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Meio-médio masculino (81 kg)

Guilherme Schimidt no Meio-médio masculino (81 kg) do Judô nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Guilherme Schimidt vai representar o Brasil na categoria (Foto: Anderson Neves/CBJ)

Chances do Brasil

Guilherme Schimidt vai representar o Brasil no meio-médio masculino dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. O brasiliense de 23 anos garantiu vaga para a sua primeira Olimpíada da carreira após receber a convocação da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) após boa colocação no ranking mundial.

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Campeão Mundial Júnior em 2019, Guilherme Schimidt entrou com tudo na categoria adulta. Neste ciclo olímpico, o jovem judoca subiu ao pódio em algumas das principais competições do Circuito Mundial, com destaque para a campanha do vice-campeonato no World Masters de 2023. Além disso, também faturou a medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023. 

Por outro lado, seus desempenhos em mundiais não foram tão expressivos. De 2021 para cá, aconteceram três edições do Mundial de Judô e Guilherme Schimidt participou de duas. Em 2022, parou nas oitavas de final para o sul-coreano Lee Joon-hwan e, em 2023, perdeu a estreia para o alemão Timo Cavelius. Apesar disso, Guilherme pode estar entre os melhores brasileiros cotados ao pódio na categoria desde a era Tiago Camilo e Flávio Canto.

Os favoritos

Até a edição de Tóquio-2020, a categoria meio-médio masculino tinha bastante equilíbrio. Para a Olimpíada da capital japonesa, os mundiais do ciclo contaram com judocas diferentes frequentando o pódio. No entanto, o georgiano Tato Grigalashvili mudou essa tendência ao conquistar os títulos das edições de 2022, 2023 e 2024. Dessa forma, ele lidera as bancas de apostas para repetir o feito nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. 

tato grigalashvili no Meio-médio masculino (81 kg) do Judô dos Jogos Olímpicos de Paris 2024
Tato Grigalashvili é o atual tricampeão mundial dos meio-médios e principal favorito em Paris-2024 (Foto: IJF)

Atual campeão olímpico, o japonês Takanori Nagase deve brigar pelo bicampeonato olímpico ou um lugar no pódio. O judoca conquistou o bronze nas duas edições do Mundial que disputou neste ciclo. Bronze em Tóquio-2020 e vice-campeão mundial em 2022 e 2023, o belga Matthias Casse também briga pelo título na França. O sul-coreano Lee Joon-hwan foi medalhista nas principais competições e tem boas chances de medalha.  

Brasil na categoria meio-médio masculino do judô

A primeira participação brasileira no peso meio-médio aconteceu em 1976, na cidade de Montreal. Desde então, o país esteve representado em todas as edições, tendo conquistado dois bronzes na categoria. Os responsáveis pelas medalhas são dois judocas que no auge de ambos se tornaram dois grandes rivais e disputaram por um longo tempo o posto de melhor judoca brasileiro da categoria: Flávio Canto e Tiago Camilo.

Roberto Machusso foi o responsável por classificar o Brasil pela primeira vez na categoria, quando ela ainda era disputada com limite de 71 kg. O paulistano terminou em 13º lugar após vencer uma luta e cair nas oitavas de final em Montreal-1976. Quatro anos depois, em Moscou-1980, foi a vez de Carlos Alberto Cunha defender as cores do Brasil. Com vitórias sobre Michel Grant, da Suécia e Thomas Hagmann, da Suíça, o brasileiro acabou sendo derrotado pelo romeno Mircea Fratica, terminando na 10ª colocação.

Nas duas edições seguintes o Brasil acabou sendo derrotado logo na primeira luta de seus judocas. Em Los Angeles-1984, o mineiro Rogério dos Santos perde para Filip Leskav, da extinta Iugoslávia, terminando sua participação olímpica em 20º lugar. Quatro anos depois, em Seul-1988, foi a vez do carioca Ezequiel Paraguassu se despedir precocemente ao perder para o judoca da Alemanha Oriental, Torsten Bréchot, que conquistaria o bronze da categoria. 

O Brasil só voltou a vencer uma luta na categoria nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992, quando o mesmo Ezequiel Paraguassu derrotou pela segunda rodada do torneio contra Patrick Matangi, do Zimbábue. Logo na fase seguinte o brasileiro se despediu de Barcelona cair diante de Kim Byung-joo.

Flávio Canto

Flávio Canto, bronze em Atenas-2004 – (Facebook/flaviocantooficial)

Nascido em Oxford, Grã-Bretanha, e criado no Rio de Janeiro, Flávio Canto disputou sua primeira Olimpíada em Atlanta-1996, com 21 anos de idade. O brasileiro terminou sua participação em sétimo lugar, a melhor colocação do país até então. Em Sidney-2000, Marcel Aragão representou o Brasil. Ele caiu logo na primeira luta contra Gabriel Arteaga, de Cuba.

