Salto em altura feminino
Salto em altura feminino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil em Paris-2024
O Brasil estará nas mãos da Valdileia Martins no salto em altura feminino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. A brasileira de 34 anos terminou em 27º lugar no último Mundial de Atletismo com um salto de 1,85 m. Porém, a maior marca de sua carreira veio há pouco tempo atrás, em abril desse ano, quando no Desafio CBAt/CPB a paranaense chegou à marca de 1,90 m.
Se repetir o melhor resultado da carreira, Valdileia Martins tem chances de chegar à final do salto em altura feminino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. A marca seria suficiente para ir às finais dos Mundiais de 2022 (1,90 m) e de 2023 (1,89 m). Mas na Olimpíada de Tóquio a última a se classificar para a disputa de medalha marcou 1,95 m.
Favoritas
Três vezes campeã mundial e medalha de ouro do salto em altura feminino em Tóquio-2020, a russa Maria Lasitskene não poderá competir nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 por conta da suspensão dada pela World Athletics a seu país por causa da guerra contra a Ucrânia.
Coincidentemente, a ucraniana Yaroslava Mahuchikh, medalha de bronze em Tóquio-2020 com apenas 19 anos, surge como candidata à medalha de ouro em Paris-2024. Atual campeã mundial, ela tem como melhor marca na carreira os mesmos 2,06 m da última campeã olímpica.
Mas Yaroslava Mahuchikh não é a única candidata ao título do salto em altura feminino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Duas australianas estão na briga. Nicola Olyslagers, que foi prata em Tóquio como McDermott, mas mudou de sobrenome após casar-se, não foi bem no Mundial de 2022, quando ficou em quinto lugar, mas conquistou o bronze em 2023. Eleanor Patterson, por sua vez, foi a campeã mundial em 2022 e ficou com a prata no ano passado.
Além disso, duas novas concorrentes entraram na briga pelo pódio em Paris-2024 ao saltar na casa dos 2,00 m em 2024: a jamaicana Lamara Dustin e a americana Rachel Glenn.
Histórico
O salto em altura é uma das cinco provas que fez sua estreia olímpica para as mulheres nos Jogos Olímpicos de Amsterdã-1928, junto com os 100 m, 800 m, revezamento 4×100 m e lançamento de disco. Todas as provas, com exceção dos 800 m, estiveram em todas as Olimpíadas desde então.
A primeira campeã olímpica da prova foi a canadense Ethel Catherwood, única a passar em 1,60 m na ocasião. Ela bateu o recorde mundial da época, que foi corrigido para 1,595 m após nova medição. Nos Jogos seguintes, em Los Angeles-1932, o ouro ficou com a americana Jean Shiley com 1,65 m, mesma marca de sua compatriota Babe Didrikson, prata. Didrikson também venceu os 80 m com barreiras e o lançamento de dardo nesta edição e, após isso, se dedicou ao golfe, vencendo 41 títulos no circuito feminino da LPGA, incluindo 10 Majors. O ouro em Berlim-1936 foi para a húngara Ibolya Csák, com 1,60 m.
A sul-africana Esther Brand coquistou o primeiro ouro olímpico de uma mulher do continente (Reprodução)
Pós-Guerra
Após a 2ª Guerra, o ouro do salto em altura feminino dos Jogos Olímpicos ficou com a americana Alice Coachman, com recorde olímpico de 1,68 m. Já em Helsinque-1952, a vitória foi da sul-africana Esther Brand, com 1,67 m. Este foi o 1º ouro de uma mulher africana nos Jogos Olímpicos. Já em Melbourne-1956 o ouro ficou novamente com os Estados Unidos, com Mildred McDaniel com 1,76 m. Aos 20 anos, a romena Iolanda Balas disputava sua primeira Olimpíada na Austrália, terminando em 5º lugar.
