Siga o OTD

Arremesso de peso masculino

Darlan Romani, jogos olímpicos, paris-2024, arremesso de peso, cirugia
Foto: Instagram/ @darlan_romani

Chances do Brasil em Paris-2024

A três dias da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, a torcida lamentou uma péssima notícia para o arremesso de peso. Quarto colocado em Tóquio-2020 e campeão mundial indoor em 2022, Darlan Romani foi cortado da delegação por causa de uma hérnia de disco.

+ SIGA O OTD NO YOUTUBETWITTERINSTAGRAMTIK TOK E FACEBOOK

Com isso, Wellington Morais será o único representante do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, mas diferente de Darlan Romani, dificilmente terá condições de brigar pelas primeiras colocações.

Os favoritos em Paris-2024

Ryan Crouser é o atual bicampeão olímpico do arremesso de peso (Kai Pfaffenbach/Reuters)

Os pódios da Rio-2016 e de Tóquio-2020 foram exatamente iguais: ouro para o americano Ryan Crouser, prata para seu compatriota Joe Kovacs, e bronze para o neozelandês Tom Walsh. É perfeitamente possível que o trio se repita em Paris-2024, mas outros fortíssimos candidatos estão na disputa como os italianos Leonardo Fabbri e Ziane Weir, o brasileiro Darlan Romani e Payton Otterdahl, também dos Estados Unidos.

A concorrência é forte, mas existe um grande favorito. O bicampeão olímpico Ryan Crouser faturou também os títulos dos Mundiais de 2022 e 2023. Ele só perdeu uma competição deste nível no ciclo para Paris-2024. Foi o Mundial indoor de 2022, vencido por Darlan Romani, mas no começo de 2024 ele já recuperou o título. Ou seja, foi campeão de três dos quatro Mundiais que foram disputados.

Se Ryan Crouser é o favorito para o tricampeonato olímpico no arremesso de peso, a disputa pelos outros lugares do pódio promete ser grande. Prata na Rio-2016 e em Tóquio-2020, Joe Kovacs foi vice-campeão no Mundial de 2022, mas perdeu o segundo lugar para o italiano Leonardo Fabbri em 2023.

Bronze nas duas últimas Olimpíadas no arremesso de peso, Tom Walsh não é carta fora do baralho. Apesar de ter ficado de fora do pódio nos Mundiais de 2022 e 2023, ele foi quarto colocado nas duas competições e certamente vai estar na briga em Paris-2024.

O italiano Zane Weir, quinto em Tóquio-2020 e quarto no Mundial indoor deste ano, e o americano Payton Otterdahl, quinto no Mundial de 2023, correm por fora.

Histórico do arremesso de peso masculino nos Jogos Olímpicos

Apesar de Homero mencionar competições de arremessos de pedras, não há registros de uma prova como esta nos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Por muito tempo a técnica usada foi a tradicional, onde o atleta vinha de costas para o campo e fazia um movimento único girando o corpo 180º para realizar o arremesso. Presente desde a primeira edição olímpica, o arremesso de peso teve como seu primeiro campeão o americano Robert Garrett, com 11,22 m, longe do recorde mundial da época, de 14,32 m. Na edição seguinte, em Paris-1900, a marca já evoluiu bastante e o americano Richard Sheldon venceu com 14,10 m.

Em Saint-Louis-1904, Ralph Rose deu mais uma vitória pros Estados Unidos com 14,81 m, igualando o seu próprio recorde mundial. Rose venceria novamente em Londres-1908 com 14,21 m. Ele voltou como favorito em Estocolmo-1912, batendo duas vezes o recorde olímpico com 14,98 m e 15,25 m, mas seu compatriota Pat McDonald fez 15,34 m na 4ª tentativa e acabou com a vitória, deixando Rose com a prata.

Sequência americana interrompida

Após a 1ª Guerra, o finlandês Ville Pörhöla quebrou a sequência americana com a vitória na Antuérpia-1920 com 14,81 m. Mas John Kuck venceu em Amsterdã-1928 e retomou a hegemonia dos Estados Unidos com 15,87 m, recorde mundial. Leo Sexton venceu em casa em Los Angeles-1932 com 16,005 m, sendo o primeiro a arremessar acima dos 16 m em uma Olimpíada.

Após a 2ª Guerra, os americanos seguiram dominando, levando ouro e prata em seis Olimpíadas seguidas e, em três ocasiões, fechando o pódio. Em Londres-1948, Wilbur Thompson ficou com o ouro com 17,12 m, melhorando o recorde olímpico em quase um metro. Curioso que o recordista mundial da época, o americano Charlie Fonville, não conseguiu vaga na forte equipe americana. Parry O’Brien também conquistou o bicampeonato olímpico, vencendo em Helsinque-1952 com 17,41 m e em Melbourne-1956 com 18.57 m e quebrando 10 vezes o recorde mundial na carreira.

