Decatlo
Decatlo nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil
O Brasil terá como representante no decatlo dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 o pernambucano José Fernando Santana, também conhecido como Balotelli. O decatleta conseguiu a vaga via ranking da World Athletics, a federação internacional de atletismo. Ele é o melhor sul-americano da modalidade e foi medalha de prata no Pan-Americano do ano passado.
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Balotelli provavelmente não conquistará uma medalha, mas buscará melhorar seu próprio recorde e o recorde brasileiro. Além disso, ele deve disputar para ficar entre os top 10 da competição.
Os favoritos
Os canadenses Pierce LePage, atual campeão mundial e vice-campeão de 2022, e Damian Warner, campeão dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, vice-campeão mundial de 2023 e medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, são os favoritos ao pódio.
Além disso, o francês Kevin Mayer, atual recordista mundial, campeão mundial de 2022 e vice-campeão dos Jogos de Tóquio-2020, também deve entrar na disputa.
O Brasil no Decatlo dos Jogos Olímpicos
Carlos Woebcken, nascido na Alemanha, foi o primeiro brasileiro a competir no decatlo olímpico, em Los Angeles-1932, mas ele não terminou os 100 m, a primeira prova das dez, e ficou sem pontuação.
Pedro da Silva voltou a colocar o país na disputa olímpica em Barcelona-1992. Ele fez um bom primeiro dia, com destaque para um 2,06 m no salto em altura, mas no lançamento de disco errou as três tentativas e abandonou a prova.
Em Pequim-2008, Carlos Chinin conseguiu o índice e competiu pelo Brasil, mas queimou as três tentativas no arremesso de peso, a 3ª prova do decatlo. Ele ainda competiu nas duas provas seguintes, mas desistiu do segundo dia e ficou sem marca final.
Rio-2016: o melhor resultado
Luiz Alberto Araújo esteve em Londres-2012 e se tornou o primeiro brasileiro a terminar o decatlo nos Jogos, ficando em 19º com 7.849 pontos. No Rio-2016, ele voltou a competir, começando muito bem nos 100 m com a 6ª marca, seguiu bem no salto em distância e no arremesso de peso. Após três provas, ele estava em 4º no geral. Mas despencou para 12º após um fraco salto em altura. Foi bem nos 400 m e encerrou o 1º dia de disputas em 9º no geral.
No 2º dia, Luiz Alberto estava em 7º após os 110 m com barreiras, o disco e o salto com vara. No dardo, sua pior prova, caiu para 10º, mantendo a posição após os 1.500 m. Acabou na ótima 10ª posição com 8.315 pontos.
Nos Jogos de Tóquio-2020, Felipe dos Santos representou o Brasil, terminando o primeiro dia na 12ª colocação. Sua melhor performance foi nos 100m, alcançando a 5ª melhor marca com um tempo de 10.58. No último dia de competição, Felipe caiu para a 14ª posição após obter a pior marca no lançamento de disco. No final, ele terminou na 18ª colocação geral, somando 7880 pontos em todas as provas.
Histórico de decatlo nos Jogos Olímpicos
O decatlo tem seu formato como conhecemos hoje há mais de 100 anos e fez sua estreia olímpica em Estocolmo-1912. Disputado em dois dias, os atletas competem nos 100 m, salto em distância, arremesso de peso, salto em altura e 400 m no 1º dia e 110 m com barreira, lançamento de disco, salto com vara, lançamento de dardo e 1.500 m no 2º dia. O programa da prova não mudou, mas as tabelas de pontuação foram atualizadas algumas vezes na história. A tabela atual está em vigor desde 1984 e teve pequenos acertos em 1998.
O americano Jim Thorpe foi o vencedor da primeira disputa olímpica do decatlo em Estocolmo-1912 com 8.412,955 pontos. Um ano depois, o COI descobriu que Thorpe havia ganho dinheiro jogando beisebol, o que retirava dele o caráter de amadorismo. Com isso, ele perdeu sua medalha e o ouro ficou com o sueco Hugo Wieslander. Em 1982, o COI voltou atrás, devolvendo o ouro para Thorpe, que faleceu em 1953, mas não retirando o do sueco. Com isso, os dois são declarados campeões.
Nos anos 1920, o principal decatleta era o finlandês Paavo Yrjölä, que bateu três vezes o recorde mundial e levou o ouro em Amsterdã-1928. O ouro em Los Angeles-1932 ficou com o americano Jim Bausch, que bateu o recorde mundial com 8.462,235 pontos. Em Berlim-1936, uma bela disputa entre os americanos Glenn Morris e Bob Clark marcou a prova. Clark começou muito bem nos 100 m e salto em distância, mas Morris o ultrapassou até vencer com recorde mundial de 7.900 pontos.
