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Política esportiva

Escândalo de compra de votos traz estrago irreparável para Tóquio-2020

Tsunekazu Takeda, presidente do comitê organizador dos Jogos, é indiciado na França e aumenta lista de vexames dos dirigentes japoneses

Tsunekazu Takeda, presidente do comitê organizador Tóquio-2020, indiciado pelo Ministério Público da França por autorizar compra de votos para os Jogos do Japão (Crédito: AFP)

Há quase três meses, escrevi um post argumentando que a Olimpíada de Tóquio-2020 estava abalando a imagem de organização e ética do povo japonês. Pelo o que o noticiário desta sexta-feira (11) mostrou, o texto precisará ser atualizado até o início dos Jogos.

A notícia do jornal francês “Le Monde” sobre o indiciamento do presidente do Comitê Organizador dos Jogos de 2020 Tsunekazu Takeda, é daquelas de deixar qualquer especialista em gerenciamento de crises com os cabelos em pé.

Takeda, que negou à informação para a imprensa japonesa, teria autorizado o pagamento de US$ 2 milhões (R$ 7,4 milhões) para compra de votos na eleição do COI (Comitê Olímpico Internacional) que elegeu Tóquio como sede das próximas Olimpíada e Paralimpíada, em 2013.

Takeda já havia sido questionado por promotores japoneses em 2017 a respeito destes pagamentos. Na ocasião, também negou qualquer envolvimento com subornos.

Segundo o “Le Monde”, Takeda é acusado de corrupção ativa pelo Ministério Público francês. O dinheiro teria sido transferido para Cingapura, tendo como destino uma conta de Papa Massata Diack.

O senegalês é filho de Lamine Diack, ex-presidente da Iaaf (Associação das Federações Internacionais de Atletismo) e ex-membro do COI. Atualmente, o cartola se encontra preso em Paris, respondendo a acusações de corrupção.

Veja algumas das arenas de Tóquio-2020

A dupla é a mesma envolvida na acusação de terem recebido propina de representantes da candidatura do Rio de Janeiro na eleição da cidade para os Jogos de 2016. O episódio de suspeita de compra de votos acabou causando a queda de Carlos Arthur Nuzman no comando do COB (Comitê Olímpico do Brasil).

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Outra coincidência nos dois escândalos: assim como Takeda, Nuzman também era o presidente do comitê organizador da Olimpíada Rio-2016.

Já a maior diferença está que no caso do Rio, a bomba estourou após os Jogos terem sido realizados. No caso de Tóquio-2020, serão ainda cerca de 18 meses de repercussão negativa, questionamentos da imprensa e até mesmo pressão do COI.

Acho difícil que Tsunekazu Takeda consiga permanecer no cargo, mesmo que nada seja provado em relação a compra de votos. Mas se algo já se sabe é que o dano de imagem para a Olimpíada de Tóquio é irreversível.

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