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Política esportiva

Com dirigente suspeito de ligação com máfia, futuro do boxe olímpico é incerto

Eleição de dirigente acusado de ligação com o crime organizado pode fazer com que o COI tire o boxe olímpico das próximas edições das Olimpíadas

O boxe olímpico resolveu fazer uma perigosa aposta que pode acabar com sua exclusão das Olimpíadas. Tudo por causa da eleição de Gafur Rakhimov para presidir a Aiba (Associação Internacional de Boxe), ocorrida sábado (3).

Em fevereiro deste ano, o COI (Comitê Olímpico Internacional) havia deixado claro que estava de olho na gestão da Aiba. O motivo era a presença do uzbeque Rakhimov como presidente interino da Aiba. Motivos para a desconfiança não faltam.

Gafur Rakhimov, novo presidente da Aiba, é acusado de ter ligações com o crime organizado (Crédito: Divulgação)

Segundo informações do Departamento de Tesouro dos Estados Unidos, Rakhinov possuí fortes ligações com o crime organizado na Ásia. Embora nunca tenha sido formalmente processado, já foi acusado de extorsão, lavagem de dinheiro, roubo e suborno.

Durante uma entrevista coletiva durante os Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang, o presidente do COI, Thomas Bach, avisou que o boxe corria sérios riscos de deixar o programa olímpico por problemas de gestão.

“O Conselho Executivo do COI não está satisfeito com o relatório elaborado pela Aiba sobre questões de governança, finanças, arbitragem e doping. Por isso, o COI reserva-se o direito de rever a inclusão do boxe na Olimpíada da Juventude em Buenos Aires, este ano, e na Olimpíada de Tóquio, em 2020”, afirmou Bach na época.

Bom, como se sabe, na Olimpíada da Juventude em Buenos Aires, o boxe esteve presente. Para Tóquio-2020, não há tanta certeza assim. E tudo isso passa pela eleição de Rakhinov.

Durante o congresso da Aiba realizado em Moscou, os dirigentes aparentemente não tiveram dúvida em apontar o uzbeque como novo presidente da entidade. Tanto que ele venceu com 86 dos 134 votos e derrotou o único rival, Serik Konakbayev, do Cazaquistão.

Resposta do COI

Só que a resposta do COI veio rápida. De acordo com o site “Inside the Games”, a entidade mostrou-se contrariada como resultado do pleito. O porta-voz Mark Adams declarou que o COI ainda seguia preocupado com as questões financeiras, de governança e do programa antidoping da Aiba. Reforçou ainda que qualquer ação do COI a respeito do boxe olímpico será tomada não baseada em discursos e declarações da entidade, mas um roteiro claro de que as reformas estão em andamento.

Nos bastidores, dois caminhos são apontados para o boxe nas Olimpíadas: exclusão pura e simples do programa esportivo dos Jogos ou passá-lo à administração para outra entidade. Mas segundo Adams, tudo ainda é muito precoce.

“Até novo aviso, as decisões anteriores do Conselho Executivo do COI permanecem em vigor, incluindo o direito de rever a inclusão do boxe para Tóquio-2020 e Paris-2024”, disse Adams.

Rakhinov, em seu discurso de posse, declarou que pretende ir à sede do COI para tentar apagar este incêndio. E terminou sua fala com uma frase otimista. “Boxe e Jogos Olímpicos são inseparáveis”.

Eu não teria tanta certeza assim.

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