Foi uma segunda-feira muito movimentada em Pequim, com zebras, momentos históricos, quedas de favoritos e decisões polêmicas da arbitragem em várias modalidades.
Enquanto isso, Kamila Valieva encantou o mundo mais uma vez e o curling começa se definir de maneira inesperada.
Muita tensão e emoção na pista curta
Que dia no Estádio Capital, com as provas de 500m feminino e 1.000m masculino na velocidade em pista curta, que tiveram disputas das quartas de final em diante.
Nas quartas de final dos 500m feminino, as coisas começaram tensas, com muitas desclassificações, quedas e alguns nomes fortes ficando pelo caminho, como a sul-coreana Choi Minjeong e a chinesa pentacampeã mundial Fan Kexin. Na semifinal, vitória linda da italiana Arianna Fontana, com uma belíssima ultrapassagem para vencer a primeira semi, enquanto a holandesa Suzanne Schulting venceu a segunda. Na decisão, uma prova espetacular, com Fontana ultrapassando Schulting na última volta para se sagrar bicampeã olímpica com 42.488 e levar sua 10ª medalha da carreira! Schulting fica com a prata e a canadense Kim Boutin levou o bronze.
Muita confusão também nas quartas dos 1.000m masculino, com mais desclassificações e penalidades. Entre os eliminados, o holandês Sjinkie Knegt e o americano naturalizado húngaro John-Henry Krueger. Na semifinal, os três coreanos ficaram de fora. Um por ter se machucado nas quartas e os outros dois, um em cada bateria, foram desclassificados. Na final, nada menos que três chineses e os dois irmãos húngaros Liu. Shaolin Sandor Liu e Ren Ziwei lideraram praticamente toda a final e fizeram um grande duelo até alinha de chegada, com Liu cruzando antes. Só que após as revisões de vídeo, dá para ver o húngaro dando duas cotoveladas no chinês, que, em cima da linha de chegada, dá um empurrão em Liu. Resultado: o húngaro é desclassificado e Ren Ziwei é campeão olímpico. Li Wenlong foi prata e o irmão maios novo Shaoang Liu fica com o bronze.
Hector e Feuz vencem no esqui alpino
Depois do cancelamento no domingo por conta dos ventos fortes, a prova masculina do downhill aconteceu nesta segunda com vitória do suíço Beat Feuz. Campeão mundial em 2017, Feuz é um dos principais nomes do downhill, tendo vencido o título da Copa do Mundo na disciplina entre 2018 e 2021. Com 13 vitórias e 43 pódios na carreira, já era um dos favoritos ao pódio e confirmou com o tempo de 1:42.69, melhorando em 0.16 a marca do austríaco Matthias Mayer, que liderava com 1:42.85. Mayer já foi campeão olímpico no downhill em 2014 e no Super-G em 2018.
O francês Johan Clarey, que nunca venceu uma prova no circuito, fez uma grande descida com 1:42.79, pegando a prata e empurrando Mayer pro bronze. Um dos favoritos pré-prova era o norueguês Aleksander Aamodt Kilde, que acabou em 5º com 1:43.20.
O slalom gigante feminino foi marcado por quedas e problemas pra algumas esquiadoras, incluindo a grande favorita, a espetacular estadunidense Mikaela Shiffrin. Ela escorregou bem no início da primeira descida e ficou fora da prova. A eslovaca Petra Vlhova, maior rival de Shiffrin nos últimos anos, foi a primeira a competir na primeira descida e acabou sofrendo um pouco com a neve artificial muito dura. Ela não fez uma boa prova e terminou na 14ª posição geral.
Quem não ligou pra isso tudo foi a sueca Sara Hector. Em sua 7ª temporada no circuito, Hector tem feito sua melhor temporada, vencendo etapas e hoje foi muito bem. Foi a melhor na primeira descida com 57.56 e, com 58.13 na segunda, somou 1:55.69 para levar o ouro, o primeira de uma sueca nesta prova desde 1992. A prata foi pra italiana Federica Brignone a 0.28 da sueca e o bronze ficou com a suíça Lara Gut-Behrami, a 0.72.
Eslovênia vence em dia de desclassificações
Pela primeira vez as mulheres tiveram uma segunda chance de medalha olímpica nos saltos com esqui, com a inclusão da prova por equipes mista na pista normal. Só que o que mais chamou a atenção na final foram 5 desclassificações de saltadoras que estavam entre as principais equipes por problemas com o traje: a japonesa Sara Taknashi, a austríaco Daniela Iraschko-Stolz, a alemã Katharina Althaus e as norueguesas Anna Odine Ström e Silje Opseth e cada uma perdeu uma dos seus saltos. A Alemanha nem conseguiu ficar entre as 8 equipes após a primeira rodada e sequer avançou pra rodada final.