Pós 2° Guerra Mundial
Após a 2ª Guerra, o destaque do decatlo foi o americano Bob Mathias. Ele foi campeão em Londres-1948 com 7.139, bateu o recorde mundial em 1950, e confirmou seu favoritismo em Helsinque-1952 ao faturar o bicampeonato olímpico com 7.887, novo recorde mundial em pódio totalmente americano. Mathias foi eleito congressista da Câmara dos deputados nos Estados Unidos pela Califórnia e serviu por dois termos.
O americano Rafer Johnson foi ouro em Roma-1960 com recorde olímpico de 8.392, melhorando a prata que conquistara em Melbourne-1956. Ele havia batido o recorde mundial dois meses antes dos Jogos. Foi uma boa disputa também na Cidade do México-1968 com vitória do americano Bill Toomey com 8.193 pontos, com destaque para a sua prova de 400 m com 45.6, melhor tempo da história do decatlo até então. Toomey venceu o alemão ocidental Hans-Joachim Walde por apenas 82 pontos. A única vitória soviética na histórica veio em Munique-1972 com Mykola Avilov, vencendo com recorde mundial de 8.454.
Bruce Jenner
O americano Bruce Jenner chegou como grande favorito em Montreal-1976 após ter quebrado duas vezes o recorde mundial, uma delas um mês antes dos Jogos. Com enorme regularidade, foi campeão com 8.618 pontos. Jenner teve seis filhos com três mulheres diferentes. Em 2015, se assumiu como mulher trans, fez a transição de gênero em 2017 mudando seu nome para Caitlyn Jenner. Ela ficou mais conhecida pelo grande público como parte da família Kardashian. A sua terceira esposa, Kris Jenner, é mãe de Kim Kardashian.
Apesar do boicote britânico em Moscou-1980, alguns atletas do país competiram na União Soviética. Daley Thompson foi um deles, e ele foi o campeão do decatlo com 8.495 pontos. Em Los Angeles-1984, Thompson venceu novamente igualando o recorde mundial com 8.798 pontos.
Decepção e volta por cima de Dan O’Brien
O americano Dan O’Brien havia sido campeão mundial em 1991 e grande favorito para Barcelona-1992. Mas um desastre no salto com vara na seletiva americana tirou o americano dos Jogos. O título na Espanha ficou com o tchecoslovaco Robert Zmelik com 8.611 pontos. O’Brien venceu os Mundiais de 1993 e 1995 e, novamente como favorito, não decepcionou e venceu o ouro em Seul-1988.
Bronze em Atlanta-1996 e campeão mundial em 1997 e 1999, o checo Tomas Dvorak era o favorito em Sydney-2000, mas deixou a desejar em quase todas as provas e acabou apenas em 6º. Ele venceria novamente o Mundial em 2001. O ouro em Sydney acabou com o estoniano Erki Nool com 8.641, seguido pelo checo Roman Sebrle com 8.606.
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Sebrle bateu o recorde mundial em 2001 com 9.026, o 1º na história a passar dos 9.000 pontos. Em Atenas-2004, fez uma bela prova para vencer com 8.893 contra 8.820 do americano Bryan Clay. O americano venceu o Mundial de 2005 e o checo venceu o título mundial pela 1ª vez em 2007. Em Pequim-2008, Clay foi brilhante, conseguindo a melhor marca em quatro provas, incluindo as três primeiras. Sua vantagem era tão grande que na prova final, os 1.500 m, correu super tranquilo, chegando mais de 40 s atrás do vencedor da bateria e mesmo assim foi ouro com tranquilidade, com 8.791 pontos, 240 melhor que o medalhista de prata, o bielorrusso Andrei Krauchanka.
Em Londres-2012, foi a vez do americano Ashton Eaton brilhar. Ele havia ficado com a prata no Mundial de 2011 e já começou 2012 batendo o recorde mundial do heptatlo no Mundial Indoor. Nos Jogos, marcou 8.869 pontos, fazendo mais de 1.000 pontos em três provas. Eaton venceu os Mundiais de 2013 e 2015, neste último batendo o recorde mundial com 9.045 pontos. No Rio-2016, Eaton encerrou sua carreira com mais uma vitória com 8.893 pontos, pouco à frente do francês Kevin Mayer, prata com 8.834.
