Salto em distância masculino
Salto em distância masculino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil em Paris-2024
Lucas Marcelino dos Santos é o único representante brasileiro no salto em distância masculino dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Ele não conseguiu o índice olímpico de 8,27m, mas garantiu sua classificação através do ranking mundial. O atleta de Adamantina, no interior do estado de São Paulo, foi medalhista de prata nos Campeonato Sul-Americano de 2023 e medalhista de bronze no Sul-Americano Indoor de 2024.
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os 27 anos de idade, Lucas tem 8,10m como melhor marca da carreira, feita em outubro de 2023, em Mar del Plata, na Argentina. Em junho deste ano, saltou para 8,04m em uma competição na Bolívia. Se chegar perto desta marca nos Jogos Olímpicos, deverá ter um lugar reservado na final. Nos dois Mundiais de Atletismo do ciclo – em que Lucas não participou -, o corte para a final foi abaixo dos 8,00m (8,00m em 2023 e 7,93m em 2022).
Os favoritos
O principal favorito ao ouro no salto em distância masculino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 é o grego Miltiadis Tentoglou. Ele chega no megaevento com os status de atual campeão olímpico e mundial. Além disso, sagrou-se tricampeão europeu em junho, estabelecendo 8,65m, seu recorde pessoal e a 14ª melhor marca de todos os tempos (considerando um resultado por atleta), sendo a melhor dos últimos cinco anos.
Quem é a principal ameaça ao bicampeonato de Tentoglou é jamaicano Waynne Pinnock, que foi vice-campeão mundial no ano passado – perdeu o ouro para o grego no último salto – e fechou a temporada anterior com a liderança do ranking mundial, com 8,54m. Os jamaicanos Tajay Gayle e Carey McLeod correm por fora, assim como o chinês Wang Jianan, campeão mundial em 2022, o suíço Simon Ehammer, bronze no Mundial de 2022. Também é bom ficar de olho no italiano Mattia Furlani, de apenas 19 anos, que foi vice-campeão mundial indoor e vice-campeão europeu neste ano.
O Brasil nos Jogos
A estreia brasileira no salto em distância foi em Los Angeles-1932. Três brasileiros estavam inscritos: Clóvis Raposo, João da Costa e Carlos Woebcken. Mas apenas Clóvis Raposo realmente competiu, ficando em 8º com 6,43 m. Márcio de Oliveira competiu em Berlim-1936 ao lado de Jesse Owens e terminou em 15º no geral com 7,05 m. Geraldo de Oliveira foi mais um que estava inscrito e acabou não competindo em Londres-1948.
O melhor resultado da história do Brasil na prova viria na edição seguinte, em Helsinque-1952. Ary de Sá fez uma ótima qualificação conquistando o 6º lugar com 7,24 m e, na decisão, acabou na excelente 4ª colocação com 7,23 m, a apenas 7 cm do pódio. Geraldo de Oliveira também competiu na Finlândia, terminando em 23º na quali com 6,71 m. Ary voltou a competir em Melbourne-1956, mas parou na qualificação com 7,00 m e a 20ª colocação.
O quarto lugar de Ary de Sá em 1952 foi a melhor posição de um brasileiro na prova em Jogos Olímpicos (Reprodução)
Bronze no salto em altura em 1952, José Telles da Conceição competiu no salto em distância em Roma-1960, mas não participou da quali. O mesmo aconteceu com Luiz Carlos da Silva, em Munique-1972.
Na edição canadense em Montreal-1976, João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, foi 6º na quali com 7,87 m e terminou a final na ótima 5ª posição com 8,00 m, um dia antes de sua medalha de bronze no salto triplo. Ele voltou a competir na prova em Moscou-1980, fazendo a 12ª marca na qualificação com 7,78 m, mas não competiu na final.
Três brasileiros competiram em Atlanta-1996, mas nenhum se classificou para a final. Nelson Ferreira foi 27º com 7,76 m, Douglas da Souza foi 33º com 7,61 m e Márcio da Cruz terminou em 42º com 7,12 m. Nelson Ferreira voltou a competir em Sydney-2000, mas foi mal, terminando e 43º com 7,32 m.
