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Lançamento de dardo feminino

Jucilene Sales de Lima lançando dardo nos Jogos Olímpicos Paris-2024
Jucilene de Lima foi finalista no Mundial de 2023 (Foto: Wagner Carmo/CBAt)

Chances do Brasil em Paris-2024

A representante brasileira na prova será Jucilene de Lima. Ela é a recordista nacional, com 62,89m feitos em 2014. Mas Jucilene tem crescido neste ciclo olímpico e neste ano ficou perto de quebrar o recorde brasileiro no GP Brasil e no Campeonato Ibero-Americano. No seu curriculo, ela tem uma prata em Jogos Sul-Americanos e um bronze nos Jogos Pan-Americanos.

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Em Tóquio-2020, Jucilene de Lima ficou em 15º lugar na eliminatória, apenas 80 cm de uma vaga na final. Mas dessa vez, a atleta tem tudo para conseguir uma vaga na final olímpica. Jucilene foi para a final do Mundial de 2023 após um 11º lugar na eliminatória. Na decisão, a brasileira melhorou o seu desempenho e ficou em oitavo lugar.

Os favoritos em Paris-2024

Japonesa Kitaguchi Haruka campeã mundial do lançamento de dardo vai competir nos Jogos Olímpicos Paris-2024
Kitaguchi Haruka é a atual campeã mundial (Foto: World Athletics)

O principal nome da prova atualmente é a japonesa Kitaguchi Haruka. Neste ciclo olímpico, ela foi tem um ouro e um bronze em Campeonatos Mundiais, além de um título da Diamond League. Já aqui na América do Sul, o destaque é Flor Ruiz Hurtado, da Colômbia. Atual vice-campeã mundial, ela vem em uma boa temporada e quebrou o recorde sul-americano da prova no Campeonato Ibero-Americano em Cuiabá.

A Austrália conta com duas representantes na prova. Kelsey-Lee Barber foi campeã mundial em 2022 e ganhou a medalha de bronze em Tóquio-2020, enqunato Mackenzie Little ficou em terceiro lugar no Mundial do ano passado.

A China tem a atual campeã olímpica Liu Shiying. Ela não fez um bom ciclo, mas pode ir ao pódio se repetir o desempenho de três anos atrás. Outros nomes para ficar de olho são a polonesa Maria Andrejczyk, atual vice-campeã olímpica, e a austríaca Victoria Hudson, campeã europeia em junho deste ano.

O Brasil no lançamento de dardo feminino nos Jogos Olímpicos

A primeira brasileira a competir nesta prova foi Sueli dos Santos, apenas em Sydney-2000. Ela ficou em 23º lugar na qualificação com 56,27 m e não passou para a final. Em Pequim-2008, Alessandra Resende competiu pelo país, ficando em 27º lugar na qualificação com 56,53 m. Laila Ferrer Domingos esteve em Londres-2012, onde terminou em 21º lugar com a marca de 58,39 m. Laila voltou à Olimpíada em Tóquio-2020 onde foi 17ª colocada com 59,47m. Na mesma edição, Jucilene de Lima ficou em 15º lugar com 60,14m.

Histórico do lançamento de dardo feminino nos Jogos Olímpicos

Osleidys Menendez ganhou em Atenas-2004 uma das duas medalhas de ouro de Cuba na história do lançamento do dardo feminino (World Athletics)

O dardo feminino estreou nos Jogos em Los Angeles-1932 e o primeiro ouro ficou com a americana Babe Didrikson. Na mesma edição, ela foi ouro nos 80m com barreiras e prata no salto em altura. Após os Jogos, ela se tornou um golfista profissional, vencendo 10 Majors na carreira, e é considerada uma das maiores atletas da história.

Na edição seguinte em Berlim-1936, dobradinha alemã com Tilly Fleischer, campeã com 45,18m, e Luise Krüger. Após a 2ª Guerra, o ouro em Londres-1948 foi da austríaca Herma Bauma, com 45,57m, a única medalha de ouro da história do país no atletismo.

Em Helsinque-1952, pela primeira vez nos Jogos, o dardo passou da marca de 50 m, com a vitória da checoslovaca Dana Zatopková, ouro com 50,47 m. A soviética Aleksandra Chudina foi prata, também passando da marca com 50,01 m. Em Melbourne-1956, a soviética Inese Jaunzeme foi campeã com 53,86m e a prata foi para a chilena Marlene Ahrens, com 50,38 m. Depois, Ahrens foi bicampeã dos Jogos Pan-Americanos no dardo em 1959 e 1963.

