400m livre feminino
400 m livre feminino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil
O Brasil contará com duas representantes na prova: Mafe Costa e Gabrielle Roncatto. Ambas tem como objetivo chegar na final dos 400 m livre nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Atual recordista sul-americana, Mafe apresentou uma evolução enorme na prova desde 2022, quando começou a treinar com Fernando Possenti (ex-técnico de Ana Marcela Cunha, campeã olímpica da maratona aquática). Desde então, ela melhorou o seu tempo em mais de 10 segundos, com direito a uma medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos, além de um quarto lugar no Campeonato Mundial deste ano. Assim, Mafe Costa chega à sua primeira Olimpíada sonhando com um bom resultado.
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Colega de treino de Mafe, Gabrielle Roncatto tem evoluído com a amiga nos 400m livre, chegando a quebrar duas vezes o recorde brasileiro da prova durante o ciclo olímpico. Em franca evolução, Gabi foi 16ª colocada no Mundial de 2022, 11ª em 2023 e ficou em quinto lugar neste ano. Além disso, Gabrielle Roncatto também conquistou o bronze nos Jogos Pan-Americanos. Essa será a sua segunda participação nos Jogos Olímpicos. Em 2016, Gabi fez parte do time que ficou em 11º lugar no revezamento 4x200m livre.
Favoritas
Mafe Costa e Gabi Roncatto terão tarefa difícil se chegarem na final dos 400m livre feminino dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Isso porque a prova deve contar na capital francesa com as três melhores nadadoras da atualidade. Os Estados Unidos terá Katie Ledecky na disputa, a melhor fundista de todos os tempos da natação, dona de sete ouros e três pratas em Jogos Olímpicos. Ledecky foi campeã mundial da prova em 2013, 2015, 2017 e 2022.
Campeã na Rio-2016, Ledecky encontrou uma adversária forte em Tóquio-2020, quando a australiana Ariarne Titmus venceu a disputa pelo ouro. Titimus foi campeã mundial em 2019 e 2023, quando estabeleceu o atual recorde mundial da prova.
Outro nome que vai brigar por medalha nos 400m livre é a canadense Summer McIntosh. A jovem de apenas 17 anos foi vice-campeã mundial em 2022 e tem o recorde mundial júnior da prova. Erika Fairweather, da Nova Zelândia, levou o ouro no Mundial deste ano, sem a presença de Titmus, McIntosh e Ledecky.
Vale ficar de olho também na chinesa Li Bingjie, bronze em Tóquio-2020, e na alemã Isabel Gose, bronze no Mundial deste ano. As duas terminaram na frente das brasileiras neste ano no Mundial, mas são alcançáveis.
O Brasil nos 400m livre feminino dos Jogos Olímpicos
A participação brasileira na prova começou de forma histórica, com a primeira final olímpica do Brasil na história da natação. O feito coube à Piedade Coutinho, então com 16 anos, que foi quinta colocada no evento apenas seis segundos distante do bronze em Berlim-1936.
Esse resultado é até hoje a melhor colocação de uma mulher brasileira na natação feminina, em provas de piscina, na história dos Jogos Olímpicos, empatada com Joanna Maranhão que ficou na mesma posição em Atenas-2004 nos 400 m medley.
Em Berlim o Brasil também foi representado por Scylla Venancio, que não passou das eliminatórias. O feito de Piedade foi registrado em telefoto pelo Jornal O Globo, a primeira da história da imprensa brasileira.
Assim como Maria Lenk, que foi recordista mundial dos 200 m peito em 1939, o cancelamento dos Jogos de Tóquio-1940 devido a Segunda Guerra Mundial impossibilitou que Piedade Coutinho pudesse ter uma carreira ainda mais grandioso. Afinal, ela manteve o alto nível competitivo indo a mais duas edições olímpicas pós-guerra, Londres-1948 e Helsinque-1952.
Em Londres, uma nova final olímpica, onde terminaria em sexto lugar pouco mais de sete segundos atrás do bronze. Nenhuma outra mulher brasileira chegou a duas finais olímpicas individuais além dela. Em Helsinque, Piedade ficou em 13º lugar. Maria Guimarães Zanini competiu em Montreal-1976 e Patricia Amorim em Seul-1988, ambas ficando pelas eliminatórias. A outra brasileira a representar o país na prova foi Monique Ferreira, que participou em Atenas-2004 e Pequim-2008. É a única atleta brasileira além de Piedade a ter se classificado em mais de uma edição olímpica nos 400m livre. Nas duas edições, não passou das eliminatórias.
