Individual geral feminino
Individual Geral Feminino – Ginástica Artística – Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil
Brasil foi ao pódio pela primeira vez no individual geral feminino nos Jogos Olímpicos Tóquio-2020 com Rebeca Andrade. E a paulista de Guarulhos tem tudo para voltar a ganhar uma medalha na prova em Paris-2024. Uma das melhores ginastas da atualidade, Rebeca Andrade foi campeã mundial da prova no Mundial de 2022 e vice-campeã no ano passado. Em um cenário onde todas as ginastas acertem durante a final, é difícil que Rebeca não fique entre as três primeiras colocadas.
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O Brasil também deve ter mais uma ginasta na final do individual geral em Paris-2024 (cada país pode ter no máximo duas atletas por final). A tendência é que esse nome seja Flávia Saraiva. Flavinha já ficou entre as oito primeiras colocadas da prova nos Mundiais de 2018 e 2019. No ano passado, ela chegou a se classificar para a final na quinta posição, mas teve duas quedas na final ficando longe do pódio. Flávia tem totais condições para ficar entre as oito primeiras colocadas. O pódio não é impossível, mas ela teria que contar com erros de algumas adversárias e cravar todas as suas séries.
As favoritas
A grande favorita ao ouro no individual geral feminino é Simone Biles, dos Estados Unidos. Hexacampeã mundial da prova e ouro na Rio-2016. Considerada por vários especialistas como a maior ginasta de todos os tempos, Simone é dona de uma ginástica espetacular. Ela realiza movimentos que chegaram a ser impensáveis para a ginástica artística feminina. E apesar da alta dificuldade, Simone Biles mantém uma execução impecável nas suas séries, o que torna suas notas difíceis de alcançar. Única ginasta que ultrapassou os 59 pontos no individual geral neste ciclo olímpico, ela teria que cometer alguns erros para perder o ouro em Paris.
Além de Simone Biles, é provável que tenhamos outra ginasta dos Estados Unidos no pódio do individual geral feminino em Paris. Duas atletas devem disputar na qualificação pela vaga na final. Shilese Jones foi prata no Mundial de 2022 e bronze em 2023 e é uma das melhores ginastas do atual ciclo olímpico. Sua concorrência interna deve ser Sunisa Lee, a atual campeã olímpica da prova. Lee estava desde Tóquio sem competir internacionalmente, participando apenas da Liga Universitária dos EUA e de algumas competições nacionais. Com um problema de saúde nos rins, Sunisa Lee ficou muito tempo sem treinar e perdeu parte da dificuldade que tinha nas suas séries em Tóquio. Mas ao longo deste ano, ela tem evoluído nas competições domésticas nos EUA para mostrar que pode brigar por um lugar no pódio.
Correndo por fora
A aposta das donas da casa será Melanie de Jesus dos Santos que atualmente treina com os técnicos de Biles nos Estados Unidos (os franceses Laurent e Cecile Landi). Melhor ginasta francesa da atual geração, Melanie foi campeã europeia do individual geral em 2019, mas ainda não tem medalhas individuais em Mundiais. Mas na final por equipes do Mundial de 2023, ela conduziu a França ao bronze com uma performance espetacular, mostrando que se acertar os quatro aparelhos na final, ela briga pelo pódio no individual geral.
Outras ginastas podem surpreender na final e parar no pódio. Uma série de atletas que pode tirar perto dos 56 pontos e ganhar uma medalha caso as favoritas tenham problemas na final. São elas: Qiu Qiyuan (CHN), Kaliya Nemour (ALG), Ellie Black (CAN), Alice D’Amato (ITA), Helen Kevric (GER) e a nossa Flávia Saraiva.
Brasil no individual geral feminino nos Jogos Olímpicos
A primeira participação do Brasil na disputa do individual geral feminino acontece na Olimpíada de 1980, em Moscou, com Cláudia Magalhães que terminou em 32º lugar. Quatro anos depois, o Brasil melhorou sua classificação com Tatiana Figueiredo, 27º lugar em Los Angeles. Ela foi a primeira brasileira finalista da prova (na época 36 ginastas disputavam a final). Em 1988 e 1992, o Brasil foi representado por Luísa Parente, que ficou em 36º e 57º lugar, respectivamente. A edição de 1996 não contou com nenhuma brasileira após Soraya Carvalho lesionar o cotovelo.
As finais para o Brasil no individual geral feminino começaram a aparecer apenas na edição da Olimpíada de 2000, em Sidney, com Daniele Hypólito. Com boas séries de trave e solo, a paulista radicada no Rio de Janeiro levou o país pela primeira vez à final olímpica, onde terminou em 21° lugar. Quatro anos depois, em Atenas, Daniele Hypólito conseguiu novamente se classificar para a final, melhorando sua colocação, um 16° lugar. Camila Comin fez companhia à Daniele e também avançou para a final, terminando em 24º lugar.
