O programa olímpico do pentatlo moderno sofreu uma alteração após o ciclo de Paris. O hipismo, uma das cinco modalidades, foi substituído pela corrida de obstáculos, que demanda uma pista específica para a prática. Com tudo ainda muito novo, o Brasil não tem uma em um local fixo para treinamentos. Por conta disso, Isabela Abreu, a maior pentatleta do país atualmente, tomou a iniciativa de construir uma. Para isso, porém, precisou investir um dinheiro que vai dificultar a participação dela em competições no ano que vem.
+SIGA O CANAL DO OTD NO WHATSAPP
“Tenho alguns projetos do Governo do Estado do Paraná e vou utilizar desse dinheiro pra construir a pista. Aí, ano que vem, vamos ficar meio que sem competir, porque é o recurso que acabei utilizando pra pista”, diz Isabela Abreu, com exclusividade para o Olimpíada Todo Dia. “Vamos ver se eu consigo algum outro recurso”, acrescenta. Apesar da dificuldade, ela vê com bons olhos a troca. “Acho que vai acabar fazendo um bom jogo. Vendo aqui no Pan-Americano, das 14 meninas que estão competindo, só quatro passaram na pista”, diz. Isa acompanhou o Pan-Americano de pentatlo moderno realizado em Resende, Rio de Janeiro.
Parceria 80% e 20%
Ela conta que tentou contato com a Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno para fazer de Curitiba um centro da modalidade. “Curitiba é um centro, mas não oficial da confederação. Entrei em contato pra questão de recurso. Eles não demonstraram interesse e daí eu vi que as coisas iam ter que ser feitas por mim mesma”, conta. Então, como ela é militar, pediu apoio nas forças armadas. “Fiz um acordo lá com o Colégio Militar de Curitiba e eles estão me ajudando na parte mais de alvenaria. Estão concretando a parte de baixo. Estou entrando com 80% e eles estão entrando com 20% de material”.
- João Fonseca no Next Gen ATP Finals: horário e onde assistir
- Kamilla Cardoso faz duplo-duplo, mas Shanghai perde
- Brasil terá quatro eventos do Circuito Mundial de em 2025
- Isa Abreu abdica de competições para montar pista de obstáculos
- Praia vence confronto chave e encaminha classificação
Decisão tomada em relação aos recursos, hora de colocar a mão na massa para a pista de corrida com obstáculos sair do papel. “Estou fazendo reunião com serralheiro, com pedreiro pra gente alinhar realmente essa questão da estrutura da pista”, diz. Estava na COB Expo, fiz uns contatos legais ali com algumas empresas privadas. Mas lá é uma estrutura muito parecida com de shows, e tem poucas empresas esportivas que tem uma estrutura dessa”. A saída foi o mundo dos crossfiteiros. “Eles têm bastante estruturas metálicas. Peguei um serralheiro que também a galera já super indicou.”
Sessenta metros
Isabela abreu explica que a pista da corrida com obstáculos do pentatlo moderno é em linha reta e tem 60 metros. Nesse ponto, o espaço oferecido pelo Colégio Militar de Curitiba ajudou. “Onde que vou arranjar 60 metros em linha reta? É uma estrutura meio complexa pra conseguir”. Além disso, a estrutura ficará à disposição para ajudar as gerações futuras. “Como lá tem um centro, já tem atletas, então entra numa questão de ajudar a galera também. Não vou fazer uma pista só pra mim, não vou construir no quintal da minha casa e só eu ter acesso. Ela acrescenta que o Colégio Militar já tem professores. “Se quiserem usar pra fazer no contraturno, no treino, alguma coisa, fica a critério deles. E eu vou poder ter meus horários de treino.”
A pista terá oito obstáculos, sendo quatro aéreos. “O aéreo é a 2,60m do chão, é alto. Então tem uma questão de estrutura de colchões que vamos precisar. Tem barras, argolas, umas rodas. Não é oficial, o catálogo de obstáculos são doze. A minha vai ser de treino, então vou ter todos os obstáculos na mesma pista. Na competição, dois atletas correm simultaneamente, um do lado do outro, fazendo o mesmo percurso. Então a pista é sempre dobrada, tem dois do mesmo. Como não vou fazer competição, em vez de fazer dois do mesmo, um lado vai ter um obstáculo e o outro lado vai ter outro. E aí quando eu estiver treinando, escolho qual que vou passar para poder aprender todos.”
Pista fixa
Quando ficar pronta, a pista de corrida com obstáculos será a única fixa do país. “Tem a que está no Pan-Americano e, pelo que entendi, vai ficar meio itinerante, para poder atender as competições que vão acontecer no Brasil. A princípio, fica no Rio de Janeiro, mas podendo se deslocar”, explica. E foi nela que Isabela Abreu testou suas habilidades. “Na primeira semana, cara, abri a minha mão, fez uma bolha, sangrou horrores. Aí já não consegui mais treinar. Então, assim, uma adaptação, acho que principalmente essa questão de mão. Não pode usar luvas, não pode usar magnésio, nenhuma dessas questões de proteção. É na cara e na coragem”, diz Acabei machucando a mão logo nos primeiros dias e não consegui mais treinar. Não é fácil, vai ter que ter uma adaptação melhor dos treinamentos.”
Você deve estar logado para postar uma comentário Login