As marcas seguiram subindo e Bill Nieder venceu em Roma-1960 com 19.68 m. Nieder havia batido o recorde mundial algumas semanas antes dos Jogos em 1960 com 20,06 m, se tornando o primeiro a passar dos 20 m. Esta marca foi alcançada nos Jogos na competição seguinte, em Tóquio-1964, onde Dallas Long venceu com 20,33 m.

Força do leste europeu

O polonês Wladyslaw Komar quebrou mais uma sequência americana ao vencer em Munique-1972 com 21,18 m, obtidos no primeiro arremesso da disputadíssima final, contra 21,17 m do americano George Woods e 21,14 m dos alemães orientais Hartmut Briesenick, bronze, e Hans-Peter Gies, 4º colocado. O soviético Aleksandr Baryshnikov bateu o recorde olímpico na qualificação em Montreal-1976 com 21,32 m, mas ficou apenas com o bronze com 21,00 m, contra 21,05 m do campeão alemão oriental Udo Beyer e 21,03 m do soviético Yevgeny Mironov, prata.

A final de Seul-1988 contou com uma apresentação espetacular do alemão oriental Ulf Timmermann. Recordista mundial com 23,06 m, ele bateu três vezes o recorde olímpico na final, todos acima dos 22 m. Na última rodada, o americano Randy Barnes fez 22,39 m, assumindo a liderança. Mas, mesmo com toda a pressão, Timmermann melhorou a marca para 22,47 m e ficou com o ouro. Em 1990, Barnes bateu o recorde mundial que dura até hoje com 23,12 m, mas não conseguiu se classificar para os Jogos de Barcelona-1992. Em compensação ele foi para Atlanta-1996, onde venceu com 21,62 m, obtidos no seu último arremesso. Ele estava em 6º antes dessa tentativa.

O americano Randy Barnes, ouro em Atlanta-1996, é o recordista mundial do arremesso de peso masculino (Reprodução/Wikipedia)

Século 21

O americano Adam Nelson venceu em Atenas-2004 com 21,16 m, seu único arremesso válido na final, obtido na 1ª tentativa. Esta prova aconteceu em Olímpia, berço dos Jogos e local onde as tochas são acesas. O polonês Tomasz Majewski foi campeão em Pequim-2008 com 21,51 m e brilhou novamente em Londres-2012, numa decisão emocionante. O alemão David Storl, campeão mundial em 2011 e 2013, abriu a final com 21,84 m e melhorou para 21,86 m. Mas, na 3ª rodada, Majewski fez 21,87 m e na última tentativa conseguiu 21,89 m para assegurar o bi.

Nos Jogos Olímpicos Rio-2016, o americano Ryan Crouser fez uma final excelente com três arremessos acima dos 22 m e venceu com 22,52 m, recorde olímpico. Em Tóquio-2020, o atleta dos Estados Unidos chegou ao bicampeonato com a marca de 23,30 m. A exemplo do que aconteceu no Brasil, as medalhas de prata e bronze ficaram, respectivamente, para o também americano Joe Kovacs e o neozelandês Tom Walsh.

