Salto em distância feminino
Salto em distância feminino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil em Paris-2024
A experiente Eliane Martins será a representante do Brasil no salto em distância feminino dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Ela não atingiu o índice olímpico de 6,86m, mas garantiu a classificação através do ranking mundial.
Aos 38 anos, Eliane participa de sua terceira edição olímpica buscando o melhor resultado da vida. Ela não passou das qualificatórias nas duas primeiras participações, sendo 23ª colocada na Rio-2016 e 18ª em Tóquio-2020. A catarinense tem 6,80m (vento não válido), feita em junho de 2021, e 6,75m (vento válido), feita em junho de 2024, como melhores marca da carreira. Se chegar próximo disso, poderá sonhar com uma vaga na final.
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Eliane disputou o Campeonato Mundial de Atletismo em sete oportunidades e chegou na final em Londres, em 2017, quando terminou em 11º lugar. A brasileira ficou em 26º na última edição da competição, em Budapeste, na Hungria, com 6,38m. Ainda no ano passado, Eliane foi medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023, saltando 6,49m.
O Brasil não terá sua principal atleta da prova na capital francesa. Letícia Oro Melo, medalhista de bronze no Mundial de 2022 e finalista em 2023, passou por cirurgia no joelho direito a dois meses dos Jogos Olímpicos e não pôde seguir na briga pela vaga em Paris-2024. Ela ainda não havia feito índice olímpico e também não estava dentro da zona de classificação do ranking mundial quando parou de competir.
As favoritas
A principal favorita ao ouro no salto em distância feminino em Paris é a alemã Malaika Mihambo, que é a atual campeã olímpica e foi duas vezes campeã mundial (2019 e 2022). No início de junho, conquistou seu segundo título europeu com sobras, ao saltar 7,22m e estabelecer a melhor marca do mundo desde 2019. A sérvia Ivana Spanovic, campeã europeia em 2022 e campeã mundial de 2023, é quem ameaça o posto de Mihambo.
Spanovic, que também foi medalhista de bronze na Rio-2016, optou por não participar do Campeonato Europeu de Roma em preparação para Paris-2024. Na competição continental, a italiana Larissa Iapichino foi prata com 6,94m e também chega forte em Paris. Para além da Europa, quem se destaca são as estadunidenses Tara Davis-Woodhall, vice-campeã mundial em 2023, e a nigeriana Ese Brume, prata no Mundial de 2022 e bronze em Tóquio-2020.
O Brasil nos Jogos
O país já fez presença logo na estreia olímpica da prova, em Londres-1948. Com 5,12m, a brasileira Gertrudes Morg ficou em 20º lugar na qualificação e não passou pra final. Duas brasileiras competiram em Helsinque-1952. Wanda dos Santos foi 21ª na qualificação com 5,35m e Helena de Menezes 24ª com 5,33m. Quem passasse de 5,30m iria pra final, que contou com 24 atletas. Na decisão, Wanda marcou 5,36m, obtido na 1ª tentativa, e acabou em 21º, enquanto Helena foi 24ª com 4,98m.
Após algumas edições sem brasileiras, Silvina Pereira da Silva competiu em Montreal-1976, terminando em 16º lugar na qualificação com 6,13m, ficando de fora da final. Conceição Geremias e Esmeralda Garcia competiram em Los Angeles-1984, mas nenhuma passou para a final. Geremias foi 18ª na qualificação com 6,04 m e Garcia 19ª com 6,01m.
Maurren Higa Maggi tinha feito uma grande temporada em 1999, vencendo o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg e conseguindo a excelente marca de 7,26m no campeonato sul-americano, recorde continental até hoje. Mas em Sydney-2000, decepcionou e ficou em 24º na qualificação com 6,35m, fora da final. Luciana Santos também competiu, mas queimou suas três tentativas na quali.
Keila Costa participou dos Jogos de Atenas-2004, ficando em 31º lugar na qualificação, com 6,33m.
Maurren ficou de fora de Atenas por conta de um doping em 2003, que também a tirou dos Jogos Pan-Americanos. Mas em Pequim-2008 ela estava de volta. Em ótima fase, vinha do ouro no Pan do Rio-2007 e de um bronze no Mundial indoor em 2008. Ela fazia uma ótima temporada e chegou muito bem para os Jogos. Na qualificação, ficou com a segunda marca com 6,79m, atrás apenas da americana Brittney Reese com 6,87 m. Na decisão, Maurren abriu mostrando que iria pro ouro com 7,04m no seu primeiro salto. A russa Tatyana Lebedeva pressionou fazendo 6,97m na primeira rodada, mas ambas queimaram suas três tentativas seguintes. Na quarta rodada, Maurren fez 6,73m e seguia na frente.
