400 m masculino
400 m rasos masculino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil
Os três brasileiros que fizeram índice para os 400 m rasos masculino dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 estão entre os quatro mais rápidos da história do país na prova: Matheus Lima (44s52), Alison dos Santos (44s54) e Lucas Carvalho (44s79). Mais rápido do que eles, apenas o recordista nacional, Sanderlei Parrela, que correu 44s29 em 1999.
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Dono do melhor resultado da história do Brasil nos 400 m rasos masculino em Jogos Olímpicos, quarto lugar em Atlanta-1996, Sanderlei Parrela é técnico de Matheus Lima. O jovem de 21 anos recém-completos fez sua marca pessoal, 44s54, duas vezes em 2024 e segue em franca evolução.
Com esse tempo, ele seria finalista nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 e nos Mundiais de 2022 e 2023. No Mundial de 2022, inclusive, a marca de Matheus Lima daria a ele a medalha de bronze. É possível sonhar com pódio em Paris-2024? Sim, mas vai depender da evolução do atleta até a competição e o quanto a juventude dele vai pesar, já que ele não esteve nos Mundiais de 2022 e 2023.
Incógnita
Já Alison dos Santos é uma incógnita em Paris-2024. A prova dos 400 m rasos não é sua prioridade e ainda é preciso esperar para ver se ele confirma sua participação, já que o calendário de Paris-2024 não ajuda muito a conciliar a competição com os 400 m com barreiras.
Lucas Carvalho, por sua vez, é o mais experiente do trio. Participou dos Jogos Olímpicos de Tóquio e dos Mundiais de 2022 e 2023, mas sequer conseguiu chegar às semifinais nessas competições. Apesar de sua melhor marca, 44s79, ser suficiente para ele ir às finais das três competições, é outro que sofre com a síndrome de não conseguir repetir os melhores resultados fora do país.
Os favoritos
É possível sonhar com bons resultados nos 400 m rasos masculino em Paris-2024 porque trata-se de uma das provas mais abertas da atualidade. Contando as três últimas grandes competições, os Jogos Olímpicos de Tóquio e os Mundiais de 2022 e 2023, sete atletas diferentes subiram ao pódio. O britânico Mathew Hudson-Smith e o granadino Kirani James foram os únicos a ficar duas vezes entre os três primeiros. Mas os campeões foram todos diferentes: Steven Gardiner, de Bahamas, campeão olímpico em 2021, Michael Norman, dos Estados Unidos, ouro em 2022, e Antonio Watson, da Jamaica, vencedor em 2023.
Além disso, uma revelação canadense pode deixar os marmanjos para trás. Christopher Morales-Williams, de apenas 19 anos, marcou 44s04 em maio de 2024, tempo que lhe daria o ouro nos dois últimos Mundiais e a prata em Tóquio.
Já o veterano Kirani James, de 31 anos, campeão olímpico em Londres-2012, tenta subir no pódio pela quarta vez seguida em Jogos Olímpicos. Depois do ouro na capital britânica, ele foi prata na Rio-2016 e bronze em Tóquio-2020.
Histórico
Michael Johnson conquistou o bicampeonato dos 400m masculino dos Jogos Olímpicos (PPP)
Disputada desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos, a prova de 400m masculino é dominada pelos americanos, que venceram 19 das 29 edições e completaram pódio por cinco vezes na história. O primeiro campeão foi o americano Thomas Burke com o tempo de 54s2, quase 11s pior que os tempos atuais. Na Olimpíada de Londres-1908, a final foi extremamente controversa. 37 atletas competiram, mas foi dada apenas a medalha de ouro para o britânico Wyndham Halswelle. Na final, o americano John Carpenter foi desclassificado por uma manobra permitida pelas regras americanas, mas proibida pelas regras britânicas. Foi solicitada uma relargada, mas os finalistas americanos Williams Robbins e John Taylor desistiram de participar como protesto e Halswelle competiu sozinho.
Favorito para vencer os 100m dos Jogos Olímpicos de Paris-1924, o britânico Eric Liddell, missionário cristão, não competiu na prova mais rápida pois as eliminatórias foram disputadas num domingo. Mas ele esteve nos 400m e acabou levando o ouro com 47s6, recorde olímpico.