Histórico dos 400m livre feminino nos Jogos Olímpicos
Os 400m livre feminino estão presentes no programa olímpico desde Paris-1924. Assim como na maioria esmagadora das provas da natação os Estados Unidos são os maiores vencedores da prova com onze títulos olímpicos já conquistados. Bem longe das americanas vem as australianas e francesas com dois.
O poderio americano na prova começou com a conquista do ouro na prova nas três primeiras edições olímpicas onde ela foi disputada, com Martha Norelius, vencedora de Paris-1924 e Amsterdam-1928, e Helene Madison, em Los Angeles-1932.
A holandesa Rie Mastenbroek foi a primeira a quebrar o domínio americano ao vencer a prova em Berlim-1936. a australiana Lorraine Crap baixou pela primeira vez a barreira dos cinco minutos com 4m50s80.
As campeãs olímpicas dos Jogos pós-Segunda Guerra Mundial foram Ann Curtis, dos Estados Unidos, em Londres-1948, e Valéria Gyenge, da Hungria, em Helsinque-1952. Lorraine Crap, da Austrália, fez a alegria da torcida local ao vencer os 400m livre nos Jogos de Melbourne-1956.
Já os anos 60 foram totalmente dominados pelas americanas, que venceram as três edições olímpicas da década. Chris von Saltza, em Roma-1960, Ginny Duenkel, nos Jogos de Tóquio-1964, e Debbie Meyer, na edição de 1968, na Cidade do México-68.
Ouro aussie
Munique-1972 foi a primeira edição olímpica sem americanas no pódio da prova. O ouro foi vencido pela estrela australiana Shane Gould. Petra Thümer, da Alemanha Orienta, foi a campeã de Montreal-1976, com direito a recorde mundial. Em Moscou-1980, com boicote americano, as alemãs orientais fizeram pódio completo, com a campeã Ines Diers, a vice Petra Schneider e a medalhista de bronze Carmela Schmidt.
O boicote se reverteu quatro anos depois, nos Jogos de Los Angeles. Com alemãs orientais e soviéticas fora da briga, o ouro voltou para os Estados Unidos, com a campeã Tiffany Cohen em Moscou-80.
A Olimpíada de Seul-1988 apresentou ao mundo um dos maiores nomes da história da natação mundial, a americana Janet Evans, que teve sucesso nos 800m livre, mas fez grandes marcas na carreira também nos 400m, onde foi campeã olímpica.
Janet foi medalhista de prata nos Jogos seguintes, em Barcelona-1992, ficando atrás da alemã Dagmar Hase que levou o ouro. Quatro anos depois, em Atlanta-1996, quem brilhou foi a irlandesa Michelle Smith, onde conquistou além dos 400m livre, os ouros dos 200m medley e dos 400m medley, além do bronze nos 200m borboleta.
EUA de volta ao topo
Brooke Bennett, outro grande nome da natação de fundo americana, deu aos Estados Unidos novamente a medalha de ouro, em Sydney-2000. Dois anos antes de quebrar o recorde mundial de Janet Evans, Laure Manaudou venceu a prova em Atenas-2004, conquistando o primeiro ouro de uma mulher francesa na natação olímpica.
Ao longo do ciclo olímpico rumo a Pequim-2008, Laure protagonizou uma grande rivalidade contra a italiana Federica Pellegrini, dentro e fora das piscinas. O stress entre as duas era tão grande que talvez por isso tenha atrapalhado o desempenho na final olímpica, onde Federica foi quarto e Laure oitavo lugar. Bom para a britânica Rebecca Adlington, que levou a medalha de ouro.
O ouro voltou para a França em Londres-2012 com Camille Muffat. Ela faleceu tragicamente três anos depois em um acidente de helicóptero em La Rioja, Argentina, onde ela e outros atletas franceses gravavam um reality show. Ketie Ledecky, a melhor nadadora de provas de fundo em todos os tempos na natação mundial, conquistou o ouro olímpico na Rio-2016 e ainda bateu o recorde mundial de Federica Pellegrini.
