Lançamento de disco feminino
Lançamento de disco feminino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil em Paris-2024
Andressa de Morais no disco (Wagner Carmo/CBAt)
Andressa de Morais e Izabela da Silva são as representantes brasileiras no lançamento de disco feminino dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Izabela da Silva conquistou a vaga olímpica após superar o índice em uma competição na China, neste ano. Por outro lado, Andressa de Morais carimbou o seu passaporte à Paris através do ranking mundial do lançamento de disco feminino.
Andressa é detentora do recorde sul-americano da modalidade, com um lançamento de 65,34m em junho de 2019. Por sua vez, Izabela tem a marca de 64,66m como a de sua carreira, sendo justamente o lançamento que lhe garantiu a vaga à Olimpíada. Assim, podemos esperar que as duas brasileiras entrem fortes na briga por um lugar na final do lançamento de disco feminino em Paris-2024, mas sem grandes expectativas para eventuais medalhas. Para se ter ideia, as duas últimas medalhas de bronze nos Jogos Olímpicos vieram com lançamentos de 65,34m (Rio-2016) e 65,72m (Tóquio-2020). Ou seja, Andressa de Morais e Izabela da Silva precisariam realizar o melhor lançamento de suas vidas para subirem ao pódio em Paris.
Favoritas em Paris-2024
A croata Sandra Perkovic dominou a prova por muitos anos, conquistando dois títulos olímpicos, em Londres-2012 e no Rio-2016, dois Mundiais, em 2013 e 2017, e nada menos que sete títulos Europeus seguidos, de 2010 a 2024. Ainda foi medalhista de prata nos Mundiais de Beijing em 2015 e recentemente de Eugene-2022, além do bronze em Doha-2023. São 46 vitórias em etapas da Liga Diamante e 11 lançamentos acima dos 70 m na carreira. Com um currículo histórico e invejável ela chega como uma das candidatas ao pódio nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, mas sem estar no seu auge.
A estadunidense Valarie Allman é, provavelmente, a principal favorita ao título em Paris-2024. Ela é a atual campeã olímpica, e foi medalhista nos últimos dois Campeonatos Mundiais da modalidade. Em Eugene-2022, ela ficou com a medalha de bronze após marcar 68,30m. Já em Budapeste-2023, a norte-americana ficou com a prata após o lançamento de 69,23m.
Esta é uma prova muito disputada e várias outras atletas se alternam nas posições seguintes, podendo beliscar uma medalha. A chinesa Feng Bin é uma das competidoras que vêm forte para esses Jogos Olímpicos, sendo campeã Mundial da categoria em 2022, e bronze no Mundial de 2023. Outro grande destaque do lançamento de disco feminino é a estadunidense Laulauga Tausaga, atual campeã do mundo. Outra atleta que precisamos ficar de olhos abertos é a cubana Yaime Pérez, vencedora do Mundial de Doha-2019 com 69,17 m. Pérez também foi medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.
O Brasil no lançamento de disco feminino nos Jogos Olímpicos
A primeira participação olímpica brasileira na prova foi apenas em Atenas-2004, com Elisângela Adriano. Na quali, ela terminou na 26ª posição com 58,13 m, sem passar para a final. Ela já tinha disputado os Jogos de 1996 no arremesso de peso e voltou a competir no disco em Pequim-2008, terminando em 19º na qualificação com 58,84 m, fora da final.
Duas brasileiras competiram na Rio-2016, mas não passaram para a final. Andressa de Morais foi 21ª com 57,38 m e Fernanda Borges 31ª com 51,85 m.
Já em Tóquio-2020, o Brasil contou com três participantes na modalidade. Em sua segunda Olimpíada, Andressa de Morais parou na fase eliminatória na 21ª colocação, com um lançamento de 58,90m. Por sua vez, Fernanda Borges ficou no 24º lugar, com a marca de 57,90m. Já a Izabela da Silva fez história e se tornou a primeira atleta do país a se classificar à final olímpica do lançamento de disco feminino. Izabela se classificou para a decisão em 12º lugar, com a marca de 61,52m. Em seguida, fez 60,39m e terminou na 11ª colocação.
