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800 m feminino

Flávia Maria de Lima reprensentará o Brasil nos 800 m (Wagner Carmo/CBAt)

Chances do Brasil em Paris-2024

Flávia Maria de Lima representará o Brasil nos 800 m feminino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. A atleta fez o seu melhor tempo em 2015, em Toronto (CAN) com 2m00s40. No Mundial de 2023, a brasileira ficou na 17ª colocação nas semifinais, com o tempo de 2m00s77.

Flávia é a 41ª do ranking mundial nos 800 m feminino. Com tudo isso posto, a brasileira irá brigar pela vaga nas semifinais, não muito mais do que isso. Caso, por algum motivo, Flávia Maria chegue nas finais será uma surpresa.

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As favoritas em Paris-2024

Mary Moraa chega nos Jogos com a top-1 do mundo (Getty Images)

Nada mais justo do que começar falando sobre a top-1 do ranking mundial, a queniana Mary Moraa. Em Tóquio-2020, Moraa acabou não chegando nas finais, ficando em 3º na sua bateria das semis. No Mundial de 2022, a queniana subiu seu nível, ficando com a medalha de bronze, com o tempo de 1m56s71. Por fim, em 2023, Mary Moraa ficou com o ouro no Mundial de Budapeste, após chegar no tempo de 1m56s03, fazendo o seu melhor tempo da carreira.

A americana Athing Mu está na cola da queniana. Athing, que é a 8ª do ranking, é a atual ouro olímpica, onde bateu o recorde nacional, fazendo 1m55s21, e também levou o ouro no Mundial de 2022, mas dessa vez com 1m56s30. Por fim, a americana ainda levou o bronze do Mundial de 2023 para casa.

Outra atleta dos 800 m feminino que deve ser acompanhada de perto é a britânica Keely Hodgkinson, que vem sendo vice em tudo que é possível. Para começar, a atleta ficou com a prata em Tóquio-2020, feito que se repetiu nos Mundiais de 2022 e 2023. E, como se não bastasse, a britânica ainda é a 2ª do ranking mundial. Brincadeiras à parte, Keely é, com todo certeza, uma das favoritas ao ouro nos Jogos.

O Brasil nos Jogos

(Divulgação)

A primeira brasileira a competir os 800 m feminino foi Soraya Telles, apenas em Seul-1988. Na primeira rodada ela ficou em 3º lugar na sua bateria com 2:02.48, mas na semifinal acabou em 6º com 2:01.86, sem passar para a decisão.

Luciana Mendes esteve em Atlanta-1996. Ela ficou em 3º lugar na sua bateria com 2:00.25, mas não passou para as semifinais por uma posição, por 0.07. Após ficar de fora dos Jogos de Sydney, ela voltou a competir em Atenas-2004. Ficou em 4º lugar na sua bateria eliminatória com 2:01.36, passando para a semifinal, onde acabou em 7º lugar com 2:02.00, fora da final.

No Rio-2016, Flávia Maria de Lima conseguiu a vaga, mas acabou em último na sua bateria eliminatória com 2:03.78, longe das semifinais. Contudo, em Tóquio-2020, nenhuma brasileira conseguiu se classificar na categoria.

Histórico

O país com o maior número de ouros e de medalhas no geral nos 800 m feminino é a extinta União Soviética, com três ouros, duas pratas e um bronze. Logo em seguida, os EUA estão na cola do seu antigo rival depois que venceram em Tóquio-2020, com dois ouros, uma prata e dois bronze. Quem fecha o pódio é a Grã-Bretanha, que possui dois ouros e uma prata também, mas com apenas um bronze.

Os 800 m feminino tiveram sua estreia olímpica em Amsterdã-1928, os primeiros jogos com disputa das mulheres no atletismo. 25 mulheres competiram e a primeira vitória ficou com a alemã Lina Radke, com 2:16.8. Uma das pioneiras do atletismo feminino, ela quebrou o recorde mundial três vezes, sendo a última na final olímpica. Depois disso, a prova saiu do programa olímpico e só voltou em Roma-1960. O ouro ficou com a soviética Lyudmila Lysenko com 2:04.50, mais um recorde mundial.

Ouro por amor

A britânica Ann Packer havia ficado com a prata nos 400 m em Tóquio-1964 e viu seu noivo, Robbie Brightwell, terminar sem medalha, em 4º, também nos 400 m. Ela decidiu correr os 800 m por ele, uma prova que só tinha feito cinco vezes antes dos Jogos. Na primeira rodada, pegou a última vaga da sua bateria pra semi, onde ficou em 3º na sua prova e avançou para a final. Na marca de 600 m, Packer estava em 6º e com um sprint final, passou a francesa Maryvonne Dupureur para ficar com o ouro com recorde mundial de 2:01.1.

