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Barras Paralelas

Diogo Soares nas barras paralelas nos Jogos Olímpicos Paris-2024
(Foto: Gaspar Nóbrega/COB)

Chances do Brasil nas barras paralelas em Paris-2024

O Brasil terá dois ginastas na competição masculina nos Jogos Olímpicos Paris-2024. Enquanto Arthur Nory deve competir apenas na barra fixa, Diogo Soares irá se apresentar em todos os aparelhos. O piracicabano consegue tirar notas acima dos 14 pontos no aparelho, sendo o atual vice-campeão pan-americano, mas não deve brigar pelo pódio, que deve ter ginastas acima dos 15 pontos em Paris.

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Os favoritos

Quem for assistir a final das barras paralelas nos Jogos Olímpicos Paris-2024 irá ver um espetáculo. E o protagonista é Zou Jingyuan, da China. Um verdadeiro craque no aparelho, o chinês é conhecido por tirar notas altíssimas nas paralelas. Zou consegue fazer provas com altíssimo grau de dificuldade com uma execução praticamente perfeita. Dessa forma, é difícil tirar o ouro do chinês que é o atual campeão olímpico.

Uma dúvida é o alemão Lukas Dauser. Campeão mundial em 2023 e medalhista de prata em Tóquio-2020, Dauser teve uma lesão no braço direito no Campeonato Alemão. Ele está na equipe da Alemanha, mas não dá para saber se ele estará 100% fisicamente em Paris.

Brasil nas barras paralelas em Jogos Olímpicos

Assim como o cavalo com alças, a prova de barras paralelas não possui resultados olímpicos muito relevantes para o Brasil. João Luiz Ribeiro foi o 63° em Moscou-1980, quando o Brasil participou pela primeira vez dos Jogos Olímpicos nessa prova. Gerson Gnoatto foi o 70º em Los Angeles-1984, Guilherme Saggesi Pinto foi o 88° em Seul-1988 e Marco Monteiro foi o 77° em Barcelona-1992. Nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, Mosiah Rodrigues representou o Brasil e terminou na 67ª colocação. 

A melhor colocação do país no aparelho foi o 17º lugar de Sérgio Sasaki na edição de Londres-2012. O generalista brasileiro ainda ficou em 31º na edição do Rio de Janeiro. Também no Rio, Arthur Nory, foi 29° colocado nas barras paralelas e Francisco Barreto foi o 33º colocado. Na última edição dos Jogos Olímpicos, em Tóquio, Caio Souza foi o melhor brasileiro, na 31ª posição.

Histórico das barras paralelas em Jogos Olímpicos

O primeiro campeão nas barras paralelas foi o alemão Alfred Flatow nos Jogos Olímpicos de Atenas-1896. A disputa contou com 18 ginastas de seis países e teve ainda o suíço Louis Zutter conquistando a medalha de prata. Após ficar ausente da disputa individual na edição de 1900, sendo considerada apenas na prova por equipes e no individual geral, as barras paralelas voltaram a distribuir medalhas na edição de Saint Louis-1904. Mas assim como em todos as outras disputas individuais por aparelhos, se tem registros apenas de ginastas americanos competindo. Dessa forma o pódio foi todo formado por atletas do país, tendo o ouro ficado com George Eyser, a prata com Aanton Heida e o bronze com John Duha.

De volta ao programa

Após a edição de Saint Louis, as barras paralelas voltaram a ser disputadas apenas dentro do individual geral e da prova por equipes e assim permaneceu até a edição de Antuérpia-1920. Somente a edição disputada em Paris no ano de 1924 trouxe de volta as competições individuais por aparelhos e com ela um novo campeão nas barras paralelas. August Guttinger, da Suíça, conquistou a medalha de ouro com uma vantagem de apenas dois centésimos sobre Robert Prazák, da Tchecoslováquia. A medalha de bronze ficou com o italiano Giorgio Zampori.

Em Amsterdã-1928 o campeão das barras paralelas foi o ginasta da Tchecoslováquia, Ladislav Vachá. Ele venceu Josip Primosic, da Iugoslávia, por um ponto de diferença. A medalha de bronze ficou com o suíço Hermann Hanggi.

