Barras assimétricas
Barras Assimétricas – Rebeca Andrade – Ginástica Artística – Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil na trave em Paris-2024
As barras assimétricas sempre foram um dos aparelhos mais complicados para as brasileiras na ginástica artística. Mas o país tem evoluído na prova nos últimos anos e até tem chances de ir ao pódio nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 com Rebeca Andrade. Vice-campeã mundial da prova em 2021, Rebeca é a melhor ginasta brasileira da história nas barras assimétricas com sobras. Após ficar no top-20 nas últimas duas Olimpíadas, ela vai em busca de sua primeira final olímpica no aparelho.
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Mesmo não tendo a série mais difícil no cenário internacional, quando acerta sua série, Rebeca Andrade costuma tirar boas notas de execução. Assim, ela tem várias provas acima de 14.500 pontos, o que deve colocá-la na final olímpica. Mas para pensar em medalha, ela terá que fazer uma série excelente, próxima dos 15.000 pontos. Para isso, ela tem treinado uma saída nova, com um duplo mortal com duas piruetas, que pode fazer sua nota de dificuldade chegar em 6.4.
O Brasil também deve ter Flávia Saraiva, Lorrane Oliveira e Jade Barbosa competindo no aparelho em Paris. O trio tira notas na casa dos 13 pontos e não deve brigar por uma vaga na final das barras assimétricas.
As favoritas
A final das barras assimétricas pode ser histórica em Paris-2024. A argelina Kaliya Nemour pode se tornar a primeira africana a ganhar uma medalha olímpica na ginástica artística. Nascida na França, ela teve uma série de problemas com a Federação Francesa de Ginástica e decidiu competir pela Argélia, país de seu pai. E desde então ela tem impressionado em competições internacionais com sua série cheia de ligações e alto grau de dificuldade. Ela chega nos Jogos Olímpicos como atual vice-campeã mundial e com várias medalhas de ouro em etapas de Copa do Mundo.
Sua principal adversária em Paris-2024 será a chinesa Qiu Qiyuan. Com o tradicional estilo chinês das barras assimétricas, cravando piruetas dificílimas, ela derrotou Nemour no ano passado para levar o ouro no Campeonato Mundial. Atualmente, Qiu e Nemour são as únicas ginasta que passam do 7.0 de dificuldade no mundo.
Um grupo de ginastas aparece na briga pelo bronze. Os Estados Unidos conta Sunisa Lee, que foi bronze em Tóquio. Atual campeã olímpica, a belga Nina Derwael sofreu com lesões neste ciclo olímpico, mas pode brigar pelo pódio em Paris se conseguir recuperar toda sua dificuldade. Vale ficar de olho também na chinesa Zhang Yihan, na italiana Alice D’Amato, na britânica Becky Downie e em Rebeca Andrade.
Brasil nas barras assimétricas em Jogos Olímpicos
Considerado o calcanhar de Aquiles da ginástica feminina brasileira, as barras assimétricas é até hoje o único aparelho em que o país não teve nenhuma finalista olímpica. A primeira participação feminina na prova rendeu o 59º lugar para Cláudia Costa em Moscou 1980. Em todos esses anos, quem chegou mais perto da final foi Daniele Hypólito. Em Atenas-2004, ela fez uma ótima série na qualificação e, com nota 9,575, terminou em 11º lugar, sendo uma das reservas da final.
Nas últimas duas edições dos Jogos Olímpicos, Rebeca Andrade foi a melhor brasileira no aparelho. Ela ficou em 15º lugar na Rio-2016 e em 19º em Tóquio-2020. Agora, a ginasta vai em busca de sua primeira final olímpica nas barras assimétricas.
Histórico das barras assimétricas em Jogos Olímpicos
Disputada desde a edição de Helsinque-1952, a prova de barras assimétricas é a de histórico mais equilibrado em toda a ginástica feminina com nove países campões. É também a única prova em que a União Soviética não lidera o quadro de medalhas feminino. A liderança é da Rússia com quatro títulos, seguida da China com três.
A primeira medalha de ouro das barras assimétricas foi para Margit Korondi, da Hungria, prata para Maria Gorokhovskaya, da União Soviética, e bronze para Ágnes Keleti, também da Hungria. A prova contou com forte domínio dos dois países, que alteraram posições entre eles até o 14º lugar. A primeira ginasta de outro país na classificação geral foi Eva Vechtová, da Tchecoslováquia em 15º.
