Arremesso de peso feminino
Arremesso de peso feminino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil em Paris-2024
Ana Caroline Silva é a representante do Brasil no arremesso de peso feminino dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Ela não fez o índice de 18,80 m, mas garantiu a classificação para disputar sua primeira Olimpíada através do ranking mundial. Aos 25 anos de idade, Ana é dona da terceira melhor marca brasileira de todos os tempos nesta prova: 18,46 m, estabelecido em 2022, quando competia pela Universidade da Geórgia, da NCAA.
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Ela foi quinta colocada nos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023 e não passou da qualificatórias nos Mundiais de Budapeste e de Eugene, que aconteceram nos dois últimos anos. Na atual temporada, Ana venceu o Troféu Brasil de Atletismo com 17,89 m, sua melhor marca pessoal nos últimos dois anos. O registro a coloca apenas na 50ª posição no ranking da temporada. Para pegar uma final em Paris, a atleta precisará marcar em torno de 18,50 m.
As favoritas
A estadunidense Chase Jackson é a principal favorita ao ouro do arremesso de peso feminino dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Ela chega com o status de atual bicampeã mundial, após conquistas em Eugene-2022 e Budapeste-2023. Quem também vai lutar pelo topo do pódio é a chinesa Gong Lijiao, que é a atual campeã olímpica. Ela, aliás, tem um extenso currículo, que envolvem prata em Londres-2012 e bronze em Pequim-2008, além de oito medalhas em Mundiais, sendo uma prata em 2022 e um bronze em 2023.
Outro grande nome do arremesso de peso feminino é a canadense Sarah Mitton, que foi vice-campeã mundial no ano passado e campeã do Mundial Indoor deste ano. Além disso, ela é dona da melhor marca da temporada, com 20,68 m, que também é o terceiro melhor registro do mundo nos últimos três anos. Outro nome a ficar de olho é a holandesa Jessica Schilder, que foi bronze no Mundial de Eugene, em 2022, e sagrou-se bicampeã europeia no mês de junho.
O Brasil no arremesso de peso feminino nos Jogos Olímpicos
Elizabeth Müller foi a primeira brasileira a competir no arremesso de peso, logo na primeira edição, em Londres-1948. Ela ficou em 13º lugar na qualificação com 11,87 m e não se classificou pra final.
O Brasil só voltou a ter uma atleta na prova com Elisângela Adriano em Atlanta-1996, que ficou em 21º lugar na qualificação com 16,49 m. Elisângela voltou aos Jogos em Atenas-2004, ficando em 18º lugar na quali com 17,44 m.
Geisa Arcanjo competiu em Londres-2012. Na qualificação, ficou em 11º com 18,47 m e melhorou na final, terminando em 8º com 19,02 m. Duas atletas foram desclassificadas por doping depois e Geisa subiu para a 6ª colocação. Ela voltou a competir no Rio-2016 pegando mais uma final. Foi 7ª na qualificação com 18,27 m e 9ª na final com 18,16 m. Em sua última Olimpíada, em Tóquio-2020, teve apenas uma tentativa válida na qualificatória, de 16,46 m e não passou para a final, terminando em 30º.
Histórico do arremesso de peso feminino nos Jogos Olímpicos
A prova fez sua estreia olímpica após a 2ª Guerra, em Londres-1948 e foi vencida pela francesa Micheline Ostermeyer, com 13,75 m na final. Curiosamente, no mesmo dia desta prova, a soviética Tatyana Sevryukova bateu o recorde mundial em Moscou com 14,59 m. Ostermeyer foi a primeira atleta a vencer o peso e o lançamento de disco numa mesma Olimpíada.
Quatro ouros soviéticos vieram na sequência, com Galina Zybina em Helsinque-1952, com recorde mundial de 15,28 m, com Tamara Tyshkevich em Melbourne-1956 com 16,59 m, prata para Zybina, e duas vitórias seguidas de Tamara Press, em Roma-1960 com 17,32 m e em Tóquio-1964 com 18.14 m. Press também levou o ouro no lançamento de disco em 1964, a segunda da história a realizar o feito.
As marcas da prova foram subindo rapidamente. Zybina quebrou a marca oito vezes entre 1952 e 1956 e Press seis vezes entre 1959 e 1965.
O ouro na Cidade do México-1968 ficou com a alemã oriental Margitta Gummel. Ela havia batido o recorde mundial um mês antes dos Jogos e na prova olímpica repetiu o feito duas vezes, com 19,07 m na 3ª tentativa e 19,61 m na 5ª.