Primeira abaixo dos 2 minutos

A alemã ocidental Hildegard Falck havia se tornado a primeira mulher a baixar da marca de dois minutos na prova em 1971. Ela chegou em Munique-1972 para competir em casa como a grande favorita e não decepcionou. Ela largou mais lenta que as adversárias, se segurando. Com 500 m de prova, começou a acelerar, mas ficou atrás de três atletas. Na última curva, passou todas e cruzou em primeiro com 1:58.55, a primeira a baixar dos 2 min nos Jogos. As cinco primeiras, aliás, baixaram da marca.

Hildegard FalckHildegard Falck, da Alemanha Ocidental, se tornou a primeira a baixar a casa dos 2 minutos na prova (Getty Images)

Os tempos despencaram em Montreal-1976 e já teve tempos abaixo dos 2min logo na primeira rodada. A alemã oriental Anita Weiss marcou o excelente tempo de 1:56.53 na semi, mas na final, nem pegou medalha. O ouro foi da soviética Tatyana Kazankina com 1:54.94, mais um recorde mundial. Ela venceria alguns dias depois também os 1.500 m. Em casa, as soviéticas dominaram o pódio de Moscou-1980, com vitória de Nadezhda Olizarenko. Ela havia quebrado o recorde mundial no mês anterior aos Jogos, também em Moscou, e na final olímpica venceu com 1:53.5, mais um recorde mundial.

Recorde mundial

Em 1983, a tchecoslovaca Jarmila Kratochvilova estabeleceu nova marca mundial, com 1:53.28, recorde que dura até hoje, e venceu o primeiro mundial em Helsinque. Mas por conta do boicote, ela não competiu em Los Angeles-1984, onde a vitória foi para a romena Doina Melinte, com 1:57.60.

Jarmila KratochvilovaA tcheca Jarmila Kratochvilova é dona do recorde mundial dos 800 m feminino desde 1983 (Reprodução/Eurosport)

Campeã mundial em 1987, a alemã oriental Sigrun Wodars repetiu o feito em Seul-1988 com 1:56.10. Já em Barcelona-1992, o ouro ficou com a holandesa Ellen van Langen, a primeira de seu país nas pistas desde 1948. Em uma fortíssima decisão, van Langen marcou 1:55.54 para ficar com o ouro.

A cubana Ana Fidelia Quirot foi campeã mundial em 1995, mas perdeu a final de Atlanta-1996 para a russa Svetlana Masterkova, campeã com 1:57.73.

Ouro moçambicano

Bronze em Atlanta, a moçambicana Maria de Lurdes Mutola é um dos maiores nomes da história da prova. Ela venceu o Mundial pela primeira vez em 1993 e brilhou em Sydney-2000 conquistando o primeiro e até hoje único ouro de seu país na história dos Jogos, com 1:56.15. Mutola venceu os Mundiais de 2001 e 2003 e faturou os 800 m no Mundial indoor por inigualáveis sete vezes, a primeira delas em 1993 e a última em 2006. Encerrou sua carreira com o 5º lugar nos Jogos de Pequim-2008.

A queniana Pamela Jelimo teve uma carreira curta, cheia de lesões, mas deixou sua marca na história. Aos 17 anos, ela teve um ano de 2008 incrível, quando venceu tudo em que competiu. Foi ouro no campeonato africano, venceu todas as seis provas da Liga de Ouro e foi ouro em Pequim-2008, o primeiro ouro feminino da história do Quênia.

A vitória em solo chinês foi com o tempo de 1:54.82, 8ª tempo da história na época. 11 dias depois, Jelimo venceria a etapa de Zurique da Liga de Ouro com 1:54.01, o 3º melhor tempo da história. Com problemas no tendão de Aquiles, não terminou a semifinal do Mundial de 2009. Voltou em 2012, com o ouro no Mundial indoor e em Londres-2012 ficou na 4ª colocação, mas com a desclassificação posterior da russa Mariya Savinova, herdou o bronze.

A queniana teve uma carreira curta, mas muito vencedora (Divulgação)

Caster Semenya

Logo após Pequim, surge o nome da sul-africana Caster Semenya. Ela venceu os Mundiais de Berlim-2009 e de Daegu-2011 e era a favorita para vencer em Londres-2012. O ouro na ocasião com 1:56.19 foi da russa Mariya Savinova, que acabou perdendo a medalha por doping e Semenya herdou a medalha com 1:57.23. Semenya é intersexo, com cromossomos XY, e possui níveis de testosterona naturalmente altos, o que a coloca no meio da discussão sobre gênero no esporte.