Força do leste europeu
Balas começou a aparecer nos anos seguintes faturando seu primeiro título europeu em 1958. Dois anos depois, nos Jogos Olímpicos de Roma-1960, ela sobrou e não teve adversárias para vencer seu primeiro ouro com 1,85m, nada menos que 14 cm de vantagem sobre a medalha de prata, que viu um empate entre a polonesa Jaroslawa Jozwiakowska e a britânica Dorothy Shirley. Balas foi tão superior que só queimou seu primeiro salto quando já estava sozinha na prova com 1,81 m.
A romena seguiu o seu domínio na prova, vencendo o Europeu também em 1962 e, como grande favorita, faturou o bicampeonato olímpico em Tóquio-1964, com 1,90 m, numa prova absolutamente perfeita, onde seu primeiro erro veio apenas quando tentou o recorde mundial com 1,92 m. A romena venceu 154 competições consecutivas entre 1957 e 1966 e bateu o recorde mundial 14 vezes.
Sem Balas, que se aposentara no ano anterior, a disputa nos Jogos Olímpicos da Cidade do México-1968 foi dominada pelos países do leste europeu, que pegaram as sete primeiras colocações. O ouro foi para a tchecoeslovaca Miloslava Rezkova com 1,82 m. Em Munique-1972, 23 atletas passaram pra final, já que todas conseguiram 1,76 m na qualificação, e o ouro ficou com a alemã ocidental Ulrike Meyfarth com 1,92 m, igualando o recorde mundial batido no ano anterior pela austríaca Ilona Gusenbauer, bronze em Munique. Meyfarth venceu a prova com apenas 16 anos, a mais nova da história.
Recorde atrás de recorde
Com a mudança nas técnicas de salto, as mulheres seguiram a tendência dos homens e os recordes começaram a cair mais facilmente. Nos Jogos Olímpicos de Montreal-1976, o sarrafo subiu e a marca para passar pela qualificação era de 1,80 m. E mesmo assim 21 atletas conseguiram. A vitória ficou com a alemã oriental Rosemarie Ackermann com 1,93 m.
As marcas seguiram subindo e o corte para a final em Moscou-1980 foi de 1,88 m. Com apenas 12 na final, numa Olimpíada esvaziada pelo boicote, a vitória foi da italiana Sara Simeoni com 1,97 m.
Ulrike Meyfarth, da Alemanha Ocidental, foi a primeira a passar dos dois metros em uma olimpíada (Reprodução)
Após o ouro em 1972, Ulrike Meyfarth não teve grandes resultados e sequer pegou final em 1976. Não competiu em 1980 pelo boicote, mas em 1982 venceu seu primeiro e único título europeu. Em Los Angeles-1984, a alemã ocidental estava em grande fase e foi campeã novamente 12 anos depois do seu primeiro título, se tornando a primeira atleta a obter uma marca acima dos 2,00 m numa Olimpíada, vencendo com 2,02 m. Simeoni foi prata marcando 2,00 m.
Ouro americano
O ouro voltou aos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Seul-1988 com a vitória de Louise Ritter, com 2,03 m, deixando a favoritíssima búlgara Stefka Kostadinova com a prata com 2,01 m. Kostadinova havia batido o recorde mundial três vezes no ciclo, até chegar em 1987 a 2,09 m, marca que lhe deu o título mundial. Este recorde mundial dura até hoje.
Em Barcelona-1992, a vitória foi da alemã Heike Henkel com 2,02 m, campeã mundial no ano anterior. Kostadinova decepcionou novamente e ficou em 4º lugar, sem medalha. A búlgara foi campeã mundial novamente em 1995 na Suécia e chegou novamente como favorita aos Jogos, em Atlanta-1996. E desta vez Kostadinova não decepcionou, vencendo com 2,05 m, novo recorde olímpico, numa prova praticamente perfeita, errando sua primeira tentativa apenas no 2,05 m.