A soviética Nadezhda Chizhova era a campeã europeia, mas acabou com o bronze nesta prova com 18,19 m. Ela venceu mais três vezes o Europeu e as marcas dispararam. Chizhova foi ouro em Munique-1972 com a excelente marca de 21,03 m, seu 7º recorde mundial. Em Montreal-1976, Chizhova perdeu a final para a búlgara Ivanka Khristova, que venceu com 21,16 m contra 20,96 m da soviética.
Já em Moscou-1980, a vitória foi da alemã oriental Ilona Slupianek com inacreditáveis 22,41 m, ficando a apenas 4 cm do seu próprio recorde mundial batido dois meses antes. Já em Los Angeles-1984, a vitória foi da alemã ocidental Claudia Losch, com 20.48 m.
A soviética Natalya Lisovskaya subiu um pouco mais o nível da prova batendo mais três vezes o recorde mundial, até chegar em 22,63 m em 1987, uma marca inalcançável nos dias de hoje. Lisovskaya levou o ouro em Seul-1988 com 22,24 m. Ela se casou com Yuriy Sedykh, que é a recordista mundial do lançamento de martelo.
Após essa leva de grandes arremessadoras, as marcas caíram e eram raros os arremessos acima de 20 m. A alemã Astrid Kumbernuss foi campeã mundial em 1995, depois levou o ouro em Atlanta-1996 com 20.56 m e ainda faturou mais dois títulos mundiais em 1997 e 1999. Em Sydney-2000, o ouro foi para a bielorrussa Yanina Korolchik com 20,56 m, enquanto Kumbernuss ficou com o bronze.
Em Atenas-2004, o ouro no campo ficou com a russa Irina Korzhanenko com 21,06 m, mas cinco dias depois ela foi pega no antidoping e foi banida do esporte pro resto da vida. A medalha ficou com a cubana Yumileidi Cumbá com 19,59 m.
A neozelandesa Valerie Adams venceu seu primeiro Mundial em 2007 e levou o ouro em Pequim-2008 com 20,56 m, seguida de duas bielorrussas que foram desclassificadas por doping oito anos depois. Adams venceu mais dois mundiais em 2009 e 2011 e faturou o bicampeonato olímpico em Londres-2012 com 20,70 m. Só que o bi só veio uma semana depois da final, já que a bielorrussa Nadzeya Ostapchuk, que havia vencido com 21,36 m, foi pega no doping. Adams venceria seu quarto título mundial com o ouro em 2013, em Moscou.
Uma lesão a tirou do Mundial de 2015, mas voltou com força em 2016. Na Rio-2016, Adams foi a melhor na qualificação e ia para o tricampeonato olímpico com 20,42 m obtidos na 2ª tentativa. Só que na última rodada, a americana Michelle Carter tirou um 20,63 m do bolso e roubou a liderança da neozelandesa, que tinha uma última chance. Adams tentou, mas fez 20,39 m e acabou com a prata.
Em Tóquio-2020, a chinesa Gong Lijiao confirmou seu favoritismo após chegar como a atual campeã mundial e conquistou a medalha de ouro na capital francesa, marcando 20,58 m. A estadunidense Raven Saunders foi prata com 19,79 m, enquanto Valerie Adams fechou sua carreira com um bronze, ao anotar 19,62 m.
Medalhistas no arremesso de peso feminino dos Jogos Olímpicos
Jogos | Ouro | Prata | Bronze | |||
Londres 1948 | Micheline Ostermeyer | FRA | Amelia Piccinini | ITA | Ine Schäffer | AUT |
Helsinque 1952 | Galina Zybina | URS | Marianne Werner | GER | Klavdiya Tochonova | URS |
Montreal 1956 | Tamara Tyshkevich | URS | Galina Zybina | URS | Marianne Werner | GER |
Roma 1960 | Tamara Press | URS | Johanna Lüttge | GER | Earlene Brown | USA |
Tóquio 1964 | Tamara Press | URS | Renate Garisch-Culmberger | GER | Galina Zybina | URS |
Cidade do México 1968 | Margitta Gummel | GDR | Marita Lange | GDR | Nadezhda Chizhova | URS |
Munique 1972 | Nadezhda Chizhova | URS | Margitta Gummel | GDR | Ivanka Khristova | BUL |
Montreal 1976 | Ivanka Khristova | BUL | Nadezhda Chizhova | URS | Helena Fibingerová | TCH |
Moscou 1980 | Ilona Slupianek | GDR | Esfir Krachevskaya | URS | Margitta Pufe | GDR |
Los Angeles 1984 | Claudia Losch | FRG | Mihaela Loghin | ROU | Gael Martin | AUS |