Os medalhistas do Decatlo nos Jogos Olímpicos
Olimpíada | Ouro | Prata | Bronze |
---|---|---|---|
Estocolmo-1912 | Jim Thorpe Hugo Wieslander USA SWE | Charles Lomberg SWE | Gösta Holmér SWE |
Antuérpia-1920 | Helge Løvland NOR | Brutus Hamilton USA | Bertil Ohlson SWE |
Paris-1924 | Harold Osborn USA | Emerson Norton USA | Aleksander Klumberg EST |
Amsterdã-1928 | Paavo Yrjölä FIN | Akilles Järvinen FIN | Ken Doherty USA |
Los Angeles-1932 | Jim Bausch USA | Akilles Järvinen FIN | Wolrad Eberle GER |
Berlim-1936 | Glenn Morris USA | Bob Clark USA | Jack Parker USA |
Londres-1948 | Bob Mathias USA | Ignace Heinrich FRA | Floyd Simmons USA |
Helsinque-1952 | Bob Mathias USA | Milt Campbell USA | Floyd Simmons USA |
Melbourne-1956 | Milt Campbell USA | Rafer Johnson USA | Vasily Kuznetsov URSS |
Roma-1960 | Rafer Johnson USA | Yang CK TPE | Vasily Kuznetsov URSS |
Tóquio-1964 | Willi Holdorf GER | Rein Aun URSS | Hans-Joachim Walde GER |
Cidade do México-1968 | Bill Toomey USA | Hans-Joachim Walde FRG | Kurt Bendlin FRG |
Munique-1972 | Nikolay Avilov URSS | Leonid Litvinenko URSS | Ryszard Katus POL |
Montreal-1976 | Bruce Jenner USA | Guido Kratschmer FRG | Nikolay Avilov URSS |
Moscou-1980 | Daley Thompson GBR | Yury Kutsenko URSS | Sergey Zhelanov URSS |
Los Angeles-1984 | Daley Thompson GBR | Jürgen Hingsen FRG | Siggi Wentz FRG |
Seul-1988 | Christian Schenk GDR | Torsten Voss GDR | Dave Steen CAN |
Barcelona-1992 | Robert Změlík TCH | Antonio Peñalver ESP | Dave Johnson USA |
Atlanta-1996 | Dan O’Brien USA | Frank Busemann GER | Tomáš Dvořák CZE |
Sydney-2000 | Erki Nool EST | Roman Šebrle CZE | Chris Huffins USA |
Atenas-2004 | Roman Šebrle CZE | Bryan Clay USA | Dmitry Karpov KAZ |
Pequim-2008 | Bryan Clay USA | Andrei Krauchanka BLR | Leonel Suárez CUB |
Londres-2012 | Ashton Eaton USA | Trey Hardee USA | Leonel Suárez CUB |
Rio-2016 | Ashton Eaton USA | Kévin Mayer FRA | Damian Warner CAN |
Tóquio-2020 | Damian Warner CAN | Kevin Mayer FRA | Ashley Moloney AUS |
Quadro de medalhas
País | Ouro | Prata | Bronze | Total | |
---|---|---|---|---|---|
1 | Estados Unidos | 14 | 7 | 6 | 27 |
2 | Grã-Bretanha | 2 | 0 | 0 | 2 |
3 | União Soviética | 1 | 3 | 4 | 8 |
4 | Finlândia | 1 | 2 | 0 | 3 |
5 | Alemanha | 1 | 1 | 2 | 4 |
5 | Suécia | 1 | 1 | 2 | 4 |
7 | República Tcheca | 1 | 1 | 0 | 2 |
7 | Alemanha Oriental | 1 | 1 | 0 | 2 |
8 | Canadá | 1 | 0 | 2 | 3 |
10 | Estônia | 1 | 0 | 1 | 2 |
11 | Tchecoslováquia | 1 | 0 | 0 | 1 |
11 | Noruega | 1 | 0 | 0 | 1 |
13 | Alemanha Ocidental | 0 | 3 | 2 | 5 |
14 | França | 0 | 3 | 0 | 3 |
15 | Belarus | 0 | 1 | 0 | 1 |
15 | Taipei Chinês | 0 | 1 | 0 | 1 |
15 | Espanha | 0 | 1 | 0 | 1 |
16 | Cuba | 0 | 0 | 2 | 2 |
17 | Austrália | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | Cazaquistão | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | Polônia | 0 | 0 | 1 | 1 |