Na última rodada, só restava o salto final da russa, que voou, mas ao medirem, 7,03m e o ouro já era da brasileira. Este foi o primeiro ouro individual feminino da história do Brasil. Maurren só tem a companhia das judocas Sarah Menezes e Rafaela Silva nessa seleta lista de atletas brasileiras. Keila Costa também competiu na China. Foi 7ª na qualificação com 6,62m e 11ª na final com 6,43m.
Em sua última Olimpíada, Maurren também se classificou para Londres-2012, mas com 6,37m terminou na 15ª posição na qualificação, não avançando para a final.
No Rio-2016, Eliane Martins foi 23ª na quali com 6,33m e Keila Costa 38ª com 5,86m, ambas fora da final. Em Tóquio-2020, apenas Eliane Martins competiu. Ela marcou 6,43m na eliminatória e terminou em 18º lugar na classificação geral, não avançando para a final.
Histórico do salto em distância feminino nos Jogos Olímpicos
O salto em distância feminino entrou para o programa olímpico em Londres-1948, apesar de fazer parte do programa do Europeu desde 1938. Na estreia olímpica, o recorde mundial era de 6,25m de ninguém menos que a holandesa Fanny Blankers-Koes, que brilhou nesta edição londrina com quatro ouros, mas não disputou a prova do salto em distância. Quem levou o ouro foi a húngara Olga Gyarmati com 5,69m, pouco à frente da argentina Noemí Simonetto, prata com 5,60m.
A húngara Olga Gyarmati foi a primeira campeã do salto em distância feminino no Jogos Olímpicos (Reprodução)
Em Helsinque-1952, 24 atletas se classificaram para a final, todas conseguindo mais de 5,30m na qualificação. A neozelandesa Yvette Williams bateu o recorde olímpico ainda na qualificação com 6,16m e na final melhorou para 6,24m para ficar com o ouro.
A polonesa Elzbieta Krzesinska foi a vencedora em Melbroune-1956 com a marca de 6,35m, igualando o recorde mundial que era dela mesma, obtido três meses antes. Em 1960, a alemã oriental Hildrun Claus melhorou a marca mundial para 6,40m, mas acabou com o bronze em Roma-1960. A campeã foi a soviética Vera Kolashnikova com 6,37m, enquanto Krzesinska foi prata com 6,27m.
Os recordes subiram consideravelmente no ciclo seguinte graças à soviética Tatyana Shchelkanova, campeã europeia em 1962. Um pouco antes dos Jogos, ela atingiu 6,70m e era a favorita, mas foi surpreendida pela britânica Mary Rand, ouro com 6,76m, novo recorde mundial, enquanto Shchelkanova acabou com o bronze com 6,42m.
A altitude da Cidade do México ajudou a romena Viorica Viscopoleanu a vencer com recorde mundial de 6,82 m. Na edição de Munique-1972 o ouro foi pra alemã ocidental Heide Rosendahl com 6,78m, 6cm abaixo do seu recorde mundial obtido em 1970.
Foi apenas em 1978 que a primeira mulher atingiu a marca de 7m, com a soviética Vilma Bardauskiene fazendo 7,07m. Apesar do recorde, ela não disputou os Jogos de Moscou-1980 e o ouro nesta edição ficou com a sua compatriota Tatyana Kolpakova, com 7,06m. Foi a primeira vez que uma mulher passou dos 7m nos Jogos e logo as três medalhistas passaram desta marca.
Duas romenas subiram a qualidade desta prova nos anos 1980: Anisoara Cusmir-Stanciu e Valy Ionescu. Elas fizeram a dobradinha no Europeu de 1982, vencido por Ionescu e quebraram cinco vezes o recorde mundial em 1982 e 1983, sendo que Cusmir bateu quatro vezes e Ionescu uma. Em Los Angeles-1984, elas novamente ficaram com ouro e prata, mas foi Cusmir-Stanciu que ficou na frente com 6,96m, numa prova que teve Jackie Joyner-Kersee, aos 22 anos, terminando em quinto.
