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400 m com barreiras masculino

Alison dos Santos nos 400 m dos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Wagner Carmo/CBAt

Chances do Brasil em Paris-2024

Alison dos Santos é o grande nome do atletismo do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. O atleta entra como um dos grandes favoritos à medalha de ouro nos 400 m com barreiras, mas a disputa não vai ser fácil. A prova vive o seu momento mais disputado de todos os tempos com atletas talentosíssimos e muito rápidos.

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Além de Alison dos Santos, o jovem Matheus Lima, de apenas 21 anos, também conseguiu o índice para disputar a prova nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 com a marca de 48s55, obtida em abril. O atleta, entretanto, tem melhores resultados nos 400 m rasos e deve priorizar a prova. Não será fácil competir nas duas, já que o calendário dos Jogos coloca algumas baterias de ambas no mesmo dia.

Os favoritos em Paris-2024

Para realizar o sonho de ser campeão olímpico em Paris-2024, Alison dos Santos terá que superar os mesmos adversários que ficaram a frente dele em Tóquio-2020: o campeão olímpico Karsten Warholm, da Noruega, e Rai Benjamin, dos Estados Unidos.

Os três atletas são os mais rápidos da história dos 400 m com barreiras. Antes deles, o americano Kevin Young foi o recordista mundial por 29 anos com a marca de 46s78. O primeiro a baixar esse tempo foi Karsten Warholm, que fez 46s70 em julho de 2021, cerca de um mês antes da prova ser disputada nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.

A prova mais rápida da história

Alison dos Santos 400 m com barreiras Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 Karsten Warholm
Karsten Warholm bateu o recorde mundial durante os Jogos de Tóquio (Foto: Wagner Carmo/CBAt)

Nos Jogos Olímpicos da capital japonesa, entretanto, os três medalhistas baixaram a antiga marca de Kevin Young. Karsten Warholm foi ouro com incríveis 45s94, Rai Benjamin ficou com a prata com 46s17 e Alison dos Santos foi bronze com 46s72 na prova mais espetacular da história dos 400 m com barreiras.

Depois dela, a disputa continuou acirrada. Em 2022, Alison dos Santos foi campeão mundial com 46s29, a terceira melhor marca da história. Rai Benjamin foi prata com 46s89 e Karsten Warholm, que estava voltando de lesão, ficou em sétimo lugar.

No Mundial de 2023, quem estava voltando de contusão era Alison dos Santos. O brasileiro ficou em quinto lugar na final, que foi vencida por Karsten Warholm com 46s89 e que teve Rai Benjamin com o bronze com 47s56. Kyron McMaster, das Ilhas Virgens Britânicas, foi prata com 47s34.

A expectativa é que todos estejam totalmente sadios na final dos 400 m com barreiras dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, que tem tudo para superar a espetacular prova de Tóquio-2020. E a torcida do Brasil, claro, é que desta vez a competição termine com Alison dos Santos no lugar mais alto do pódio.

 Brasil nos 400 m com barreiras

Os primeiros brasileiros a disputarem a prova nos Jogos Olímpicos foram Sylvio Padilha e Carlos dos Reis Filho, em Los Angeles-1932, mas não avançaram da primeira fase. Padilha voltaria a competir em Berlim-1936, chegando à final, onde terminou na excelente quinta colocação com 54.0. Sylvio Padilha foi presidente do Comitê Olímpico Brasileiro de 1963 até 1991, membro do COI a partir de 1964 e vice-presidente da entidade de 1975 a 1978.

Wilson Carneiro competiu em Helsinque-1952, marcando 56.0 na primeira rodada e parando na segunda com 59.4. Em Melbourne-1956, Ulisses dos Santos não avançou de fase com 53.8 na sua eliminatória, assim como Anubes da Silva em Roma-1960, com 52.25 na sua bateria.

O Brasil só voltou a ter um atleta na prova nos Jogos Olímpicos de Moscou-1980, quando Antônio Dias Ferreira parou nas semifinais. Ele competiu também em Los Angeles-1984, ficando em segundo na sua bateria eliminatória com 49.85, perdendo para o espetacular Edwin Moses, e parando novamente na semifinal.

Em Barcelona-1992, Eronilde Araújo fez sua estreia olímpica, parando na semifinal. Em Atlanta-1996, o Brasil colocou dois nomes na final: Everson Teixeira foi 7º com 48.57 e Eronilde 8º com 48.78. Após um excelente ano de 1999, onde conquistou o tricampeonato da prova nos Jogos Pan-Americanos e o 4º lugar no Mundial de Sevilha, Eronilde chegou como um dos principais nomes em Sydney-2000, onde alcançou sua segunda final olímpica, terminando em 5º lugar com 48.34.

Mahau Suguimati, goiano criado no Japão, chegou na semifinal em Pequim-2008 e no Rio-2016. Márcio Teles também competiu no Rio, mas não avançou de fase.

