200 m masculino
200 m masculino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil em Paris-2024
Renan Gallina é uma das principais revelações do atletismo brasileiro no ciclo. Aos 20 anos, ele tem os 200 m rasos como sua principal prova. Apesar disso, ele também acumula excelente resultados nos 100m rasos. O principal aconteceu no Sul-Americano sub-20 em maio do ano passado, quando correu a distância para 10s01. Na época, a marca foi a segunda melhor da história do Brasil. Renan ainda foi peça fundamental do revezamento 4x100m medalhista de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023.
Já nos 200 m, seu currículo possuiu a semifinal na última edição do Mundial de Atletismo, no qual terminou na 15ª colocação geral. Nos Jogos Pan-Americanos, o velocista sagrou-se campeão. Dessa forma, se tornou apenas o terceiro atleta brasileiro a conquistar o ouro nesta prova na história da competição continental. Além disso, ele ainda foi campeão brasileiro sub-20 e campeão pan-americano sub-20 na temporada passada.
Detentor da terceira melhor marca da história do Brasil nos 200 m masculino, com 20s12 feitos em 2022, Renan Gallina sonha em disputar a final olímpica da prova em Paris-2024. Para isso, ele precisa repetir ou superar seu recorde pessoal. Em Tóquio-2020, o corte na semifinal ficou em 20s13. Além disso, nas últimas duas edições de mundiais, o último classificado da decisão correu a distância para cerca de 20s10. Caso confirme a façanha, o jovem quebraria um jejum de 24 anos sem um representado do Brasil na final da prova.
Os favoritos em Paris-2024
O norte-americano Noah Lyles é quem lidera as apostas para a medalha de ouro dos 200 m masculino em Paris. No ciclo para a Olimpíada na capital francesa, o velocista de 26 anos faturou os principais títulos. Nos Campeonatos Mundiais de Atletismo em Oregon (2022) e Budapeste (2023), Lyles se sagrou vencedor da prova. Inclusive, na edição do torneio nos Estados Unidos, ele correu a distância para 19s31 e fez a terceira melhor marca da história, atrás apenas dos jamaicanos Usain Bolt (19s19) e Yohan Blake (19s26).
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, X, INSTAGRAM, TIK TOK E FACEBOOK
Atual campeão olímpico dos 200 m masculino, o canadense Andre de Grasse também é nome forte para a disputa do título em Paris-2024. Em Tóquio-2020, ele bateu Lyles e seu compatriota Kenneth Bednarek na final e conquistou o título fazendo 19s62, sua melhor marca da carreira. Em Olimpíadas, De Grasse ainda possui uma medalha de prata na Rio-2016, prova em que ficou atrás apenas de Usain Bolt.
O Brasil nos Jogos
O primeiro brasileiro a disputar a prova em Jogos Olímpicos foi Alvaro de Oliveira, em Paris-1924, que não passou da 1ª fase. Apenas em Berlim-1936 que o Brasil voltou a competir, com José de Almeida, que também não avançou de fase.
Nos Jogos Olímpicos de Londres-1948, foram três brasileiros e todos avançaram para a 2ª fase. Aroldo da Silva inclusive chegou até as semifinais, onde ficou em 4º na sua bateria e por pouco não pegou final. Em Roma-1960, José da Conceição Telles, que havia ganho o bronze no salto em altura 8 anos antes, competiu nos 200m e chegou a segunda rodada.
O 1º finalista brasileiro na prova foi Rui da Silva, nos Jogos Olímpicos de Montreal-1976. Ele fez 20s99 na 1ª fase, 20s76 nas quartas, 21s01 na semifinal e terminou em 5º na final com 20s84, ficando a 0s41 do pódio. Em Los Angeles-1984, João Batista da Silva ficou em 4º lugar, a apenas 0s04 do pódio, marcando o tempo de 20s30. Nesta mesma edição, Robson Caetano chegou às semifinais.
