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Equipe feminina

Equipe feminina de ginástica artística do Brasil com medalha no Mundial. Elas vão disputar os jogos olímpicos paris-2024 (Ricardo Bufolin/CBG)
Equipe do Brasil é a atual vice-campeã mundial (Ricardo Bufolin/CBG)

Chances da equipe feminina do Brasil em Paris-2024

O Brasil terá a chance de conquistar um resultado histórico na final por equipes feminina da ginástica artística nos Jogos Olímpicos Paris-2024. Com sua melhor geração da história, o time brasileiro foi vice-campeão mundial em 2023 e quarto colocado no Mundial de 2022. O grupo que conta com Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Julia Soares tem totais condições de conquistar a primeira medalha brasileira na prova.

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Ginastas mais completas da equipe feminina do Brasil, Rebeca Andrade e Flávia Saraiva devem se apresentar em todos os aparelhos na final por equipes em Paris. As demais ginastas completam o time com cada uma tendo sua força principal. Lorrane tem uma boa série nas barras assimétricas, Jade tem um salto difícil e um solo espetacular, enquanto Julia tira boas notas no solo e na trave. Com um conjunto forte, o Brasil depende apenas de si para terminar no pódio na capital francesa.

As favoritas

Sem a participação da Rússia, atual campeã, os Estados Unidos são favoritos ao ouro nos Jogos Olímpicos Paris-2024. A equipe feminina do país conta com ninguém menos que Simone Biles, a melhor ginasta de todos os tempos e que consegue notas muito acima das demais ginastas. O time norte-americano também conta com as campeãs olímpicas Jade Carey e Sunisa Lee, Shilese Jones, medalhista no individual geral nos últimos dois mundiais, e Kayla di Cello, campeão do individual geral na última edição dos Jogos Pan-Americanos.

Com as estadunidenses em patamar acima, um grupo de países são os adversários diretos do Brasil pelas outras vagas no pódio. A China não ganha uma medalha com sua equipe feminina em grandes competições desde o Mundial de 2018. Sofrendo com falta de consistência, as chinesas perderam oportunidades de ir ao pódio desde então. Mas o time chinês evoluiu e vai para Paris com boas chances de ganhar uma medalha. Os destaques da equipe são Qiu Qiyuan, Zhou Yaqin e Ou Yushan.

A Itália tem uma ótima geração na ginástica artística feminina, mas tem sofrido com lesões de atletas importantes como Asia D’Amato, que rompeu um ligamento do joelho no Europeu deste ano. Mas o time italiano tem boas peças de reposição e pode brigar pelo pódio, comandado por Alice D’Amato (irmã gêmea de Asia) e Manila Esposito, que ganhou três ouros no Europeu deste ano. Já a França, fez uma final impecável no Mundial de 2023, conquistando a medalha de bronze. O time de Melanie de Jesus dos Santos ainda terá o fator casa a seu favor em Paris.

Correndo por fora

Com pouca margem de erro, em algumas ocasiões a final por equipes pode ter surpresa, como o Canadá que levou o bronze no Mundial de 2022. Entre os times que podem surpreender estão as próprias canadenses, o Japão e a Grã-Bretanha que estará desfalcada de suas principais ginastas na Olimpíada.

Equipe feminina do Brasil em Jogos Olímpicos

A primeira vez que o Brasil se classificou para os Jogos Olímpicos com uma equipe feminina completa foi em Atenas 2004. Faziam parte do time histórico, nomes de peso como Daiane dos Santos, Daniele Hypólito e Camila Comin. Além de novatas como Laís Souza, que se tornaria também importante para a ginástica nacional. O sexteto brasileiro, que no ano anterior havia surpreendido o mundo se classificando para a final, não conseguiu repetir o feito e acabou terminando em nono lugar, uma posição atrás do último classificado. 

A primeira final do Brasil por equipes veio na edição seguinte dos Jogos Olímpicos, Pequim-2008. O Brasil contava com a presença de Daiane Dos Santos, Daniele Hypólito e Laís Souza e ganhou o reforço de peso de Jade Barbosa e Ana Cláudia Silva. Mais experientes e acostumadas a competirem contra os grandes países, o quinteto conseguiu a classificação para a final e terminou em 8º lugar. 