O desempenho de Eronilde de Araújo só foi superado nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 com a medalha de bronze conquistada por Alison dos Santos nos 400 m com barreiras.

Histórico dos 400 m com barreiras

Os Estados Unidos são os maiores vencedores dos 400 m com barreiras nos Jogos Olímpicos com 18 ouros em 26 disputas olímpicas.

A prova fez sua estreia olímpica em Paris-1900 com apenas cinco atletas na disputa e foi vencida pelo americano Walter Tewksbury com 57.6.

Edwin MosesDuas vezes medalha de ouro, americano Edwin Moses é apontado como responsável por revolucionar a prova (Reprodução)

Foi apenas na sexta disputa olímpica da prova, em Amsterdã-1928, que um americano não ficou com o ouro. O britânico David Burghley ficou com a vitória igualando o recorde olímpico com 53.4. Em Los Angeles-1932 o ouro foi para o irlandês Bob Tisdall com 51.7. Esta final teve um fato curioso: Tisdall bateu o recorde mundial na época com este tempo, mas, por derrubar a última barreira, a marca não poderia ser oficializada. O segundo colocado, o americano Glenn Hardin, acabou igualando o recorde mundial de 52.0. Hardin ficaria com o ouro em Berlim-1936 com 52.4.

Pós-Guerra

Após a 2ª Guerra Mundial, foram cinco vitórias seguidas dos Estados Unidos, com destaque para o bicampeonato de Glenn Davis em Melbourne-1956 e Roma-1960. Nas duas edições, tivemos um pódio completo dos Estados Unidos.

A sequência americana seria quebrada na Cidade do México-1968 com o britânico David Hemery, que dominou a final com recorde mundial de 48.1, colocando quase um segundo sobre os competidores, e dizimando o recorde mundial anterior, que era de 48.8. Foi a primeira vez sem um americano no pódio olímpico.

Bob TisdallEstátua em homenagem ao irlandês Bob Tisdall, que só não teve recorde homologado por derrubar uma barreira (The Guardian)

Nos Jogos Olímpicos de Munique-1972, o ouro foi pela primeira (e até agora única) vez para a África. John Akii-Bue, de Uganda, venceu com recorde mundial de 47.82, faturando o primeiro ouro olímpico da história de seu país.

Revolução chamada Edwin Moses

Na edição seguinte, em Montreal-1976, surgiu um dos maiores nomes da história do atletismo e do esporte: Edwin Moses. O americano revolucionou a prova ao dar 13 passos entre as barreiras contra os normais 15 de seus adversários, algo facilitado pela sua altura de 1,88 m. Ele sobrou em Montreal ao levar o ouro com 47.64, recorde mundial e mais de um segundo sobre o segundo colocado. Esta era sua primeira competição internacional.

Entre 1977 e 1987, Moses venceu 107 finais consecutivas (122 corridas consecutivas), entre elas o seu segundo título olímpico em Los Angeles-1984 com 47.75 e dois títulos mundiais em 1983 e 1987. Sua despedida foi em Seul-1988, onde conquistou o bronze. Sua carreira só não foi mais espetacular por conta do boicote americano em Moscou-1980. A vitória em Seul-1988 ficou com o americano Andre Phillips com 47.19, recorde olímpico, a prata foi para o senegalês Amadou Dia Ba com 47.23 e Moses completou o pódio com 47.56.

O recorde de Kevin Young

Os americanos seguiram vencendo nas edições seguintes dos Jogos Olímpicos em Barcelona-1992 com Kevin Young, recorde mundial de 46.78, em Atlanta-1996 com Derrick Adkins com 47.54 e em Angelo Taylor em Sydney-2000 com 47.50.

Félix SánchezO dominicano Félix Sánchez venceu a prova em Londres-2012, aos 32 anos de idade (El Espectador)

Em Atenas-2004, o dominicano Felix Sánchez, bicampeão mundial em 2001 e 2003, dominou a prova para vencer o primeiro ouro de seu país com 47.63. Em Pequim-2008, ele era um dos favoritos, mas ficou sabendo do falecimento de sua avó pouco antes de sua eliminatória e, correndo muito mal, nem passou de fase. Os americanos dominaram a prova completando o pódio, com nova vitória de Angelo Taylor com 47.25.

Aos 34 anos, Feliz Sánchez disputaria sua quarta edição de Jogos Olímpicos. Ele não fazia uma grande temporada na época, mas brilhou em Londres-2012 para levar o seu segundo título olímpico com 47.63.

No Rio-2016, o ouro ficou com o americano Kerron Clement, bicampeão mundial em 2007 e 2009. Em Tóquio-2020, a melhor prova da história dos 400 m rasos premiou Karsten Warholm, da Noruega, com ouro, Rai Benjamin, dos Estados Unidos, com prata, e Alison dos Santos, do Brasil, com bronze.