Bronze de Robson Caetano
A única medalha brasileira na prova veio na Olimpíada de Seul-1988, com o Robson. Ele venceu a sua bateria eliminatória com 21s12, venceu a sua bateria da 2ª rodada com 20s41, ficou em 2º na sua semifinal com 20s28, atrás de Carl Lewis e foi bronze com 20s04, atrás dos americanos Joe DeLoach (19s75) e Carl Lewis (19s79).
Robson Caetano ficou perto de ais uma medalha quatro anos depois em Barcelona-1992, quando terminou em 4º na final com 20s45, a 0s07 do bronze. Ele venceu sua bateria na 1ª rodada com 20.62, venceu sua quarta de final com 20s35 e fez 20s15 na semifinal, tempo que lhe daria o bronze na decisão. Ela ainda disputou os jogos de Atlanta-1996, mas, com 32 anos, parou na 2ª fase.
Na Olimpíada de Sydney-2000, foi a vez de Claudinei Quirino chegar à final. Prata no Mundial no ano anterior, Claudinei terminou em 6º na final com 20s28, a apenas 0.08 do bronze. Depois disso, nenhum brasileiro chegou mais a uma semifinal. Fica a expectativa de quebrar esse tabu nos Jogos Olímpicos de Paris-2024.
Histórico
Jesse Owens entrou para a história ao vencer os 200m nos Jogos Olímpicos de 1936 (Arquivo)
Amplamente dominados pelos americanos que venceram 17 das 27 edições, os 200 m masculino foram disputados em uma Olimpíada pela primeira vez em Paris-1900, na 2ª edição dos Jogos com apenas 8 atletas de 7 países competindo. A vitória ficou com o americano Walter Tewksbury, com 22s2 na decisão.
Jesse Owens
Nos Jogos Olímpicos de Berlim-1936, Jesse Owens voltou a brilhar na frente de Hitler e vencer os 200 m masculino com 20s7 na final, com recorde mundial, dois dias após a vitórias nos 100 m. Com o fim da 2ª Guerra Mundial, os jogos voltaram em Londres-1948 com vitória do americano Mel Patton com 21s1. Nos dois jogos seguintes, foram dois pódios totalmente formados por americanos. Até Roma-1960, todos os campeões ou foram americanos ou canadenses. Correndo em casa, Livio Berrutti igualou o recorde mundial na semifinal com 20s5 e repetiu o feito na final, ficando com o ouro.
Tommie Smith e John Carlos fazem a saudação Black Power no pódio dos 200m em 1968 (Getty Images)
Primeira vez abaixo dos 20s
Mas foi na edição da Cidade do México-1968 que a prova dos 200 m masculino chamou muita atenção. O vencedor foi o americano Tommie Smith, que bateu o recorde mundial na decisão com 19s83, o 1º a baixar dos 20s em uma Olimpíada, seguido do australiano Peter Norman com 20s06 e do americano John Carlos com 20s10. Na cerimônia de premiação, os dois americanos estavam sem sapatos, com meias pretas, Smith usava um cachecol preto no pescoço, Carlos estava com a sua jaqueta aberta com um colar de contas, e os três usavam o emblema do Projeto Olímpico dos Direitos Humanos (OPHR). Os dois americanos usavam uma luva preta cada e, na hora do hino nacional, levantaram seus braços com as cabeças abaixadas fazendo a saudação do Black Power.
Nos Jogos Olímpicos de Montreal-1976, o jamaicano Don Quarrie foi ouro dos 200 m masculino com 20.23, 1º ouro jamaicano em 24 anos. Em Moscou-1980, sem os americanos, a vitória ficou com o lendário italiano Pietro Mennea, vencendo com 20s19. Em Los Angeles-1984, os americanos voltaram a dominar, com pódio completo, liderados por Carl Lewis. Nos Jogos de Seul-1988, o título ficou com o americano Joe DeLoach com 19s75, deixando Carl Lewis com a prata com 19s79 e o brasileiro Robson Caetano com o bronze com 20s04.
