3000m com obstáculos feminino
3000m com obstáculos feminino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil em Paris-2024
O recorde brasileiro e sul-americano dos 3000m com obstáculos feminino é de Tatiane Raquel da Silva. Com a marca de 9min24s38 alcançada em junho de 2022, em Watford, na Grã-Bretanha. No mesmo ano, a brasileira também marcou o seu segundo melhor tempo 9min26s25, no Mundial de Eugene, nos Estado Unidos. No entanto, esta foi apenas a 23ª melhor marca na competição, o que lhe deixou de fora da final da categoria – na qual foram apenas as 15 melhores atletas. Na ocasião, o tempo de corte foi da alemã Gesa Felicitas Krause, 9min21s02.
A expectativa para a brasileira nos Jogos Olímpicos é tentar se classificar à final da modalidade. Um feito que, além de inédito para o país, necessitaria de uma das melhores provas da vida de Tatiana. Isso porque, para se ter uma ideia, nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, quem se classificou para a final com o pior tempo fez 9min26s11.
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Mesmo sendo difícil, alcançar a final pode ser uma meta bastante realista para a atleta brasileira. Em Tóquio-2020, Tatiane ficou na sétima colocação de sua bateria – atrás apenas de uma adversária na zona de classificação. Seu tempo foi de 9min36s43, cerca de dez segundos a mais da marca da australiana Genevieve Gregson, 6ª colocada.
Os favoritos em Paris-2024
Campeã olímpica dos 3000m com obstáculos feminino em Tóquio-2020, a ugandesa Peruth Chemutai não é a principal favorita da categoria em Paris-2024. Nos dois últimos Mundiais, a atleta passou longe do pódio – sétimo lugar em Budapeste 2023 e 11º lugar em Eugene 2022.
Quem chega como favorita é Winfred Yavi, nascida no Quênia mas representante do Bahrein. Atual campeã mundial, ela marcou 8min50s66 em setembro do ano passado, sendo o melhor tempo de sua carreira. Outra atleta de destaque é a queniana Beatrice Chepkoech, que é a atual vice campeã mundial.
O Brasil nos Jogos
Juliana Paula dos Santos disputou os 3.000m com obstáculos na Rio-2016 (Saulo Cruz/COB)
Campeã ibero-americana em 2006 e bronze nos Jogos Pan-Americanos Rio-2007, Zenaide Vieira competiu em Pequim-2008 na estreia da prova nos Jogos, mas acabou não completando a prova na sua bateria eliminatória.
Juliana Paula dos Santos havia sido ouro nos 5.000 m nos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015, mas conseguiu o índice desta prova pro Rio-2016. Na primeira bateria das eliminatórias, a brasileira marcou 9:45.95, ficando em 15º lugar e longe da vaga na final no Rio de Janeiro.
Em Tóquio-2020, o Brasil consegui levar duas atletas da modalidade aos Jogos: Tatiane Raquel da Silva e Simone Ferraz. No entanto, ambas caíram na primeira bateria eliminatória, e não avançaram à final. Tatiane foi a brasileira com o melhor desempenho no Japão, ficando na sétima colocação de sua bateria – atrás apenas de uma adversária na zona de classificação. Seu tempo foi de 9min36s43, cerca de dez segundos a mais da marca da australiana Genevieve Gregson, 6ª colocada.
Histórico
Gulnara Samitova-Galkina foi a primeira campeã olímpica da prova, em Pequim-2008 (Getty Images)
Última modalidade feminina a entrar no programa olímpico, a prova com obstáculos feminina só fez sua estreia nos Jogos em Pequim-2008, 88 anos depois da estreia masculina. Prova relativamente nova, teve seu primeiro recorde reconhecido oficialmente em 1999, fez sua estreia em Mundiais em 2005 e no Europeu em 2006.
A russa Gulnara Samitova-Galkina foi a primeira campeã olímpica da prova, vencendo na China com 8:58.81, se tornando a primeira mulher a baixar da marca de 9 min. Com esse resultado, a russa teve então seis dos 10 melhores tempos da prova.
Fantasma do doping
Galkina foi 4ª no Mundial de Berlim no ano seguinte, vencido pela espanhola Marta Dominguez, que perdeu a medalha na sequência por doping. O doping seguiu fazendo sua marca nesta prova nos anos seguintes. No Mundial de 2011, a russa Yuliya Zaripova venceu na pista, mas acabou perdendo a medalha de ouro, que foi para a tunisiana Habiba Ghribi.