Após ficar ausente dos Jogos Olímpicos de Sidney-2000, Flávio Canto venceu a forte disputa interna que travou contra o seu maior rival nacional, Tiago Camilo. Tiago, que quatro anos antes havia conquistado a medalha de prata com apenas 18 anos, subiu de peso naquele ciclo e disputou com Flávio até o último momento a vaga para Atenas-2004. 

Com a vaga em mãos, Flávio partiu para a capital grega com o objetivo de se tornar o primeiro judoca a conquistar uma medalha na categoria -81 kg. E conseguiu. Na disputa do bronze, vitória sobre Robert Krawczyk, da Polônia. Dessa forma, o Brasil finalmente tinha uma medalha no peso meio-médio.

Tiago Camilo

O ciclo de Pequim-2008 foi novamente marcado pela disputa interna no judô brasileiro entre Tiago Camilo e Flávio Canto. Tiago chegou a disputar algumas competições, como os Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro, na categoria de cima, uma forma encontrada pela CBJ e pelos judocas de os dois se manterem na equipe. Porém uma lesão em Flávio Canto colocou fim nessa longa disputa, com Tiago Camilo conquistando a vaga na categoria -81 kg para os Jogos de Pequim-2008. 

E através dele, o Brasil conquistou sua segunda medalha de bronze no meio-médio. Tiago chegou em Pequim como vigente campeão mundial e primeiro colocado no ranking mundial. Na luta pelo bronze, encarou o judoca da Holanda, Guillaume Elmont, que acabou superado de virada pelo brasileiro com direito a técnica de estrangulamento e desistência do judoca neerlandês.

De Londres pra cá

Leandro Guilheiro após ser bronze duas vezes consecutivas subiu de categoria para o ciclo de Londres-2012, passando a disputar o peso meio-médio. O judoca de Suzano, no interior paulista, era cotado a conquistar uma medalha em sua nova categoria após ser presença constante nos pódios das principais competições da modalidade durante o ciclo, como as duas medalhas conquistadas nos dois mundiais anteriores aos Jogos. Contudo, acabou eliminado e se despediu de Londres sem sua terceira medalha olímpica.

O carioca Victor Penalber foi o representante na categoria -81 kg na Rio-2016. Medalhista de bronze no mundial de 2015, Penalber era cotado como um possível medalhista, e venceu sua primeira luta com um ippon contra Marlon Acácio, de Moçambique. Entretanto, o brasileiro perdeu sua segunda luta contra o judoca moldavo naturalizado pelos Emirados Árabes Unidos. Sergiu Toma. Eduardo Yudy representou o Brasil em Tóquio-2020. Entrando como 24º colocado do ranking, ele acabou se despedindo na estreia ao perder para o israelense Sagi Muki.

Histórico -81 kg masculino nos Jogos Olímpicos

A categoria meio-médio entrou no programa olímpico do judô na Olimpíada de Munique-1972 e desde então foi disputada por 12 vezes. O maior campeão é o Japão, somando três medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze. 

Uma das categorias mais equilibradas, o peso meio-médio teve ao longo dos anos nove países distintos conquistando a medalha de ouro, sendo que além do Japão somente a União Soviética conquistou mais de uma medalha de ouro. Atualmente disputada por judocas com até 81 kg, a categoria teve suas duas primeiras edições com limite de peso de 70 kg, subindo para 78 kg entre as Olimpíadas de 1980 e 1996. Em Sidney-2000 a categoria mudou para o peso atual.

Primeiro campeão

Toyokazu Nomura foi o primeiro campeão olímpico em Munique-1972. As duas edições seguintes tiveram a extinta União Soviética como vencedora, tornando-se o primeiro país a ser bicampeão olímpico na categoria meio-médio. O primeiro ouro veio com Vladimir Nevzorov, em Montreal-1976, e o segundo com Shota Khabareli, em Moscou-1980.

Em Los-Angeles-1984 a Alemanha Ocidental conquistou a medalha de ouro com Frank Wienek, derrotando na final o britânico Neil Adams, que sagrou-se vice-campeão olímpico na categoria leve na edição de Moscou-1980. Quatro anos depois Frank Wienek chegaria novamente a uma final olímpica, mas dessa vez seria derrotado por Waldemar Legién, da Polônia. O pódio de Seul-1988 foi completado por dois países que já não existiriam mais a partir da próxima edição. A União Soviética, com Bashir Varaev, que em breve seria dissolvida, e a Alemanha Oriental, com Torsten Brechot, que voltaria a se unir com a Alemanha Ocidental após a queda do Muro de Berlim.

Após ficar três edições fora do pódio e quatro sem a medalha de ouro, o Japão voltou a conquistar a categoria meio-médio. Hidehiko Yoshida bateu na final de Barcelona-1992 o estadunidense Jason Morris. Djamel Bouras, da França, foi o campeão olímpico na edição seguinte em Atlanta-1996. 