A Eslovênia, que não tinha nada a ver com isso, fez 8 belíssimos saltos, todos acima dos 120 pontos e se sagrou campeã, dando o segundo ouro para Ursa Bogataj, após a equipe somar 1.001,5 pontos. O Comitê Russo aproveitou as desclassificações e beliscou a prata, bem longe, com 890,3 e, quem mais se deu bem com isso tudo foi a equipe do Canadá, que em nenhum momento foi cotada para medalha e pegou o bronze com 844,6 pontos. Mesmo com um salto a menos, o Japão ficou muito perto da medalha ao somar 836,3. Realmente Sara Takanashi não se dá bem em Olimpíadas…
Russos vencem na patinação
O que já estava na cara, aconteceu nesta segunda. A equipe do Comitê Russo sobrou e venceu a disputa por equipes da patinação artística. No programa livre dos pares, Anastasia Mishina e Aleksandr Galliamov fizeram uma bela apresentação para vencer a etapa com 145,20, apesar de uma queda feia dos dois no último elemento. Na dança livre, Victoria Sinitsina e Nikita Katsalapov ficaram em segundo com 128,17, muito pouco atrás dos americano Madison Chock e Evan Bates, com 129,07. Mesmo assim, isso foi suficiente para já garantir o ouro pra equipe russa.
Para fechar a prova, o programa livre feminino, que contou com mais uma belíssima apresentação de Kamila Valieva ao som do Bolero de Ravel. A russa de 15 anos entrou pra história como a primeira a fazer um salto quádruplo numa Olimpíada. E ela fez isso três vezes. Começou com um quádruplo Salchow, depois fez um quádruplo Toe ligado a um triplo Toe e ainda teve um quádruplo Toe no meio da apresentação, só que ela sofreu a queda neste exercício. Ainda assim, somou 178,92, muito a frente da japonesa Kaori Sakamoto com 148,66. No fim, o Comitê Russo somou 74 pontos contra 65 dos Estados Unidos, prata, e 63 do Japão, que foi bronze.
Tricampeonato olímpico
Um dos maiores nomes da história na patinação de velocidade, a holandesa Ireen Wüst conquistou sua 12ª medalha olímpica na carreira e 6º ouro com uma belíssima vitória nos 1.500m, sagrando-se tricampeã da prova (levou em 2010 e 2018 e foi prata em 2014). Wüst marcou o tempo de 1:53.28 aos 35 anos estabelecendo o novo recorde olímpico da distância.
Vindo na última bateria, a japonesa Miho Takagi começou muito bem, ficando boa parte do tempo abaixo da marca de Wüst, mas perdeu um pouco o gás na última volta e completou em 1:53.72 para ficar com a prata. Completou o pódio a holandesa Antoinette de Jong com 1:54.82.
Ouro após um câncer
A vitória do canadense Max Parrot no snowboard slopestyle masculino teve um sabor de superação a mais. Prata em PyeongChang, Parrot descobriu no fim de 2018 que estava com linfoma de Hodgkin e ficou seis meses em quimioterapia. Ele se curou e voltou aos treinos, já vencendo os X-Games na Noruega em 2019. Na final, Parrot tirou a excelente pontuação de 90,96 na 2ª passagem para ficar com o ouro.
O chinês Su Yiming, de 17 anos, havia surpreendido ao ficar em primeiro na qualificação, e conseguiu um espetacular e inédito nos Jogos 1800º (5 voltas) no seu último salto, só que ele não foi tão bem nos três primeiros setores e, com 88,70, ficou com a medalha de prata. O também canadense Mark McMorris completou o pódio com 88,53.
A surpresa alemã no biatlo
Apesar de ter bom resultados, Denise Herrmann não estava entre as mais consideradas pra vencer o ouro olímpico. Atleta do cross-country, ela foi bronze no revezamento em Sochi-2014, mas migrou pro biatlo e foi campeã mundial da perseguição em 2019. Devido ao seu bom esqui, a alemã cometeu apenas um erro no tiro e venceu ao completar os 15km da prova individual em 44:12.7. Lembrando que nesta prova cada tiro errado aumenta o tempo em 1min.
A favorita aqui era a norueguesa Marte Olsbu Roiseland, que vinha muito bem, mesmo com um erro na 1ª sessão de tiros. Só que ela errou mais um na última e acabou na 3ª posição com 44:28.0, 15.3 atrás de Herrmann. A prata ficou com a francesa Anais Chevalier-Bouchet, 9.4 pior que a alemã. Foi uma prova muito mais tranquila que a de revezamento no sábado, com um vento normal e sem caos no stand de tiro. Campeã em 2018, a sueca Hanna Öberg fez 3 erros e terminou em 16º lugar. A norueguesa Tiril Eckhoff foi a melhor no esqui, com 42:10.2, mas com cinco erros, ficou em 22º lugar. Se tivesse errado dois, seria campeã. Surpresa enorme o 7º lugar da americana Deedra Irwin, com um erro. As únicas a zerar a prova foram a ucraniana Iryna Petrenko, 11ª, e a dinamarquesa Ukaleq Slettemark, 53ª. Slettemark compete pela Groenlândia e o pai dela disputou os Jogos de 2010 pela Dinamarca. Curioso que o pai dele nasceu no Rio de Janeiro.