Campeã húngara
Nos Jogos Olímpicos seguintes, Melbourne 1956, Ágnes Keleti trocou o bronze pelo ouro, conquistando o bicampeonato para a Hungria. Novamente o pódio foi completado por atletas da União Soviética: a lendária Larisa Latynina foi medalha de prata e Sofia Muratova ficou com a medalha de bronze.
O pódio das barras assimétricas em Roma-1960 foi todo composto pela União Soviética. Naquela edição, a final foi disputada por apenas seis ginastas. Ouro para Polina Astakhova, prata para Larisa Latynina e bronze para Tamara Lyukhina. Polina voltaria a vencer na edição seguinte, Tóquio 1964, se tornando a primeira bicampeã do aparelho e levando também o bicampeonato para a União Soviética. Mais uma vez o pódio foi formado apenas por Hungria, prata com Katalin Makray, e União Soviética.
Somente na Cidade do México, em 1968, é que países diferentes conseguiram subir ao pódio, quebrando a sequência de quatro Olimpíadas dominadas por húngaras e soviéticas. Os responsáveis pelo feito foram a Tchecoslováquia de Vera Caslavska, campeã olímpica, e a Alemanha Oriental de Karin Janz, medalhista de prata. O pódio foi completado por Zinaida Voronina, da União Soviética. Karin Janz subiria mais um degrau quatro anos depois, em Munique-1972, conquistando o ouro para a Alemanha Oriental. Sua compatriota Erika Zuchold ficou com a medalha de prata, empatada com Olga Korbut, da União Soviética.
Romena nota 10
As disputas nas barras assimétricas dos Jogos Olímpicos de Montreal-1976 constituíram alguns dos capítulos mais importantes e memoráveis da história da ginástica artística. Foi durante a apresentação nas qualificatórias das barras assimétricas, na rotina compulsória, que a romena Nádia Comaneci, então com 15 anos, assombrou o mundo com uma apresentação perfeita, arrancando a nota 10. A primeira nota 10 na história da ginástica artística feminina em Jogos Olímpicos. O fato voltaria a se repetir por outras seis vezes naquela edição, uma delas na final do aparelho que acabou lhe rendendo a medalha de ouro. Dobradinha romena no pódio com a prata de Teodora Ungureanu.
A primeira medalha da história chinesa nas barras assimétricas só foi conquistada na edição de 1984, em Los Angeles. Sem a participação das soviéticas, que boicotaram os Jogos em solo americano, o caminho para novas estrelas surgirem na ginástica estava aberto. E Ma Yanhong aproveitou a oportunidade, dando à China sua primeira medalha de ouro. Uma medalha que abriria o caminho para o país se tornar no futuro um dos maiores campeões olímpicos na prova. A norte-americana Julianne McNamara também aproveitou da ausência das soviéticas e empatou com a chinesa Yanhong no primeiro lugar, dividindo a medalha de ouro.
Daniela Silivas conquistou a segunda medalha de ouro da Romênia em Olimpíadas nessa prova em Seul-1988. A mesma edição marcou as últimas medalhas da Alemanha Oriental, prata, e da União Soviética, bronze, na prova de barras assimétricas. Em Barcelona-1992 a China conquistava o seu segundo título na prova com Lu Lin, deixando para trás Tatiana Gutsu, da Equipe Unificada, e Shannon Miller, dos Estados Unidos.
Bicampeonato russo
Svetlana Khorkina chegou aos jogos Olímpicos de Atlanta como a grande favorita na prova de barras assimétricas, e não decepcionou. Então bicampeã mundial no aparelho, em 1995 e 1996, Khorkina desbancou grandes nomes como Amy Chow, dos Estados Unidos, e Bi Wenjing, que dividiram a medalha de prata, além da Romena Simona Amanar e a ucraniana Lilia Podkopayeva. Na edição seguinte, Sidney-2000, Svetlana Khorkina repetiu a dose e se tornou bicampeã olímpica no aparelho, repetindo o feito da Soviética Polina Astakhova em 1960 e 1964. A China ocupou os outros dois lugares no pódio.
Em Atenas-2004, novamente Khorkina despontava como grande favorita. Existia uma grande expectativa para aquilo que poderia ser o primeiro tricampeonato olímpico nas barras assimétricas na história, mas uma queda durante a final da prova acabou deixando a ginasta russa em último lugar. Melhor para a ginasta francesa Emillie Lepennec, que ficou com o ouro e botou um novo país no topo do pódio da prova. Os Estados Unidos ficaram com as medalhas de prata e bronze. Já em 2008, He Kexin ganhou o ouro diante da torcida chinesa em Pequim.