O ciclo de Londres foi marcado por lesões e uma grande dificuldade de renovação da ginástica feminina do Brasil. Assim, o país só conseguiu a classificação da equipe para os Jogos Olímpicos de 2012 na última oportunidade, no último aparelho. A equipe, que já não chegaria aos jogos com a confiança muito em alta após a classificação dramática, ainda ganharia novos problemas poucos dias antes do início das disputas. Primeiro com o corte de Jade Barbosa, a melhor ginasta do país no individual geral, por brigas com a confederação, e posteriormente com os cortes de Laís Souza e Adrian Santos já em solo britânico, por lesões. O resultado final foi uma apresentação fraca de forma geral e último lugar geral para a equipe.

Final em casa

Competindo em casa em 2016, o Brasil chegou com expectativas de uma posição histórica na final por equipes. Com as novatas Rebeca Andrade, Flávia Saraiva e Lorrane Oliveira, a equipe tinha o status de melhor time brasileiro já enviada a uma edição olímpica. Nas classificatórias as meninas brilharam e o país acabou se classificando na quinta colocação, atrás apenas das potencias Estados Unidos, China e Rússia e da Grã-Bretanha. Entretanto alguns erros durante a final acabaram fazendo com que a equipe não conseguisse manter o nível das classificatórias e terminasse na oitava posição, igualando o resultado de Pequim 2008. A sequência de classificações foi quebrada em Tóquio-2020, após o Brasil sofrer com lesões em 2019 e não conseguir a vaga no Campeonato Mundial.

Histórico do solo feminino em Jogos Olímpicos

A ginástica artística feminina só passou a ser disputada em Jogos Olímpicos na edição de Amsterdã em 1928, com a disputa por equipes. A extinta União Soviética é ainda hoje a nação que mais conquistou a prova, com oito títulos em 19 edições. Romênia e Estados Unidos aparecem em segundo e terceiro lugar no quadro de medalhas com três ouros, mas com vantagem para as romenas nas pratas. Único evento a fazer parte do programa olímpico de 1928, a prova por equipe feminina teve como primeiras vencedoras as donas da casa. As italianas ficaram com a prata e as britânicas com o bronze. As equipes na primeira edição contavam com 12 ginastas.

Após ficar de fora da edição seguinte, em Los Angeles, a ginástica artística feminina retornou aos Jogos em Berlim 1936 para nunca mais sair. Novamente a única disputa em 36 foi a prova por equipe feminina, agora reduzida para oito ginastas em cada, e novamente as atletas que competiam em casa levaram a melhor. Ouro para a Alemanha, prata para a Tchecoslováquia e bronze para a Hungria.

Domínio total

A edição de Helsinque 1952 marcou o início do domínio soviético na ginástica feminina. Foram simplesmente oito títulos consecutivos por equipe feminina em Helsinque 52, Melbourne 56, Roma 60, Tóquio 64, Cidade do México 68, Munique 72, Montreal 76 e Moscou 80, marcando a maior hegemonia da história da ginástica artística em Jogos Olímpicos.

Dentre esses títulos, um dos destaques foi o de Melbourne, que contou pela primeira vez com a participação de Larissa Latynina, que viria a ser a maior medalhista da ginástica. Melbourne também marcou o tri-vice da Hungria, prata desde a edição de Londres 1948. Foi também em Melbourne que a ginástica romena apareceu pela primeira vez em um pódio olímpico com o bronze da equipe.  

Já contando com o número de seis ginastas por equipes desde a edição anterior, Roma 1960 viu o surgimento de novos nomes que se juntaram a Latynina, dividindo o protagonismo nos Jogos. Dentre estes nomes estavam o de sua compatriota, Sofia Muratova e o da tcheca Vera Caslavska. Caslavska liderou a forte equipe de seu país de volta ao pódio olímpico, fato que não acontecia desde a medalha de ouro em Londres 1948. Sempre contando com Vera, a Tchecoslováquia foi também medalhista de prata nas edições de 1964 e 1968.

Geração dourada

A equipe da União Soviética campeã de 1972 contava com a liderança de ginastas de uma nova geração que também marcariam época, com destaques para Olga Korbut e Ludmilla Touricheva. A Alemanha Oriental ficou com a medalha de prata e a equipe da Hungria retornou ao pódio com o bronze depois de três edições ausentes.

