A federação japonesa de judô, All Japan Judo Federation, confirmou que não fará mudanças na seleção que irá disputar os Jogos de Tóquio 2020, após revisão motivada pelo adiamento do evento para o ano que vem. Isso quer dizer que Kokoro Kageura, algoz de Teddy Riner no início deste ano, não vai mesmo para a Olimpíada.
O feito de Kageura não é para qualquer um, afinal o francês é o principal judoca da atualidade e sempre está nas discussões sobre o maior de todos os tempos. Não é para menos, Riner ficou cerca de uma década invicto, ou exatas 154 lutas. É, ainda, o atual bicampeão olímpico e ganhou nove vezes o Campeonato Mundial adulto.
Como Kageura derrubou o francês (assista abaixo) poucos dias antes do anúncio da seleção japonesa que iria para Tóquio, ele poderia ser chamado após um tempo maior de análise. Ventilava-se também a possibilidade de abrirem seletivas gerais. Mas nada disso aconteceu, e Hisayoshi Harasawa segue como o escolhido na categoria pesado para representar os anfitriões na lendária Budokan.
Não que Harasawa não tenha nível para isso, pelo contrário. Hoje com 27 anos, fez a final olímpica contra Riner no Rio e a do Mundial do ano passado no Japão. Além disso, tem outro bronze em mundiais, é o atual campeão do Masters, já ganhou cinco Slams, etc, etc, etc. Currículo típico de um judoca de ponta japonês.
O de Kageura é mais modesto. Tem três anos menos e seu resultado mais expressivo é uma medalha de bronze no mesmo Masters que Harasawa venceu, no ano passado, em Qingdao, China. Caiu nas quartas, perdendo para o forte checo Lukas Krpalek, campeão olímpico no Rio na categora meio pesado, e precisou passar pela repescagem para buscar o pódio.
No campeonato que venceu Riner, do Grand Slam de Paris de judô deste ano, acabou derrotado na final para o experiente holandês Henk Grol.
Mais consistência
“Apesar de ele ter ganhado do Riner, ter lutado para caramba, ele não ganhou a competição, perdeu a final para o holandês”, lembrou David Moura, em março, logo após a convocação da seleção japonesa. “O atleta que vai para a Olimpíada já é vice-campeão olímpico, já foi vice-campeão mundial em Tóquio. Sinceramente, os dois são muitos fortes, os dois teriam possibilidades totais de uma medalha olímpica, então eu acho que eles acabaram optando pelo Harasawa, que já tem um pouco mais de constância em grandes eventos”, acrescentou o brasileiro.
Em live do OTD nesta quarta (21), o brasileiro voltou a falar do assunto dizendo achar que a lista ainda pode mudar até Tóquio 2020. “Não sei o que eles pensam, no Japão é meio diferente, mas ficar muito tempo com a vaga garantida pode não ser muito bom para os atletas”, disse.
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Contra os dois brasileiros postulantes à vaga dos pesados, Rafael Silva e David Moura, Harasawa venceu as três contra David Moura, a última no ano passado. Contra o Baby, perde por 3 a 2, mas venceu as duas últimas, em 2018 e 2019, e as três derrotas foram entre 2013 e 2014. Já Kageura enfrentou os dois e venceu todas em cinco lutas de 2017 até este ano. Isso tudo dentro do circuito da federação internacional, a FIJ.
Sobre o restante da seleção japonesa, não precisa dizer que só tem fera. São dois por categoria sendo um por naipe. Todos estão confirmados, exceto o meio-leve masculino, cuja vaga ainda está em disputa. Clique aqui se quiser babar um pouco no currículo deles.
Seleção japonesa de judô que vai a Tóquio 2020
Funa Tonaki (48kg)
Uta Abe (52kg)
Tsukasa Yoshida (57kg)
Miku Tashiro (63kg)
Chizuru Arai (70kg)
Shori Hamada (78kg)
Akira Sone (+78kg)
Naohisa Takato (60kg)
Joshiro Maruyama ou Hifumi Abe (66kg)
Shohei Ono (73kg)
Takanori Nagase (81kg)
Shoichiro Mukai (90kg)
Aaron Wolf (100kg)
Hisayoshi Harasawa (+100kg)