Lucas Verthein é o principal nome do remo brasileiro atualmente. O jovem atleta de apenas 25 anos carrega consigo a responsabilidade de manter o país entre as potências do esporte em nível internacional. Concluindo seu segundo ciclo olímpico, ele busca repetir as façanhas anteriores e superar recordes para inscrever seu nome na história.
Em sua estreia nos Jogos Olímpicos, em Tóquio-2021, Lucas era o único brasileiro competindo no remo. Além disso, foi o primeiro atleta do Time Brasil a disputar uma prova individual naquela edição. Sem sentir a pressão, chegou em sexto lugar na final B do single skiff e igualou o melhor resultado da história do país ao terminar com o 12º lugar geral.
Para se ter uma ideia, a última vez que o Brasil ficara entre as 12 primeiras embarcações do single skiff em uma Olimpíada fora em 1980. Na edição de Moscou, na Rússia, Paulo César Dworakowski terminou na mesma posição. Além disso, o remo brasileiro não se colocava no top-15 de qualquer prova desde os Jogos Olímpicos de 1992.
Começando bem 2023
O ano começou com tudo para Lucas Verthein. Logo na primeira competição de 2023, o Pré-Pan, o remador conquistou a vaga para os Jogos de Santiago-2023. Em seguida, ele migrou para Europa, onde disputou as etapas da Copa do Mundo de Remo.
“Eu fiz uma competição em que terminei em segundo na classificação geral e perdi só para um atleta dos Estados Unidos, que é um atleta muito forte. Porém, como foi a minha primeira competição do ano, ainda não estava com ritmo competitivo”, assim avaliou o Pré-Pan de Remo.
Susto e inicência
Em 2022, Lucas passou por um momento complicado na carreira. Em fevereiro daquele ano, acabou sofrendo uma suspensão após testar positivo num exame antidoping. Dessa forma, teve que ficar de fora do esporte para provar a inocência, algo que conseguiu com contundência. “Não foi nem um pouco fácil. Sempre tive na minha cabeça a ideia de buscar e revisar todos os fatos. Tudo que pudesse comprovar um erro na farmácia de manipulação e tudo que poderia juntar para minha defesa. Foram seis meses, mas graças a Deus, deu tudo certo e voltei a fazer o esporte que tanto amo”, falou.
Vaga em Paris adiada
Depois das provas na Europa, Verthein partiu para sua primeira chance de carimbar sua vaga nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. O Campeonato Mundial de Remo realizado no mês de setembro em Belgrado, na Sérvia, deu vagas para os noves melhores colocados de cada categoria.
+Remo nos Jogos Olímpicos de Paris 2024
O brasileiro chegou à Capital da sérvia após ter feito o melhor tempo da carreira na etapa da Copa do Mundo em Varese, na Itália. Depois de um bom início de competição, o remador acabou terminando como o quarto colocado das quartas de final. Com isso, ficou de fora da fase final e teve que adiar a vaga em Paris.
“Caí numa raia que era uma das que tomava mais vento. Visto que vinha de uma ótima prova nas quartas de final e faltou detalhezinho. Nos últimos 500 metros, o atleta da Itália me passou nos últimos 200 metros que eu já estava com uma fadiga muscular tensa por estar recebendo muitos mais vento do que os atletas das raias mais protegidas. Infelizmente, não pude avançar para a fase que poderia classificar entre os nove”, explicou.
Melhor das Américas
Apesar disso, o Lucas Verthein seguiu para a chave de reclassificação e conseguiu terminar o Campeonato Mundial como o melhor remador das Américas na categoria. Ele chegou em segundo lugar na final C e terminou com a 14º posição geral.
“Na final C, já estava classificado como o melhor país das Américas. A prova que fiz com um atleta belga, ele acabou me vencendo numa prova bem próxima. Os tempos que fizemos estavam parelhos com os da final B”, disse ao falar sobre Tim Brys, da Bélgica.
O brasileiro fez 6min53s08, enquanto o belga marcou 6min50s08. A última vaga em Paris no Mundial ficou com o japonês Ryuta Arakawa, que foi terceiro na final B com 6min52s19. Além disso, o último colocado da final A cruzou a linha de chegada acima dos 7 minutos.
Entrar para história no Pan
Os Jogos Pan-Americanos do Chile começam no dia 19 de outubro. O evento vai distribuir vagas olímpicas para algumas modalidades, mas não para o remo. Mesmo assim, Lucas Verthein enxerga a competição como a principal da temporada, pois tem metas ousadas para a sua campanha na capital chilena.
+Remo nos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023
“Agora é um ponto muito importante dentro da minha carreira, pois preciso estar na melhor forma, melhor até do que estive no Mundial. É uma competição que o Brasil, no Remo, não vence desde 1987″, ressaltou Verthein.
Na história dos Jogos Pan-Americanos, o Brasil já conquistou oito medalhas de ouro. Todas elas vieram em categorias com mais de um remador. O bicampeonato dos irmãos Ricardo e Ronaldo de Carvalho no Dois Sem em Indianápolis 1987 marcou a última vez que o Hino Nacional brasileiro tocou na modalidade do evento.
“São 36 anos de intervalo que a gente não tem uma medalha de ouro no remo. Conseguindo esse feito, se Deus quiser, fora histórico, será um feito inédito para categoria individual”, completou o remador. Para os Jogos Pan-Americanos, além de Verthein, o país vai contar com outros 17 atletas. Entre os homens, só ele vai disputar uma prova individual.
Estrela Textor
Mesmo se a medalha de ouro não vier nesta edição dos Jogos Pan-Americanos, pode-se dizer que Lucas Verthein já garantiu um lugar na história do remo brasileiro. Com apenas 25 anos, já conquistou mais de 50 títulos nacionais pelo Botafogo. Isso sem lembrar da participação histórica em Tóquio.
“Desde o meu início, com 14 anos, sempre estive no mesmo clube, simplesmente porque gostei muito do ambiente, das pessoas. Também foi um local onde tive um treinador que me fez evoluir bastante. Então, é bom ter uma pessoa que vai sempre tirar o máximo de você”, explicou o atleta.
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Inclusive, seu trabalho já vem sendo reconhecido dentro do Botafogo. Recentemente, o acionista majoritário do futebol do clube carioca, John Textor, realizou a aquisição de um barco especialmente para Verthein. Mesmo sem obrigação com os esportes olímpicos, a iniciativa do empresário norte-americano se deu graças a uma solicitação do próprio atleta e contou com a participação do atual presidente da associação, Durcésio Mello e Carlos Augusto Montenegro, ex-presidente.
“Tem muito a agradecer por tudo que fizeram por mim. Eles compraram o barco especialmente para mim. É uma coisa que vai me ajudar muito não só para Paris, mas para todas as outras olimpíadas e competições que participar”, ressaltou. O novo equipamento recebeu o nome de Estrela Textor.