Lançamento de dardo masculino
Lançamento de dardo masculino masculino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil em Paris-2024
Após não ter representantes em Tóquio-2020, o Brasil está de volta à disputa do lançamento de dardo masculino nos Jogos Olímpicos de Paris. E dessa vez, o país terá dois representantes. Pedro Henrique Nunes, que se classificou pelo ranking, quebrou o recorde sul-americano da prova que durava 25 anos, com um lançamento de 85,11m no Campeonato Ibero-Americano, em maio. O jovem manaurara é campeão sul-americano e vice-campeão dos Jogos Pan-Americanos.
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Luiz Maurício da Silva, por sua vez, quebrou a marca de Pedro Henrique Nunes no Troféu Brasil de atletismo, disputado no fim de junho. Com 85,57m, ele estabeleceu o novo recorde sul-americano e atingiu o índice olímpico, garantindo a classificação para Paris-2024 no lançamento de dardo.
Nos últimos dois Campeonatos Mundiais, o corte para a final ficou entre 79m e 80m. Assim, se os brasileiros fizerem marcas perto das suas melhores, eles podem ficar entre os 12 primeiros colocados na Olimpíada. Mas para pensar em uma medalha, eles terão que superar o recorde sul-americano da prova e fazer lançamentos para além dos 85 metros, coisa que os dois já conseguiram fazer em 2024.
Os favoritos em Paris-2024
Um dos principais nomes da prova atualmente é o indiano Neeraj Chopra. Ele conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio e desde então tem acumulado bons resultados. Em 2022, Chopra foi campeão da Diamond League em 2022 e medalhista de prata no Mundial. No ano seguinte, o indiano conquistou o ouro no Mundial de Budapeste.
Vice-campeão em Tóquio, o checo Jakub Vadlejch também vem em boa fase, com medalhas de bronze nos últimos dois Mundiais. Ele tem se destacado na Diamond League, onde levou o título geral no ano passado.
Quem também é forte da prova é Anderson Peters, de Granada. O caribenho é bicampeão mundial da prova, em 2019 e 2022. Mas após conquistar o ouro dois anos atrás, Peters sofreu uma agressão física que o deixou de fora de várias competições. Porém, no começo desse ano, ele voltou a competir em alto nível fazendo bons lançamentos na Diamond League. Outros nomes para ficar de olho incluem o paquistanês Arshad Nadeem, atual vice-campeão mundial, e os alemães Julian Weber e Max Dehning.
O Brasil no lançamento de dardo masculino nos Jogos Olímpicos
O primeiro brasileiro a competir no dardo foi Willy Seewald em Paris-1924, que terminou em 18º com 49,39 m. Heitor Medina competiu em Los Angeles-1932 terminando em 11º com 58,00 m. O país só voltou a ter um competidor na prova em casa. Júlio César de Oliveira tinha batido o recorde nacional em 2015 com 83,67 m e atingiu o índice para os Jogos da Rio-2016. Na qualificação, ele marcou 80,49 m, terminando em 16º lugar e sem vaga na final.
Histórico
Apesar do dardo ter feito parte dos Jogos da Antiguidade, ele só entrou pro programa olímpico em Londres-1908. Os escandinavos têm um grande histórico nesta prova, vencendo 12 vezes em 25 disputas e aparecendo em quase todos os pódios.
O sueco Eric Lemming dominou a prova no início do século XX, se tornando o primeiro campeão olímpico em Londres-1908 com 54,83 m e repetindo o feito em casa em Estocolmo-1912 com 60,64 m. Após a 1ª Guerra, os finlandeses sobraram na Antuérpia-1920, com os quatro primeiros lugares da prova, liderados pelo campeão Jonni Myyrä, ouro com 65,78 m. Ele repetiria a vitória em Paris-1924 com 62,96 m. O finlandês Matti Järvinen foi o primeiro a passar dos 70 m nos Jogos ao vencer com 72,71 m em Los Angeles-1932.
A sequência escandinava foi quebrada em Berlim-1936 com o título do alemão Gerhard Stöck com 71,84 m, mas após a 2ª Guerra, o ouro ficou novamente com a Finlândia com Tapio Rautavaara com 69,77 m em Londres-1948. Em Helsinque-1952, o ouro ficou com o americano Cy Young com recorde olímpico de 73,78 m, se tornando o primeiro e único americano a vencer esta prova.