Quatro anos depois foi a vez de Romeo Neri, da Itália, se sagrar campeão olímpico das barras assimétricas. O italiano alcançou a nota de 28,7 no aparelho, deixando para trás o húngaro István Pelle e o finlandês Heikki Savolainen.

Michael Reusch barras paralelas jogos olímpicos
Michael Reusch foi prata em Berlim-1936 e ouro em Londres-1948 nas barras paralelas

Assim como a grande maioria das provas disputadas nos Jogos Olímpicos de Berlim-1936, as barras paralelas tiveram como campeão um ginasta alemão. Konrad Frey, que já havia vencido a prova por equipes e o cavalo com alças, conquistou também o ouro nas barras paralelas. Foi a segunda medalha de ouro alemã no exercício das barras paralelas, tendo sido o primeiro país a atingir a marca. A prata foi para o suíço Michael Reusch e o bronze para o alemão Alfred Schwarzmann.

Pós-Guerra

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Jogos Olímpicos foram retomados em Londres-1948 com uma vitória suíça na prova. Após ser medalha de prata 12 anos antes em Berlim-1936, Michael Reusch retornou juntamente com as Olimpíadas para se tornar campeão das barras assimétricas. O segundo lugar ficou com Veikko Huhtanen, da Finlândia, e o terceiro lugar foi dividido entre os suíços Christian Kipfer e Josef Stalder. Stalder deu nome para alguns dos elementos mais comuns realizados hoje em dia, tanto nas barras paralelas quanto na barra fixa.

Viktor Chukarim barras paralelas jogos olímpicos
O soviético Viktor Chukarim foi campeão em 1956 e prata em 1952 nas barras paralelas

Na edição seguinte, em Helsinque-1952, a Suíça voltava a ser campeã das barras assimétricas, emplacando o primeiro bicampeonato consecutivo e se tornando também o primeiro país a conquistar três medalhas de ouro nesse exercício. O feito foi alcançado graças a vitória de Hans Eugster sobre o soviético Viktor Chukarin. O bronze ficou novamente com Josef Stalder.

Viktor Chukarin se tonaria quatro anos mais tarde o primeiro campeão olímpico da União Soviética nas barras paralelas. Em Melbourne-1956 o atleta soviético conquistou a medalha de ouro com uma vantagem de apenas cinco centésimos sobre o japonês Masami Kubota, 19,20 contra 19,15. O bicampeonato da União Soviética aconteceu nos Jogos seguintes, em Roma-1960. Boris Shakhlin derrotou o italiano Giovanni Carminucci e o japonês Takashi Ono.

Japão no topo

Após passar perto de conquistar o ouro em duas edições seguidas, o Japão finalmente conseguiu subir no topo do pódio. Mas não apenas por uma vez, mas sim por quatro edições seguidas, se tornando assim o primeiro país tetracampeão consecutivo e passando a Suíça no total de títulos. O primeiro ouro foi conquistado por Yukio Endo nos Jogos Olímpicos de Tóquio-1964. O japonês levou a melhor sobre o seu compatriota Shuji Tsurumi e sobre o italiano Franco Menichelli.

Quatro anos depois, nos Jogos Olímpicos da Cidade do México-1968, foi a vez Akinori Nakayama conquistar o segundo título japonês nas barras paralelas. Nakayama alcançou a nota de 19,475 contra os 19,425 de Mikhail Voronin e Viktor Klimenko. Nos critérios de desempate Voronin levou a melhor sobre o seu compatriota e ficou com a prata, deixando o bronze para Klimenko.

Sawao Kato Jogos Olímpicos
Sawao Kato levou o título das barras paralelas em 1972 e 1976

Os outros dois títulos japoneses vieram através de Sawao Kato. O multimedalhista se tornou o primeiro ginasta a ser bicampeão das barras paralelas ao conquistar os ouros nas edições de Munique-1972 e Montreal-1976. Nos Jogos Olímpicos de 1972 o pódio foi formado somente por atletas japoneses. A final, terminou com Kato no topo do pódio, seguido por Shigeru Kasamatsu e Eizo Kenmotsu.

Já na edição de 1976, o japonês conquistou o ouro deixando em segundo lugar Nikolai Andrianov, da URSS, que havia estado na final quatro anos antes, mas havia saído sem conquistar medalhas terminando na sexta colocação. O bronze ficou com o também japonês Mitsuo Tsukahara. Essa foi a última vez em que o Japão subiu ao topo do pódio nessa prova.