Mustafina bicampeã
Nas edições de Londres-2012 e Rio-2016 foi a vez de outra russa brilhar. Aliya Mustafina conquistou o bicampeonato no aparelho e se tornou a terceira ginasta a alcançar tal feito nas barras assimétricas. Nas mesmas edições a Grã-Bretanha, com o bronze de Beth Tweddle em 2012, e a Alemanha, com o bronze de Sophie Scheder em 2016, conseguiram os primeiros pódios para seus países no aparelho.
Já na última Olimpíada, a Bélgica ganhou seu primeiro ouro nas barras assimétricas. Após ganhar dois mundiais seguidos, Nina Derwael confirmou o favoritismo e fechou o ciclo olímpico com chave de ouro. A russa Anastasia Ilyankova e a norte-americana Sunisa Lee completaram o pódio.
Todas as medalhistas das barras assimétricas nos Jogos Olímpicos
Olimpíada | Ouro | Prata | Bronze |
Helsinque-1952 | Margit Korondi (HUN) | Maria Gorokhovskaya (URSS) | Ágnes Keleti (HUN) |
Melbourne-1956 | Ágnes Keleti (HUN) | Larisa Latynina (URSS) | Sofia Muratova (URSS) |
Roma-1960 | Polina Astakhova (URSS) | Larisa Latynina (URSS) | Tamara Lyukhina (URSS) |
Tóquio-1964 | Polina Astakhova (URSS) | Katalin Macray (HUN) | Larisa Latynina (URSS) |
Cidade do México-1968 | Vera Caslavska (TCH) | Karin Janz (GDR) | Zinaida Voronina (URSS) |
Munique-1972 | Karin Janz (GDR) | Olga Korbut (URSS) e Erika Zuchold (GRD) | |
Montreal-1976 | Nadia Comaneci (ROM) | Teodora Ungureanu (ROM) | Marta Egervari (HUN) |
Moscou-1980 | Maxi Gnauck (GRD) | Emilia Eberle (ROM) | Maria Filatova (URSS), Steffi Kraker (GDR) e Melita Ruhn (ROM) |
Los Angeles-1984 | Ma Yanhong (CHN) e Julianne Mc Namara (USA) | Mary Lou Retton (USA) | |
Seul-1988 | Daniela Silivas (ROM) | Dagmar Kersten (GDR) | Yelena Shushunova (URSS) |
Barcelona-1992 | Lu Li (CHN) | Tatiana Gutsu (EUN) | Shannon Miller (USA) |
Atlanta-1996 | Svetlana Khorkina (RUS) | Amy Chow (USA) e Bi Wenjing (CHN) | |
Sydney-2000 | Svetlana Khorkina (RUS) | Ling Jie (CHN) | Yang Yun (CHN) |
Atenas-2004 | Émillie Lepennec (FRA) | Terin Humphrey (USA) | Courtney Kupets (USA) |
Pequim-2008 | He Kexin (CHN) | Nastia Liukin (USA) | Yang Yilin (CHN) |
Londres-2012 | Aliya Mustafina (RUS) | He Kexin (CHN) | Beth Tweddle (GBR) |
Rio-2016 | Aliya Mustafina (RUS) | Madison Kocian (USA) | Sophie Scheder (GER) |
Tóquio-2020 | Nina Derwael (BEL) | Anastasia Ilyankova (RUS) | Sunisa Lee (USA) |
Quadro de medalhas das barras assimétricas nos Jogos Olímpicos
Posição | País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
1 | Rússia | 4 | 1 | 0 | 5 |
2 | China | 3 | 3 | 2 | 8 |
3 | União Soviética | 2 | 4 | 6 | 12 |
4 | Alemanha Oriental | 2 | 3 | 1 | 6 |
5 | Romênia | 2 | 2 | 1 | 5 |
6 | Hungria | 2 | 1 | 2 | 5 |
7 | Estados Unidos | 1 | 4 | 4 | 9 |
8 | Bélgica | 1 | 0 | 0 | 1 |
França | 1 | 0 | 0 | 1 | |
Tchecoslováquia | 1 | 0 | 0 | 1 | |
10 | Equipe Unificada | 0 | 1 | 0 | 1 |
11 | Alemanha | 0 | 0 | 1 | 1 |
Grã-Bretanha | 0 | 0 | 1 | 1 |