O mundo assistiu em Montreal 1976 a uma das equipes mais fortes da União Soviética de todos os tempos. Korbut e Touricheva ganharam a companhia de Nellie Kim e Svetlana Grozdova no time e mantiveram o domínio, com tranquilidade, do país na disputa por equipes. Como se não fosse pouco, as apresentações de Nadia Comaneci que encantaram o mundo foram fundamentais na conquista da medalha de prata da Romênia por equipes, o melhor resultado do país até então. O pódio em Moscou 1980 foi o mesmo visto em 1976, com o ouro para a União Soviética, prata para a Romênia e o bronze para Alemanha Oriental.

Ascenção romena

A União Soviética na edição de Los Angeles 1984 devolveu o boicote sofrido pelo bloco capitalista em Moscou 80 e não disputou os Jogos Olímpicos naquele ano. Dessa forma chegava ao fim a hegemonia soviética na prova por equipes que durava longas oito edições olímpicas. Quem melhor aproveitou a ausência das soviéticas foram as romenas. Lideradas por Ecaterina Szabo, as romenas conquistaram pela vez a medalha de ouro. Competindo em casa as americanas também aproveitaram a ausência da União Soviética e subiram ao pódio pela primeira vez, com a medalha de prata. Bronze para a China, também estreante em pódios.

Seul 1988 marcou o retorno da União Soviética aos Jogos, novamente no lugar mais alto do pódio na disputa por equipes da ginástica. A equipe de Svetlana Bonginskaya, Tatiana Gutsu e Oksna Chusovitina derrotou o forte time romeno de Daniela Silivas, Aurelia Dobre e Gabriela Potorac. Bronze para a Alemanha Oriental, repetindo assim os mesmos pódios das Olimpíadas de 1976 e 1980. Parte do time campeão em Seul estava presente no time da Equipe Unificada no ouro de Barcelona 1992. 

A Romênia conseguiu o seu bicampeonato nas Olimpíadas de Sidney 2000 e Atenas 2004. Nomes como Catalina Ponor, Simona Amanar, Oana Ban, Andreea Raducan e Monica Rosu foram importantes nas conquistas romenas sobre a Rússia de Svetlana Khorkina e os Estados Unidos de Carly Patterson.

Em 2008 os Estados Unidos desembarcaram na China como o país a ser batido. Com um time de peso que contava com Shawn Jhonson, Nastia Liukin e Alicia Sacramone, as americanas eram as atuais campeãs mundiais. Mas elas não conseguiram segurar a pressão e acabaram derrotadas pelas donas da casa. Foi a primeira medalha de ouro da equipe da China no feminino. O bronze ficou com as romenas.

Sequência americana e ouro russo

Após a decepção com a prata em Pequim a equipe estadunidense conquistou o bicampeonato em Londres 2012 e Rio 2016. Em Londres a equipe contava, dentre outras, com Gabby Douglas, campeã do individual geral, e Alexandra Raisman. Já a equipe de 2016 foi liderada por Simone Biles e também contava com Douglas e Raisman. Em ambas as edições a medalha de prata ficou com a Rússia de Aliya Mustafina.

Em Tóquio, a Rússia conseguiu o ouro, com o grupo que continha Angelina Melnikova, Vladaslava Urazova, Viktoria Listunova e Lilia Akhaimova. Elas derrotaram os Estados Unidos para ganhar o primeiro ouro do país desde a dissolução da União Soviética. As norte-americanas tiveram um grande desfalque na final. Simone Biles tendo que se retirar no meio da final após ter problemas com twisties, uma espécie de bloqueio mental, que fez com que a ginasta perdesse o controle do corpo no ar no salto. Assim, os EUA ficou com a prata. Já o bronze sobrou para a Grã-Bretanha, após a China ter uma rotação desastrosa no salto na rodada final da competição.

Quadro de medalha – Equipe feminina – Jogos Olímpicos

PosiçãoPaísOuroPrataBronzeTotal
1União Soviética8008
2Romênia34411
3Estados Unidos3429
4Tchecoslováquia1416
Rússia1416
5China1023
6Alemanha 1001
Equipe Unificada1001
Holanda1001
10Hungria0325
11Alemanha Oriental0145
12Itália0101
13Grã-Bretanha0021
14Japão0011