Na rua da Capital paulista onde morava, quando ainda era muito jovem, Gustavo Guimarães trocava figurinha. Não era, entretanto, no sentido literal da palavra. Isso porque, a algumas casas da sua, morava seu avô – que não era apenas o patriarca da família, mas também sete vezes representantes do Brasil nos Jogos Olímpicos e porta-bandeira da delegação brasileira, no México, em 1968. Apaixonado por esportes e seguindo os passos da família materna, era impossível para Grummy não ter seu João Gonçalves Filho como inspiração e fonte de conselhos usados dentro da água.
Em suas participações nos Jogos, João entrou na água – na natação e no polo aquático. Com o neto, entretanto, não esteve dentro dela, mas isso não o impediu de dar dicas ao seu sucessor. “Vai lá dentro da piscina, tenta, vê o que você acha e depois, volta aqui pra trocar figurinha”, dizia. Se foram os ensinamentos de João ou o talento nato de Grummy, não dá para se dizer ao certo. Fato é que, do pequeno Gustavo, surgiu um dos principais expoentes nacionais do Pólo-Aquático.
Assim como seu avô, Grummy passou a defender o Brasil. Da última vez, não só ajudou na conquista da Copa UANA, como também saiu do torneio como melhor jogador da competição. “Acho que o talento ajuda, mas talento sem trabalho não chega em lugar nenhum”, destacou o atleta, em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia. “No meu ponto de vista, o que realmente tem feito a diferença tem sido minha dedicação e meu sacrifício nos últimos anos”. Sacrifício esse que inclui estar na Europa, longe dos amigos e da família.
Europa que ajuda o Brasil
Atleta do Pinheiros, Grummy, em águas europeias, defende o romeno CSM Digi Oradea. Começou sua experiência longe das terras tupiniquins ainda aos 15 anos, quando defendeu as categorias de base do Barceloneta. Entre idas e vindas, agora, retorna ao Brasil apenas para as principais competições e em fases decisivas do time paulista.
Fora do país, adquire experiência e velocidade de jogo. ““O estilo é bem diferente, o ritmo é muito mais alto. Qualquer erro, pode custar o jogo. A pegada dos jogadores é outra, então, você precisa estar mais bem preparado”, avalia ele.
“Estando fora do país eu ajudo mais a Seleção”, acredita Grummy. “Já chego num nível um pouco mais alto, já que aqui temos mais jogos, então o ritmo chega melhor. Além disso, estou acostumado com esses jogadores de alto nível, então, sofremos um pouco menos na adaptação. O importante é saber que você está preparado para estar ali, manter a calma e a tranquilidade, com a cabeça boa”.
De olho no Pan
Com os bons resultados, fica impossível não pensar nos próximos passos que a Seleção deve dar mundo afora. “Com classificação como melhor da América, a princípio, devemos ter um grupo um pouco mais tranquilo no sorteio do Mundial”, destaca Grummy. O torneio deve funcionar como uma preparação para os jogos Pan-Americanos.
E aí, voltamos para o avô. Bronze aos 17 anos em Guadalajara 2011 e prata quatro anos depois em Toronto 2015, Grummy se vê diante da chance de conquistar a medalha que falta e ser campeão em Lima, em julho.
“A Seleção só ganhou em 1963, quando meu avô fazia parte da equipe – para você ver como faz tempo. O objetivo é a vaga para Tóquio e o ouro”, destaca Grummy. “Queremos desempenhar da melhor maneira possível e defender muito bem o foco da nossa Seleção”.