Jogos boicotados

Após o longo domínio japonês, os soviéticos conseguiram enfim retornar ao topo do pódio nas barras paralelas nos Jogos Olímpicos de Moscou-1980. Ajudou muito nessa conquista o fato de o Japão não ter participado dessa edição ao seguir o boicote liderado pelos Estados Unidos aos jogos realizados na capital da União Soviética. Aleksandr Tkatchev venceu a prova com o seu compatriota Alexander Dityatin em segundo lugar e Roland Bruckner da Alemanha Oriental em terceiro. Tkatchev dá nome a uma das largadas mais utilizadas tanto na barra fixa quanto nas barras paralelas, e também nas barras assimétricas no feminino.

Na edição seguinte foi a vez dos países que compunham o bloco dos países socialistas devolverem o boicote liderado pelos estadunidenses e se ausentarem dos Jogos realizados na cidade de Los Angeles, em 1984. Com a ausência da União Soviética, quem brilhou na prova das barras paralelas foi o atleta da casa Barth Conner. O ginasta, que mais tarde viria se casar com Nadia Comaneci, uma das maiores estrelas da modalidade, conquistou a medalha de ouro no aparelho com uma vantagem de apenas 25 centésimos sobre o japonês Nobuyuki Kajitani. Conner conquistaria ainda a medalha de ouro na prova de equipes daquela edição.

Retorno soviético

A União Soviética retornou na edição seguinte para competir naqueles que seriam os seus últimos Jogos Olímpicos, Seul-1988. E o país se despediu com chave de ouro na competição das barras paralelas ao ver Vladmir Artemov no lugar mais alto do pódio. De quebra o país conquistou ainda a medalha de prata com Valery Lyukin, fazendo uma dobradinha nos lugares mais altos do pódio. O bronze foi para o ginasta Sven Tippelt, da Alemanha Oriental, que também é marcado na história do esporte ao ter elementos batizados com o seu nome. 

Barcelona-1992 foram os Jogos Olímpicos de Vitaly Scherbo e as barras paralelas foram mais um dos aparelhos em que o ginasta de origem bielorrussa venceu. Sem ainda poder competir sob a bandeira de seu país, já que a União Soviética havia acabado de ser dissolvida, Scherbo atuou como atleta da Equipe Unificada e somente na edição seguinte pode representar as cores de sua pátria.

A edição também foi marcante por ter dado à China as duas primeiras medalhas nesse exercício. Li Jing ficou com a medalha de prata e Guo Linyao ficou com o bronze empatado com o japonês Masayuki Matsunaga e com Igor Korobchynski, ginasta de origem ucraniana e que também competia pela Equipe Unificada.

Atlanta-1996 apresentou ao mundo mais uma potência na prova de barras paralelas. Agora já podendo competir sob as cores da Ucrânia, os ginastas desse país mostraram como poderiam ser dominantes e conquistaram três dos últimos seis ouros entregues nesse aparelho. E tudo começou com Rustam Sharipov em território americano, onde venceu a disputa batendo o atleta da casa Jair Lynch. Vitaly Scherbo, agora já representando a Bielorrússia, completou o pódio. Grande favorito da competição, o russo Alexei Nemov acabou ficando sem medalhas no aparelho.

Chineses brilhando

Se Atlanta-1996 mostrou como os ucranianos poderiam ser bons nas barras paralelas, a edição de Sidney provou que a China também era uma potência.

Se a Ucrânia viria a conquistar três dos últimos seis ouros distribuídos, a China viria no seu rastro para conquistar os outros três. O primeiro nome a subir ao topo do pódio representando a China foi Li Xiaopeng. O ginasta que se tornaria um dos maiores vencedores desse exercício bateu na final o sul-coreano Lee Joo-Hyung. Alexei Nemov, que havia ficado de fora do pódio em Atlanta, acabou conquistando a medalha de bronze.