Histórico do lançamento de disco feminino nos Jogos Olímpicos
A prova de lançamento de disco feminino entrou para o programa dos Jogos Olímpicos em Amsterdã-1928, na estreia das mulheres no atletismo olímpico. A prova estreou junto com os 100 m, 800 m, revezamento 4×100 m e o salto em altura e esteve presente no programa desde então.
A primeira campeã olímpica foi a polonesa Halina Konopacka, que bateu o recorde mundial que era dela mesma, com 39,62 m. Já em Los Angeles-1932, o ouro ficou com a americana Lillian Copeland com 40,58 m, melhorando em relação à prata conquistada na edição anterior. A alemã Gisela Mauermayer bateu seis vezes a marca mundial entre 1935 e 1936 chegando a 48,31 m e ela ficou com o ouro em Berlim-1936 com 47,63 m e ainda levou o título do segundo campeonato europeu em 1938, o primeiro com participação feminina.
Pós-Guerra
Micheline Ostermeyer foi a campeã da primeira edição após a 2ª Guerra, em Londres-1948. A francesa venceu o disco com 41,92 m e ainda foi a primeira atleta a fazer a dobradinha do disco e do arremesso de peso em uma mesma edição olímpica. Em Helsinque-1952, as atletas soviéticas dominaram o pódio, lideradas por Nina Romashkova, campeã com 51,42 m, mas em Melbourne-1956, a checoslovaca Olga Fikotová desbancou as favoritas soviéticas para vencer com 53,69 m, deixando Romashkova com o bronze.
A soviética Tamara Press venceu o Europeu de 1958 e batalhou com Romashkova na final de Roma-1960. Três dias antes, Press havia ficado com o ouro no arremesso de peso, mas na final do disco, a vitória foi de Romashkova com 55,10 m contra 52,59 m de sua compatriota. Exatamente uma semana depois dessa final, Press bateu o recorde mundial com 57,15 m. No ciclo seguinte, ela foi dominante, quebrando mais quatro vezes o recorde mundial e levando mais um título europeu. Nos Jogos de Tóquio-1964, Press levou o ouro com 57,27 m, obtidos na 5ª tentativa e superando em apenas 6 cm a marca da alemã Ingrid Lotz, que ficou com a prata. No dia seguinte, Press venceria mais uma vez o ouro no arremesso de peso.
Surpresa romena
A alemã ocidental Liesel Westermann era a favorita para a vitória na Cidade do México-1968 junto com a alemã oriental Christine Spielberg, recordista mundial. Mas elas foram superadas pela romena Lia Manoliu, que venceu com 58,28 m, após dois bronzes seguidos.
A soviética Faina Melnik bateu cinco vezes o recorde mundial antes de Munique-1972 e confirmou o favoritismo vencendo o ouro com 66,62 m, numa final que teve quatro recorde olímpicos batidos por três atletas diferentes.
Na sequência, foi a vez da alemã oriental Evelin Schlaak dominar a prova, conquistando os ouros em Montreal-1976 com 69,00 m e em Moscou-1980 com 69,96 m e ainda levando o título europeu em 1978.
Boicote ajuda holandesa
Sem as principais forças competindo em Los Angeles-1984, o ouro foi para a holandesa Ria Stalman com 65,36 m. Já em 1988, a alemã oriental Gabriele Reinsch bateu o recorde mundial em julho com 76,80 m, marca que dura até hoje, mas foi mal na final de Seul-1988, terminando em 7º lugar. Mas ainda assim a dobradinha foi para a Alemanha Oriental, com Martina Hellmann, campeã com 72,30 m, e Diana Gansky, prata com 71,88 m.
