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Pesado masculino (+100 kg)

Rafael Silva com o braço erguido antes do Grand Slam de Antalya de judô
(Foto: Gaspar Nobrega/COB)

Chances do Brasil

Para os Jogos Olímpicos de Paris-2024, na categoria +100 kg masculino do judô, o Brasil terá Rafael Silva na categoria do peso-pesado. O judoca vai para sua quarta edição olímpica de olho em uma terceira medalha. Em Londres-2012, Baby conquistou um bronze, na Rio-2016, outro bronze.

O brasileiro, além de ser o 14º do ranking mundial, foi bronze no Mundial de Doha-2023, após vencer o tajique Temur Rakhimov, por 1 a 0. Outra 3ª colocação notável foi nos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023.

Levando em conta tudo isso, a conclusão realista é que o Rafael brigará por outro bronze na categoria, não muito mais do que isso.

+ Veja a lista dos brasileiros classificados para Paris-2024

Rafael Silva durante participação no Campeonato Pan-Americano e da Oceania de judô
O judoca vai em busca de mais uma medalha, assim como em Londres e no Rio ( Foto: Anderson Neves/CBJ)

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Favoritos +100 kg masculino

Nada mais justo que, ao falar dos favoritos, começar com o atual campeão mundial, Kim Min-Jong, O sul coreano melhorou bastante desde Tóquio-2020, onde caiu nas oitavas, para o japonês Hisayoshi Harasawa. Kim também é o 1º colocado do ranking mundial da categoria.

O sul coreano chega em Paris em grande fase (Foto: Gabriela Sabau/IJF)

Outro nome impossível de se ignorar é do experiente Teddy Riner. O francês, além de duas medalhas olímpicas (2012 e 2016), tem simplesmente 11 Mundiais no currículo. Sua carreira começou em 2007 e, desde lá, o judoca vem aumentando sua pilha de medalhas, sendo a mais recente do Mundial de 2023, em Doha. Como se não fosse o bastante, Teddy é o 6º do ranking mundial.

Outros dois nomes a serem lembrados são os do russo Inal Tasoev e do georgiano Guram Tushishvili. Tasoev levou o Mundial de 2023 (sim, junto com Teddy Riner), é o atual campeão europeu e o 2º do ranking mundial. Enquanto Tushishvili foi prata em Tóquio-2020, bronze no Mundial de 2022, prata no Mundial de 2024 e, por fim, é o 4º lugar do ranking.

O Brasil no +100 kg masculino do Jogos Olímpicos

Presente no programa olímpico desde a primeira edição do judô nos Jogos, a categoria pesado masculina, ao lado da categoria ligeiro, foi a última a dar ao Brasil um pódio no maior evento esportivo do planeta.

A medalha só chegou na edição de Londres-2012, através de Rafael Silva. O Brasil estreou na categoria apenas na edição de Moscou-1980, mas desde então não ficou de fora de nenhuma edição. No total são duas medalhas de bronze em 10 edições disputadas.

O primeiro representante do Brasil foi Oswaldo Simões Filho, em Moscou-1980. Natural de Recife o brasileiro perdeu logo em sua primeira luta na segunda rodada para Kim Myong Gyu. Nas duas edições seguintes o Brasil teve como judoca Frederico Flexa. Em Los Angeles-1984 o carioca perdeu logo na primeira luta. Já em Seul-1988 o brasileiro venceu suas duas primeiras lutas, mas acabou caindo nas quartas de final para o soviético Grigory Verichev, terminando a olimpíada em 11º lugar.

José Mário Tranquilini disputou a Olimpíada de Barcelona-1992 e foi outro a se despedir logo na estreia, sendo derrotado pelo mongol Bat-Erdene Badmaanyambuugiin. Em Atlanta-1996 o carioca Frederico Flexa voltou a ser o representante do Brasil após se ausentar em 1992. 

Batendo na trave

O primeiro brasileiro a avançar até as quartas de final foi o paulistano Daniel Hernandes em Sidney-2000. Entretanto, o paulistano foi eliminado por Indrek Pertelson, da Estônia. Na repescagem o brasileiro perdeu para Ernesto Pérez, da Espanha, terminando a olimpíada em nono lugar, o melhor resultado brasileiro até então. 