Especializado no salto triplo, Jadel Gregório também competiu no salto em distância em Atenas-2004, ficando em 32º na quali com 7,50 m. Mauro da Silva esteve em Pequim-2008, mas foi 26º na quali com 7,75 m, fora da final. Já em Londres-2012, Mauro foi o melhor na qualificação com 8,11 m, mas na final fez 8,01 m e acabou em 7º. No Rio-2016, Higor Alves foi o único a competir, ficando em 28º com 7,59 m.
Em Tóquio-2020, Samory Uiki e Alexsandro Melo foram os representantes brasileiros no salto em distância. Samory marcou 7,88 m logo na primeira tentativa e terminou em 16º lugar, enquanto Alexsandro queimou os dois primeiros saltos e anotou 6,95 m na última chance, terminando em 29º lugar. Os últimos três classificados para a final saltaram para 7,96 m.
Histórico do salto em distância masculino nos Jogos Olímpicos
O salto em distância masculino está presente no programa dos Jogos desde a sua primeira edição em Atenas-1896, quando a vitória ficou com o americano Ellery Harding Clark com 6,35 m. Clark usava seu chapéu como marcador, mas Constantino I, futuro rei da Grécia e que servia como árbitro da competição, removeu o chapéu por duas vezes, declarando que era uma competição amadora. Já em Paris-1900, a marca da qualificação valeria para a final. O americano Myer Prinstein havia feito a melhor marca e fez um acordo com seu compatriota Alvin Kraenzlein para não competirem na final, que seria num domingo, mas Kraenzlein competiu e ainda superou a marca de Prinstein, que ficou muito irritado e ameaçou bater no concorrente. Kraenzlein foi o grande nome dessa edição olímpica, vencendo quatro provas: 60 m, 110 m com barreiras, 200 m com barreiras e o salto em distância. Os americanos seguiram vencendo a prova nas edições seguintes, que iam batendo o recorde olímpico a cada edição antes da 1ª Guerra Mundial.
Em 1968, o americano Bob Beamon acertou um salto com a inacreditável marca de 8,90m, recorde olímpico até hoje (Reprodução)
O sueco William Petersson quebrou a sequência americana ao vencer na Antuérpia-1920 após a Guerra com 7,15 m. Mas em seguida veio mais um longo domínio dos Estados Unidos. Um desses americanos a vencer foi ninguém menos que Jesse Owens, em Berlim-1936. Owens já tinha chocado Adolf Hitler quando venceu os 100 m no dia anterior e ele era novamente o favorito para o salto em distância, tendo se tornado o primeiro atleta a saltar acima dos oito metros no ano anterior, batendo o recorde mundial com 8,13 m. Ele bateu o recorde olímpico por três vezes durante a competição até vencer com 8,06 m, o primeiro a passar da marca de 8 m em uma Olimpíada e deixando o favorito da casa, o alemão Luz Long, em segundo lugar com 7,87 m. Longo foi o primeiro a parabenizar Owens pela vitória, abraçando-o na frente de Hitler. Os dois se tornaram grandes amigos e seguiram se comunicando após os Jogos, até o falecimento de Long durante a 2ª Guerra Mundial. Owens seria mais tarde o padrinho de casamento do filho do alemão. Long receberia postumamente a Medalha Pierre de Coubertin em 1964 por sua atitude.
Desde a vitória de Owens que ninguém conseguia saltar acima dos 8 m em uma Olimpíada. Isso mudou em Roma-1960 com quatro atletas alcançando a marca na decisão, vencida pelo americano Ralph Boston com 8,12 m contra 8,11 m de seu compatriota Bo Roberson. Boston voltou em Tóquio-1964 como grande favorito, tendo batido o recorde mundial com 8,34 m um mês antes dos Jogos, mas foi surpreendido pelo britânico Lynn Davies, campeão com 8,07 m contra 8,03 m do americano.
Outra vez, Boston era o favorito na Cidade do México-1968 ao lado do soviético Igor Ter-Ovanesyan, ambos recordistas mundiais com 8,35 m. Boston tinha batido o recorde olímpico na qualificação com 8,27 m, mas ninguém no mundo estava pronto para o que aconteceria na final. Logo em seu primeiro salto, o americano Bob Beamon voou longe, quase chegando ao fim da caixa de areia. O aparelho ótico que mediria o salto não alcançava a marca e uma trena foi solicitada. Beamon havia saltado inacreditáveis 8,90 m, 55 cm melhor que o recorde mundial.
