Arremesso de peso masculino
Arremesso de peso masculino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil em Paris-2024
A três dias da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, a torcida lamentou uma péssima notícia para o arremesso de peso. Quarto colocado em Tóquio-2020 e campeão mundial indoor em 2022, Darlan Romani foi cortado da delegação por causa de uma hérnia de disco.
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Com isso, Wellington Morais será o único representante do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, mas diferente de Darlan Romani, dificilmente terá condições de brigar pelas primeiras colocações.
Os favoritos em Paris-2024
Os pódios da Rio-2016 e de Tóquio-2020 foram exatamente iguais: ouro para o americano Ryan Crouser, prata para seu compatriota Joe Kovacs, e bronze para o neozelandês Tom Walsh. É perfeitamente possível que o trio se repita em Paris-2024, mas outros fortíssimos candidatos estão na disputa como os italianos Leonardo Fabbri e Ziane Weir, o brasileiro Darlan Romani e Payton Otterdahl, também dos Estados Unidos.
A concorrência é forte, mas existe um grande favorito. O bicampeão olímpico Ryan Crouser faturou também os títulos dos Mundiais de 2022 e 2023. Ele só perdeu uma competição deste nível no ciclo para Paris-2024. Foi o Mundial indoor de 2022, vencido por Darlan Romani, mas no começo de 2024 ele já recuperou o título. Ou seja, foi campeão de três dos quatro Mundiais que foram disputados.
Se Ryan Crouser é o favorito para o tricampeonato olímpico no arremesso de peso, a disputa pelos outros lugares do pódio promete ser grande. Prata na Rio-2016 e em Tóquio-2020, Joe Kovacs foi vice-campeão no Mundial de 2022, mas perdeu o segundo lugar para o italiano Leonardo Fabbri em 2023.
Bronze nas duas últimas Olimpíadas no arremesso de peso, Tom Walsh não é carta fora do baralho. Apesar de ter ficado de fora do pódio nos Mundiais de 2022 e 2023, ele foi quarto colocado nas duas competições e certamente vai estar na briga em Paris-2024.
O italiano Zane Weir, quinto em Tóquio-2020 e quarto no Mundial indoor deste ano, e o americano Payton Otterdahl, quinto no Mundial de 2023, correm por fora.
Histórico do arremesso de peso masculino nos Jogos Olímpicos
Apesar de Homero mencionar competições de arremessos de pedras, não há registros de uma prova como esta nos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Por muito tempo a técnica usada foi a tradicional, onde o atleta vinha de costas para o campo e fazia um movimento único girando o corpo 180º para realizar o arremesso. Presente desde a primeira edição olímpica, o arremesso de peso teve como seu primeiro campeão o americano Robert Garrett, com 11,22 m, longe do recorde mundial da época, de 14,32 m. Na edição seguinte, em Paris-1900, a marca já evoluiu bastante e o americano Richard Sheldon venceu com 14,10 m.
Em Saint-Louis-1904, Ralph Rose deu mais uma vitória pros Estados Unidos com 14,81 m, igualando o seu próprio recorde mundial. Rose venceria novamente em Londres-1908 com 14,21 m. Ele voltou como favorito em Estocolmo-1912, batendo duas vezes o recorde olímpico com 14,98 m e 15,25 m, mas seu compatriota Pat McDonald fez 15,34 m na 4ª tentativa e acabou com a vitória, deixando Rose com a prata.
Sequência americana interrompida
Após a 1ª Guerra, o finlandês Ville Pörhöla quebrou a sequência americana com a vitória na Antuérpia-1920 com 14,81 m. Mas John Kuck venceu em Amsterdã-1928 e retomou a hegemonia dos Estados Unidos com 15,87 m, recorde mundial. Leo Sexton venceu em casa em Los Angeles-1932 com 16,005 m, sendo o primeiro a arremessar acima dos 16 m em uma Olimpíada.
Após a 2ª Guerra, os americanos seguiram dominando, levando ouro e prata em seis Olimpíadas seguidas e, em três ocasiões, fechando o pódio. Em Londres-1948, Wilbur Thompson ficou com o ouro com 17,12 m, melhorando o recorde olímpico em quase um metro. Curioso que o recordista mundial da época, o americano Charlie Fonville, não conseguiu vaga na forte equipe americana. Parry O’Brien também conquistou o bicampeonato olímpico, vencendo em Helsinque-1952 com 17,41 m e em Melbourne-1956 com 18.57 m e quebrando 10 vezes o recorde mundial na carreira.
As marcas seguiram subindo e Bill Nieder venceu em Roma-1960 com 19.68 m. Nieder havia batido o recorde mundial algumas semanas antes dos Jogos em 1960 com 20,06 m, se tornando o primeiro a passar dos 20 m. Esta marca foi alcançada nos Jogos na competição seguinte, em Tóquio-1964, onde Dallas Long venceu com 20,33 m.