A americana Jackie Joyner-Kersee levou o ouro em Seul-1988, quando também bateu o recorde olímpico (Reprodução/Reuters)
Para Seul-1988, Joyner-Kersee chegou como grande favorita. Ela venceu o Mundial no ano anterior em Roma, quando igualou o recorde mundial na seletiva americana antes do Mundial com 7,45m. Na final olímpica, fez uma grande disputa com a alemã oriental Heike Dreschler, que já tinha feito 7,45 m duas vezes. Drechsler marcou 7,22m na sua quarta tentativa e liderava contra 7,16m da estadunidese, que na quinta rodada fez 7,40m para levar o ouro com recorde olímpico que dura até hoje.
No Mundial de 1991, Joyner-Kersee venceu novamente deixando Drechsler com a prata. Para os Jogos de Barcelona-1992, foi a vez da alemã vencer e levar o ouro com 7,14m, contra 7,07m da norte-americana, que acabou com o bronze. A alemã ficou de fora dos Jogos de Atlanta-1996 e a vitória ficou com a nigeriana Chioma Ajunwa com 7,12m. Joyner-Kersee ganhou mais um bronze em casa com 7,00m.
Mas Drechsler seguiu competindo e venceu seu quarto título europeu seguido em 1998. Em Sydney-2000, brilhou aos 35 anos e venceu o bicampeonato olímpico com 6,99m, a única bicampeã da história da prova. Nesta final, a americana Marion Jones havia ficado com o bronze, mas anos mais tarde perdeu todas as cinco medalhas que venceu após admitir o uso de substâncias proibidas.
A prova de Atenas-2004 foi dominada pelas russas, que fecharam o pódio da prova. Tayana Lebedeva foi ouro com 7,07m, Irina Simagina prata com 7,05m e Tatyana Kotova bronze também com 7,05m.
Após decepcionar em 2000 e não competir em 2004 após um caso de doping, a brasileira Maurren Higa Maggi brilhou em Pequim-2008. Ela fazia um ano excelente, vencendo quase todas as provas que disputou. Na final olímpica, a brasileira abriu com 7,04m e a partir daí torcia contra suas adversárias. Campeã quatro anos antes, Lebedeva vinho do ouro no Mundial de 2007 e fez 6,97m na sua primeira tentativa. Maurren queimava quase todos os seus outros saltos. Quando restava apenas uma chance para a russa, Lebedeva fez um grande salto, mas a medição indicava 7,03m, confirmando o ouro para a brasileira, o primeiro título olímpico individual de uma mulher brasileira. Em 2017, Lebedeva foi desclassificada e perdeu esta medalha de prata.
Tianna Bartoletta foi medalha de ouro na prova nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016 (Kirby Lee)
A americana Brittney Reese venceu os Mundiais de 2009 e 2011 e confirmou o favoritismo ao vencer em Londres-2012 com 7,12m contra 7,07m da russa Yelena Sokolova. Reese venceu também o Mundial de 2013, mas no de 2015 foi mal e ficou longe da final. No início de 2016, foi campeã mundial indoor e era a favorita no Rio-2016, mas foi superada por sua compatriota Tianna Bartoletta ouro com 7,17m, apenas 2cm melhor que Reese.
Já na última edição, em Tóquio-2020, Brittney Reese voltou a ser medalhista de prata. Desta vez, anotou 6,97m e ficou atrás da alemã Malaika Mihambo, que marcou 7,00m cravados no último salto para levar o ouro. O bronze da disputa foi para a nigeriana Ese Brume, também com 6,97m.
