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Santiago 2023

“Sensação de pertencimento e representatividade”

Em meio à nova geração da escalada esportiva, Bianca Castro celebra entrada na modalidade no universo olímpico e sonha com uma final no penúltimo ano da carreira.

Bianca Castro lead Copa do Mundo de escalada esportiva santiago 2023
(Lena Darella)

Santiago – Tudo ainda é muito novo para a escalada esportiva no universo olímpico. A modalidade entrou para o programa da Olimpíada em Tóquio 2020 e debuta agora em Santiago 2023 no dos Jogos Pan-Americanos. Naturalmente, o mesmo ocorre com a seleção brasileira, integrando apenas pela segunda vez uma missão do Time Brasil. Desta forma, é fácil entender porque são ainda tão jovens quase todos os atletas do grupo que está na capital chilena. Há quem ainda divida a rotina com o ensino médio. Em meio à garotada, há uma desbravadora que, após anos de dedicação, consegue competir num cenário onde ela ajudou a colocar a modalidade.

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Bianca Castro começou a escalar “oficialmente”, como ela gosta de dizer, em 1998. Tinha nove anos. Extra-oficialmente, podemos afirmar, nasceu com a escalada em si, pois quando criança subia em armários, portas, entradas de prédio ou qualquer lugar que desse. Hoje, já com mais de 30 anos, segue com a mesma “mania”, mas competindo e se preparando para participar de mais uma das estreias que a escalada esportiva faz. “Pra mim, participar do Pan é uma realização. Escalo em competição desde 2001”, afirmou Bibi, nesta terça (17), no primeiro treino que a seleção fez na capital chilena.
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Pertencimento

“É muito legal estar junto dos outros esportes, traz uma sensação de pertencimento e representatividade”, continua a escaladora. “Desde 2014, quando a associação foi criada, já foi um grande estímulo. Depois que foi oficializada na Olimpíada, o cenário mudou completamente. Temos suporte da federação e do COB para participar da copa do mundo, do mundial, o que antes a gente fazia por conta própria”, diz. Bianca acrescenta que nunca havia conseguido participar da copa do mundo. “Agora, esse ano, participei de quatro, cinco etapas, do mundial. Ano passado, a mesma coisa. E não é pertinho, fomos para a França, Suíça, Japão, Coreia do Sul. Com certeza não teríamos recursos para ir”, comemora.

Apesar da satisfação, não está em Santiago 2023 a passeio. “Agora vim aproveitar, dar o meu melhor e de repente conseguir fazer uma final. É muito competitivo, tem as melhores atletas dos Estados Unidos, vale uma vaga olímpica. Vai ser nível de campeonato mundial com certeza”. Mas, se a final não vier, não há espaço para chateação, desde consiga dar o melhor. “Se a gente só buscar o resultado, pode acabar sendo muito frustrante. Pode dar a impressão de que, se não conseguir, todo o tempo (de preparação) foi perdido. E não é assim.”

Nova geração

Bibi revelou também que 2024 será o último ano dela como atleta no âmbito da seleção. Mas, talvez, não se despeça da nova geração, pois não descarta alguma função técnica no futuro. “Quem sabe? É legal trazer toda a experiência acumulada, passar para as próximas gerações e tentar ajudar a escalada brasileira. Tem uma dificuldade, porque moro na Itália, mas hoje em dia tem home office. Vou mandar meu currículo para a Abee (Associação Brasileira de Escalada Esportiva)”, brinca.

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A nova geração

Se realmente isso acontecer, vai trabalhar com uma turma bem motivada. Mariana Hanggi é uma das mais novas. “Depois que saiu a classificatória para o Pan, o tanto de pontos que a gente precisava, começamos a ir para quase todas as etapas da copa do mundo. Com isso começamos a ganhar experiência. A gente começa a ficar com mais gana, com mais vontade. Começa a competir com os melhores do mundo, com a galera que tá ganhando mundial. Dá uma focada, você quer treinar mais, ficar mais forte”, afirma a jovem. “Não vejo a hora de terminar o ensino médio para conseguir treinar fora, focar 100% nos treinos. Meu maior objetivo, meu maior sonho, é uma Olimpíada.”

Aros olímpicos

Rodrigo Hanada já terminou o ensino médio e resolveu focar na escalada. “É um sonho desde de criança vestir uma camiseta com os aros olímpicos, estar em uma Vila. Muito diferente. A gente é só o começo de muita história que o Brasil vai escrever na escalada”, diz. E ele pensa longe. “Ganhar mais experiência para os próximos dois ciclos, que são os que eu to mais focado em pódio e medalha. Esse ano não é o que eu estou visando para ser o meu ano, meu foco está mais em 2028 ou 2032”, projeta. “Esse ano e o ano passado a gente fez bastante treinamento fora do Brasil e conseguiu ver o nível dos outros atletas. O estilo de setting que tem lá fora e conseguir treinar nessa condições fez uma grande diferença”.

O time de Santiago 2023 conta também com uma atleta nascida na Suíça, Anja Köhler, filha e neta de brasileiros. Também na faixa dos 20 anos de idade, foi para Santiago 2023 com olhar mais adiante. “Primeiro de tudo, com certeza, é a experiência de estar em um evento tão grande, como lidar com tudo. Mas também gostaria de estar na final e vou tentar meu melhor para alcançar isso”, afirma. “Tem sido incrível estar ao lado de tantos outros atletas. Atletas que eu sempre admirava quando era menor. Faz a experiência ainda mais especial”.

O homem do Speed

Pedro Egg é um pouco mais velho, mas nem tanto, e pratica a escalada esportiva há não muito tempo. É o único que compete no Speed, diferentemente do restante, que está no Boulder-Lead. “Todos aqui no Pan são muito novos e têm expectativa de carreira a logo prazo. O Pan já é uma ferramenta muito legal para adquirir experiência. É muito legar trocar experiência, ver como funcionam os treinos deles (adversários). A comunidade da escalada é muito aberta”, diz. “A gente consegue ver na América Latina e no Brasil, muito forte, esse crescimento da escalada. Mais academias abrindo, muita gente nova aparecendo”.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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