Mudança no implemento
Os dardos começaram a sofrer mudanças nos anos 1950. Antes eram de madeira pura com uma ponta de metal, até que os irmãos americanos Bud e Dick Held começaram a produzir dardos mais aerodinâmicos, ocos e feitos em metal. Com estas alterações os dardos começaram a ir cada vez mais longe. O norueguês Egil Danielsen venceu em Melbourne-1956 com 85,71 m, batendo o recorde mundial, com quase 12 m a mais que a marca do vencedor nos Jogos anteriores.
O soviético Janis Lusis foi campeão na Cidade do México-1968 com 90,10 m, o primeiro a passar dos 90 m nos Jogos, mas abaixo do seu próprio recorde mundial de 91,98 m. Em Munique-1972, Lusis ficou com a prata com 90,46m, perdendo para o alemão ocidental Klaus Wolfermann por apenas 2 cm.
Em Montreal-1976, o húngaro Miklós Németh quebrou o recorde mundial com 94,58 m, vencendo por quase 7 m. As distâncias foram aumentando e era muito comum os dardos caírem chapados, sem fincarem completamente no chão. Com isso, a Federação Internacional decidiu alguns anos depois mudar o centro de gravidade do implemento. Enquanto isso, em 1984, o alemão oriental Uwe Hohn batia o recorde mundial com 104,80 m, o que começava a se tornar perigoso, já que alguns campos não tinham esse tamanho. Mas por conta do boicote, ele não disputou os Jogos de Los Angeles-1984.
O tricampeão
O dardo mudou, mas as distâncias não reduziram tanto, embora atingir os 90 m tenha ficado muito mais raro. Só que aí apareceu o checo Jan Zelezny. Em Seul-1988, ele fez 85,90 m na qualificação, mas na final acabou com a prata com 84,12m, atrás do finlandês Tapio Korjus, que venceu com 84,28 m. Zelezny sobrou em Barcelona-1992 vencendo com 89,66 m e quebrou o recorde mundial três vezes após os Jogos.
Quando ele chegou para competir em Atlanta-1996, o tcheco tinha acabado de quebrar o recorde mundial para 98,48 m, que persiste até hoje. Ele não decepcionou e venceu o seu segundo ouro, com 88,16 m. Ainda em alto nível, Zelezny competiu em Sydney-2000 para levar seu 3º ouro, agora com recorde olímpico de 90,17 m, apenas 32cm melhor que o britânico Steve Backley. Ele chegou a competir em Atenas-2004, mas acabou em 9º e a vitória foi do norueguês Andreas Thorkildsen, que venceu também em Pequim-2008 com recorde olímpico de 90,57 m.
Surpresas
Apesar dos dois ouros do norueguês, nenhum atleta dominou o dardo por completo nos últimos 20 anos, tanto que tivemos 12 campeões mundiais diferentes nos 12 últimos Mundiais. Mas ninguém esperava a vitória do trinitino Kershorn Walcott em Londres-2012. Aos 19 anos, ele havia sido campeão mundial Sub 20 em julho e, um mês depois, surpreendeu ao vencer com 84,58 m. No Rio-2016, o ouro ficou com o alemão Thomas Röhler com 90,30m, outra surpresa, já que ele não tinha medalhado em nenhuma competição importante ainda.
Na última edição dos Jogos Olímpicos, o lançamento de dardo masculino teve um resultado histórico. Neeraj Chopra levou a medalha de ouro e se tornou o primeiro indiano campeão olímpico no atletismo. A República Tcheca fez uma dobradinha no Japão, com Jakub Vadlejch em segundo lugar e Vítězslav Veselý fechando o pódio.
