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400 m com barreiras feminino

Chances do Brasil em Paris-2024

Chayenne Pereira, Paris 2024
Chayenne da Silva vai para a sua segunda Olimpíadas em Paris 2024 (Vagner Carmo CBAt)

Chayenne da Silva vai para a sua segunda Olimpíadas na carreira, classifcada para Paris 2024 através do Ranking Olímpico. No entanto, a brasileira está longe das melhores atletas dos 400 m com barreiras feminino. Isso porque ela tem a melhor marca na prova com 55s15, quase cinco segundos atrás do atual recorde mundial feito pela última campeã olímpica Sydney McLaughlin-Levrone (50s65).

Para se ter noção, o pior tempo de corte para as semifinais em Tóquio 2020 foi de 56s83, e a pior marca para avançar à final foi de 54s25. Assim, a brasileira teria de fazer o seu melhor tempo na carreira para sonhar com uma final olímpica, e ainda por cima melhorando em quase um segundo o seu recorde pessoal.

Os favoritos em Paris-2024

Sydney McLaughlin-Levrone é a favorita absoluta nos 400m com barreiras feminino em Paris 2024 (Divulgação)

O domínio nos 400 m com barreiras feminino hoje é praticamente todo das americanas. A campeã olímpica em Tóquio 2020, Sydney McLaughlin-Levrone, dos Estados Unidos, é a grande favorita para levar o ouro em Paris 2024. Durante o ciclo olímpico, ela disputou o Campeonato Mundial dos 400m com barreiras feminino uma vez, em Eugene 2022, e levou o ouro. Além disso McLaughlin-Levrone vai extremamente confiante para Paris. Isso porque ela estabeleceu o novo recorde mundial da prova durante as seletivas olímpicas dos EUA em 30 de junho deste ano, com a marca de 50s65.

Sydney McLaughlin-Levrone ainda carrega no currículo o fato de ter sido a primeira atleta de atletismo a quebrar quatro recordes mundiais no mesmo evento (cinco com o recorde em junho): estabelecendo quatro recordes mundiais durante 13 meses. Ela foi a primeira mulher a quebrar as barreiras de 52 segundos (junho de 2021), 51 segundos (julho de 2022) e 50 segundo (junho de 2024) nos 400 m com barreiras.

Atual medalhista de prata nos 400 m com barreiras feminino e atual campeã mundial na prova (Budapeste 2023), a holandesa Femke Bol é a principal concorrente pelo ouro em Paris 2024. A atleta detém a segunda melhor marca da hitória dos 400m com barreiras feminino, com 51s45. Além disso, ela completou um ciclo olímpico que beira a perfeição. Além do título mundial em 2023, ela ficou com a prata em Eugene 2022. Ademais, foi tricampeã seguida da Diamond League (2021, 2022 e 2023).

Brigam pelo bronze nos 400 m com barreiras feminino, outra estadunidense, Anna Cockrell, que ficou em segundo lugar na seletiva olímpica dos Estados Unidos, atrás apenas Sydney McLaughlin-Levrone, e com uma marca competitiva de 52s64. Na mesma disputa, a americana Jasmine Jones fez 52s77 e ficou no terceiro lugar. A jamaicana Rushell Clayton também é um bom nome nesta briga, tendo vencido a seletiva nacional com o tempo de 52s51.

Brasil nos 400 m com barreiras feminino

Jailma de LimaJailma de Lima competiu em Londres-2012 nos 400m com barreiras, mas não passou das eliminatórias (Divulgação)

A primeira participação olímpica brasileira nos 400 m com barreiras feminino foi em Pequin-2008, com Lucimar Teodoro. Recordista brasileira até hoje, Teodoro foi 6ª na sua bateria eliminatória com 57.68, não passando de fase. Jailma de Lima competiu em Londres-2012, mas com 57.05 foi 7ª na sua bateria eliminatória e ficou fora das semifinais.

Após não ter nenhuma atleta no Rio 2016, Chayenne da Silva voltou a colocar o Brasil nos 400 m com barreiras feminino de Tóquio 2020. Ela se classificou para os Jogos ao quebrar o recorde brasileiro de Lucimar Teodoro, que já durava 12 anos, durante o Campeonato Paulista de 2021, disputado no Centro Olímpico, em São Paulo. Ela fez 55s15, baixando em 69 centésimos a marca anterior, superando o índice de 55s40. No Japão, não fez uma boa prova e ficou em último lugar de sua bateria, com o tempo de 57s55.

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Histórico nos Jogos Olímpicos

Nawal El MoutawakelA marroquina Nawal El Moutawakel é a primeira campeão olímpica da prova (Reprodução)

A prova dos 400 m com barreiras masculino já era disputada nos Jogos Olímpicos desde Paris-1900, mas as mulheres só começaram a competir em alto nível nos fim dos anos 1970, com a inclusão da prova no Europeu de 1978.

A estreia nos Jogos veio apenas em Los Angeles-1984 e a marroquina Nawal El Moutawakel foi a primeira campeã com 54.61 na final, até hoje o único ouro feminino da história de seu país. El Moutawakel se tornou membro do Comitê Olímpico Internacional em 1998 e foi a responsável dentro do COI pelo acompanhamento dos Jogos do Rio-2016.

A australiana Debbie Flintoff-King venceu a prova em Seul-1988, batendo o recorde olímpico nas semifinais e na decisão com 54.00 e 53.17 respectivamente. A alemã oriental Sabine Busch havia vencido o Mundial no ano anterior, mas acabou sem medalha na Coreia do Sul.