Força do leste europeu
O polonês Wladyslaw Komar quebrou mais uma sequência americana ao vencer em Munique-1972 com 21,18 m, obtidos no primeiro arremesso da disputadíssima final, contra 21,17 m do americano George Woods e 21,14 m dos alemães orientais Hartmut Briesenick, bronze, e Hans-Peter Gies, 4º colocado. O soviético Aleksandr Baryshnikov bateu o recorde olímpico na qualificação em Montreal-1976 com 21,32 m, mas ficou apenas com o bronze com 21,00 m, contra 21,05 m do campeão alemão oriental Udo Beyer e 21,03 m do soviético Yevgeny Mironov, prata.
A final de Seul-1988 contou com uma apresentação espetacular do alemão oriental Ulf Timmermann. Recordista mundial com 23,06 m, ele bateu três vezes o recorde olímpico na final, todos acima dos 22 m. Na última rodada, o americano Randy Barnes fez 22,39 m, assumindo a liderança. Mas, mesmo com toda a pressão, Timmermann melhorou a marca para 22,47 m e ficou com o ouro. Em 1990, Barnes bateu o recorde mundial que dura até hoje com 23,12 m, mas não conseguiu se classificar para os Jogos de Barcelona-1992. Em compensação ele foi para Atlanta-1996, onde venceu com 21,62 m, obtidos no seu último arremesso. Ele estava em 6º antes dessa tentativa.
Século 21
O americano Adam Nelson venceu em Atenas-2004 com 21,16 m, seu único arremesso válido na final, obtido na 1ª tentativa. Esta prova aconteceu em Olímpia, berço dos Jogos e local onde as tochas são acesas. O polonês Tomasz Majewski foi campeão em Pequim-2008 com 21,51 m e brilhou novamente em Londres-2012, numa decisão emocionante. O alemão David Storl, campeão mundial em 2011 e 2013, abriu a final com 21,84 m e melhorou para 21,86 m. Mas, na 3ª rodada, Majewski fez 21,87 m e na última tentativa conseguiu 21,89 m para assegurar o bi.
Nos Jogos Olímpicos Rio-2016, o americano Ryan Crouser fez uma final excelente com três arremessos acima dos 22 m e venceu com 22,52 m, recorde olímpico. Em Tóquio-2020, o atleta dos Estados Unidos chegou ao bicampeonato com a marca de 23,30 m. A exemplo do que aconteceu no Brasil, as medalhas de prata e bronze ficaram, respectivamente, para o também americano Joe Kovacs e o neozelandês Tom Walsh.
Medalhistas do arremesso de peso masculino nos Jogos Olímpicos
Jogos | Ouro | Prata | Bronze | |||
Atenas 1896 | Bob Garrett | USA | Miltiadis Gouskos | GRE | Georgios Papasideris | GRE |
Paris 1900 | Dick Sheldon | USA | Josiah McCracken | USA | Bob Garrett | USA |
St. Louis1904 | Ralph Rose | USA | Wesley Coe | USA | Lawrence Feuerbach | USA |
Atenas 1906 | Martin Sheridan | USA | Mihály Dávid | HUN | Eric Lemming | SWE |
Londres 1908 | Ralph Rose | USA | Denis Horgan | GBR | Johnny Garrels | USA |
Estocolmo 1912 | Pat McDonald | USA | Ralph Rose | USA | Larry Whitney | USA |
Antuérpia 1920 | Ville Pörhölä | FIN | Elmer Niklander | FIN | Harry Liversedge | USA |
Paris 1924 | Bud Houser | USA | Glenn Hartranft | USA | Ralph Hills | USA |
Amsterdan 1928 | Johnny Kuck | USA | Herman Brix | USA | Emil Hirschfeld | GER |
Los Angeles 1932 | Leo Sexton | USA | Harlow Rothert | USA | František Douda | TCH |
Berlim 1936 | Hans Woellke | GER | Sulo Bärlund | FIN | Gerhard Stöck | GER |
Londres 1948 | Wilbur Thompson | USA | Jim Delaney | USA | Jim Fuchs | USA |
Helsinque 1952 | Parry O’Brien | USA | Darrow Hooper | USA | Jim Fuchs | USA |
Melbourne 1956 | Parry O’Brien | USA | Bill Nieder | USA | Jiří Skobla | TCH |
Roma 1960 | Bill Nieder | USA | Parry O’Brien | USA | Dallas Long | USA |
Tóquio 1964 | Dallas Long | USA | Randy Matson | USA | Vilmos Varjú | HUN |
Cidade do México 1968 | Randy Matson | USA | George Woods | USA | Eduard Gushchin | URS |
Munique 1972 | Władysław Komar | POL | George Woods | USA | Hartmut Briesenick | GDR |
Montreal 1976 | Udo Beyer | GDR | Yevgeny Mironov | URS | Aleksandr Baryshnikov | URS |
