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Pequim 2022

Jaqueline Mourão celebra legado e frio na barriga pela oitava vez

Com oito edições olímpicas na carreira, Jaqueline Mourão estipula recorde de participações no Brasil e comemora ‘companhia’ no esqui cross-country

Jaqueline Mourão Sprint Esqui Cross-Country Pequim 2022 - Bruna Moura
Jaqueline Mourão fez história ao largar e participar de sua oitava edição dos Jogos Olímpicos (Alexandre Castello Branco/COB)

Pequim – Participar de um mesmo evento oito vezes pode cansar qualquer um, mas não a brasileira Jaqueline Mourão. Nessa terça-feira, 8 de fevereiro, ela oficialmente competiu em sua oitava edição olímpica e estabeleceu o novo recorde de participações no país – mas não sem antes controlar a ansiedade.  

“Com certeza o frio na barriga é o mesmo, a vontade de fazer história é enorme. Dessa vez foi um caminho bem diferenciado, exigente, com covid, Jogos de Verão e de Inverno, mas tudo valeu a pena”, comentou a atleta na zona mista.

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Ela tinha terminado de completar a classificatória do Sprint Livre nos Jogos Olímpicos de Pequim 2022. Foi a 84ª com 4min05seg60 e 359.12 pontos FIS – apenas as 30 melhores avançavam às baterias eliminatórias. A sueca Jonna Sundling venceu a etapa decisiva e conquistou a medalha de ouro.

Para Jaqueline Mourão, a vitória não estava no resultado, mas sim fora dele. Graças em grande parte a seu desempenho na temporada 2021, o Brasil conseguiu classificar duas atletas no esqui cross-country pela primeira vez na história. Assim, a brasileira ganhou a companhia de Eduarda Ribera na disputa.

“Deixa um legado. Bom ver o trabalho da CBDN nesse desenvolvimento, com mais atletas no rollerski. A Duda é o resultado desse trabalho. Estava sempre sozinha, agora é bom poder compartilhar almoços, estar no ônibus. Isso faz um bem danado e sou feliz de viver isso com outra atleta”, completou.

Jaqueline Mourão ouve ‘pedido’ de Bruna Moura

A primeira convocada para ser companheira de Jaqueline Mourão era Bruna Moura. Entretanto, ela sofreu um grave acidente de carro e teve que ser cortada. As duas possuem uma relação próxima: foi num projeto de ciclismo da Jaque que Bruna começou no esporte e foi por influência da amiga que migrou para o esqui cross-country após se recuperar de grave problema no coração.

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“Pensei muito na Bruna nessa manhã. A gente conversa quase todo dia. Foi muito duro, ela merecia estar aqui, é batalhadora demais. Mas ela está aqui comigo, penso nela todo dia. É uma pessoa leve, que faz todo mundo sorrir”, explicou.

E foi da amiga que ouviu o pedido: continuar na ativa até os Jogos Olímpicos de 2026 para competirem juntas. Aos 46 anos, Jaqueline confessou que deseja, pelo menos, participar do ciclo olímpico para ajudar o Brasil a conquistar mais vagas. “Ela é muito brincalhona e falou que agora vou ter que continuar até 2026. Espero que ela se recupere logo e volte ao esqui cross-country”.

Eduarda Ribera também lida com ‘borboletas no estômago’

Se Jaqueline Mourão ainda sente ansiedade mesmo com oito edições olímpicas na carreira, o que dizer de Eduarda Ribera, 17, que fez sua estreia em Jogos Olímpicos? A jovem brasileira foi a 88ª colocada no Sprint Livre com 4min14seg53, à frente de outras duas competidoras.

“Acordei muito, muito nervosa e ansiosa para viver tudo isso. É uma experiência única poder representar o Brasil com 17 anos”, explicou.

Eduarda Ribera Sprint Esqui Cross-Country Pequim 2022
Eduarda Ribera compete no Sprint Livre do Esqui Cross-Country em Pequim 2022 (Alexandre Castello Branco/COB)

Terceira colocada no ranking pré-olímpico da CBDN, Eduarda ficou com a vaga que seria de Bruna Moura em Pequim 2022. Ela é irmã de Cristian Ribera, grande nome do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Inverno e favorito à medalha daqui algumas semanas. “Meu irmão é meu ídolo, ele sempre ajudou”.

Duda e Jaqueline Mourão voltam a competir nos 10km estilo clássico no próximo dia 10 de fevereiro, às 4h (horário de Brasília). Juntas também formam a dupla do país no Sprint Clássico por equipes no dia 16, às 6h. Mas nem isso vai diminuir a empolgação da jovem. “O sentimento de todas as provas nunca muda. Sempre vai ter borboletinhas na barriga”.

Manex Silva controla ansiedade para alcançar bom resultado

Melhor sul-americano no Sprint livre masculino, Manex Silva demonstrou maior controle em relação a sua estreia olímpica no Skiatlo 15+15km. Mais relaxado após ter participado da primeira prova, ele terminou a classificatória na 71ª posição e à frente dos rivais continentais.

“Estava bastante nervoso, pensava toda hora na prova, mas hoje eu estava mais tranquilo. Me ajudou a prova ser mais favorável a mim também”, confirmou o jovem.

Ele também comemorou o fato de ser o melhor atleta do continente, á frente do argentino Franco dal Farra, do chileno Yonatahan Fernandez e do colombiano Carlos Quintana. “Fiquei feliz porque dá para ver que no Brasil a gente pode ser mais forte do que países com neve, como Argentina e Chile”.

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