Após essa fase, a prova do disco passou por um bom tempo sem um nome favorito, com várias atletas diferentes levando títulos mundiais e olímpicos, como a cubana Maritza Martén em Barcelona-1992 e a alemã Ilke Wyludda em Atlanta-1996. Em Sydney-2000, a vitória foi da bielorrussa Ellina Zvereva, campeã mundial em 1995, que venceu novamente o Mundial no ano seguinte, em 2001. Mais duas atletas foram campeãs olímpicas sem nunca terem vencido um Mundial: a russa Natalya Sadova em Atenas-2004 e a americana Stephanie Brown Trafton, uma grande zebra em Pequim-2008.
Era Sandra Perkovic
Aí veio Sandra Perkovic. A croata voltou a colocar o disco em evidência com marcas expressivas, muitas acima dos 70 m, algo que tinha ficado raro nos 20 anos anteriores. Ela venceu o Europeu de 2010 e 2012 e faturou o ouro olímpico em Londres-2012 com 69,11 m. Ela ainda venceu o Mundial de 2013 e os Europeus de 2014 e 2016 antes de conquistar o bicampeonato na Rio-2016, com apenas dois lançamentos válidos, um na quali de 64,81 m e um na final de 69,21 m.
Por fim, em Tóquio-2020, fomos surpreendidos com o ótimo desempenho da norte-americana Valarie Allman, que conquistou a medalha de ouro no lançamento de disco feminino. Ela sobrou na prova, vencendo com 68,98m, mais de dois metros a frente da medalhista de prata, a alemã Kristin Pudenz, que teve 66,86m. O bronze ficou com uma das principais favoritas, a cubana Yaime Pérez, que fez a marca de 65,72m. Sandra Perkovic ficou na quarta colocação, cerca de setenta centímetros atrás do pódio.
Medalhistas do lançamento de disco feminino nos Jogos Olímpicos
Jogos | Ouro | Prata | Bronze |
Amsterdã 1928 | Halina Konopacka POL | Lillian Copeland USA | Ruth Svedberg SWE |
Los Angeles 1932 | Lillian Copeland USA | Ruth Osburn USA | Jadwiga Wajs POL |
Berlim 1936 | Gisela Mauermayer GER | Jadwiga Wajs POL | Paula Mollenhauer GER |
Londres 1948 | Micheline Ostermeyer FRA | Edera Cordiale-Gentile ITA | Jacqueline Mazéas FRA |
Helsinque 1952 | Nina Romashkova URS | Yelizaveta Bagryantseva URS | Nino Dumbadze URS |
Melbourne 1956 | Olga Fikotová TCH | Irina Beglyakova URS | Nina Romashkova-Ponomaryova URS |
Roma 1960 | Nina Romashkova-Ponomaryova URS | Tamara Press URS | Lia Manoliu ROU |
Tóquio 1964 | Tamara Press URS | Ingrid Lotz GER | Lia Manoliu ROU |
Cidade do México 1968 | Lia Manoliu ROU | Liesel Westermann FRG | Jolán Kleiber-Kontsek HUN |
Munique 1972 | Faina Melnik URS | Argentina Menis ROU | Vasilka Stoeva BUL |
Montreal 1976 | Evelin Schlaak GDR | Mariya Vergova BUL | Gabriele Hinzmann GDR |
Moscou 1980 | Evelin Jahl GDR | Mariya Petkova BUL | Tatyana Lesovaya URS |
Los Angeles 1984 | Ria Stalman NED | Leslie Deniz USA | Florenţa Crăciunescu ROU |
Seul 1988 | Martina Hellmann GDR | Diana Gansky GDR | Tsvetanka Khristova BUL |
Barcelona 1992 | Maritza Martén CUB | Tsvetanka Khristova BUL | Daniela Costian AUS |
Atlanta 1996 | Ilke Wyludda GER | Nataliya Sadova RUS | Elina Zverava BLR |