Com pouca familiaridade com o sistema métrico, Beamon não tinha entendido o seu feito e a ficha só caiu após Boston avisá-lo que ele tinha quebrado a marca por mais de dois pés. Beamon não acreditou, caiu de joelhos e ficou em estado de choque. Ninguém chegou nem perto da sua marca. Após os Jogos, Beamon foi draftado para a NBA, mas nunca jogou uma partida e também encerrou sua carreira no atletismo.
Carl Lewis durante a prova em Los Angeles-1984, primeiro de seus quatro ouros na prova (Reprodução/COI)
Los Angeles-1984 foi o início do domínio de uma lenda, o americano Carl Lewis. O seu primeiro ouro em casa havia vindo nos 100 m dois dias antes. No salto em distância, Lewis dominou desde a quali, quando marcou 8,30 m. Na decisão, foi ouro com 8,54 m, 30 cm melhor que o vice-campeão, o australiano Gary Honey. A segunda vitória de Lewis na prova veio em Seul-1988 com um excelente 8,72 m em pódio todo americano.
Em Barcelona-1992, Lewis novamente chegou como favorito, mas seu compatriota Mike Powell havia surpreendido o mundo batendo o recorde mundial com 8,95 m no ano anterior. Lewis abriu a final com 8,67 m e a emoção foi até o último salto, quando Powell chegou muito perto, fazendo 8,64 m. Carl Lewis fecharia sua imbatível sequência vencendo aos 35 anos a prova em Atlanta-1996 com 8,50 m, se tornando apenas o segundo atleta da história olímpica a vencer a mesma prova individual pela 4ª vez.
Sem Lewis, a vitória em Sydney-2000 ficou com o cubano tetracampeão mundial Ivan Pedroso com 8,55 m. Esta foi a primeira vez que um americano não subiu ao pódio, sem contar com o boicote em Moscou. O americano Dwight Phillips venceu em Atenas-2004 com 8,59 m. Phillips também vencera o Mundial no ano anterior e levaria mais três nos anos seguintes.
Foi com Irving Saladino no salto em distância masculino, que o Panamá ganhou primeiro ouro olímpico (Reprodução)
O panamenho Irving Saladino, treinado pelo brasileiro Nélio Moura, foi campeão em Pequim-2008 com 8,34 m, numa prova que pela primeira vez não teve um americano na final (excluindo-se o boicote em Moscou-1980). Em Londres-2012, Saladino queimou as três tentativas na quali e não pôde defender seu título na final. A vitória ficou com o britânico Greg Rutherford, brilhando em casa com 8,31 m. A vitória no Rio-2016 ficou com o americano Jeff Henderson, campeão com 8,38 m, apenas 1 cm melhor que o sul-africano Luvo Manyonga.
O grego Miltiadis Tentoglou foi o campeão em Tóquio-2020, conquistando o primeiro ouro de seu país nesta prova. Ele não chegou na capital francesa com tanto favoritismo, mas conseguiu a vitória de forma emocionante. Tentoglou estava em quarto lugar quando foi realizar seu último salto e anotou 8,41 m, mesma marca do cubano Juan Manuel Echevarría, que estava na primeira colocação. Como o grego tinha 8,15m como melhor marca contra contra 8,11 m do adversário, levou o ouro e deixou o cubano com a prata. O também cubano Maykel Massó foi bronze com 8,21 m.