Na última edição dos Jogos Olímpicos, a Austrália voltou a levar a medalha de ouro após 49 anos. Katie Ledecky tinha um corpo de vantagem na metade da prova. Mas nos 100 metros finais, Ariarne Titmus voou para ultrapassar a norte-americana e terminar em primeiro lugar. A chinesa Li Bingjie completou o pódio, ganhando a única medalha até hoje do país asiático na prova.
As medalhistas dos 400m livre feminino nos Jogos Olímpicos
Jogos | Ouro | Prata | Bronze |
Paris 1924 | Martha Norelius (USA) | Helen Wainwright (USA) | Trudy Ederle (USA) |
Amsterdã 1928 | Martha Norelius (USA) | Zus Braun (NED) | Josephine McKim (USA) |
Los Angeles 1932 | Helene Madison (USA) | Lenore Kight (USA) | Jenny Maakal (RSA) |
Berlim 1936 | Rie Mastenbroek (NED) | Ragnhild Hveger (DEN) | Lenore Kight-Wingard (USA) |
Londres 1948 | Ann Curtis (USA) | Karen Margrethe Harup (DEN) | Cathie Gibson (GBR) |
Helsinque1952 | Valéria Gyenge (HUN) | Éva Novák (HUN) | Evelyn Kawamoto (USA) |
Melbourne 1956 | Lorraine Crapp (AUS) | Dawn Fraser (AUS) | Sylvia Ruuska (USA) |
Roma 1960 | Chris von Saltza (USA) | Jane Cederqvist (SWE) | Tineke Lagerberg (NED) |
Tóquio 1964 | Ginny Duenkel (USA) | Marilyn Ramenofsky (USA) | Terri Lee Stickles (USA) |
Cidade do México 1968 | Debbie Meyer (USA) | Linda Gustavson (USA) | Karen Moras (AUS) |
Munique 1972 | Shane Gould (AUS) | Novella Calligaris (ITA) | Gudrun Wegner (GDR) |
Montreal 1976 | Petra Thümer (GDR) | Shirley Babashoff (USA) | Shannon Smith (CAN) |
Moscou 1980 | Ines Diers (GDR) | Petra Schneider (GDR) | Carmela Schmidt (GDR) |
Los Angeles 1984 | Tiffany Cohen (USA) | Sarah Hardcastle (GBR) | June Croft (GBR) |
Seul 1988 | Janet Evans (USA) | Heike Friedrich (GDR) | Anke Möhring (GDR) |
Barcelona 1992 | Dagmar Hase (GER) | Janet Evans (USA) | Hayley Lewis (AUS) |
Atlanta 1996 | Michelle Smith (IRL) | Dagmar Hase (GER) | Kirsten Vlieghuis (NED) |
Sydney 2000 | Brooke Bennett (USA) | Diana Munz (USA) | Claudia Poll (CRC) |
Atenas 2004 | Laure Manaudou (FRA) | Otylia Jędrzejczak (POL) | Kaitlin Sandeno (USA) |
Pequim 2008 | Rebecca Adlington (GBR) | Katie Hoff (USA) | Jo Jackson (GBR) |
Londres 2012 | Camille Muffat (FRA) | Allison Schmitt (USA) | Rebecca Adlington (GBR) |
Rio 2016 | Katie Ledecky (USA) | Jazz Carlin (GBR) | Leah Smith (USA) |
Tóquio 2020 | Ariarne Titmus (AUS) | Katie Ledecky (USA) | Li Bingjie (CHN) |
Quadro de medalhas dos 400m livre feminino nos Jogos Olímpicos
País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
Estados Unidos | 11 | 10 | 8 | 29 |
Austrália | 3 | 1 | 2 | 6 |
Alemanha Oriental | 2 | 2 | 3 | 7 |
França | 2 | 0 | 0 | 2 |
Grã-Bretanha | 1 | 2 | 4 | 7 |
Holanda | 1 | 1 | 2 | 4 |
Alemanha | 1 | 1 | 0 | 2 |
Hungria | 1 | 1 | 0 | 2 |
Irlanda | 1 | 0 | 0 | 1 |
Dinamarca | 0 | 2 | 0 | 2 |
Itália | 0 | 1 | 0 | 1 |
Polônia | 0 | 1 | 0 | 1 |
Suécia | 0 | 1 | 0 | 1 |
Canadá | 0 | 0 | 1 | 1 |
Costa Rica | 0 | 0 | 1 | 1 |
África do Sul | 0 | 0 | 1 | 1 |
China | 0 | 0 | 1 | 1 |