Makoto Takimoto conquistou a terceira, e última até o momento, medalha de ouro do Japão nas Olimpíadas de Sidney-2000, já com os atuais 81 kg de limite. Na final o judoca nipônico derrotou o sul-coreano Cho In-chul, que já havia sido medalhista de bronze nas Olimpíadas anteriores. Quem também apareceu no pódio foi a bandeira de Portugal com Nuno Delgado, única medalha do judô masculino do país em olimpíadas.

Medalha grega em Atenas

Dono das duas únicas medalhas do judô grego, Iliadis Iliadis começava sua vitoriosa carreira com a medalha de ouro conquistada em seu próprio país em Atenas-2004. O jovem judoca de 18 anos surpreendeu o mundo ao conquistar o ouro batendo na final o ucraniano Roman Hontyuk. Sua segunda medalha, um bronze, veio na edição de 2012 no peso-médio. Uma das medalhas de bronze ficou com o brasileiro Flávio Canto, enquanto a outra foi conquistada por Dmitri Nossov. 

As duas edições de Jogos Olímpicos seguintes trouxeram um fato curioso. Pela primeira vez na história, e única até aqui, uma final do judô aconteceu duas vezes consecutivas. Pequim-2008 marcou a vitória de Ole Bischof sobre o sul-coreano Kim Jae-bum, grande favorito da competição, já que havia conquistado os dois últimos mundiais da categoria. Nessa mesma edição Tiago Camilo conquistou sua segunda medalha olímpica, um bronze. Quatro anos depois, em Londres-2012, foi a vez da revanche de Kim Jae-bum, que derrotou Ole Bischof e se sagrou campeão olímpico, invertendo a ordem no pódio com o alemão. 

O russo Khasan Khalmursaev se sagrou campeão, em 2016 no Rio de Janeiro. Khalmursaev derrotou na final o estadunidense Travis Stevens, que fez uma campanha surpreendente. O pódio foi completado pelo japonês Takanori Nagasi, então campeão mundial, e por Sergiu Toma, dos Emirados Árabes Unidos. 

O japonês Takanori Nagase foi o último medalhista de ouro. Em Tóquio-2020, o judoca nipônico subiu no lugar mais alto do pódio ao derrotar o mongol Saeid Mollaei na decisão. O belga Matthias Casse e o austríaco Shamil Borchashvili levaram o bronze. 

Medalhistas – judô -81 kg masculino – Jogos Olímpicos

JogosOuroPrataBronze
Munique-1972Toyokazu Nomura (JAP)Antoni Zajkowski (POL)Dietmar Hötger (GDR)
Anatoly Novikov (URS)
Montreal-1976Vladimir Nevzorov (URS)Koji Kuramoto (JAP)Patrick Vial (FRA)
Marian Tałaj (POL)
Moscou-1980Shota Khabareli (URS)Juan Ferrer (CUB)Bernard Tchoullouyan (FRA)
Harald Heinke (GDR)
Los Angeles-1984Frank Wieneke (FRG)Neil Adams (GBR)Michel Nowak (FRA)
Mircea Frățică (ROM)
Seul-1988Waldemar Legień (POL)Frank Wieneke (FRG)Torsten Bréchôt (GDR)
Bashir Varayev (URS)
Barcelona-1992Hidehiko Yoshida (JAP)Jason Morris (EUA)Bertrand Damaisin (FRA)
Kim Byeong-Ju (COR)
Atlanta-1996Djamel Bouras (FRA)Toshihiko Koga (JAP)Jo In-Cheol (COR)
Soso Lip’art’eliani (GE)
Sydney-2000Makoto Takimoto (JAP)Jo In-Cheol (COR)Aleksei Budõlin (EST)
Nuno Delgado (POR)
Atenas-2004Ilias Iliadis (GRE)Roman Hontiuk (UCR)Dmitry Nosov (RUS)
Flávio Canto (BRA)
Pequim-2008Ole Bischof (ALE)Kim Jae-Beom (COR)Tiago Camilo (BRA)
Roman Hontiuk (UCR)
Londres-2012Kim Jae-Beom (COR)Ole Bischof (ALE)Ivan Nifontov (RUS)
Antoine Valois-Fortier (CAN)
Rio-2016Khasan Khalmurzayev (RUS)Travis Stevens (EUA)Sergiu Toma (UEA)
Takanori Nagase (JAP)
Tóquio 2020Takanori Nagase (JAP)Saeid Mollaei (MGL)Matthias Casse (BEL)
Shamil Borchashvili (AUT)

Quadro de medalhas – judô -81 kg masculino – Jogos Olímpicos

PaísOuroPrataBronzeTotal
Japão4217
União Soviética2024
Coreia do Sul1225
Polônia1113
Alemanha1102
Alemanha Ocidental1102
França1045
Rússia1023
Grécia1001
Estados Unidos0202
Ucrânia0112
Cuba0101
Grã-Bretanha0101
Mongólia0101
Alemanha Oriental0033
Brasil0022
Canadá0011
Estônia0011
Georgia0011
Portugal0011
Romênia0011
Emirados Árabes Unidos0011
Bélgica0011
Áustria0011