Medalhistas do arremesso de peso masculino nos Jogos Olímpicos

JogosOuroPrataBronze
Atenas 1896Bob GarrettUSAMiltiadis GouskosGREGeorgios PapasiderisGRE
Paris 1900Dick SheldonUSAJosiah McCrackenUSABob GarrettUSA
St. Louis1904Ralph RoseUSAWesley CoeUSALawrence FeuerbachUSA
Atenas 1906Martin SheridanUSAMihály DávidHUNEric LemmingSWE
Londres 1908Ralph RoseUSADenis HorganGBRJohnny GarrelsUSA
Estocolmo 1912Pat McDonaldUSARalph RoseUSALarry WhitneyUSA
Antuérpia 1920Ville PörhöläFINElmer NiklanderFINHarry LiversedgeUSA
Paris 1924Bud HouserUSAGlenn HartranftUSARalph HillsUSA
Amsterdan 1928Johnny KuckUSAHerman BrixUSAEmil HirschfeldGER
Los Angeles 1932Leo SextonUSAHarlow RothertUSAFrantišek DoudaTCH
Berlim 1936Hans WoellkeGERSulo BärlundFINGerhard StöckGER
Londres 1948Wilbur ThompsonUSAJim DelaneyUSAJim FuchsUSA
Helsinque 1952Parry O’BrienUSADarrow HooperUSAJim FuchsUSA
Melbourne 1956Parry O’BrienUSABill NiederUSAJiří SkoblaTCH
Roma 1960Bill NiederUSAParry O’BrienUSADallas LongUSA
Tóquio 1964Dallas LongUSARandy MatsonUSAVilmos VarjúHUN
Cidade do México 1968Randy MatsonUSAGeorge WoodsUSAEduard GushchinURS
Munique 1972Władysław KomarPOLGeorge WoodsUSAHartmut BriesenickGDR
Montreal 1976Udo BeyerGDRYevgeny MironovURSAleksandr BaryshnikovURS
Moscou 1980Vladimir KiselyovURSAleksandr BaryshnikovURSUdo BeyerGDR
Los Angeles 1984Alessandro AndreiITAMike CarterUSADave LautUSA
Seul 1988Ulf TimmermannGDRRandy BarnesUSAWerner GünthörSUI
Barcelona 1992Mike StulceUSAJim DoehringUSAVyacheslav LykhoEUN
Atlanta 1996Randy BarnesUSAJohn GodinaUSAOleksandr BahachUKR
Sydney 2000Arsi HarjuFINAdam NelsonUSAJohn GodinaUSA
Atenas 2004Adam NelsonUSAJoachim OlsenDENManuel MartínezESP
Pequim 2008Tomasz MajewskiPOLChristian CantwellUSADylan ArmstrongCAN
Londres 2012Tomasz MajewskiPOLDavid StorlGERReese HoffaUSA
Rio 2016Ryan CrouserUSAJoe KovacsUSATom WalshNZL
Tóquio 2020Ryan CrouserUSAJoe KovacsUSATom WalshNZL

Quadro de medalhas do arremesso de peso masculino nos Jogos Olímpicos

PaísOuroPrataBronzeTotal
Estados Unidos20211253
Polônia3003
Finlândia2204
Alemanha Oriental2024
União Soviética1225
Alemanha1124
Itália1001
Grécia0112
Hungria0112
Dinamarca0101
Grã-Bretanha0101
Tchecoslováquia0022
Nova Zelândia0022
Canadá0011
Espanha0011
Suécia0011
Suíça0011
Ucrânia0011
Equipe Unificada0011

A prova

(Wagndr do Carmo/CBAt)

Arremesso de peso é uma modalidade olímpica de atletismo, onde os atletas competem para arremessar uma bola de metal o mais longe possível. As qualidades principais do atleta campeão são a força e a aceleração. Ao contrário do lançamento de dardo, lançamento de martelo e lançamento de disco, este esporte é chamado oficialmente de arremesso devido ao fato do peso ser empurrado e os demais serem projetados com características diferentes.

A bola oficial masculina tem uma massa de 7,26 kg e é geralmente feita de bronze ou ferro fundido e chumbo, possuindo cerca de 12 cm de diâmetro. Na categoria feminina ela pesa 4 kg e o seu diâmetro é de 9 cm aproximadamente.

O arremessador tem uma área restrita circular de diâmetro 2,135 m (7 pés) para se locomover, com um anteparo semicircular de concreto ou madeira de 10 cm de altura no limite frontal dela; no início do lançamento, o peso deve estar colocado entre o ombro e o pescoço do atleta e arremessado com as pontas dos dedos, e não com a palma da mão.

Durante o lançamento, o atleta deve rodar sobre si mesmo e arremessar (técnica com giro). A marca obtida em cada arremesso é medida a partir do primeiro lugar onde o peso bate no chão, dentro de um setor pré-determinado com 35° de abertura; o atleta não pode tocar no anteparo do chão, nem ultrapassá-lo com o pé e o arremesso deve ser sempre feito numa linha acima do ombro. Caso ele deixe o círculo antes do peso tocar o solo ou se retirar dele pela frente ou pelo lado, o arremesso é invalidado.

Número de arremessos

Em competições oficiais, se houver até oito competidores participando, cada atleta tem direito a seis lançamentos. Mas, quando há mais de oito, cada um tem direito a três lançamentos e somente os oito primeiros fazem mais três lançamentos. A posição na classificação é determinada pela distância obtida no maior arremesso válido; em, caso de empate, vale a segunda maior marca do atleta.

A técnica do giro, a mais usada atualmente, em que o atleta faz o movimento giratório com o corpo semelhante ao lançamento de disco conseguindo maior impulsão, foi primeiramente usada pelo soviético Aleksandr Baryshnikov no começo da década de 1970, depois de criada por seu técnico Viktor Alexeyev; com ela, Baryshnikov conquistou o recorde mundial da modalidade em 1976, fazendo a marca de 22,00 metros.