Italianos na final
Que campanha fazem os italianos Stefania Constantini e Amos Mosaner no curling de duplas mistas. Na última rodada da primeira fase, eles venceram os canadense John Morris e Rachel Homan por 8-7. Os canadenses precisavam da vitória para ir pra semifinais, mas perderam no end extra de maneira dramática, com as pedras finais praticamente juntas, sendo necessária a utilização do compasso para medir. Morris buscava o bicampeonato do curling e Homan segue sem passar para uma semifinal olímpica.
Na semi, mais um show dos italianos, que enfrentaram a dupla da Suécia. Eles pontuaram nos cinco primeiros ends, roubando o martelo sueco quatro vezes e fecharam com uma lavada de 8-1, garantindo a primeira medalha italiana no curling em uma competição mundial. Eles irão enfrentar na decisão nesta terça de manhã os noruegueses Kristina Skaslien e Magnus Nadregotten, que foram bronze em 2018. Eles derrotaram na semi os britânicos Jennifer Dodds e Bruce Mouat por 6-5.
A estreia do Big Air em esquis
Única prova de neve realizada na capital Pequim, a super rampa do Big Air recebeu os esquiadores para a qualificação. No feminino, a melhor nota foi da canadense Megan Oldham com a soma de 171,25, com a francesa Tess Ledeux colada com 171,00. Principal esperança chinesa, Eileen Gu passou com a 5ª nota de 161,25. Principal decepção foi a estoniana Kelly Sildaru, uma das maiores medalhistas em X-Games, que terminou em 17º fora da final.
No masculino, melhor nota do norueguês Birk Ruud com 187,75, seguido do americano Alexander Hall com 180,25 e do sueco Oliwer Magnusson com 177,25. Entre os que ficaram fora da final, destaque pro suíço Andri Ragettli, 14º com 167,75, e pro americano Nico Goepper, 22º com 127,75.
Hóquei vai se definindo
Quatro jogos do torneio feminino de hóquei. Pelo Grupo A, o Canadá venceu sua 3ª partida com 6-1 sobre a equipe do Comitê Russo. Só falta agora o jogo contra os Estados Unidos, que será nesta terça-feira para definir o 1º do grupo, numa muito provável final antecipada. A Suíça venceu a sua 1ª em Pequim com 3-2 sobre a Finlândia.
Já o Grupo B deu uma embolada com a Suécia vencendo a sua 1ª por 2-1 sobre a China e a Dinamarca também ganhando a primeria com 3-2 sobre a República Checa. Com isso, China espera o resultado da partida entre Suécia e Dinamarca para saber quem pega a última vaga para as 4as e enfrentar o vencedor de EUA e Canadá.
Geisenberger perto do tri
Bicampeã olímpica no luge individual e no revezamento, a alemã Natalie Geisenberger lidera a competição feminina após duas descidas com 1:56.825, seguida da sua compatriota Anna Berreiter a 0.208. Quem tinha feito o melhor tempo na 1ª descida foi a também alemã Julia Taubita, batendo o recorde da pista com 58.345, mas ela virou o trenó no finzinho da 2ª descida e terminou o dia na 14ª posição a 1.595 de Geisenberger.
Medalhas do dia
Ouro | Prata | Bronze | |
Esqui alpino downhill masculino | Beat Feuz (SUI) | Johan Clarey (FRA) | Matthias Mayer (AUT) |
Esqui alpino slalom gigante feminino | Sara Hector (SWE) | Federica Brignone (ITA) | Lara Gut-Behrami (SUI) |
Biatlo 15km individual feminino | Denise Herrmann (GER) | Anais Chevalier-Bouchet (FRA) | Marte Olsbu Roiseland (NOR) |
Patinação Artística por equipes | Comitê Russo | Estados Unidos | Japão |
Velocidade 1.500m feminino | Ireen Wüst (NED) | Miho Takagi (JPN) | Antoinette de Jong (NED) |
Velocidade Pista Curta 500m feminino | Arianna Fontana (ITA) | Suzanne Schulting (NED) | Kim Boutin (CAN) |
Velocidade Pista Curta 1.000m masculino | Ren Ziwei (CHN) | Li Wenlong (CHN) | Shaoang Liu (HUN) |
Salto em Esqui Equipe mista | Eslovênia | Comitê Russo | Canadá |
Snowboard Slopestyle masculino | Max Parrot (CAN) | Su Yiming (CHN) | Mark McMorris (CAN) |
Após três dias, acertei 12 dos 21 campeões (57,1%), coloquei 14 deles no pódio (66,7%) e coloquei 30 dos 63 medalhistas no pódio (47,6%).