O remo de praia estará pela primeira vez no programa olímpico em Los Angeles-2028 e o principal nome da modalidade no país, Lucas Verthein, já está de olho. Em entrevista exclusiva para o Olimpíada Todo dia, o carioca de 26 anos explica detalhes da prova e entende que a novidade tem potencial para popularizar o remo no Brasil. “Traz realmente um sentimento de interesse do público. Consigo ter essa noção que é mais vendável que o meu próprio esporte. E muita gente vai se interessar tanto pelo remo clássico, quanto pelo remo de praia.”
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São três provas previstas no remo de praia em Los Angeles-2028. O individual masculino, o individual feminino e a dupla mista. Lucas Verthein explica como elas serão. “Você corre 50 metros na areia e tem um barco te esperando. O percurso na água é de 250 metros com três boias. Na ida, precisa fazer um slalom (zigue-zague). Na última boia, faz o retorno e mais 250 metros, porém em linha reta. Quando termina os 250 metros na volta, você é praticamente ejetado do barco. Precisa sair o quanto antes para voltar os 50 metros (na areia) e apertar um botão que tem na linha de chegada.”
Maior desafio
O maior desafio, segundo Verthein, é fora da embarcação. “Essa entrada e saída do barco, isso sim é onde o bicho pega. A parte do zigue-zague é muito simples. Você dá uma olhada para trás rápida, vê onde está, força mais de um lado, força mais de outro”. Sobre a boia, “os atletas estão acostumados. No remo tradicional, a gente está sempre virando em boia, estamos sempre fazendo movimentos assim. Temos noção de direção, mesmo sem estar olhando, a gente sabe para onde o barco está indo, mesmo de costas. “
A ondulação não preocupa, mas também merece atenção. “Geralmente depende da praia. Lá em Búzios estava bem tranquilo. Mas, por exemplo, esse ano no mundial em Gênova, que estava bem mexido, tivemos até ondas quebrando.” Lucas Verthein acrescenta que o barco do remo de praia é mais largo, fácil de remar, “por mais que tenha ondulação, vento e tudo mais. Dá até mesmo pra surfar, é uma doideira. Na arrebentação. dependendo do tamanho da onda, sim (é uma questão), mas entrando ali no mar, tendo uma situação mediana para tranquilo, consegue remar de boa”.
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Formato da disputa
O formato da competição lembra o do caiaque cross, da canoagem slalom. “Primeiro, faz uma tomada de tempo. Os melhores avançam para as fases de eliminatória. Não avançando, tem uma repescagem. Depois oitavas ou quartas e assim por diante. O chaveamento é um contra um, ou uma dupla contra outra dupla”, diz. “É muito interessante, achei bem legal. Já participei de uma competição agora, nesse último final de semana. Foi bem interessante. Ainda estou aprendendo muita coisa. Não tive ainda as minúcias, porque muda bastante a parte do remo”, completa.
Atalho pra medalha?
No remo tradicional, Lucas Verthein tem duas participações olímpicas com dois grandes resultados. Em Tóquio chegou na semifinal e terminou em 12 lugar, o melhor resultado de um brasileiro na modalidade em quatro décadas. Em Paris, ficou em 15º. Desde os Jogos na capital japonesa, ele não esconde o sonho de conquistar uma medalha. Sendo assim, uma novidade como o remo de praia parece ter o poder de dar uma igualada no nível da competição em Los Angeles-2028.
“Entendo isso de ser um esporte novo, muita gente ainda vai desbravar, mas tudo pode acontecer. Às vezes, a gente vai ter esses três anos aí, onde vai ter uma soberania de alguma nação e tudo pode mudar. A gente vai ter mares mais agitados, mares mais calmos”, diz. “Vai depender muito de questões técnicas, fisiologia, o quanto cada país está investindo para ter os melhores dentro das suas respectivas categorias. É uma coisa que é muito abrangente. Medalha olímpica é aquilo. É tu acordar no dia e falar ‘hoje é meu dia. Cara, pode cair o mundo, tudo pode dar errado, que para mim não vai dar errado'”.
“Os 15 primeiros da minha categoria individual (single skiff) estão muito próximos. Vou dar um exemplo. Esse ano, o belga que fiz photo finish na Copa do Mundo da Itália, fiquei de fora de uma final por menos de 0s01, foi o cara que fez quarto lugar nos Jogos Olímpicos. A galera está muito parelha.”
Veio pra ficar
Lucas Verthein mostra-se animado com o remo de praia. Entende que pode trazer muita atenção, o que, segundo ele, será bom também para o remo tradicional. “É uma modalidade que veio realmente para ficar, é muito interessante. Acredito que até em questão de patrocinadores. Pode trazer mais atenção, por exemplo, de uma Red Bull, de um energético, que tem a ver realmente com esportes radicais. Empresas que estão voltadas mais para esse viés, empresas que têm a ver com praia, com lifestyle. Tudo é muito interessante, saber que o remo agora tem uma oportunidade de se reinventar.”
O remador do Botafogo vai além e vê potencial fora do alto desempenho. “Pode virar um esporte voltado para o lazer, pro pessoal que quer dar uma remada no mar. Não tem preocupação de virar, porque o barco não vira. Fazer passeio em família. Ele é largo, você consegue levar alguma bebida, algum lanche. A gente popularizar e trazer mais pessoas interessadas em praticar não só por performance, mas também por lazer, para popularizar mais esse esporte. É um ambiente muito mais leve, você está ali na praia, termina a prova, dá um tibum ali na água, uma relaxada nas pernas.”
Brasileiro em Jurerê
No caminho para Los Angeles-2028, Verthein deve competir no remo de praia. Assim, estará no campeonato brasileiro da modalidade marcado para a praia de Jurerê, em Santa Catarina, entre os dias 4 e 8 de dezembro. “A princípio, estou inscrito. Vou participar do individual masculino e do quarteto misto, mas o quarteto misto não é olímpico”. Em 2025, ele lembra que o Rio de Janeiro vai sediar o mundial de remo de praia. “Já é um grande evento para trazer, realmente, a atenção não só do nosso público nacional, mas também da galera que vai estar vindo aqui prestigiar esse evento e competir.”
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