Domínio da Rússia
O domínio russo do salto em altura feminino iniciou-se com Yelena Yelesina, em Sydney-2000 (Getty Images)
A partir daí começou o domínio russo da prova. Yelena Yelesina foi campeã nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000 com 2,01m, mesma marca da sul-africana Hestrie Cloete, que perdeu o ouro por conta de um erro na altura de 1,96 m. Cloete venceu os dois mundiais seguintes, em 2001 e 2003, mas foi prata novamente em Atenas-2004, perdendo para outra russa, Yelena Slesarenko, ouro com 2,06 m, recorde olímpico.
Em Pequim-2008, o ouro ficou com a belga Tia Hellebaut com 2,05 m, seguida da croata Blanka Vlasic, com a mesma marca. Slesarenko, que tinha ficado com o bronze, sua compatriota Anna Chicherova, 4ª colocada, e a ucraniana Vita Palamar, 5ª, foram desclassificadas anos depois por conta de doping.
Chicherova foi campeã mundial em 2011 e levou o ouro em Londres-2012 com 2,05 m. Vlasic, que vinha dos títulos mundiais de 2007 e 2009 e da prata em 2011, não competiu em Londres por conta de seguidas lesões.
Mariya Lasitskene
Já a final do Rio-2016 foi muito abaixo do esperado. A russa Mariya Kuchina (hoje Lasitskene) tinha sido campeã mundial em 2015, mas não pôde competir no Rio por conta do banimento da Rússia no atletismo. A prova estava aberta e 17 atletas conseguiram passar para a final. Cinco pararam em 1,93 m, aí oito queimaram as três tentativas em 1,97 m. Em 2,00 m, restavam apenas quatro atletas na disputa, mas nenhuma conseguiu passar. O ouro acabou com a espanhola Ruth Beitia, tricampeã europeia e a única a passar de primeira em todas as alturas.
Em Tóquio-2020, entretanto, Mariya Lasitskene finalmente teve a honra de ser campeã olímpica do salto em altura feminino. Ela venceu a prova ao saltar 2,04 m, dois centímetros a mais do que a australiana Nicola McDermott (hoje Olyslagers), que ficou com a prata. A ucraniana Yaroslava Mahuchikh, então com apenas 19 anos, foi bronze.
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Medalhistas do salto em altura feminino nos Jogos Olímpicos
Olimpíada | Ouro | Prata | Bronze |
---|---|---|---|
Amsterdã 1928 | Ethel Catherwood CAN | Lien Gisolf NED | Mildred Wiley EUA |
Los Angeles 1932 | Jean Shiley EUA | Babe Didrikson EUA | Eva Dawes CAN |
Berlim 1936 | Ibolya Csák HUN | Dorothy Odam GBR | Elfriede Kaun GER |
Londres 1948 | Alice Coachman EUA | Dorothy Tyler GBR | Micheline Ostermeyer FRA |
Helsinque 1952 | Esther Brand RSA | Sheila Lerwill GBR | Aleksandra Chudina URS |
Melbourne 1956 | Millie McDaniel EUA | Thelma Hopkins GBR Mariya Pisareva URS | – – |
Roma 1960 | Iolanda Balaș ROU | Dorothy Shirley GBR Jarosława Jóźwiakowska POL | – – |
Tóquio 1964 | Iolanda Balaș ROU | Michele Mason-Brown AUS | Taisiya Chenchik URS |
Cidade do México 1968 | Miloslava Rezková TCH | Antonina Okorokova URS | Valentina Kozyr URS |
Munique 1972 | Ulrike Meyfarth FRG | Yordanka Blagoeva BUL | Ilona Gusenbauer AUT |
Montreal 1976 | Rosie Ackermann GDR | Sara Simeoni ITA | Yordanka Blagoeva BUL |