Usain Bolt
Assim como nos 100m, Usain Bolt é tricampeão olímpico nos 200m (Olympics)
Na Olimpíada de Atlanta-1996 o ouro ficou com Michael Johnson, até hoje o único a vencer numa mesma Olimpíada os 200m masculino e os 400m. Johnson fez uma final espetacular para vencer com 19s32, recorde mundial que perdurou até u, certo jamaicano aparecer. Em Sydney-2000, o ouro ficou com o surpreendente grego Konstantinos Kenteris com 20s09. Atenas-2004 viu um novo pódio completo americano, liderado por Shawn Crawford, ouro com 19s79.
Nos jogos Olímpicos de Pequim-2008, um certo jamaicano apareceu pro mundo. Usain Bolt venceu com muita facilidade seu 1º ouro nos 200m masculino, 4 dias depois do ouro nos 100 m. Bolt sobrou pra vencer com novo recorde mundial de 19s30, 0s66 a frente do 2º colocado, o campeão de 2004 Shawn Crawford. Em Londres-2012, Bolt venceu mais uma vez em pódio todo jamaicano com 19s32, mas viu Yohan Blake chegar em 2º muito próximo, com 19s44. O jamaicano fechou sua trifeta com a vitória no Rio-2016 com 19s78, o único abaixo dos 20s na final.
Os Medalhistas
Olimpíada | Ouro | Prata | Bronze |
---|---|---|---|
Paris-1900 | Walter Tewksbury USA | Norman Pritchard IND | Stan Rowley AUS |
St. Louis-1904 | Archie Hahn USA | Nate Cartmell USA | William Hogenson USA |
Londres-1908 | Robert Kerr CAN | Robert Cloughen USA | Nate Cartmell USA |
Estocolmo-1912 | Ralph Craig USA | Donald Lippincott USA | Willie Applegarth GBR |
Antuérpia-1920 | Allen Woodring USA | Charley Paddock USA | Harry Edward GBR |
Paris-1924 | Jackson Scholz USA | Charley Paddock USA | Eric Liddell GBR |
Amsterdã-1928 | Percy Williams CAN | Walter Rangeley GBR | Helmut Körnig GER |
Los Angeles-1932 | Eddie Tolan USA | George Simpson USA | Ralph Metcalfe USA |
Berlim-1936 | Jesse Owens USA | Mack Robinson USA | Tinus Osendarp NED |
Londres-1948 | Mel Patton USA | Barney Ewell USA | Lloyd LaBeach PAN |
Helsinque-1952 | Andy Stanfield USA | Thane Baker USA | James Gathers USA |
Melbourne-1956 | Bobby Morrow USA | Andy Stanfield USA | Thane Baker USA |
Roma-1960 | Livio Berruti ITA | Lester Carney USA | Abdoulaye Seye FRA |
Tóquio-1964 | Henry Carr USA | Paul Drayton USA | Edwin Roberts TTO |
Cidade do México-1968 | Tommie Smith USA | Peter Norman AUS | John Carlos USA |
Munique-1972 | Valeriy Borzov URS | Larry Black USA | Pietro Mennea ITA |
Montreal-1976 | Don Quarrie JAM | Millard Hampton USA | Dwayne Evans USA |
Moscou-1980 | Pietro Mennea ITA | Allan Wells GBR | Don Quarrie JAM |
Los Angeles-1984 | Carl Lewis USA | Kirk Baptiste USA | Thomas Jefferson USA |
Seul-1988 | Joe DeLoach USA | Carl Lewis USA | Robson Caetano BRA |
Barcelona-1992 | Michael Marsh USA | Frankie Fredericks NAM | Michael Bates USA |
Atlanta-1996 | Michael Johnson USA | Frankie Fredericks NAM | Ato Boldon TTO |
Sydney-2000 | Konstantinos Kenteris GRE | Darren Campbell GBR | Ato Boldon TTO |
Atenas-2004 | Shawn Crawford USA | Brnard Williams USA | Justin Gatlin USA |
Pequim-2008 | Usain Bolt JAM | Shawn Crawford USA | Walter Dix USA |