Medalhas do salto em distância masculino nos Jogos Olímpicos
Olimpíada | Ouro | Prata | Bronze |
---|---|---|---|
Atenas 1896 | Ellery Clark USA | Bob Garrett USA | James B. Connolly USA |
Paris 1900 | Al Kraenzlein USA | Meyer Prinstein USA | Pat Leahy GBR |
St. Louis 1904 | Meyer Prinstein USA | Dan Frank USA | Robert Stangland USA |
Londres 1908 | Frank Irons USA | Dan Kelly USA | Cal Bricker CAN |
Estocolmo 1912 | Albert Gutterson USA | Cal Bricker CAN | Georg Åberg SWE |
Antuérpia 1920 | William Petersson SWE | Carl Johnson USA | Erik Abrahamsson SWE |
Paris 1924 | DeHart Hubbard USA | Ned Gourdin USA | Sverre Hansen NOR |
Amsterdã 1928 | Ed Hamm USA | Sylvio Cator HAI | Al Bates USA |
Los Angeles 1932 | Ed Gordon USA | Lambert Redd USA | Chuhei Nanbu JPN |
Berlim 1936 | Jesse Owens USA | Luz Long GER | Naoto Tajima JPN |
Londres 1948 | Willie Steele USA | Bill Bruce AUS | Herb Douglas USA |
Helsinque 1952 | Jerome Biffle USA | Meredith Gourdine USA | Ödön Földessy HUN |
Melbourne 1956 | Greg Bell USA | John Bennett USA | Jorma Valkama FIN |
Roma 1960 | Ralph Boston USA | Bo Roberson USA | Igor Ter-Ovanesyan URS |
Tóquio 1964 | Lynn Davies GBR | Ralph Boston USA | Igor Ter-Ovanesyan URS |
Cidade do México 1968 | Bob Beamon USA | Klaus Beer GDR | Ralph Boston USA |
Munique 1972 | Randy Williams USA | Hans Baumgartner FRG | Arnie Robinson USA |
Montreal 1976 | Arnie Robinson USA | Randy Williams USA | Frank Wartenberg GDR |
Moscou 1980 | Lutz Dombrowski GDR | Frank Paschek GDR | Valery Podluzhny URS |
Los Angeles 1984 | Carl Lewis USA | Gary Honey AUS | Giovanni Evangelisti ITA |
Seul 1988 | Carl Lewis USA | Mike Powell USA | Larry Myricks USA |
Barcelona 1992 | Carl Lewis USA | Mike Powell USA | Joe Greene USA |
Atlanta 1996 | Carl Lewis USA | James Beckford JAM | Joe Greene USA |
Sydney 2000 | Iván Pedroso CUB | Jai Taurima AUS | Roman Shchurenko UKR |
Atenas 2004 | Dwight Phillips USA | John Moffitt USA | Joan Lino Martínez ESP |
Pequim 2008 | Irving Saladino PAN | Godfrey Khotso Mokoena RSA | Ibrahim Camejo CUB |
Londres 2012 | Greg Rutherford GBR | Mitch Watt AUS | Will Claye USA |
Rio 2016 | Jeff Henderson USA | Luvo Manyonga RSA | Greg Rutherford GBR |
Tóquio 2020 | Miltiadis Tentoglou GRE | Juan Miguel Echevarría CUB | Maykel Massó CUB |
Quadro de medalhas do salto em distância masculino em Jogos Olímpicos
País | Ouro | Prata | Bronze | Total | |
---|---|---|---|---|---|
1 | Estados Unidos | 22 | 15 | 10 | 47 |
2 | Grã-Bretanha | 2 | 0 | 2 | 4 |
3 | Alemanha Oriental | 1 | 2 | 1 | 4 |
4 | Cuba | 1 | 1 | 2 | 4 |
5 | Suécia | 1 | 0 | 2 | 3 |
6 | Grécia | 1 | 0 | 0 | 1 |
6 | Panamá | 1 | 0 | 0 | 1 |
8 | Austrália | 0 | 4 | 0 | 4 |
9 | África do Sul | 0 | 2 | 0 | 2 |
10 | Canadá | 0 | 1 | 1 | 2 |
11 | Alemanha | 0 | 1 | 0 | 1 |
11 | Haiti | 0 | 1 | 0 | 1 |
11 | Jamaica | 0 | 1 | 0 | 1 |
11 | Alemanha Ocidental | 0 | 1 | 0 | 1 |
15 | União Soviética | 0 | 0 | 3 | 3 |
16 | Japão | 0 | 0 | 2 | 2 |
17 | Finlândia | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | Hungria | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | Itália | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | Noruega | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | Espanha | 0 | 0 | 1 | 1 |
16 | Ucrânia | 0 | 0 | 1 | 1 |