Dobradinhas da Jamaica
A Jamaica fez duas dobradinhas seguidas após a 2ª Guerra. Arthur Wint venceu na Olimpíada de Londres-1948 e George Rhoden em Helsinque-1952. Herb McKenley foi prata nas duas ocasiões. Depois disso, uma sequência de seis americanos saiu com o ouro. Em Roma-1960, uma final espetacular foi decidida apenas no photo finish. O americano Otis Davis e o alemão Carl Kaufmann empataram com 44.9 (tempos manuais), recorde mundial para ambos, mas Davis chegou levemente a frente com o tempo de 45.07 contra 45.08 de Kaufmann. Na Cidade do México-1968, pódio todo americano liderado por Lee Evans com novo recorde mundial de 43.86.
O cubano Alberto Juantorena levou o ouro nos 400m e 800m em Montreal-1976 (Olympic Channel)
Apenas nos Jogos Olímpicos de Montreal-1976 que o cubano Alberto Juantorena quebrou a sequência americana vencendo com 44.26. Juantorena ainda venceria os 800m na mesma edição, um fato único na história olímpica.
Hepta dos Estados Unidos
Após o boicote americano na Olimpíada de 1980, os Estados Unidos dominaram a prova, levando o ouro 7 vezes seguidas, de Los Angeles-1984 até Pequim-2008.
Nesse ínterim, nos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996 foi a vez do americano Michael Johnson brilhar e levar o ouro com 43.49, quase 1s a frente do britânico vice campeão Roger Black, com 44.41. Johnson se tornaria o primeiro (e até hoje único) bicampeão olímpico da prova em Sydney-2000 vencendo com 43s84, numa final que teve o brasileiro Sanderlei Parrela em 4º com 45.01.
Na Olimpíada de Atenas-2004 foi a vez do americano Jeremy Warner vencer com 44.00. Ele se tornaria bicampeão mundial vencendo os 400m em 2005 e em 2007. Seu maior rival foi seu compatriota LaShawn Merritt, campeão em Pequim-2008, dono ainda de 2 ouros e 3 pratas em Mundiais na prova.
(Facebook/WorldAthletics)
A sequência americana foi quebrada nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, quando o granadino Kirani James, que vinha do ouro no Mundial de 2011, liderou um pódio todo caribenho com 43s94.
No Rio-2016, o sul-africano Wayde van Niekerk roubou os holofotes no mesmo dia da final dos 100m ao realizar uma prova absolutamente espetacular e vencer com 43s03, novo recorde mundial.
Em Tóquio-2020, a vitória foi de Steven Gardiner, de Bahamas, com Anthony Zambrano, da Colômbia, com a medalha de prata, e Kirani James, de Granada, com o bronze.
Os Medalhistas
Olimpíada | Ouro | Prata | Bronze |
---|---|---|---|
Atenas-1896 | Thomas Burke USA | Herbert Jamison USA | Charles Gmelin GBR |
Paris-1900 | Maxie Long USA | William Holland USA | Ernst Schultz DEN |
St. Louis-1904 | Harry Hillman USA | Frank Waller USA | Herman Groman USA |
Londres-1908 | Wydnham Halswelle GBR | Sem medalha | Sem medalha |
Estocolmo-1912 | Chalres Reidpath USA | Hanns Braun GER | Edward Lindberg USA |
Antuérpia-1920 | Bevil Rudd RSA | Guy Butler GBR | Nils Engdahl SWE |
Paris-1924 | Eric Liddell GBR | Horatio Fitch USA | Guy Butler GBR |
Amsterdã-1928 | Ray Barbuti USA | James Ball CAN | Joachim Büchner GER |
Los Angeles-1932 | Bill Carr USA | Ben Eastman USA | Alex Wilson CAN |
Berlim-1936 | Archie Williams USA | Godfrey Brown GBR | James LuValle USA |
Londres-1948 | Arthur Wint JAM | Herb McKenley JAM | Mal Whitfield USA |
