(Pequim) Nas provas Individual e Sprint do Biatlo feminino nos Jogos Olímpicos de Pequim 2022, apenas uma atleta acertou todos os tiros: a jovem Ukaleq Slettemark, da Dinamarca. O que poucos sabem é que ela tem um pouco de sangue brasileiro em suas veias. Seu pai, Øystein Slettemark, ex-biatleta, nasceu no Rio de Janeiro.
A família, aliás, é fruto de uma verdadeira mistura cultural. Os pais de Øystein são noruegueses, mas ele nasceu no Brasil porque o pai trabalhava para uma empresa dinamarquesa. Já adulto, mudou para Groenlândia, se naturalizou e passou a competir pelo pequeno país, que faz parte da Dinamarca nos Jogos Olímpicos. Foi lá que Ukaleq nasceu.
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Nos Jogos Olímpicos de Vancouver, em 2010, Øystein competiu pelo time dinamarquês, mas nas demais competições, representava a Groenlândia. Entretanto, por ter nascido no Brasil, não seria difícil para ele competir pelo país. Pelas leis brasileiras, poderia requisitar um passaporte brasileiro uma vez que nasceu aqui. Entretanto, essa hipótese nunca foi cogitada pelo atleta.
“Eu estive pensando que seria muito divertido, mas nunca foi uma opção real”, admite com exclusividade ao Olimpíada Todo Dia. Até porque o Biatlo só começou a se desenvolver na CBDN a partir de 2005, já no fim da carreira dele.
Nascimento ‘por acaso’ no Brasil
Øystein Slettemark nasceu no Brasil por uma obra do acaso. Seu pai recebeu uma proposta para trabalhar um ano e meio no Rio de Janeiro para uma empresa dinamarquesa. Na época, ele já tinha três filhos e sua mulher estava grávida. Mesmo assim, ela insistiu para vir com a família inteira para o Brasil.
O ex-atleta de Biatlo nasceu aqui em agosto de 1967, mas foi embora logo depois. Não possui lembranças do Rio de Janeiro, diferentemente de seus irmãos, que gostavam da praia de Copacabana. O mais perto que chegou do Brasil já adulto foi numa viagem que fez para Bolívia, Peru e Chile há alguns anos.
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“Ainda que não lembre daquela época, faz parte da minha identidade. Entre minhas irmãs, irmãos e meus pais faz parte da nossa história. Não era absolutamente comum que uma família na Noruega se mudasse para a América do Sul nos anos 60”, explicou.
Ponto alto: Biatlo nos Jogos Olímpicos de 2010
A carreira de Øystein Slettemark também aconteceu ao acaso. Quando criança, na Noruega, ele chegou a competir no esqui cross-country, mas resolveu parar antes de chegar aos 20 anos. Entretanto, em 1990, uma nova oportunidade apareceu: ele conheceu Uiloq, sua mulher, e se mudaram para Groenlândia em 1994.
Lá ele voltou a esquiar seriamente. Em 2000, se tornou cidadão de Groenlândia e tentou a vaga olímpica no esqui cross-country nos Jogos Olímpicos de 2002. Mas o nascimento de Ukaleq em 2001 impediu esse sonho. Até que resolveu experimentar o Biatlo a partir de 2002, aos 34 anos. Deu certo. Em 2010, aos 42 anos, conseguiu a vaga olímpica no esporte pela Dinamarca.
“O caminho para os Jogos Olímpicos foi ótimo, e participar foi uma grande experiência. Gostei de ficar no mesmo lugar com todos os atletas, se reunindo no refeitório e na academia com pessoas de diferentes modalidades de esqui”.
Ukaleq Slettemark está superando os passos do pai
Estar nos Jogos Olímpicos foi fascinante, mas acompanhar a trajetória da filha Ukaleq Slettermark é bem mais. A jovem de 20 anos foi campeã mundial juvenil na prova individual 10km em 2019 e já consegue bons resultados em sua faixa etária nas provas de Copa do Mundo e Campeonato Mundial.
Na disputa do Biatlo nos Jogos Olímpicos de Pequim 2022, foi a 53ª na prova Individual 15km e 65ª no Sprint 7,5km. Se a parte física ainda não é a ideal, muito por conta da pouca idade, nos tiros ela se destacou, com desempenho de 100% em todos os estandes nas duas provas – nem mesmo as melhores atletas conseguiram essa marca.
Filha de brasileiro, Ukaleq poderia requisitar cidadania brasileira. Será que teria interesse em representar as cores do Time Brasil? “(Risos) Não, ela está muito feliz e orgulhosa de competir pela Groenlândia”, conclui Øystein Slettemark.
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