A edição 2020 do Campeonato Brasileiro Interclubes (CBI) de Barcos Curtos, que está sendo realizada na Raia Olímpica da USP (Universidade de São Paulo), marca a consolidação do remo feminino brasileiro. Pelo segundo ano consecutivo, a competição repetiu o número de atletas inscritas (65), mostrando que o Brasil segue uma tendência mundial que é a de abrir mais espaço para as mulheres no remo.
“Esta competição tem um significado de ser uma porta que se abre, de poder ingressar em uma seleção, fazer uma carreira como esportista. Como o remo feminino existe há menos tempo do que o masculino, ficamos por um período sofrendo com a pouca quantidade de barcos, menor quantidade de provas para as mulheres, porém isso está melhorando. A FISA (Federação Internacional de Remo) busca muito a igualdade de gênero, na Olimpíada de Tóquio haverá a mesma quantidade de homens e mulheres. Hoje, neste Brasileiro, vejo equilíbrio entre os dois gêneros”, afirmou a treinadora Letícia de Oliveira, do Corinthians (SP).
Por sinal, ela também é uma desbravadora na modalidade. Ela diz conhecer poucas técnicas que trabalham no remo. “Além de mim, conheço outras três apenas. Também estamos abrindo portas para que outras treinadoras vejam que podem trabalhar com qualquer atleta. É de igual para igual. A minha equipe me respeita muito, independentemente de ser mulher”, diz Letícia, que também é treinadora de três atletas masculinos da categoria Júnior.
Letícia acredita que aos poucos as mulheres estão conseguindo combater antigos preconceitos que existiam em relação ao remo feminino. “Claro que ainda não temos um número igual ao de homens, isso é fato. Mas tem muito mais do que antes, as meninas estão procurando mais o remo. Sem aquele estereótipo de ser um esporte masculino. Hoje elas têm consciência de que não ficam com o físico exageradamente modificado”, afirmou.
Para as atletas mais velhas, a realidade atual nos torneios brasileiros mostra uma grande evolução. “Quando eu comecei aqui em São Paulo, não havia nem eliminatórias nas provas, era final direto. Precisávamos juntar meninas de outras categorias e pesos para formar uma final. No Flamengo, hoje temos muitas garotas no remo”, explica Vanessa Cozzi, do Flamengo (RJ), que compete no Single Skiff.
Entre as representantes da nova geração, a jovem Maria Misasi, do Corinthians (SP), de apenas 14 anos (a mais nova atleta do CBI 2020), comemora a oportunidade de poder disputar um torneio deste nível. “É uma oportunidade de aprendizado enorme. Mesmo sabendo que ainda não tenho grandes resultados, é muito importante poder estar na mesma raia de atletas que me inspiram”, afirmou.
Este aprendizado também é exaltado por remadoras fora dos principais centros da modalidade. “Competir aqui é ótimo por vários fatores. Entre eles, sentir que o remo feminino é mais valorizado. Isso não acontece muito lá no Pará, onde às vezes uma menina fica sem conseguir correr uma regata, porque faltam barcos ou provas”, explica Laura Araújo, representante do Single Skiff do Guajará (PA).
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Finalistas definidos
Nesta sexta-feira (7), foram definidos os finalistas que decidirão neste sábado (8) o Troféu Brasil de Barcos Curtos. Aqui, as disputas são por tipo de barco, sem distinção de idade, definindo os campeões do Single Skiff e Dois Sem, nos dois gêneros.
No domingo (9), acontecerá a final do CBI de Barcos Curtos, quando os seis barcos mais rápidos, de acordo com os resultados nas fases de qualificação, disputarão as finais por categoria (Sênior, Peso Leve, Sub 23, Sub 23 Peso Leve e Júnior). O clube que vencer o maior número de provas conquistará o título brasileiro.
No Single Skiff Sênior masculino, há a expectativa de uma acirrada final entre os atletas Lucas Verthein Ferreira e Uncas Tales Batista, ambos do Botafogo. Com melhor tempo nas baterias semifinais, Lucas espera uma final equilibrada. “A condição da prova estava adversa, com vento contra, em uma raia bem dura. Além disso, o nível desta competição está forte, todo mundo bem treinado, até porque é ano de Olimpíada”, afirmou.