Seul 1988 | Nataliya Lisovskaya | URS | Kathrin Neimke | GDR | Li Meisu | CHN |
Barcelona 1992 | Svetlana Krivelyova | EUN | Huang Zhihong | CHN | Kathrin Neimke | GER |
Atlanta 1996 | Astrid Kumbernuss | GER | Sui Xinmei | CHN | Irina Khudoroshkina | RUS |
Sydney 2000 | Yanina Karolchyk | BLR | Larisa Peleshenko | RUS | Astrid Kumbernuss | GER |
Atenas 2004 | Yumileidi Cumbá | CUB | Nadine Kleinert | GER | — | — |
Pequim 2008 | Valerie Vili | NZL | Misleydis González | CUB | Gong Lijiao | CHN |
Londres 2012 | Valerie Adams | NZL | Gong Lijiao | CHN | Li Ling | CHN |
Rio 2016 | Michelle Carter | USA | Valerie Adams | NZL | Anita Márton | HUN |
Tóquio 2020 | Gong Lijiao | CHN | Rauven Saunders | USA | Valerie Adams | NZL |
Quadro de medalhas do arremesso de peso feminino nos Jogos Olímpicos
País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
União Soviética | 6 | 3 | 3 | 12 |
Alemanha Oriental | 2 | 3 | 1 | 6 |
Nova Zelândia | 2 | 1 | 1 | 4 |
Alemanha | 1 | 4 | 3 | 8 |
China | 1 | 3 | 3 | 7 |
Estados Unidos | 1 | 1 | 1 | 3 |
Cuba | 1 | 1 | 0 | 2 |
Bulgária | 1 | 0 | 1 | 2 |
Belarus | 1 | 0 | 0 | 1 |
França | 1 | 0 | 0 | 1 |
Equipe Unificada | 1 | 0 | 0 | 1 |
Alemanha Ocidental | 1 | 0 | 0 | 1 |
Rússia | 0 | 1 | 1 | 2 |
Itália | 0 | 1 | 0 | 1 |
Romênia | 0 | 1 | 0 | 1 |
Austrália | 0 | 0 | 1 | 1 |
Áustria | 0 | 0 | 1 | 1 |
Tchecoslováquia | 0 | 0 | 1 | 1 |
Hungria | 0 | 0 | 1 | 1 |
A prova
Arremesso de peso é uma modalidade olímpica de atletismo, onde os atletas competem para arremessar uma bola de metal o mais longe possível. As qualidades principais do atleta campeão são a força e a aceleração. Ao contrário do lançamento de dardo, lançamento de martelo e lançamento de disco, este esporte é chamado oficialmente de arremesso devido ao fato do peso ser empurrado e os demais serem projetados com características diferentes.
A bola oficial masculina tem uma massa de 7,26 kg e é geralmente feita de bronze ou ferro fundido e chumbo, possuindo cerca de 12 cm de diâmetro. Na categoria feminina ela pesa 4 kg e o seu diâmetro é de 9 cm aproximadamente.
O arremessador tem uma área restrita circular de diâmetro 2,135 m (7 pés) para se locomover, com um anteparo semicircular de concreto ou madeira de 10 cm de altura no limite frontal dela; no início do lançamento, o peso deve estar colocado entre o ombro e o pescoço do atleta e arremessado com as pontas dos dedos, e não com a palma da mão. Durante o lançamento, o atleta deve rodar sobre si mesmo e arremessar (técnica com giro). A marca obtida em cada arremesso é medida a partir do primeiro lugar onde o peso bate no chão, dentro de um setor pré-determinado com 35° de abertura; o atleta não pode tocar no anteparo do chão, nem ultrapassá-lo com o pé e o arremesso deve ser sempre feito numa linha acima do ombro. Caso ele deixe o círculo antes do peso tocar o solo ou se retirar dele pela frente ou pelo lado, o arremesso é invalidado.
Em competições oficiais, se houver até oito competidores participando, cada atleta tem direito a seis lançamentos. Quando há mais de oito, cada um tem direito a três lançamentos e somente os oito primeiros fazem mais três lançamentos. A posição na classificação é determinada pela distância obtida no maior arremesso válido; em, caso de empate, vale a segunda maior marca do atleta.
A técnica do giro, a mais usada atualmente, em que o atleta faz o movimento giratório com o corpo semelhante ao lançamento de disco conseguindo maior impulsão, foi primeiramente usada pelo soviético Aleksandr Baryshnikov no começo da década de 1970, depois de criada por seu técnico Viktor Alexeyev; com ela, Baryshnikov conquistou o recorde mundial da modalidade em 1976, fazendo a marca de 22,00 metros.