Medalhistas do salto em distância feminino nos Jogos Olímpicos
Olimpíada | Ouro | Prata | Bronze |
---|---|---|---|
Londres 1948 | Olga Gyarmati HUN | Noemí Simonetto de Portela ARG | Ann-Britt Leyman SWE |
Helsinque 1952 | Yvette Williams NZL | Aleksandra Chudina URS | Shirley Cawley GBR |
Melbourne 1956 | Elżbieta Krzesińska POL | Willye White EUA | Nadezhda Dvalishvili URS |
Roma 1960 | Vera Krepkina URS | Elżbieta Krzesińska POL | Hildrun Claus GER |
Tóquio 1964 | Mary Rand GBR | Irena Kirszenstein POL | Tatyana Shchelkanova URS |
Cidade do México 1968 | Viorica Viscopoleanu ROU | Sheila Sherwood GBR | Tatyana Talysheva URS |
Munique 1972 | Heide Rosendahl FRG | Diana Yorgova BUL | Eva Šuranová TCH |
Montreal 1976 | Angela Voigt GDR | Kathy McMillan EUA | Lidiya Alfeyeva URS |
Moscou 1980 | Tatyana Kolpakova URS | Brigitte Wujak GDR | Tatyana Skachko URS |
Los Angeles 1984 | Anișoara Stanciu-Cușmir ROU | Valy Ionescu ROU | Sue Hearnshaw GBR |
Seul 1988 | Jackie Joyner-Kersee EUA | Heike Drechsler GDR | Halyna Chystiakova URS |
Barcelona 1992 | Heike Drechsler GER | Inesa Kravets EUN | Jackie Joyner-Kersee EUA |
Atlanta 1996 | Chioma Ajunwa NGR | Fiona May ITA | Jackie Joyner-Kersee EUA |
Sydney 2000 | Heike Drechsler GER | Fiona May ITA | Tatyana Kotova RUS |
Atenas 2004 | Tatyana Lebedeva RUS | Irina Simagina RUS | Tatyana Kotova RUS |
Pequim 2008 | Maurren Maggi BRA | Blessing Okagbare NIG | Chelsea Hammond JAM |
Londres 2012 | Brittney Reese EUA | Yelena Sokolova RUS | Janay DeLoach EUA |
Rio 2016 | Tianna Bartoletta EUA | Brittney Reese EUA | Ivana Španović SRB |
Tóquio 2020 | Malaika Mihambo GER | Brittney Reese EUA | Ese Brume NIG |
Quadro de Medalhas
País | Ouro | Prata | Bronze | Total | |
---|---|---|---|---|---|
1 | Estados Unidos | 3 | 4 | 3 | 10 |
2 | União Soviética | 2 | 1 | 6 | 9 |
3 | Alemanha | 3 | 0 | 1 | 4 |
4 | Romênia | 2 | 1 | 0 | 3 |
5 | Rússia | 1 | 2 | 2 | 5 |
6 | Alemanha Oriental | 1 | 2 | 0 | 3 |
6 | Polônia | 1 | 2 | 0 | 3 |
8 | Grã-Bretanha | 1 | 1 | 2 | 4 |
9 | Nigéria | 1 | 0 | 2 | 3 |
10 | Brasil | 1 | 0 | 0 | 1 |
10 | Hungria | 1 | 0 | 0 | 1 |
10 | Nova Zelândia | 1 | 0 | 0 | 1 |
10 | Alemanha Ocidental | 1 | 0 | 0 | 1 |
14 | Itália | 0 | 2 | 0 | 2 |
15 | Argentina | 0 | 1 | 0 | 1 |
15 | Bulgária | 0 | 1 | 0 | 1 |
15 | Equipe Unificada | 0 | 1 | 0 | 1 |
18 | Tchecoslováquia | 0 | 0 | 1 | 1 |
18 | Sérvia | 0 | 0 | 1 | 1 |
18 | Suécia | 0 | 0 | 1 | 1 |
O Salto em distância feminino
Maurren Maggi salta para a conquista do ouro no salto em distância feminino em Pequim-2008 (Reprodução)
O Salto em distância é uma modalidade olímpica de atletismo, onde os atletas combinam velocidade, força e agilidade para saltarem o mais longe possível a partir de um ponto pré-determinado.
O salto deve ser dado após uma corrida numa raia marcada no chão, com o atleta saltando o mais longe possível dentro de uma caixa de areia ao fim dela. O salto é invalidado caso o atleta pise no final da tábua de impulsão, que geralmente é marcado por uma listra vermelha, colocada exatamente no início da caixa. Atualmente, o bordo da tábua é coberto por plasticina para facilitar a decisão dos juízes em casos dúbios. A distância é então medida do limite da tábua até a primeira marca na areia feita pelo corpo do atleta. A maioria dos eventos disputados é composto de seis saltos, sendo que alguns deles, que tem marcas mais baixas, constam de apenas três saltos. Se os competidores empatam no salto mais longo, é declarado vencedor aquele com a segunda marca mais longa.
Em eventos esportivos de grande magnitude, como os Jogos Olímpicos ou o Campeonato Mundial de Atletismo por exemplo, os doze melhores atletas dentre todos os que participam da primeira rodada de saltos, são classificados para a final; nela, todos dão três saltos mas apenas os oito primeiros colocados participam da rodada final de mais três saltos. Todos os seis saltos destes atletas finais valem para aferir o vencedor.
Como em diversas outras modalidades do atletismo, saltos dados com vento a favor acima de 2m/s não tem validade para a aferição de recordes.