Quatro anos depois, em Atenas-2004, Daniel novamente foi o representante brasileiro, vencendo na primeira luta e sendo derrotado na segunda. Na repescagem Daniel venceu sua luta contra Gabriel Munteanu, mas em seguida foi eliminado novamente por Indrekk Pertlson, assim como foi em Sidney-2000.

João Gabriel Schiliter desembarcou em Pequim como medalhista mundial no peso-pesado no mundial anterior, em 2007, e bem cotado para estar no pódio. Na repescagem, perdeu a segunda luta para a jovem estrela francesa Teddy Riner. João terminou em sétimo lugar.

O pódio, finalmente

As duas edições seguintes renderam ao Brasil suas duas medalhas de bronze através de Rafael Silva. Em Londres-2012 o brasileiro fez história pela primeira vez conquistando o primeiro pódio dos pesados brasileiros. 

Competindo em casa na Rio-2016, Rafael Silva contou com a força da torcida para conquistar sua segunda medalha olímpica. Assim, o brasileiro conquistou seu segundo bronze olímpico, entrando para a seleta lista de brasileiros do judô com duas medalhas olímpicas no currículo.

Em Tóquio-2020, na repescagem, o francês Teddy Riner interrompeu o sonho do tri-bronze de Rafael Silva. O judoca perdeu por 11 a 0 e, por pouco, não faturou mais uma medalha.

Histórico +100 kg masculino nos Jogos Olímpicos

O peso-pesado masculino está presente nas olimpíadas desde a estreia da modalidade em Tóquio-1964. O peso exigido inicialmente para a categoria era acima de 80 kg, passando para 93 kg nas edições de Munique-1972 e Montreal-1976, 95 kg entre Moscou-1980 e Atlanta-1996, até chegar nos atuais 100 kg iniciado em Sidney-2000. 

Em 13 edições disputadas, o domínio de Japão e França é gigantesco, com cada um dos países levando cinco medalhas de ouro. No desempate, o Japão leva a melhor com três pratas contra uma dos franceses. Holanda, Equipe Unificada, União Soviética e República Tcheca completam os países que já foram campeões entre os pesados.

O primeiro campeão olímpico foi o japonês Isao Inokuma, em Tóquio-1964, assegurando o quarto ouro japonês no judô naquela edição, marcando os 100% de aproveitamento dos donos da casa. 

Veio do Japão o primeiro bicampeão olímpico no peso pesado. Hitoshi Saito conquistou as medalhas de ouro das edições de Los Angeles-1984 e Seul-1988. Na final de Los Angeles, o japonês derrotou o francês Angelo Parisi, campeão quatro anos antes. Em Seul-1988 a vitória foi contra o judoca da Alemanha Oriental, Henry Stohr. 

Excessão à regra

Antes de Tóquio-2020, Barcelona-1992 marcou a última edição em que um país sem ser a França ou o Japão conquistou a medalha de ouro no peso-pesado do judô. De origem georgiana, David Khakhaleishvili competiu em Barcelona como parte da Equipe Unificada, após a dissolução da União Soviética, conquistando a medalha de ouro.

O segundo bicampeão olímpico no peso-pesado foi o francês David Douillet na Olimpíada de Atlanta-1996 e na de Sidney-2000. Com o ouro de Douillet em Sidney, a França chegou a três ouros no total, se igualando ao Japão.

Os nipônicos voltaram a abrir vantagem nas duas edições seguintes. Primeiro com Keiji Suzuki, campeão em Atenas-2004. Depois, em Pequim-2008, foi a vez de Satoshi Ishii conquistar a medalha de ouro para o Japão. Foi a quinta medalha de ouro dos asiáticos em Jogos Olímpicos na categoria, abrindo uma vantagem momentânea sobre os franceses.

A chegada da lenda

Entre os medalhistas de bronze em Pequim estava a jovem estrela Teddy Riner, que após a decepção de cair nas semifinais, conquistou sua primeira medalha olímpica no judô.

