Você sabia que já foram realizados Jogos Olímpicos exclusivos para as mulheres? Isso aconteceu há 100 anos, em Paris. O OTD em Paris desta semana mostra uma exposição a céu aberto que mostra os detalhes desse evento que representa a luta da mulher para ter reconhecimento no esporte.
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A exposição aborda uma época em que alguns médicos diziam que o esporte era violento demais para o chamado sexo frágil. Uma época em que os moralistas consideravam que roupas curtas poderiam levar os homens à perversão. Época em que os conservadores bradavam que lugar de mulher era no fogão e que a maternidade era o verdadeiro esporte para as mulheres.
É verdade que a primeira participação feminina em Jogos Olímpicos já havia ocorrido em Paris, na edição de 1900. Mas tal ideia tinha a oposição do Barão de Coubertin, o criador das Olimpíadas da Era Moderna e fundador do Comitê Olímpico Internacional.
O esporte e a feminilidade
O Olimpíada Todo Dia conversou com a historiadora Florence Carpentier, organizadora da exposição. Ela disse que as mulheres ocupavam espaço apenas em esportes considerados compatíveis com a feminilidade naquela época.
Um exemplo era a natação, visto como esteticamente feminino, além de modalidades praticadas pela burguesia. “Nessa classe social, as mulheres começaram a participar, a partir do século 19, do tênis, da vela, do golfe. Ou seja, eram poucos esportes. As mulheres iam para conversar, era um lugar para socializar com os homens. E foram nessas as modalidades em que as mulheres foram aceitas para os Jogos Olímpicos de 1900”, explicou a pesquisadora.
Foi nesse contexto que uma personagem ganhou notoriedade, Alice Milliat. “Ela foi uma líder feminina pelo esporte em nível internacional. Nasceu no fim do século 19, na França, e tinha como diferencial ter nascido em uma família humilde, ao contrário dos dirigentes esportivos da época que faziam parte da burguesia e aristocracia francesa. Ela contribuiu para desenvolver o esporte feminino na França, mas também em um contexto internacional ao criar as primeiras competições femininas internacionais”, enalteceu.
Edições e fim
A primeira edição dos Jogos Olímpicos Femininos aconteceu em 1922. Cerca de 20 mil pessoas prestigiaram o evento que teve a participação de quatro países. Além da França, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a antiga Tchecoslosváquia estiveram representantes. Algumas sessões também contaram com a participação de atletas suíças.
A competição foi baseada em 13 provas, todas de atletismo, considerado o esporte mais simbólico das Olimpíadas e que tinha total objeção do Barão de Coubertin em relação à participação feminina.
O evento não tinha distribuição de medalhas. Havia uma distribuição de pontos para as ganhadoras de cada prova, sendo que o Reino Unido foi o grande vencedor da competição.
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Os Jogos Olímpicos Femininos foram realizados outras três vezes, já com o nome de Jogos Mundiais. As sedes foram Gotemburgo, na Suécia, Praga, na antiga Tchecoslováquia, além de Londres, na Inglaterra. A última edição aconteceu em 1934.
O cenário de crise econômica da década de 1930 e a pressão da Federação Internacional de Atletismo em conluio com o Comitê Olímpico Internacional colocaram fim às Olimpíadas Femininas.