Moscou 1980 | Vladimir Kiselyov | URS | Aleksandr Baryshnikov | URS | Udo Beyer | GDR |
Los Angeles 1984 | Alessandro Andrei | ITA | Mike Carter | USA | Dave Laut | USA |
Seul 1988 | Ulf Timmermann | GDR | Randy Barnes | USA | Werner Günthör | SUI |
Barcelona 1992 | Mike Stulce | USA | Jim Doehring | USA | Vyacheslav Lykho | EUN |
Atlanta 1996 | Randy Barnes | USA | John Godina | USA | Oleksandr Bahach | UKR |
Sydney 2000 | Arsi Harju | FIN | Adam Nelson | USA | John Godina | USA |
Atenas 2004 | Adam Nelson | USA | Joachim Olsen | DEN | Manuel Martínez | ESP |
Pequim 2008 | Tomasz Majewski | POL | Christian Cantwell | USA | Dylan Armstrong | CAN |
Londres 2012 | Tomasz Majewski | POL | David Storl | GER | Reese Hoffa | USA |
Rio 2016 | Ryan Crouser | USA | Joe Kovacs | USA | Tom Walsh | NZL |
Tóquio 2020 | Ryan Crouser | USA | Joe Kovacs | USA | Tom Walsh | NZL |
Quadro de medalhas do arremesso de peso masculino nos Jogos Olímpicos
País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
Estados Unidos | 20 | 21 | 12 | 53 |
Polônia | 3 | 0 | 0 | 3 |
Finlândia | 2 | 2 | 0 | 4 |
Alemanha Oriental | 2 | 0 | 2 | 4 |
União Soviética | 1 | 2 | 2 | 5 |
Alemanha | 1 | 1 | 2 | 4 |
Itália | 1 | 0 | 0 | 1 |
Grécia | 0 | 1 | 1 | 2 |
Hungria | 0 | 1 | 1 | 2 |
Dinamarca | 0 | 1 | 0 | 1 |
Grã-Bretanha | 0 | 1 | 0 | 1 |
Tchecoslováquia | 0 | 0 | 2 | 2 |
Nova Zelândia | 0 | 0 | 2 | 2 |
Canadá | 0 | 0 | 1 | 1 |
Espanha | 0 | 0 | 1 | 1 |
Suécia | 0 | 0 | 1 | 1 |
Suíça | 0 | 0 | 1 | 1 |
Ucrânia | 0 | 0 | 1 | 1 |
Equipe Unificada | 0 | 0 | 1 | 1 |
A prova
Arremesso de peso é uma modalidade olímpica de atletismo, onde os atletas competem para arremessar uma bola de metal o mais longe possível. As qualidades principais do atleta campeão são a força e a aceleração. Ao contrário do lançamento de dardo, lançamento de martelo e lançamento de disco, este esporte é chamado oficialmente de arremesso devido ao fato do peso ser empurrado e os demais serem projetados com características diferentes.
A bola oficial masculina tem uma massa de 7,26 kg e é geralmente feita de bronze ou ferro fundido e chumbo, possuindo cerca de 12 cm de diâmetro. Na categoria feminina ela pesa 4 kg e o seu diâmetro é de 9 cm aproximadamente.
O arremessador tem uma área restrita circular de diâmetro 2,135 m (7 pés) para se locomover, com um anteparo semicircular de concreto ou madeira de 10 cm de altura no limite frontal dela; no início do lançamento, o peso deve estar colocado entre o ombro e o pescoço do atleta e arremessado com as pontas dos dedos, e não com a palma da mão.
Durante o lançamento, o atleta deve rodar sobre si mesmo e arremessar (técnica com giro). A marca obtida em cada arremesso é medida a partir do primeiro lugar onde o peso bate no chão, dentro de um setor pré-determinado com 35° de abertura; o atleta não pode tocar no anteparo do chão, nem ultrapassá-lo com o pé e o arremesso deve ser sempre feito numa linha acima do ombro. Caso ele deixe o círculo antes do peso tocar o solo ou se retirar dele pela frente ou pelo lado, o arremesso é invalidado.
Número de arremessos
Em competições oficiais, se houver até oito competidores participando, cada atleta tem direito a seis lançamentos. Mas, quando há mais de oito, cada um tem direito a três lançamentos e somente os oito primeiros fazem mais três lançamentos. A posição na classificação é determinada pela distância obtida no maior arremesso válido; em, caso de empate, vale a segunda maior marca do atleta.
A técnica do giro, a mais usada atualmente, em que o atleta faz o movimento giratório com o corpo semelhante ao lançamento de disco conseguindo maior impulsão, foi primeiramente usada pelo soviético Aleksandr Baryshnikov no começo da década de 1970, depois de criada por seu técnico Viktor Alexeyev; com ela, Baryshnikov conquistou o recorde mundial da modalidade em 1976, fazendo a marca de 22,00 metros.