Medalhistas do lançamento de dardo masculino nos Jogos Olímpicos
Jogos | Ouro | Prata | Bronze | |||
Londres 1908 | Eric Lemming | SWE | Arne Halse | NOR | Otto Nilsson | SWE |
Estocolmo 1912 | Eric Lemming | SWE | Julius Saaristo | FIN | Miklós Kovács | HUN |
Antuérpia 1920 | Jonni Myyrä | FIN | Urho Peltonen | FIN | Paavo Johansson | FIN |
Paris 1924 | Jonni Myyrä | FIN | Gunnar Lindström | SWE | Gene Oberst | USA |
Amsterdã 1928 | Erik Lundqvist | SWE | Béla Szepes | HUN | Olav Sunde | NOR |
Los Angeles 1932 | Matti Järvinen | FIN | Matti Sippala | FIN | Eino Penttilä | FIN |
Berlim 1936 | Gerhard Stöck | GER | Yrjö Nikkanen | FIN | Kalervo Toivonen | FIN |
Londres 1948 | Tapio Rautavaara | FIN | Steve Seymour | USA | József Várszegi | HUN |
Helsinque 1952 | Cy Young | USA | Bill Miller | USA | Toivo Hyytiäinen | FIN |
Melbourne 1956 | Egil Danielsen | NOR | Janusz Sidło | POL | Viktor Tsybulenko | URS |
Rima 1960 | Viktor Tsybulenko | URS | Walter Krüger | GER | Gergely Kulcsár | HUN |
Tóquio 1964 | Pauli Nevala | FIN | Gergely Kulcsár | HUN | Jānis Lūsis | URS |
Cidade do México 1968 | Jānis Lūsis | URS | Jorma Kinnunen | FIN | Gergely Kulcsár | HUN |
Munique 1972 | Klaus Wolfermann | FRG | Jānis Lūsis | URS | Bill Schmidt | USA |
Montreal 1976 | Miklós Németh | HUN | Hannu Siitonen | FIN | Gheorghe Megelea | ROU |
Moscou 1980 | Dainis Kūla | URS | Aleksandr Makarov | URS | Wolfgang Hanisch | GDR |
Los Angeles 1984 | Arto Härkönen | FIN | Dave Ottley | GBR | Kenth Eldebrink | SWE |
Seul 1988 | Tapio Korjus | FIN | Jan Železný | TCH | Seppo Räty | FIN |
Barcelona 1992 | Jan Železný | TCH | Seppo Räty | FIN | Steve Backley | GBR |
Atlanta 1996 | Jan Železný | CZE | Steve Backley | GBR | Seppo Räty | FIN |
Sydney 2000 | Jan Železný | CZE | Steve Backley | GBR | Sergey Makarov | RUS |
Atenas 2004 | Andreas Thorkildsen | NOR | Vadims Vasiļevskis | LAT | Sergey Makarov | RUS |
Pequim 2008 | Andreas Thorkildsen | NOR | Ainārs Kovals | LAT | Tero Pitkämäki | FIN |
Londres 2012 | Keshorn Walcott | TTO | Antti Ruuskanen | FIN | Vítězslav Veselý | CZE |
Rio 2016 | Thomas Röhler | GER | Julius Yego | KEN | Keshorn Walcott | TTO |
Tóquio 2020 | Neeraj Chopra | IND | Jakub Vadlejch | CZE | Vítězslav Veselý | CZE |
Quadro de medalhas do lançamento de dardo masculino nos Jogos Olímpicos
País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
Finlândia | 7 | 8 | 7 | 22 |
União Soviética | 3 | 2 | 2 | 7 |
Suécia | 3 | 1 | 2 | 6 |
Noruega | 3 | 1 | 1 | 5 |
República Tcheca | 2 | 1 | 2 | 5 |
Alemanha | 2 | 1 | 0 | 3 |
Hungria | 1 | 2 | 4 | 7 |
Estados Unidos | 1 | 2 | 2 | 5 |
Tchecoslováquia | 1 | 1 | 0 | 2 |
Trinidad e Tobago | 1 | 0 | 1 | 2 |
Índia | 1 | 0 | 0 | 1 |
Alemanha Ocidental | 1 | 0 | 0 | 1 |
Grã-Bretanha | 0 | 3 | 1 | 4 |
Letônia | 0 | 2 | 0 | 2 |
Quênia | 0 | 1 | 0 | 1 |
Polônia | 0 | 1 | 0 | 1 |
Rússia | 0 | 0 | 2 | 2 |
Alemanha Oriental | 0 | 0 | 1 | 1 |
Romênia | 0 | 0 | 1 | 1 |
A prova
Lançamento de dardo é uma modalidade olímpica do atletismo existente desde a Grécia Antiga. Uma das mais nobres modalidades por sua antiguidade, integra o heptatlo e o decatlo, além de ter sua própria prova individual. Assim como o lançamento de martelo e lançamento de disco, este esporte é chamado oficialmente de lançamento. Somente o arremesso de peso é chamado de arremesso, devido ao fato do peso ser empurrado e os demais serem projetados com características diferentes.