Moscou 1980 | Sara Simeoni ITA | Urszula Kielan POL | Jutta Kirst GDR |
Los Angeles 1984 | Ulrike Meyfarth FRG | Sara Simeoni ITA | Joni Huntley EUA |
Seul 1988 | Louise Ritter EUA | Stefka Kostadinova BUL | Tamara Bykova URS |
Barcelona 1992 | Heike Henkel GER | Galina Astafei ROU | Ioamnet Quintero CUB |
Atlanta 1996 | Stefka Kostadinova BUL | Niki Bakogianni GRE | Inha Babakova UKR |
Sydney 2000 | Yelena Yelesina RUS | Hestrie Storbeck-Cloete RSA | Oana Mușunoi-Pantelimon ROU Kajsa Bergqvist SWE |
Atenas 2004 | Yelena Slesarenko RUS | Hestrie Storbeck-Cloete RSA | Vita Stopina UKR |
Pequim 2008 | Tia Hellebaut BEL | Blanka Vlašić CRO | Chaunté Howard EUA |
Londres 2012 | Anna Chicherova RUS | Brigetta Barrett EUA | – – |
Rio 2016 | Ruth Beitía ESP | Mirela Demireva BUL | Blanka Vlašić CRO |
Tóquio 2020 | Mariya Lasitskene RUS | Nicola Olyslagers AUS | Yaroslava Mahuchikh UCR |
Quadro de Medalhas
Posição | País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
---|---|---|---|---|---|
1 | Estados Unidos | 4 | 2 | 3 | 9 |
2 | Rússia | 4 | 0 | 0 | 4 |
3 | Romênia | 2 | 1 | 1 | 4 |
4 | Alemanha Ocidental | 2 | 0 | 0 | 2 |
5 | Bulgária | 1 | 3 | 1 | 5 |
6 | Itália | 1 | 2 | 0 | 3 |
6 | África do Sul | 1 | 2 | 0 | 3 |
7 | Canadá | 1 | 0 | 1 | 2 |
7 | Alemanha Oriental | 1 | 0 | 1 | 2 |
7 | Alemanha | 1 | 0 | 1 | 2 |
10 | Bélgica | 1 | 0 | 0 | 1 |
10 | Tchecoslováquia | 1 | 0 | 0 | 1 |
10 | Hungria | 1 | 0 | 0 | 1 |
10 | Espanha | 1 | 0 | 0 | 1 |
14 | Grã-Bretanha | 0 | 5 | 0 | 5 |
15 | União Soviética | 0 | 2 | 4 | 6 |
16 | Polônia | 0 | 2 | 0 | 2 |
17 | Croácia | 0 | 1 | 1 | 2 |
18 | Austrália | 0 | 2 | 0 | 2 |
18 | Grécia | 0 | 1 | 0 | 1 |
18 | Holanda | 0 | 1 | 0 | 1 |
21 | Ucrânia | 0 | 0 | 3 | 3 |
22 | Áustria | 0 | 0 | 1 | 1 |
22 | Cuba | 0 | 0 | 1 | 1 |
22 | França | 0 | 0 | 1 | 1 |
22 | Suécia | 0 | 0 | 1 | 1 |
O salto em altura feminino
Salto em altura é uma prova na qual os atletas saltam sem auxílio e com a impulsão de pé de apoio em direção a uma barra horizontal de quatro metros de comprimento apoiada entre duas traves. O objetivo é saltar a maior altura sem derrubar a barra. Todos os competidores tem direito a três tentativas a cada altura colocada, mas tem o direito de ‘passar’ aquela determinada altura e avançar para outra maior sem ultrapassar a menor. Caso não consiga ultrapassar a altura ou combinação de alturas estipuladas em três tentativas, o atleta está eliminado.
Se os competidores acabarem empatados numa determinada altura, vence aquele que levou menos tentativas para chegar até lá. Se mesmo assim continuarem empatados, é feito um salto de desempate, primeiro na última altura não ultrapassada e a partir daí, em alturas subsequentes menores até que alguém ultrapasse; este último método de desempate é muito raro de acontecer, mas ocorreu, por exemplo, na final do Campeonato Mundial de Atletismo de 2015, em Pequim, já que nesta modalidade não é possível haver duas medalhas de ouro