôs sua superioridade sobre as adversárias que enfrentou e fez uma campanha arrasadora, vencendo suas três lutas com apenas 4min08s acumulados.
“Nas minhas duas primeiras lutas de hoje, eu não conhecia minhas adversárias, então falei para minha treinadora que iria sentir a luta para não ser surpreendida, porque em uma competição como essa, tudo pode acontecer. Essa é a minha quarta participação nos Jogos Pan-Americanos, tenho pelo menos 16 anos batalhando na estrada para conseguir essa medalha de ouro. Então, estou muito feliz de ter essa resiliência e essa capacidade mental de chegar aqui e fazer o meu papel”, completou a judoca.