Na Rio-2016, Semenya foi ouro com 1:55.28 se tornando a única da história com dois ouros na prova, apesar de só ter vencido na pista uma vez. A sul-africana ainda venceu o Mundial de 2017 em Londres, conquistou dois ouros nos Jogos da Comunidade Britânica em 2018 e dois ouros no campeonato africano. Em 2019, a Federação Internacional mudou as regras sobre testosterona, o que impede Semenya de competir nos 400 m, 800 m e 1.500 m.

Em Tóquio-2020, os Estados Unidos voltaram a ficar com a medalha de ouro após 58 anos, com Athing Mu, que fez a prova em 1m55s21, estabelecendo assim o recorde nacional. Além da primeira colocação, o bronze também ficou com os ianques, já que Raevyn Rogers quebrou seu recorde pessoal e cruzou a linha de chegada em 1m56s81. A segunda colocação ficou com a britânica Keely Hodgkinson, que quebrou não só o recorde pessoal como também o nacional, com 1m55s88.

As Medalhistas

OlimpíadaOuroPrataBronze
Amsterdã 1928Lina Radke-Batschauer
GER
Kinue Hitomi
JPN
Inga Gentzel
SUE
Roma 1960Liudmyla Lysenko
URS
Brenda Jones
AUS
Ulla Donath
GER
Tóquio 1964Ann Packer
GBR
Maryvonne Dupureur
FRA
Marise Chamberlain
NZL
Cidade do México 1968Madeline Manning
EUA
Ileana Silai
ROU
Mia Gommers
NED
Munique 1972Hildegard Falck
FRG
Nijolė Sabaitė
URS
Gunhild Hoffmeister
GDR
Montreal 1976Tatyana Kazankina
URS
Nikolina Shtereva
BUL
Elfi Zinn
GDR
Moscou 1980Nadiya Olizarenko
URS
Olga Syrovatskaya-Mineyeva
URS
Tatyana Providokhina
URS
Los Angeles 1984Doina Melinte
ROU
Kim Gallagher
EUA
Fița Lovin
ROU
Seul 1988Sigrun Wodars
GDR
Christine Wachtel
GDR
Kim Gallagher
EUA
Barcelona 1992Ellen van Langen
NED
Liliya Nurutdinova
EUN
Ana Fidelia Quirot
CUB
Atlanta 1996Svetlana Masterkova
RUS
Ana Fidelia Quirot
CUB
Maria Mutola
MOZ
Sydney 2000Maria Mutola
MOZ
Steffi Graf
AUT
Kelly Holmes
GBR
Atenas 2004Kelly Holmes
GBR
Hasna Benhassi
MAR
Jolanda Čeplak
SLO
Pequim 2008Pamela Jelimo
KEN
Janeth Jepkosgei
KEN
Hasna Benhassi
MAR
Londres2012Caster Semenya
RSA
Yekaterina Poistogova
RUS
Pamela Jelimo
KEN
Rio 2016Caster Semenya
RSA
Francine Niyonsaba
BDI
Margaret Wambui
KEN
Tóquio-2020Athing Mu
EUA
Keely Hodgkinson
GBR
Raevyn Rogers
EUA

Quadro de Medalhas

PaísOuroPrataBronzeTotal
União Soviética3216
Estados Unidos2125
Grã-Bretanha2114
África do Sul2002
Alemanha Oriental1124
Quênia1124
Romênia1113
Federação Russa1102
Alemanha1012
Moçambique1012
Holanda1012
Alemanha Ocidental1001
Cuba0112
Marrocos0112
Austrália0101
Áustria0101
Bulgária0101
Burundi0101
França0101
Japão0101
Equipe Unificada0101
Nova Zelândia0011
Eslovênia0011
Suécia0011

A Prova

800 metros é uma distância olímpica clássica do atletismo, disputada desde os primeiros Jogos Olímpicos realizados em Atenas 1896. Consiste em duas voltas na pista oficial de atletismo, que mede 400 metros. É considerada uma prova de meio-fundo. É uma prova que exige grande capacidade psicológica e mental para suportar e aumentar com eficiência a alta velocidade que a distância exige.

Entre as mulheres, o recorde mundial – 1:53.28 – pertence à tcheca Jarmila Kratochvilova desde 26 de julho de 1983 e é o mais antigo recorde mundial existente no atletismo; o recorde olímpico, da soviética Nadiya Olizarenko – 1:53:43 – de Moscou 1980, se mantém em vigor há 44 anos.