Jade no top-10
A edição dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 deu ao Brasil a melhor posição no individual geral feminino até então. Jade Barbosa desembarcou em terras chinesas como medalhista de bronze do mundial anterior, mas uma lesão no pulso impediu que a carioca pudesse mostrar todo o seu potencial. O 10° lugar de Jade entrou para a história como a melhor colocação do país, mas mostrou também que ela poderia ter conseguido ainda mais se não fosse pela lesão. Ana Cláudia Silva também participou da final e terminou em 24° lugar.
Após três edições consecutivas com ginastas brasileiras disputando a final do individual geral feminino, o país acabou quebrando a sequência e ficou de fora na edição dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Após um final de ciclo olímpico conturbado, com cortes de ginastas por briga com a confederação e por lesões, as meninas que competiram na Arena de North Greenwich não tiveram um bom desempenho, tendo Bruna Leal alcançado a melhor colocação do país, um 36º lugar.
Rio e Tóquio
Competindo no Rio de Janeiro, o Brasil voltou a colocar duas ginastas na final do individual geral feminino em 2016. Após se classificar em terceiro lugar, a novata Rebeca Andrade não conseguiu repetir o desempenho e terminou em 11° lugar. Jade Barbosa se lesionou em sua apresentação no solo e acabou se retirando da final, terminando em 24° lugar.
Histórico do individual geral feminino em Jogos Olímpicos
A prova do individual geral é considerada a mais nobre da ginástica artística, pois revela o ginasta mais completo, aquele/a que vai bem em todos os aparelhos. O individual geral feminino estreou no programa dos Jogos Olímpicos na edição de 1952, em Helsinque. A União Soviética é a maior vencedora com seis medalhas de ouro, seguida pelos Estados Unidos com quatro e pela Romênia com duas. A primeira campeã foi a soviética Maria Gorokhovskaya, enquanto a prata ficou com Nina Bocharova, também da União Soviética, e o bronze com Margit Korond, da Hungria.
Nas duas edições seguintes dos Jogos Olímpicos, o individual geral feminino foi dominado por Larissa Latynina. A atleta da ginástica artística mais medalhada da história conquistou o seu primeiro ouro na prova em Melbourne 56 e repetiu a dose em Roma 60. Sua compatriota Sofia Muratova foi bronze em 56 e prata em 60.
Em Tóquio 1964 outra estrela da ginástica começava a brilhar nos Jogos Olímpicos. A tcheca Vera Caslavska desbancou Larisa na disputa pela medalha de ouro no individual geral, impedindo assim o tricampeonato da ginasta e quebrando uma sequência de três ouros da União Soviética. Vera voltou a subir ao topo do pódio na Cidade do México em 1968, deixando novamente a prata e o bronze para suas eternas rivais soviéticas. A União Soviética voltou ao topo do pódio na edição de Munique em 72, com Ludmilla Touricheva.
A estrela romena
A romena Nadia Comaneci tomou para si todas as atenções nos Jogos Olímpicos de Montreal 1976. A pequena ginasta de 15 anos conquistou diversas medalhas e notas perfeitas naquela edição. Dentre essas medalhas, o ouro no individual geral, colocando um novo país no topo do pódio e deixando para trás a soviética Nellie Kim. Quatro anos depois, em Moscou, Nádia foi medalha de prata na prova, empatada com Maxi Gnauck, da Alemanha Oriental. Competindo em casa, Yelena Davydova voltou a levar a União soviética ao ouro na prova.
Assim como aconteceu em outras provas da ginástica artística, os Estados Unidos também aproveitaram a ausência da União Soviética na Olimpíada e e conquistaram a medalha de ouro no individual geral feminino em Los Angeles-1984. Mary Lou Retton aproveitou a ausência das soviéticas, impedidas de competirem pelo boicote de seu país aos jogos disputados em terras americanas, e conquistou a primeira medalha da história para os Estados Unidos no individual geral. Prata para Ecaterina Szabo e bronze para Simona Pauca, ambas da Romênia.
A batalha de Seul
O pódio olímpico da Olimpíada de Seul-1988 é considerado um dos mais fortes da história, com o ouro no individual geral feminino para a União Soviética de Yelena Shushunova, a prata para Daniela Silivas, da Romênia, e o bronze para Svetlana Bongiskaya. A medalha de ouro de Shushunova foi a última conquistada pelas soviéticas na prova, já que na edição de 1992, em Barcelona, a União Soviética já havia sido dissolvida e os países que compunham o bloco disputaram os Jogos como Equipe Unificada. Tatiana Gutsu, de origem ucraniana, acabou vencendo o individual geral representando a Equipe Unificada em 1992.
A Ucrânia seguiu no topo em 1996, com medalha dourada para Lilia Podkopayeva. E a Romênia teve três medalhas com Gina Gogean levando a prata, enquanto Simona Amanar e Lavinia Miloșovici empataram na terceira posição.
Final polêmica
O individual geral feminino de 2000 é cercado de muita polêmica. Na final da prova, a mesa de salto, que estava em uma altura errada, acabou prejudicando diversas ginastas. A Romênia havia conquistado o pódio completo, com ouro para Andrea Raducan, prata para Simona Amanar e bronze para Maria Olaru. Dias após o fim dos Jogos Olímpicos, foi revelado que a campeã da prova, Andrea Raducan, havia sido testada positiva no antidoping para a substância pseudoefedrina.