Subindo a marca

A soviética Elvira Ozolina bateu duas vezes o recorde mundial em 1960 chegando a 59,55 m e confirmou o favoritismo ao levar o ouro em Roma com recorde olímpico de 55,98 m. Já em Tóquio 1964, um fato muito curioso aconteceu. A soviética Yelena Gorchakova entrou pra história como a primeira mulher a lançar o dardo acima dos 60 m, batendo o recorde mundial na qualificação com 62,40 m. Só que ela não repetiu o feito na decisão e acabou com o bronze com 57,06 m, enquanto viu o ouro ir pra romena Mihaela Penes com 60,54 m. Na Cidade do México-1968, Penes abriu com 59,92 m na final, mas a húngara Angéla Németh fez 60,36 m na 2ª rodada para ficar com o ouro.

Na Cidade do México-1968, Penes abriu com 59,92 m na final, mas a húngara Angéla Németh fez 60,36 m na 2ª rodada para ficar com o ouro. A alemã oriental Ruth Fuchs começou seu domínio da prova em 1972. Em junho, bateu o recorde mundial com 65,06 m e faturou o ouro em Munique com 63,88 m. Na sequência, ela venceu o Europeu em 1974, faturou mais um ouro olímpico em Montreal-1976 com 65,94 m e o Europeu de 1978. Em 1980, Fuchs quebrou seu 6º recorde mundial com 69,96 m em abril e seguiu a Moscou com tudo para levar o tricampeonato, mas deixou muito a desejar na final olímpica, terminando em 8º lugar com 63,94 m e encerrando a sua vitoriosa carreira.

Ouro cubano

A vitória em Moscou foi da cubana María Caridad Colón que ficou em primeiro lugar com 68,40 m, após levar o ouro no Pan de 1979 e repetir o feito no de 1983. Este foi o primeiro ouro olímpico feminino de Cuba da história. Sem soviéticas, alemãs orientais e cubanas na disputa, o ouro em Los Angeles-1984 foi pra britânica Tessa Sanderson com 69,56 m, com direito a recorde olímpico.

Mudanças

Em 1986, o dardo masculino foi alterado por dois motivos. Os dardos caiam muito chapados, dificultando definir o ponto exato de toque no chão. Além disso, as distâncias das marcas estavam crescendo e o recorde mundial passava dos 100 m, com Uwe Hohn atingindo um perigoso 104,80 m. O centro de gravidade foi colocado 4 cm pra frente, além de mudanças nas superfícies do implemento. Só que as mulheres seguiram usando o modelo antigo.

Em 1988, a alemã oriental Petra Felke quebrou o recorde mundial pela 4ª e última vez com exatos 80,00m. Em Seul, ela não decepcionou e venceu o ouro com 74,68 m. Nos Jogos de Barcelona-1992, o dardo feminino seguiu no modelo antigo e o ouro foi para mais uma alemã, Silke Renk, com 68,34 m, vitória por apenas 8 cm sobre Natalya Shikolenko, da Equipe Unificada. Ainda na forma antiga, a vitória em Atlanta-1996 foi para a finlandesa Heli Rantanen, o único ouro feminino do país no dardo. A Finlândia é uma das potências da prova e já venceu no masculino sete vezes.

Foi apenas em 1999 que a Federação alterou o dardo feminino, seguindo os preceitos da mudança do masculino. E a primeira vitória com este novo implemento em Sydney-2000 foi da norueguesa Trine Hattestad com 68,91 m. Ela bateu duas vezes o recorde mundial nos meses anteriores à Olimpíada.

Osleidys Menendez trouxe o segundo ouro para Cuba na prova em Atenas-2004. Em 2001 ela tinha batido o recorde mundial com 71,54m e ficou muito perto de igualar a marca na final olímpica na Grécia, vencendo com 71,53m, desbancando a grega Mireia Manjani, que havia sido campeã mundial no ano anterior.

Craque checa

Em 2007, a checa Barbora Spotakova venceu o Mundial em Osaka e brilhou nos Jogos de Pequim-2008 para vencer com 71,42 m, colocando quase 5 m sobre a alemã Christina Obergföll, prata com 66,13 m. A medalhista de prata havia sido a russa Mariya Abakumova, com 70,78 m, mas ela foi desclassificada oito anos depois por doping. Três semanas depois dos Jogos, Spotakova bateu o recorde mundial em Stuttgart com 72,28 m. Recorde que dura até hoje.

