Há três anos, quando dava seus primeiros passos no rugby, Danilo Messias jamais poderia imaginar que em tão pouco tempo sua vida iria se transformar completamente. O brasileiro já representa a seleção brasileira de base, e terá a oportunidade de viver um semestre na África do Sul, referência mundial na modalidade, com todas as despesas pagas.
O atleta de 19 anos, natural de Maringá (PR), se destacou logo em seu primeiro treinamento de campo com a seleção sub-20, em 2023, e ganhou a atenção da Confederação Brasileira de Rugby. Assim, Danilo recebeu uma Bolsa Michel Etlin para morar em Stellenbosch, onde está localizada uma das principais academias do mundo, na África do Sul. Esta bolsa é uma iniciativa criada há uma década em homenagem a um dos patronos do rugby nacional, e é financiada por um grupo de mantenedores apaixonados pelo esporte, com o apoio da Confederação Brasileira de Rugby.
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O começo
“Meu primeiro contato com o rugby foi em 2018, quando a equipe do Maringá Rugby foi ao colégio divulgar o esporte e convidar os alunos a participarem de um treino. Fiquei interessado, mas na época fazia parte do time de handebol e acabei não levando a ideia adiante”, conta Danilo Messias.
Mas veio a pandemia e, com ela, o fim da equipe de handebol em que Danilo atuava. Foi a pausa necessária para a mudança definitiva de esporte. Na volta às aulas, em 2021, a colega de turma Giovanna Barth, atualmente na seleção feminina, o convidou para assistir um treino, e a adaptação foi imediata.
“Fui sem grandes pretensões, mas acho que o handebol facilitou a minha adaptação. Após uma semana e meia de treino, me selecionaram para disputar uma partida do Campeonato Brasileiro. Nesse dia, decidi que era a carreira que seguiria”, completa Danilo.
África do Sul
Assim, a oportunidade da Bolsa Michel Etlin surgiu em abril do ano passado, quando o atleta foi convocado para um camping com os Curumins, apelido da seleção brasileira masculina juvenil. Na ocasião, todo o elenco foi apresentado ao projeto que anualmente seleciona jovens talentos visando o desenvolvimento pessoal e esportivo. E, após meses de processo seletivo – com avaliações técnicas, psicológicas e análise do desempenho escolar –, Danilo acabou sendo aprovado.
“Estou aqui desde 23 de janeiro e está sendo uma experiência única, de grande crescimento. A cultura profissional daqui tem sido um grande aprendizado e um estímulo à minha dedicação total”.
A rotina de treinos é intensa, com atividades diárias dentro e fora de campo. Quando não está treinando, Danilo tem aulas de inglês, outra contrapartida da Bolsa Michel Etlin. Além de aprimorar aspectos técnicos do jogo, o projeto tem como objetivo o desenvolvimento pessoal do atleta, que vivencia diversas experiências culturais.
“Vejo que evoluí muito nestes dois meses de África do Sul. Dentro de campo, percebo uma melhora no condicionamento físico e nas habilidades básicas do jogo, como chute, passe e tackle. Fora dele, percebo que essa rotina me tornou uma pessoa mais disciplinada. Agora sei da importância de cumprir com os horários, da alimentação e do sono para crescer como jogador.”
Danilo finaliza em breve a primeira etapa do intercâmbio, que consiste em um trabalho intenso de pré-temporada com o restante da equipe. A partir de abril, inicia a segunda metade do programa, com a realização de partidas semanais.
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A bolsa
Instituída em 2014, a Bolsa Michel Etlin já beneficiou 15 jovens atletas com intercâmbios para África do Sul e Nova Zelândia. Os selecionados devem ter entre 18 e 20 anos, apresentarem boa conduta fora de campo, agindo conforme os valores do rugby, e mostrarem potencial para representar a seleção brasileira em um futuro próximo. Além disso, durante todo a estadia no exterior, profissionais da Confederação Brasileira de Rugby acompanham os jogadores.
Além de Danilo Messias, outros grandes nomes do rugby nacional já receberam a bolsa. Exemplos como Cleber “Gelado” Dias, Rafael “Latrell” Teixeira, João Amaral, Victor “Feijão” Silva e Matheus Claudio.