O mesmo ocorreu em Londres-2012. Zaripova venceu com 9:06.72 contra 9:08.37 de Ghribi. Em 2016, a russa foi pega no antidoping e teve sua medalha retirada, enquanto a tunisiana herdava novamente o ouro.
O Quênia venceu pela primeira vez esta prova em um Mundial em 2013, com Milcah Chemos Cheywa, campeã em Moscou. Dois anos depois, no Mundial em Pequim, a segunda vitória queniana foi com Hyvin Jepkemoi, que chegou no Rio-2016 como uma das favoritas, ao lado da jovem barenita Ruth Jebet, que havia vencido o Mundial Sub 20 em 2014.
Ruth Jebet, do Bahrein, venceu os 3.000m com obstáculos nos Jogos Olímpicos Rio-2016 (Reprodução)
Na final olímpica no Rio, Jebet forçou após duas voltas de prova e foi abrindo vantagem contra Jepkemoi, sua compatriota Beatrice Chepkoech e a americana Emma Coburn. Jebet foi implacável e venceu com folga com recorde asiático de 8:59.75. Coburn e Jepkemoi batalharam na última meia volta, mas a queniana foi melhor no sprint final para ficar com a prata.
As Medalhistas
Olimpíada | Ouro | Prata | Bronze |
---|---|---|---|
Pequim 2008 | Gulnara Galkina RUS | Eunice Jepkorir KEN | Tatyana Petrova RUS |
Londres 2012 | Habiba Ghribi TUN | Sofia Assefa ETH | Milcah Chemos Cheywa KEN |
Rio 2016 | Ruth Jebet BRN | Hyvin Kiyeng KEN | Emma Coburn EUA |
Tóquio 2020 | Peruth Chemutai UGA | Courtney Frerichs EUA | Hyvin Kiyeng KEN |
Quadro de Medalhas
Class. | País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
---|---|---|---|---|---|
1 | Rússia | 1 | 0 | 1 | 2 |
2 | Bahrain | 1 | 0 | 0 | 1 |
2 | Tunísia | 1 | 0 | 0 | 1 |
2 | Uganda | 1 | 0 | 0 | 1 |
4 | Quênia | 0 | 2 | 2 | 4 |
5 | Estados Unidos | 0 | 1 | 1 | 2 |
6 | Etiópia | 0 | 1 | 0 | 1 |
A Prova
Os 3000m com obstáculos feminino foi a última prova do altetismo a entrar nos Jogos Olímpicos (Getty Images)
3000 metros com obstáculos é uma prova olímpica de meio-fundo disputada em uma pista de atletismo entre barreiras e fossos de água e deriva seu nome original, steeplechase, da antiga e tradicional corrida de cavalos disputada entre obstáculos em campo aberto.
A prova é originária das Ilhas Britânicas, onde corredores corriam de uma cidade para a outra se orientando pelos campanários de suas igrejas, usados como marcos por serem visualizados à grande distância. Durante o percurso, eles tinham inevitavelmente que pular sobre córregos e pequenos obstáculos e muros de pedra separando as propriedades no caminho.
Regras
A largada é dada com os atletas lado a lado ou em bloco ocupando toda a largura da pista, sem marcação de raia. O número de voltas na pista padrão de 400 metros depende da posição do fosso d’água obrigatório – fora ou dentro da segunda curva da pista – mas os atletas precisam saltar um número total de 28 barreiras e sete fossos d’água durante a duração da corrida.
As barreiras da prova masculina tem altura de 91,4 cm e as da feminina de 76,2 cm, com uma largura mínima de 3,94 m; o fosso d’água de superfície inclinada tem 3,66 m de comprimento com uma profundidade de 70 cm em sua parte mais funda, exatamente em baixo da barreira até chegar ao mesmo nível da pista ao final do comprimento, o que significa que quanto mais longe o atleta que a ultrapassa conseguir saltar, menos água e pressão contrária pela frente terá nos pés e tornozelos, o que dá vantagem aos melhores saltadores entre os corredores.
Por fim, diferente das provas de velocidade com barreiras, que caem a qualquer toque, os obstáculos do steeplechase são mais sólidos e pesados e os atletas muitas vezes os usam para pegar impulso da passada na corrida ao invés de apenas saltá-los, especialmente o obstáculo do fosso.