O dardo é um objeto em forma de lança, feito de metal, fibra de vidro ou fibra de carbono. Seu tamanho, tipo, peso mínimo e centro de gravidade foram definidos pela World Athletics (Federação Internacional de Atletismo) e variam do homem para a mulher. O homem usa um dardo de 2,7 metros de comprimento, pesando 800 gramas. A mulher usa um dardo um pouco mais leve, 600 gramas, e tem 2,3 metros de comprimento. Os dois modelos tem uma empunhadura feita de corda localizada no centro de gravidade.
O atleta corre para tomar impulso e usa uma pista de corrida e lançamento com 34,9 metros de comprimento e 4 metros de largura, fazendo um giro rápido com o corpo para lançar. O dardo costuma sair das mãos do atleta com uma velocidade de 100 km/h. Após o voo, ele aterra numa zona relvada que costuma ocupar a zona central dos estádios de atletismo. A marca obtida pelo atleta é medida pelos oficiais, desde o limite da zona de lançamento até ao primeiro ponto onde o dardo tocou no chão, obrigatoriamente dentro de uma setor pré-marcado no campo com um ângulo de 29°.
De olho na técnica
Ao contrário das outras modalidades de lançamento (martelo, peso e disco), a técnica do dardo tem regras próprias ditadas pela IAAF e lançamentos “não-ortodoxos” não são permitidos; o dardo precisa ser seguro pela empunhadura e lançado por cima do braço levantado ou dos ombros; além disso, é proibido ao atleta se virar completamente de maneira a que seu rosto fique em direção contrária ao lançamento, técnica que é muito usada, por exemplo, no lançamento de disco.
O lançador é desclassificado se sair da zona de lançamento antes, durante ou depois do lançamento, ou se o dardo tocar no solo sem ser pela ponta dianteira dele. As competições de lançamento de dardo iniciam-se com três rondas de lançamentos para cada atleta. Após esta fase, os oito melhores resultados são apurados para realizar mais três lançamentos. Ao fim da prova, o atleta que obtiver a maior distância num lançamento legítimo é declarado vencedor. No caso de um empate, vence aquele com a segunda melhor marca.
Reconfiguração
Em abril de 1986, o dardo masculino foi redesenhado pelo Comitê Técnico da IAAF. Isto se deveu ao fato de que, além de várias aterrissagens começarem a ser feitas ao comprido, sem a ponta furar o solo, diversos lançamentos estavam sendo feitos no limite da área destinada a isto no campo de atletismo, colocando em perigo potencial as pessoas envolvidas e espectadores. O recorde mundial com o dardo antigo do alemão Uwe Hohn, de 104,80 m em 1984, foi o sinal de que algo precisa ser rapidamente mudado ou a modalidade seria inviabilizada para um estádio olímpico.
Ele então foi redesenhado, com o centro de gravidade sendo colocado 4 cm à frente enquanto as áreas de superfície posteriores e anteriores ao centro de gravidade foram reduzidas e aumentadas, respectivamente. Isto teve como efeito a redução da elevação do dardo e o aumento da curvatura para baixo no arco da queda. Esta mudança fez o “nariz” do arco cair mais rapidamente, reduzindo a distância de voo em aproximadamente 10% e fazendo com que o dardo atinja o chão de maneira mais vertical e consistente. Em 1999, o dardo feminino também sofreu a mesma modificação.
Mesmo assim reconfigurado, o dardo voltou a ser lançado a distâncias proibitivas e em 2007 um atleta do salto em distância foi atingido na barriga por um dardo lançado do outro lado do campo, durante uma etapa da Golden League em Roma; com o atual recorde mundial masculino já novamente próximo dos 100 metros, nova mudança deve ser feita no implemento nos próximos anos.