O chinês Li Xiaopeng é bicampeão olímpico das barras paralelas EPA/BERND WEISSBROD

Valery Goncharov conquistaria em Atenas-2004 o segundo ouro para a Ucrânia nas barras paralelas. A medalha de prata ficou com Hiroyuki Tomita, do Japão. Campeão olímpico quatro anos antes, o chinês Li Xiaopeng conquistou a medalha de bronze. Entretanto, Xiaopeng voltaria a ser campeão na edição seguinte. Competindo em casa nos Jogos de Pequim-2008 ele se tornaria o segundo ginasta a conquistar um bicampeonato nessa prova e o primeiro a conquistar três medalhas. O terceiro ouro chinês foi conquistado por Feng Zhe nas Olimpíadas de Londres-2012, derrotando na final o alemão filho de pai vietnamita Marcel Nguyn e o francês Hamilton Sabot.

Últimos campeões

A terceira medalha de ouro da Ucrânia pertence ao vigente campeão olímpico das barras paralelas, Oleg Vernyaiev. O ucraniano que durante todo o ciclo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro sempre esteve presente nos pódios dessa prova não decepcionou e confirmou o seu favoritismo. O pódio foi formado ainda pelo estadunidense de origem cubana Danell Leyva e pelo russo David Belyavskiy.

Já em Tóquio, a China voltou a vencer a prova com Zou Jingyuan mostrando porque é um dos melhores da história no aparelho. O alemão Lukas Dauser e o turco Ferhat Arican completaram o pódio.

Todos os medalhistas das barras paralelas nos Jogos Olímpicos

AnoOuroPrataBronze
1896Alfred FlatowGERLouis ZutterSUI
1904George EyserUSAAnton HeidaUSAJohn DuhaUSA
1924August GüttingerSUIRobert PražákTCHGiorgio ZamporiITA
1928Ladislav VáchaTCHJože PrimožičYUGHermann HänggiSUI
1932Romeo NeriITAIstván PelleHUNHeikki SavolainenFIN
1936Konrad FreyGERMichael ReuschSUIAlfred SchwarzmannGER
1948Michael ReuschSUIVeikko HuhtanenFINChristian Kipfer
Sepp Stalder
SUI
SUI
1952Hans EugsterSUIViktor ChukarinURSSepp StalderSUI
1956Viktor ChukarinURSMasami KubotaJPNTakashi Ono
Masao Takemoto
JPN
JPN
1960Borys ShakhlinURSGiovanni CarminucciITATakashi OnoJPN
1964Yukio EndoJPNShuji TsurumiJPNFranco MenichelliITA
1968Akinori NakayamaJPNMikhail VoroninURSViktor KlimenkoURS
1972Sawao KatoJPNShigeru KasamatsuJPNEizo KenmotsuJPN
1976Sawao KatoJPNNikolay AndrianovURSMitsuo TsukaharaJPN
1980Aleksandr TkachovURSAleksandr DityatinURSRoland BrücknerGDR
1984Bart ConnerUSANobuyuki KajitaniJPNMitch GaylordUSA
1988Vladimir ArtyomovURSValery LyukinURSSven TippeltGDR
1992Vitali ShcherbaEUNLi JingCHNGuo Linyao
Ihor Korobchinskiy
Masayuki Matsunaga
CHN
EUN
JPN
1996Rustam SharipovUKRJair LynchUSAVitali ShcherbaBLR
2000Li XiaopengCHNLee Ju-HyeongKORAleksey NemovRUS
2004Valeriy HoncharovUKRHiroyuki TomitaJPNLi XiaopengCHN
2008Li XiaopengCHNYu Won-CheolKORAnton FokinUZB
2012Feng ZheCHNMarcel NguyenGERHamilton SabotFRA
2016Oleg VerniaievUKRDanell LeyvaUSADavid BelyavskyRUS
2020Zou JingyuanCHNLukas DauserGERFerhat AricanTUR

Quadro de medalhas das barras paralelas nos Jogos Olímpicos

PosiçãoPaísOuroPrataBronzeTotal
1Japão45615
2União Soviética45110
3China4127
3Suíça3249
5Ucrânia3003
6Estados Unidos2327
7Alemanha2215
8Itália1124
9Tchecoslováquia1102
10Equipe Unificada1012
11Coreia do Sul0202
12Finlândia0112
13Hungria0101
13Iugoslávia0101
15Alemanha Oriental0022
15Rússia0022
17Bielorrússia0011
17França0011
17Uzbequistão0011
17Turquia0011