(Pequim) Canadá e Estados Unidos escreveram mais um capítulo do hóquei no gelo feminino em Pequim 2022. A seleção canadense segurou a pressão e conquistaram a medalha de ouro com uma vitória de 3×2 na madrugada dessa quinta-feira, dia 17. Entretanto, é dessa rivalidade que surge uma das mais belas histórias de luta das mulheres no esporte.
“Acho que é a melhor rivalidade do esporte. Você pode sentir isso quanto está assistindo e, quando está fazendo isso, é muito mais. É muito divertido e eu amo”, sintetiza Hayley Scamurra, da seleção dos Estados Unidos.
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Levar essa emoção adiante é o desafio que canadenses e estadunidenses assumiram nesse ciclo. Ainda que o hóquei no gelo feminino atraia uma audiência considerável (a final olímpica de 2018 teve números melhores do que a maioria dos playoffs da NHL naquela temporada), a estrutura oferecida a elas ainda é muito inferior ao mínimo recomendado.
Lideradas por Marie Philip Poulin e Hilary Knight, capitãs de Canadá e Estados Unidos, respectivamente, o esporte finalmente começa a ganhar apelo. Protagonistas de gols e momentos históricos para seus respectivos países, elas perceberam que a rivalidade que as afasta no gelo é o que pode unir fora dele.
Hóquei no gelo feminino busca profissionalização ‘de verdade’
Evidentemente, o trabalho das principais atletas ultrapassa os limites da pista de gelo. Afinal, depois de cada jogo, independentemente de quem ganha ou perde, todas voltam para suas casas sem saber quando jogarão novamente. O hóquei no gelo feminino não é profissional, não no sentido em deveria ser.
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Em 2019, diversas jogadoras lideradas por Marie Philip Poulin e Hilary Knight criaram uma associação para exigirem direitos básicos. Entre eles estavam salários dignos (num valor suficiente para se dedicarem integralmente ao esporte) e seguro de saúde. Sim, no caso de lesão (algo comum no esporte) elas ficavam totalmente desprotegidas.
A PWPHA (associação das jogadoras profissionais de hóquei no gelo) foi um marco nessa “rivalidade unida” entre Estados Unidos e Canadá. Ainda que a organização continua batalhando por uma liga forte e única, alguns esforços foram conquistados. O mais recente foi a inclusão das mulheres no jogo eletrônico NHL 22, da EA Sports, pela primeira vez.
Liga única e saudável ainda é um sonho distante
Entretanto, o objetivo principal ter um único campeonato forte e financeiramente saudável ainda é um objetivo a longo prazo. Atualmente, existe apenas a Premier Hockey Federation com seis times (cinco dos Estados Unidos e um do Canadá), mas que não possui aceitação significativa das principais atletas.
A preocupação é que tenha o mesmo futuro da CWHL (liga canadense de hóquei no gelo feminino). Após anunciar que as atletas receberiam pagamentos, a organização fechou sua operação um ano depois. “Não sei se é profissional. Acho que há uma razão pela qual muitas de nós não jogamos nessa liga”, disparou Marie Philip Poulin em entrevista à rede CBC em 2020.
A PHF, contudo, busca atrair duas equipes canadenses no próximo ano. Além disso, promete um teto salarial de US$ 750 mil na temporada partir de 2022/2023 – cerca de US$ 30 mil por jogadora em um ano completo, com pagamento de convênio médico. Entre os homens, esse limite é US$ 81 milhões – 108 vezes mais.
Os dois países dominam a modalidade
Canadá e Estados Unidos são os únicos países que podem promover uma mudança significativa no hóquei no gelo feminino. Eles dominam a modalidade de forma avassaladora e dividiram todos os títulos entre si dos três principais torneios de seleções femininas. Ou seja, os Jogos Olímpicos, o Mundial adulto e o Mundial sub-18.
Em sete edições olímpicas, as canadenses conquistaram cinco medalhas de ouro contra duas das estadunidenses. No Mundial há mais equilíbrio: 11 x 9 para o Canadá, mas a equipe dos Estados Unidos venceu oito das últimas dez edições. Já no Mundial sub-18, vantagem das jovens norte-americanas: 8 x 5.
Além disso, em 40 finais realizadas, apenas três não foram disputadas entre as seleções. Nos Jogos Olímpicos de 2006, a Suécia foi para a final contra o Canadá. As suecas voltaram a surpreender em 2018, no Mundial Júnior, quando fizeram a decisão com os EUA. Por fim, em 2019, a Finlândia quase levou o ouro na decisão do Mundial adulto contra as estadunidenses.
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