Sydney 2000 | Elina Zverava BLR | Anastasia Kelesidou GRE | Iryna Yatchanka BLR |
Atenas 2004 | Nataliya Sadova RUS | Anastasia Kelesidou GRE | Věra Pospíšilová-Cechlová CZE |
Pequim 2008 | Stephanie Brown-Trafton USA | Olena Antonova UKR | Song Aimin CHN |
Londres 2012 | Sandra Perković CRO | Li Yanfeng CHN | Yarelis Barrios CUB |
Rio 2016 | Sandra Perković CRO | Mélina Robert-Michon FRA | Denia Caballero CUB |
Tóquio-2020 | Valarie Allman (EUA) | Kristin Pudenz (GER) | Yaime Perez (CUB) |
Quadro de medalhas do lançamento de dardo feminino nos Jogos Olímpicos
País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
União Soviética | 4 | 3 | 3 | 10 |
Estados Unidos | 3 | 3 | 0 | 6 |
Alemanha Oriental | 3 | 1 | 1 | 5 |
Alemanha | 2 | 2 | 1 | 5 |
Croácia | 2 | 0 | 0 | 2 |
Romênia | 1 | 1 | 3 | 5 |
França | 1 | 1 | 1 | 3 |
Polônia | 1 | 1 | 1 | 3 |
Rússia | 1 | 1 | 0 | 2 |
Cuba | 1 | 0 | 3 | 4 |
Belarus | 1 | 0 | 2 | 3 |
Tchecoslováquia | 1 | 0 | 0 | 1 |
Holanda | 1 | 0 | 0 | 1 |
Bulgária | 0 | 3 | 2 | 5 |
Grécia | 0 | 2 | 0 | 2 |
China | 0 | 1 | 1 | 2 |
Itália | 0 | 1 | 0 | 1 |
Ucrânia | 0 | 1 | 0 | 1 |
Alemanha Ocidental | 0 | 1 | 0 | 1 |
Austrália | 0 | 0 | 1 | 1 |
República Tcheca | 0 | 0 | 1 | 1 |
Hungria | 0 | 0 | 1 | 1 |
Suécia | 0 | 0 | 1 | 1 |
A prova
Lançamento de disco é uma modalidade esportiva olímpica do atletismo. O objetivo da prova consiste em lançar um disco de metal à maior distância possível, superando os demais competidores. Assim como o lançamento de martelo e o lançamento de dardo, esses esportes são chamados oficialmente de lançamento. Somente o arremesso de peso é chamado de arremesso, devido ao fato do peso ser empurrado e os demais serem projetados com características diferentes.
O disco usado é um prato de metal com a forma de um círculo com o diâmetro de 22 cm. Na prova masculina, o disco mede entre 219 e 221 mm de diâmetro e de 44 a 46 mm de espessura e pesa 2 kg. Na modalidade feminina, mede entre 180 e 182 mm de diâmetro e de 37 a 39 mm de espessura, pesando 1 kg. O lançamento é feito de dentro de um círculo de 2,5 m de diâmetro no chão, margeado por um anteparo de concreto de 2 cm de altura. O atleta segura o disco plano contra os dedos da mão e o antebraço do lado do lançamento, gira sobre si mesmo rapidamente e lança o disco ao ar estendendo o braço. Para melhorar a pegada é permitido o uso de uma substância adequada nas mãos e pode ser usado um cinturão para proteger a coluna.
Para a medição da distância lançada, o disco precisa aterrar dentro de uma área pré-marcada e o atleta não pode deixar o círculo antes do disco cair, e sempre pela metade traseira do círculo. Caso pise fora dele durante o lançamento ou antes do disco tocar o solo, o lançamento é impugnado. Normalmente os atletas dão uma volta e meia com o corpo como impulso e em cada competição são feitos entre quatro e seis lançamentos. No caso de empate, o desempate é feito pela segunda maior marca e assim sucessivamente.