A equipe romena alegou que a substância estava presente em um medicamento que foi ministrado para a jovem ginasta na noite anterior para conter uma febre e tosses. Entretanto as justificativas não foram aceitas pelo COI e a medalha de Raducan foi retirada. Sendo assim, Amanar herdou o ouro, Olaru a prata e a chinesa Liu Xuan ficou com o bronze.
Domínio norte-americano
Na Olimpíada de 2004, em Atenas, iniciou um longo domínio dos Estados Unidos que se mantêm até hoje. São quatro medalhas de ouro consecutivas na prova, além de outras duas de prata. A campeã foi Carly Patterson, deixando para trás a favorita Svetlana Khorkina, da Rússia. Em 2008, dobradinha americana com Nastia Liukin em primeiro e Shawn Jhonson em segundo.
Nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, o tricampeonato do individual geral feminino foi conquistado por Gabrielle Douglas. A estadunidense se tornou a primeira mulher negra a vencer o individual geral de uma Olimpíadas. A Rússia ficou com as medalhas de prata, com Viktoria Komova, e o bronze, com Aliya Mustafina. Nas Olimpíadas do Rio de Janeiro 2016 Simone Biles conquistou o quarto título para as americanas, fazendo dobradinha com sua companheira de time, Alexandra Raisman. Mustafina repetiu o bronze da edição anterior.
Em Tóquio-2020, Sunisa Lee levou o ouro para manter os Estados Unidos no topo do pódio. Rebeca Andrade fez história, conquistando uma prata inédita para o Brasil. Já o bronze ficou com a russa Angelina Melnikova.
Todos os medalhistas do individual geral feminino nos Jogos Olímpicos
Olimpíadas | Ouro | Prata | Bronze |
Helsinque-1952 | Maria Gorokhovskaya (URSS) | Nina Bocharova (URSS) | Margit Korondi (HUN) |
Melbourne-1956 | Larisa Latynini (URSS) | Ágnes Keleti (HUN) | Sofia Muratova |
Roma-1960 | Larisa Latynina (URSS) | Sofia Muratova (URSS) | Polina Astakhova (URSS) |
Tóquio-1964 | Vera Caslavska (TCH) | Larisa Latynina (URSS) | Polina Astakhova (URSS) |
Cidade do México-1968 | Vera Caslavska | Zinaida Voronina (URSS) | Natalia Kuchinskaya (URSS) |
Munique-1972 | Ludmilla Touricheva (URSS) | Karin Janz (GDR) | Tamara Lazakovich (URSS) |
Montreal-1976 | Nadia Comaneci (ROM) | Nellie Kim (URSS) | Ludmilla Touricheva (URSS) |
Moscou-1980 | Yelena Davydova (URSS) | Nadia Comaneci (ROM) Maxi Gnauk (GDR) | 0 |
Los Angeles-1984 | Mary Lou Retton (USA) | Ecaterina Szabo (ROM) | Simona Pauca (ROM) |
Seul-1988 | Yela Shushunova (URSS) | Daniela Silivas (ROM) | Svetlana Bongiskaya (URSS) |
Barcelona-1992 | Tatiana Gutsu (EUN) | Shannon Miller (USA) | Lavinia Milosovici (ROM) |
Atlanta-1996 | Lilia Podkopayeva (UKR) | Gina Gogean (ROM) | Simona Amanar (ROM)Lavinia Milosovici (ROM) |
Sydney-2000 | Simona Amar (ROM) | Maria Olaru (ROM) | Liu Xuan (CHN) |
Atenas-2004 | Carly Petterson (USA) | Svetlana Khorkina (RUS) | Zhang Nan (CHN) |
Pequim-2008 | Anastasia Liukin (USA) | Shawn Jhonson (USA) | Yang Yilin (CHN) |
Londres-2012 | Gabrielle Douglas (USA) | Viktoria Komova (USA) | Aliya Mustafina (RUS) |
Rio de Janeiro-2016 | Simone Biles (USA) | Alexandra Raisman (USA) | Aliya Mustafina (RUS) |
Tóquio-2020 | Sunisa Lee (USA) | Rebeca Andrade (BRA) | Angelina Melnikova (RUS) |
Quadro de medalhas do individual geral feminino nos Jogos Olímpicos:
Posição | País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
1 | União Soviética | 6 | 5 | 7 | 18 |
2 | Estados Unidos | 6 | 2 | 0 | 8 |
3 | Romênia | 2 | 5 | 4 | 11 |
4 | Tchecoslováquia | 2 | 0 | 0 | 2 |
5 | Equipe Unificada | 1 | 0 | 0 | 1 |
Ucrânia | 1 | 0 | 0 | 1 | |
7 | Rússia | 0 | 2 | 3 | 5 |
8 | Alemanha Oriental | 0 | 2 | 0 | 2 |
9 | Hungria | 0 | 1 | 1 | 2 |
10 | Brasil | 0 | 1 | 0 | 1 |
11 | China | 0 | 0 | 3 | 3 |