Londres-2012 | Usain Bolt JAM | Yohan Blake JAM | Warre Weir JAM |
Rio-2016 | Usain Bolt JAM | Andre De Grasse CAN | Chritophe Lemaitre FRA |
Tóquio-2020 | Andre De Grasse CAN | Kenneth Bednarek USA | Noah Lyles USA |
Quadro de medalhas
Clas. | País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
---|---|---|---|---|---|
1 | Estados Unidos | 17 | 19 | 12 | 48 |
2 | Jamaica | 4 | 1 | 2 | 7 |
3 | Canadá | 3 | 1 | 0 | 4 |
4 | Itália | 2 | 0 | 1 | 3 |
5 | Grécia | 1 | 0 | 0 | 1 |
5 | União Soviética | 1 | 0 | 0 | 1 |
7 | Grã-Bretanha | 0 | 3 | 3 | 6 |
8 | Namíbia | 0 | 2 | 0 | 2 |
9 | Austrália | 0 | 1 | 0 | 1 |
9 | Índia | 0 | 1 | 0 | 1 |
11 | Trinidad & Tobago | 0 | 0 | 3 | 3 |
12 | França | 0 | 0 | 2 | 2 |
13 | Alemanha | 0 | 0 | 1 | 1 |
13 | Austrália | 0 | 0 | 1 | 1 |
13 | Brasil | 0 | 0 | 1 | 1 |
13 | Países Baixos | 0 | 0 | 1 | 1 |
13 | Panamá | 0 | 0 | 1 | 1 |
A Prova
200 metros rasos é uma modalidade olímpica de corrida de velocidade no atletismo.
Disputada em metade de uma pista padrão de 400 metros, os atletas largam de blocos firmados no chão e correm dentro de raias marcadas na pista. Esta prova começa numa das curvas e termina na reta da meta, particularidade que exige o treino de uma combinação de técnicas, que não está presente nos 100 metros (disputados numa linha reta).
Mais veloz do que os 100 m
Embora seja uma prova mais longa, os 200 metros são corridos normalmente com mais velocidade relativa que os 100 metros: o recorde do mundo de 19s19 de Usain Bolt corresponde a uma velocidade de 37.52 km/h, enquanto que a marca de 9s58 do mesmo Usain Bolt nos 100 metros representa uma velocidade de 37.58 km/h. Isto deve-se ao fato de, nos 200 metros, os atletas chegarem à reta final em velocidade de ponta, o que permite que a segunda metade da prova seja mais rápida que a primeira. Quando Bolt estabeleceu o recorde mundial atual de 19s19, ele correu os últimos 100 m em 9s27, uma marca muito mais rápida que seu próprio recorde mundial dos 100 m rasos, quando os atletas largam da inércia.
Os 200 metros são uma prova de velocidade, geralmente corrida por atletas que também participam ou nos 100 metros como Veronica Campbell-Brown ou nos 400 metros rasos como Michael Johnson. O recorde mundial masculino pertence ao jamaicano Usain Bolt – 19s19 – conquistados em Berlim 2009 e o feminino à norte-americana Florence Griffith-Joyner – 21s34 – em Seul 1988; os atuais campeões olímpicos são Bolt e a também jamaicana Elaine Thompson e os campeões mundiais, Bolt e a holandesa Dafne Schippers.
Provas disputadas com uma velocidade de vento favorável maior que 2 m/s não são aceitáveis para a homologação de recordes. Sensores colocados no bloco de largada marcam o tempo de reação dos atletas ao sinal de largada; um tempo de reação inferior a 0.1s é considerado como largada falsa, os velocistas chamados de volta à largada e o responsável desclassificado. Um atleta também pode ser desclassificado caso pise fora da linha que delimita sua raia de corrida