Ascenção e queda de Sally Gunnell

A britânica Sally Gunnell dominou a prova nos anos seguintes. Ela venceu em Barcelona-1992 com 53.23, foi campeã mundial em 1993 e europeia em 1994. O título mundial em Stuttgart veio com recorde mundial na final de 52.74. Uma lesão em 1995 praticamente acabou com a carreira da britânica. Ela voltou para defender seu título em Atlanta-1996, mas foi obrigada a abandonar a semifinal no dia de seu 30º aniversário. Sem Gunnell, a vitória em solo americano ficou com a jamaicana Deon Hemmings com 52.82.

Quatro anos depois em Sydney-2000, Hemmings foi derrotada na final para a russa Irina Privalova, que venceu com 53.02 contra 53.45 da jamaicana. Em Atenas-2004, o ouro ficou com a grega Fani Halkia com 52.82, o 6º e último ouro grego desta edição. A grega bateu o recorde olímpico na semifinal com 52.77. No ano anterior, em 2003, a russa Yulia Pechonkina bateu o recorde mundial com 52.34. Com sete medalhas em Mundiais, sendo quatro nesta prova, Pechonkina só disputou uma Olimpíada, ficando em 8º em Atenas.

Deon HemmingsDeon Hemmings, da Jamaica, conquistou um ouro e uma prata na história dos Jogos (Olympic Channel)

Apenas na sua 7ª disputa, em Pequim-2008, um país repetiu o ouro nesta prova. A jamaicana Melaine Walker fez uma belíssima prova e venceu a decisão com recorde olímpico de 52.64, o 4º melhor da história na época. Walker foi campeã mundial no ano seguinte, em Berlim em 2009. No Mundial de 2011, a vitória ficou com a americana Lashinda Demus, que não conseguiu repetir o feito em Londres-2012, quando o ouro foi para a russa Natalya Antyukh, campeã com 52.70 contra 52.77 de Demus.

Estados Unidos dominam

A tcheca Zuzana Hejnova, bronze em Londres, dominou a prova nos anos seguintes, faturando o bicampeonato mundial em 2013 e 2015, mas a medalha não veio na Rio-2016, acabando em 4º lugar. A vitória em solo carioca foi pela primeira vez na história para os Estados Unidos. Dalilah Muhammad fez uma grande prova para vencer com 53.13, a frente da dinamarquesa Sara Petersen, prata com 53.55.

Em Tóquio 2020 os Estados Unidos conquistaram mais um resultado emblemático. Pela primeira vez, em dez edições, um país conseguiu fazer uma dobradinha nos dois primeiros lugares. Além disso, a prova acabou sendo histórica, sendo considerada a mais difícil de todos os tempos. Isso porque, as três primeiras colocadas bateram o recorde olímpico vigente (52s64). Assim, Sydney McLaughlin ficou com o ouro (51.46), Dalilah Muhammad com a prata (51s58) e Femke Bol fechou o pódio com o bronze (52s03).

Os medalhistas

OlimpíadaOuroPrataBronze
Los Angeles 1984Nawal El-Moutawakel
MAR
Judi Brown
EUA
Cristieana Cojocaru
ROU
Seul 1988Debbie Flintoff-King
AUS
Tatsiana Ledauskaya
URS
Ellen Fiedler
GDR
Barcelona1992Sally Gunnell
GBR
Sandra Farmer-Patrick
EUA
Janeene Vickers
EUA
Atlanta 1996Deon Hemmings
JAM
Kim Batten
EUA
Tonja Buford
EUA
Sydney 2000Irina Privalova
RUS
Deon Hemmings
JAM
Nezha Bidouane
MAR
Atenas 2004Fani Khalkia
GRE
Ionela Târlea-Manolache
ROU
Tetiana Tereshchuk-Antypova
UKR
Pequim 2008Melaine Walker
JAM
Sheena Tosta
EUA
Tasha Danvers
GBR
Londres 2012Nataliya Antyukh
RUS
Lashinda Demus
EUA
Zuzana Hejnová
CZE
Rio 2016Dalilah Muhammad
EUA
Sara Slott Petersen
DEN
Ashley Spencer
EUA
Tóquio 2020Sydney McLaughlin
EUA
Dalilah Muhammad
EUA
Femke Bol
HOL

Quadro de medalhas

PaísOuroPrataBronzeTotal
Estados Unidos26311
Jamaica2103
Rússia2002
Grã-Bretanha1001
Marrocos1001
Austrália1001
Grécia1001
Romênia0112
Dinamarca0101
União Soviética0101
República Tcheca0011
Alemanha Oriental0011
Ucrânia0011
Holanda0011

A Prova

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Prova dos 400m com barreiras feminino em Tóquio 2020 (Giuseppe Cacace/AFP)

400m com barreiras é uma modalidade olímpica do atletismo que consiste em uma corrida de velocidade com a superação de barreiras ao longo da totalidade de uma pista padrão ovalada desta distância. Os atletas largam de blocos de partida fixados no chão e dão uma volta inteira em torno da pista dentro de suas raias designadas, saltando dez barreiras até a linha de chegada.

As barreiras, com largura idêntica a da raia de corrida, feitas de um alumínio especial e desenhadas para cair para a frente a um toque mais forte, tem uma altura de 91,4 cm na prova masculina; para as mulheres a altura é de 76,2 cm. As barreiras podem ser tocadas ou até derrubadas sem desclassificação do atleta que geralmente é o único prejudicado em seu próprio tempo nesta situação.

Assim como em outras provas de velocidade do atletismo, um tempo de reação inferior a 0.1s ao sinal de largada é considerado como uma largada falsa e o atleta desclassificado com a prova sendo reiniciada com os restantes. Um atleta também pode ser desclassificado caso pise na raia de outro competidor.