Foi justamente Teddy Riner, o maior nome da história na categoria, o terceiro judoca a conquistar um bicampeonato olímpico. Confirmando o seu enorme favoritismo, o francês venceu quatro lutas em Londres-2012, até derrotar na final o russo Aleksandr Mikhaylin.

No Rio de Janeiro, em 2016, o francês repetiu a dose, batendo na final o japonês Hisayoshi Harasawa. Em ambas as edições, o brasileiro Rafael Silva conquistou a medalha de bronze, fazendo parte do pódio. Foram as primeiras medalhas do Brasil em Jogos Olímpicos nessa categoria do judô.

E na última edição dos Jogos, em Tóquio-2020, Teddy Riner ficou com o bronze, isso porque houveram duas medalhas inéditas. O tcheco Lukáš Krpálek e o georgiano Guram Tushishvili foram à final, garantindo o ouro e a prata pela primeira vez a seus países. Lukáš foi o campeão, enquanto Guram ficou com o vice. O outro bronze ficou com o russo Tamerlan Bashaev.

Torre Eiffel Paris-2024
O Campo de Marte, na Torre Eiffel, será o palco para as disputas de judô (Foto: Stefano Rellandini/AFP )

Medalhistas – judô +100 kg masculino – Jogos Olímpicos

JogosOuroPrataBronze
Tóquio-1964Isao Inokuma (JAP)Doug Rogers (CAN)Parnaoz Chik’viladze (URS)
Anzor K’ik’nadze (URS)
Munique-1972Wim Ruska (HOL)Klaus Glahn (FRG)Motoki Nishimura (JAP)
Givi Onashvili (URS)
Montreal-1976Sergey Novikov (URS)Günther Neureuther (FRG)Sumio Endo (JAP)
Allen Coage (EUA)
Moscou-1980Angelo Parisi (FRA)Dimitar Zapryanov (BUL)Vladimír Kocman (TCH)
Radomir Kovačević (IUG)
Los Angeles-1984Hitoshi Saito (JAP)Angelo Parisi (FRA)Jo Yong-Cheol (COR)
Mark Berger (CAN)
Seul-1988Hitoshi Saito (JAP)Henry Stöhr (GDR)Jo Yong-Cheol (COR)
Grigory Verichev (URS)
Barcelona-1992Davit Khakhaleishvili (EUN)Naoya Ogawa (JAP)David Douillet (FRA)
Imre Csősz (HUN)
Atlanta-1996David Douillet (FRA)Ernesto Pérez (ESP)Frank Möller (ALE)
Harry Van Barneveld (BEL)
Sydney-2000David Douillet (FRA)Shinichi Shinohara (JAP)Indrek Pertelson (EST)
Tamerlan Tmenov (RUS)
Atenas-2004Keiji Suzuki (JAP)Tamerlan Tmenov (RUS)Dennis van der Geest (HOL)
Indrek Pertelson (EST)
Pequim-2008Satoshi Ishii (JAP)Abdullo Tangriyev (UZB)Óscar Brayson (CUB)
Teddy Riner (FRA)
Londres-2012Teddy Riner (FRA)Aleksandr Mikhaylin (RUS)Andreas Tölzer (ALE)
Rafael Silva (BRA)
Rio-2016Teddy Riner (FRA)Hisayoshi Harasawa (JAP)Rafael Silva (BRA)
Or Sasson (ISR)
Tóquio-2020Lukáš Krpálek (CZE)Guram Tushishvili (GEO)Teddy Riner (FRA)
Tamerlan Bashaev (RUS)

Quadro de medalhas – judô +100 kg masculino – Jogos Olímpicos

PaísOuroPrataBronzeTotal
Japão53210
França5139
União Soviética1045
Holanda1012
República Tcheca1001
Equipe Unificada1001
Rússia0224
Alemanha Ocidental0202
Canadá0112
Geórgia0101
Bulgária0101
Alemanha Oriental0101
Espanha0101
Uzbequistão0101
Brasil0022
Estônia0022
Alemanha0022
Coreia do Sul0022
Bélgica0011
Cuba0011
Tchecoslováquia0011
Hungria0011
Israel0011
Estados Unidos0011
Iugoslávia0011