Helsinque-1952 | George Rhoden JAM | Herb McKenley JAM | Ollie Matson USA |
Melbourne-1956 | Charles Jenkins USA | Karl-Friedrich Haas GER | Voitto Hellstén FIN Ardalion Ignatyev URS |
Roma-1960 | Otis Davis USA | Carl Kaufmann GER | Malcolm Spence RSA |
Tóquio-1964 | Mike LArrabee USA | Wendell Mottley TTO | Andrzej Badenski POL |
Cidade do México-1968 | Lee Evans USA | Larry James USA | Ron Freeman USA |
Munique-1972 | Vincent Matthews USA | Wayne Collett USA | Julius Sang KEN |
Montreal-1976 | Alberto Juantorena CUB | Fred Newhouse USA | Herman Frazier USA |
Moscou-1980 | Viktor Markin URS | Rick Mitchell AUS | Frank Schaffer FRG |
Los Angeles-1984 | Alonzo Babers USA | Gabriel Tiacoh CIV | Antonio McKay USA |
Seul-1988 | Steve Lewis USA | Butch Reynolds USA | Danny Everett USA |
Barcelona-1992 | Quincy Watts USA | Steve Lewis USA | Samson Kitur KEN |
Atlanta-1996 | Michael Johnson USA | Roger Black GBR | Davis Kamoga UGA |
Sydney-2000 | Michael Johnson USA | Alvin Harrison USA | Gerg Haughton JAM |
Atenas-2004 | Jeremy Warner USA | Otis Harris USA | Derrick Brew USA |
Pequim-2008 | LaShawn Merritt USA | Jeremy Wariner USA | Davis Neville USA |
Londres-2012 | Kirani James GRN | Luguelin Santos DOM | Lalonde Gordon TTO |
Rio-2016 | Wayde van Niekerk RSA | Kirani James GRN | LaShawn Merritt USA |
Tóquio-2020 | Steven Gardiner BAH | Anthony Zambrano COL | Kirani James GRN |
Quadro de Medalhas
C | País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
---|---|---|---|---|---|
1 | Estados Unidos | 19 | 13 | 12 | 44 |
2 | Grã-Bretanha | 2 | 3 | 2 | 7 |
3 | Jamaica | 2 | 2 | 1 | 5 |
4 | África do Sul | 2 | 0 | 2 | 3 |
5 | Granada | 1 | 1 | 1 | 3 |
6 | União Soviética | 1 | 0 | 1 | 2 |
7 | Cuba | 1 | 0 | 0 | 1 |
7 | Bahamas | 1 | 0 | 0 | 1 |
9 | Alemanha | 0 | 3 | 1 | 4 |
10 | Canadá | 0 | 1 | 1 | 2 |
10 | Trinidad & Tobago | 0 | 1 | 1 | 2 |
12 | Austrália | 0 | 1 | 0 | 1 |
12 | Colômbia | 0 | 1 | 0 | 1 |
12 | Costa do Marfim | 0 | 1 | 0 | 1 |
12 | República Dominicana | 0 | 1 | 0 | 1 |
16 | Quênia | 0 | 0 | 2 | 2 |
17 | Alemanha Ocidental | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | Dinamarca | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | Finlândia | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | Polônia | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | Suécia | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | Uganda | 0 | 0 | 1 | 1 |
A Prova
A vitória com larga vantagem de Wayde van Niekerk nos 400m dos Jogos Olímpicos do Rio de JaneiroChegada dos 400m na Rio-2016 (Veja)
400 metros rasos é uma modalidade olímpica de atletismo onde os atletas correm uma volta inteira em volta da pista circular padrão do estádio. É a mais longa das provas de velocidade pura.
Os corredores partem de blocos colocados no chão da pista, em uma linha de partida escalonada, de dentro para fora da pista, que compensa o efeito que a curva provoca e garante a mesma distância para todos. Um tempo de reação ao sinal de largada de menos de 0.1s é considerado como largada falsa e o corredor é desclassificado,um competidor também pode ser desclassificado caso pise fora de sua raia. A chegada é feita na meta oficial de acordo com as medições do atletismo