Os títulos mundiais seguintes passaram por várias atletas diferentes, mas Spotakova novamente acertou quando precisava e venceu o bicampeonato olímpico em Londres-2012 com 69,55 m, novamente com Obergföll levando a prata, agora conquistada no campo.

Lançamento de dardo feminino - Atletismo - Jogos Olímpicos Tóquio 2020
A croata Sara Kolak surpreendeu ao ficar com o ouro na Rio-2016 no lançamento do dardo feminino (Wikipedia)

As alemãs haviam vencido os dois Mundiais em 2013 e 2015, com Obergföll e Katharina Molitor, mas Molitor acabou ficando fora da equipe alemã para o Rio-2016. Numa final que foi relativamente fraca para quase todas as atletas, a croata Sara Kolak surpreendeu com 66,18 m e se sagrou campeã olímpica. Já na última Olimpíada, a chinesa Liu Shiying foi a campeã com um lançamento de 66,34m logo na sua primeira tentativa. A polonesa Maria Andrejczyk ficou com a medalha de prata, com 64,61m, enquanto o bronze foi para Kelsey-Lee Barber, da Austrália, com 64,56m.

Medalhistas do lançamento de dardo feminino nos Jogos Olímpicos

JogosOuroPrataBronze
Los Angeles 1932Babe DidriksonUSAEllen BraumüllerGERTilly FleischerGER
Berlim 1936Tilly FleischerGERLies KrügerGERMaria KwaśniewskaPOL
Londres 1948Herma BaumaAUTKaisa ParviainenFINLily CarlstedtDEN
Helsinque 1952Dana ZátopkováTCHAleksandra ChudinaURSYelena GorchakovaURS
Melbourne 1956Inese JaunzemeURSMarlene AhrensCHINadezhda KonyayevaURS
Roma 1960Elvīra OzoliņaURSDana ZátopkováTCHBirutė KalėdienėURS
Tóquio 1964Mihaela PeneșROUMárta Antal-RudasHUNYelena GorchakovaURS
Cidade do México 1968Angéla NémethHUNMihaela PeneșROUEva JankoAUT
Munique 1972Ruth FuchsGDRJacqueline TodtenGDRKate SchmidtUSA
Montreal 1976Ruth FuchsGDRMarion BeckerFRGKate SchmidtUSA
Moscou 1980María ColónCUBSaida GunbaURSUte HommolaGDR
Los Angeles 1984Tessa SandersonGBRTiina LillakFINFatima WhitbreadGBR
Seul 1988Petra FelkeGDRFatima WhitbreadGBRBeate KochGDR
Barcelona 1992Silke RenkGERNatallia ShykalenkaEUNKaren ForkelGER
Atlanta 1996Heli RantanenFINLouise McPaulAUSTrine HattestadNOR
Sydney 2000Trine HattestadNORMirela Maniani-TzeliliGREOsleidys MenéndezCUB
Atenas 2004Osleidys MenéndezCUBSteffi NeriusGERMirela ManianiGRE
Pequim 2008Barbora ŠpotákováCZEChristina ObergföllGERGoldie SayersGBR
Londres 2012Barbora ŠpotákováCZEChristina ObergföllGERLinda StahlGER
Rio 2016Sara KolakCROSunette ViljoenRSABarbora ŠpotákováCZE
Tóquio 2020Liu ShiyangCHNMaria AndrejczykPOLKelsey-Lee BarberAUS

Quadro de medalhas do lançamento de dardo feminino nos Jogos Olímpicos

PaísOuroPrataBronzeTotal
Alemanha Oriental3126
Alemanha25310
União Soviética2248
Cuba2013
República Tcheca2013
Finlândia1203
Grã-Bretanha1124
Tchecoslováquia1102
Hungria1102
Romênia1102
Estados Unidos1023
Áustria1012
Noruega1012
Croácia1001
China1001
Grécia0112
Austrália0112
Polônia0112
Chile0101
África do Sul0101
Equipe Unificada0101
Alemanha Ocidental0101
Dinamarca0011

A prova

Lançamento de dardo feminino - Atletismo - Jogos Olímpicos Tóquio 2020
A australiana Kathryn Mitchell, sexta colocada no lançamendo do dardo na Rio-2016 (Reprodução)

Lançamento de dardo é uma modalidade olímpica do atletismo existente desde a Grécia Antiga. Uma das mais nobres modalidades por sua antiguidade, integra o heptatlo e o decatlo, além de ter sua própria prova individual. Assim como o lançamento de martelo e lançamento de disco, este esporte é chamado oficialmente de lançamento. Somente o arremesso de peso é chamado de arremesso, devido ao fato do peso ser empurrado e os demais serem projetados com características diferentes.