Medalhistas dos 400 m com barreiras

OlimpíadaOuroPrataBronze
Paris-1900Walter Tewksbury
USA
Henri Tauzin
FRA
George Orton
CAN
St. Louis-1904Harry Hillman
USA
Frank Waller
USA
George Poage
USA
Londres-1908Charles Bacon
USA
Harry Hillman
USA
Jimmy Tremeer
GBR
Estocolmo-1912   
Antuérpia-1920Frank Loomis
USA
John Norton
USA
August Desch
USA
Paris-1924Morgan Taylor
USA
Erik Wilén
FIN
Ivan Riley
USA
Amstrerdã-1928David Burghley
GBR
Frank Cuhel
USA
Morgan Taylor
USA
Los Angeles-1932Bob Tisdall
IRL
Glenn Hardin
USA
Morgan Taylor
USA
Berlim-1936Glenn Hardin
USA
John Loaring
CAN
Miguel White
PHI
Londres-1948Roy Cochran
USA
Duncan White
SRI
Rune Larsson
SWE
Helsinque-1952Charles Moore
USA
Yuriy Lituyev
URS
John Holland
NZL
Melbourne-1956Glenn Davis
USA
Eddie Southern
USA
Josh Culbreath
USA
Roma-1960Glenn Davis
USA
Clifton Cushman
USA
Dick Howard
USA
Tóquio-1964Rex Cawley
USA
John Cooper
GBR
Salvatore Morale
ITA
Cidade do México-1968David Hemery
GBR
Gerhard Hennige
GDR
John Sherwood
GBR
Munique-1972John Akii-Bua
UGA
Ralph Mann
USA
David Hemery
GBR
Montreal-1976Edwin Moses
USA
Michael Shine
USA
Yevgeniy Gavrilenko
URS
Moscou-1980Volker Beck
FRG
Vasyl Arkhypenko
URS
Gary Oakes
GBR
Los Angeles-1984Edwin Moses
USA
Danny Harris
USA
Harald Schmid
GDR
Seul-1988André Phillips
USA
Amadou Dia Ba
SEN
Edwin Moses
USA
Barcelona-1992Kevin Young
USA
Winthrop Graham
JAM
Kriss Akabusi
GBR
Atlanta-1996Derrick Adkins
USA
Samuel Matete
ZAM
Calvin Davis
USA
Sydney-2000Angelo Taylor
USA
Hadi Al-Somaily
KSA
Llewellyn Herbert
RSA
Atenas-2004Félix Sánchez
DOM
Danny McFarlane
JAM
Naman Keïta
FRA
Pequim-2008Angelo Taylor
USA
Kerron Clement
USA
Bershawn Jackson
USA
Londres-2012Félix Sánchez
DOM
Michael Tinsley
USA
Javier Culson
PUR
Rio-2016Kerron Clement
USA
Boniface Mucheru Tumuti
KEN
Yasmani Copello
TUR
Tóquio-2020Karsten Warholm
NOR
Rai Benjamin
EUA
Alison dos Santos
BRA

Quadro de medalhas

 PaísOuroPrataBronzeTotal
1Estados Unidos19131042
2Grã-Bretanha2158
3República Dominicana2002
4Alemanha Ocidental1001
Irlanda1001
Noruega1001
Uganda1001
8União Soviética0213
9Jamaica0202
10Alemanha Oriental0112
Canadá0112
França0112
13Arábia Saudita0101
Finlândia0101
Quênia0101
Senegal0101
Sri Lanka0101
Zâmbia0101
19África do Sul0011
Brasil0011
Filipinas0011
 Itália0011
 Nova Zelândia0011
 Porto Rico0011
 Suécia0011
 Turquia0011

A Prova

400m com barreirasProva dos 400m com barreira masculino nos Jogos Rio-2016 (Divulgação)

400m com barreiras é uma modalidade olímpica do atletismo que consiste em uma corrida de velocidade com a superação de barreiras ao longo da totalidade de uma pista padrão ovalada desta distância. Os atletas largam de blocos de partida fixados no chão e dão uma volta inteira em torno da pista dentro de suas raias designadas, saltando dez barreiras até a linha de chegada.

As barreiras, com largura idêntica a da raia de corrida, feitas de um alumínio especial e desenhadas para cair para a frente a um toque mais forte, tem uma altura de 91,4 cm na prova masculina; para as mulheres a altura é de 76,2 cm. As barreiras podem ser tocadas ou até derrubadas sem desclassificação do atleta que geralmente é o único prejudicado em seu próprio tempo nesta situação.

Assim como em outras provas de velocidade do atletismo, um tempo de reação inferior a 0.1s ao sinal de largada é considerado como uma largada falsa e o atleta desclassificado com a prova sendo reiniciada com os restantes. Um atleta também pode ser desclassificado caso pise na raia de outro competidor.