O dardo é um objeto em forma de lança, feito de metal, fibra de vidro ou fibra de carbono. Seu tamanho, tipo, peso mínimo e centro de gravidade foram definidos pela World Athletics (Federação Internacional de Atletismo) e variam do homem para a mulher. O homem usa um dardo de 2,7 metros de comprimento, pesando 800 gramas. A mulher usa um dardo um pouco mais leve, 600 gramas, e tem 2,3 metros de comprimento. Os dois modelos tem uma empunhadura feita de corda localizada no centro de gravidade.

O atleta corre para tomar impulso e usa uma pista de corrida e lançamento com 34,9 metros de comprimento e 4 metros de largura, fazendo um giro rápido com o corpo para lançar. O dardo costuma sair das mãos do atleta com uma velocidade de 100 km/h. Após o voo, ele aterra no gramado que costuma ocupar a zona central dos estádios de atletismo. A marca obtida pelo atleta é medida pelos oficiais, desde o limite da zona de lançamento até ao primeiro ponto onde o dardo tocou no chão, obrigatoriamente dentro de uma setor pré-marcado no campo com um ângulo de 29°.

Cuidado com a técnica

Ao contrário das outras modalidades de lançamento (martelo, peso e disco), a técnica do dardo tem regras próprias ditadas pela IAAF e lançamentos “não-ortodoxos” não são permitidos; o dardo precisa ser seguro pela empunhadura e lançado por cima do braço levantado ou dos ombros; além disso, é proibido ao atleta se virar completamente de maneira a que seu rosto fique em direção contrária ao lançamento, técnica que é muito usada, por exemplo, no lançamento de disco.

O lançador é desclassificado se sair da zona de lançamento antes, durante ou depois do lançamento, ou se o dardo tocar no solo sem ser pela ponta dianteira dele. As competições de lançamento de dardo iniciam-se com três rodadas de lançamentos para cada atleta. Após esta fase, os oito melhores resultados são apurados para realizar mais três lançamentos. Assim, no fim da prova, o atleta que obtiver a maior distância num lançamento legítimo é declarado vencedor. No caso de um empate, vence aquele com a segunda melhor marca.

Reconfiguração

Em abril de 1986, o dardo masculino foi redesenhado pelo Comitê Técnico da IAAF. Isto se deveu ao fato de que, além de várias aterrissagens começarem a ser feitas ao comprido, sem a ponta furar o solo, diversos lançamentos estavam sendo feitos no limite da área destinada a isto no campo de atletismo, colocando em perigo potencial as pessoas envolvidas e espectadores. O recorde mundial com o dardo antigo do alemão Uwe Hohn, de 104,80 m em 1984, foi então o sinal de que algo precisa ser rapidamente mudado ou a modalidade seria inviabilizada para um estádio olímpico.

Ele então foi redesenhado, com o centro de gravidade sendo colocado 4 cm à frente enquanto as áreas de superfície posteriores e anteriores ao centro de gravidade foram reduzidas e aumentadas, respectivamente. Isto teve como efeito a redução da elevação do dardo e o aumento da curvatura para baixo no arco da queda. Esta mudança fez o “nariz” do arco cair mais rapidamente, reduzindo a distância de voo em aproximadamente 10% e fazendo com que o dardo atinja o chão de maneira mais vertical e consistente. Em 1999, o dardo feminino também sofreu a mesma modificação.

Mesmo assim reconfigurado, o dardo voltou a ser lançado a distâncias proibitivas e em 2007 um atleta do salto em distância foi atingido na barriga por um dardo lançado do outro lado do campo, durante uma etapa da Golden League em Roma. Portanto, com o atual recorde mundial masculino já novamente próximo dos 100 metros, nova mudança deve ser feita no implemento nos próximos anos.