8 5
Siga o OTD

110 m com barreiras

Chances do Brasil em Paris-2024

Chances de medalha para o Brasil nos 110 m com barreiras dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 são remotas. O máximo que dá para sonhar é com uma vaga para a final. Mas, para isso, será preciso um desempenho muito melhor do que o dos últimos grandes campeonatos.

+ SIGA O OTD NO YOUTUBETWITTERINSTAGRAMTIK TOK E FACEBOOK

Em Tóquio-2020, por exemplo, Rafael Pereira e Gabriel Constantino pararam nas semifinais, terminando, respectivamente, em 17º e 22º. Eduardo de Deus não passou das eliminatórias e terminou em 33º.

No Mundial de Eugene em 2022, Rafael Pereira foi o melhor brasileiro e terminou em 17º nos 110 m com barreiras, enquanto Eduardo de Deus ficou em 22º.

No Mundial de 2023, em Budapeste, Rafael Pereira e Eduardo de Deus terminaram empatados em 18º lugar com o mesmo tempo nos 110 m com barreiras: 13s52.

Os favoritos em Paris-2024

Tricampeão mundial dos 110 m com barreiras, 2019, 2022 e 2023, e medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, o americano Grant Holloway é o grande favorito ao ouro em Paris-2024. Seu grande adversário será o jamaicano Hansle Parchment, campeão olímpico no Japão.

Grant Holloway tem 26 anos, sete a menos do que o veterano jamaicano, que também já foi bronze em Londres-2012 e busca sua terceira medalha nos 100 m com barreiras em Jogos Olímpicos. Apesar da diferença de idade entre eles, a disputa foi acirrada no Mundial do ano passado, quando o americano fez 12s96 contra 13s07 de Hansle Parchment. A previsão é que isso aconteça novamente em Paris-2024 com o atleta dos Estados Unidos novamente como favorito.

 Brasil nos 110 m com barreiras

O primeiro brasileiro a disputar os 110 m com barreiras em uma Olimpíada foi Alberto Byington, que não passou das eliminatórias em Paris-1924. Em Los Angeles-1932, mais dois brasileiros competiram, sem avançar de fase: Sylvio Padilha e Antonio Giusfredi. Padilha, que chegou a ser finalista olímpico nos 400m com barreiras em Berlim-1936, seria presidente do Comitê Olímpico Brasileiro de 1963 até 1991, membro do COI a partir de 1964 e vice-presidente da entidade de 1975 a 1978. Darcy Guimarães competiu em Berlim-1936, mas também não passou de fase.

O Brasil só voltaria a ter um representante em Seul-1988, com Lyndon Campos. Recordista sul-americano na época, teve uma distensão muscular nos treinamentos na Coreia do Sul e não competiu na sua prova. Em Barcelona-1992, Joilto Santos Bonfim não passou das eliminatórias com 14.06.

Pela primeira vez na história, em Atlanta-1996, o Brasil chegou à segunda rodada dos 110 m com barreiras e logo com dois atletas. Walmes de Souza e Pedro Chiamulera avançaram para as quartas de final, mas ficaram longe de uma vaga nas semifinais. Márcio de Souza competiu em Sydney-2000, passando na primeira rodada com 13.70 e parando na segunda com 13.71, ficando a uma posição da vaga nas semifinais.

A melhor participação brasileira veio em Atenas-2004, quando chegamos com três ótimos nomes: Márcio de Souza, em sua segunda Olimpíada, Redelen dos Santos e Matheus Inocêncio. Lesionado, Redelen não competiu, Márcio avançou para a segunda rodada, mas foi Matheus que fez história, colocando pela primeira vez o Brasil na final dos 110 m com barreiras. Ele terminou em sétimo com 13.49.

Anselmo da Silva foi o único brasileiro em Pequim-2008. Com 13.81 pegou a penúltima vaga para a segunda rodada, onde parou com o pior tempo de 13.84. No Rio-2016, Éder Souza e João Vitor de Oliveira avançaram de fase, parando nas semifinais, a exemplo do que aconteceu com Rafael Pereira e Gabriel Constantino em Tóquio-2020.

Histórico dos 110 m com barreiras

Allen JohnsonAllen Johnson é um dos mais rápidos da prova, levando o ouro em Atlanta-1996 (USATF)

Disputada desde a primeira edição, em Atenas-1896, a prova de sprint masculina com barreiras sempre foi disputada na distância dos 110m, diferente da versão feminina, que começou com 80m e só depois foi para os 100m. Nas edições de Paris-1900 e de St. Louis-1904 foi disputada a hoje inusitada prova de 200m com barreiras.

Disputada 29 vezes, os 110m com barreiras foram vencidos 19 vezes por velocistas americanos. Em Atenas-1896 a primeira vitória ficou com o americano Thomas Curtis, que venceu a final disputada por apenas dois atletas, já que outros dois desistiram, um por estar ajudando um colega na maratona e outro para se preparar para o salto com vara. Curtis e o britânico Grantley Goulding marcaram 17.6, mas o americano venceu por duas polegadas. Os americanos seguiram dominando a prova nas quatro edições seguintes, conquistando todas as medalhas em disputa até Estocolmo-1912, com 12 atletas diferentes.

Canadense quebra hegemonia

Foi apenas após a 1ª Guerra, na Antuérpia-1920 que a vitória não ficou com um americano. O canadense Earl Thomson sobrou na final com 14.8, novo recorde mundial, para levar o ouro. Junto com outros dois americanos, Thomson foi o responsável pelo design das barreiras mais próximas do atual, que ajudou a prevenir lesões e quedas. Ele estava na primeira turma de indicados ao Hall da Fama do esporte canadense em 1955.

O sul-africano Sid Atkinson havia perdido o ouro em Paris-1924 para o americano Daniel Kinsey ao tocar na última barreira e perder centésimos importantes. Mas em Amsterdã-1928, Atkinson se recuperaria levando o ouro dos 110 m com barreiras.

Retomada dos Estados Unidos

Após essa vitória de Atkinson, o ouro ficou com os americanos por nove vezes seguidas nos 110 m com barreiras, entre Los Angeles-1932 e Munique-1972. Em quatro desses pódios, só americanos. Apesar do domínio, tivemos apenas um bicampeão: Lee Calhoun, ouro em Melbourne-1956 e em Roma-1960. Quem quebrou a sequência americana de vitórias foi o francês Guy Drut, em Montreal-1976. Drut havia ficado com a prata em Munique-1972, sendo derrotado pelo americano Rod Milburn, que estabeleceu novo recorde mundial com 13.24. Com o boicote americano em Moscou-1980, a vitória ficou com o alemão oriental Thomas Munkelt com 13.39.

Em casa, em Los Angeles-1984, nova dobradinha americana com Roger Kingdom e Greg Foster. Foster era o atual campeão mundial, tendo vencido na primeira edição da competição em 1983 e levaria os títulos mundiais em 1987 e em 1991, mas nunca foi campeão olímpico. Em compensação, Kingdom, que nunca venceu um Mundial, se tornaria bicampeão olímpico com o ouro em Seul-1988 com recorde olímpico de 12.98, o primeiro a baixar dos 13 s em uma edição olímpica.

Liu XiangLiu Xiang conquistou a primeira medalha de ouro olímpica no atletismo para a China (Divulgação/Tóquio-2020)

Os Jogos de Atlanta-1996 viram a vitória de Allen Johnson, talvez o grande nome da história dos 110 m com barreiras. Tetracampeão mundial, o americano venceu as quatro baterias se tornando campeão com 12.95, apenas o segundo a baixar dos 13 s em uma Olimpíada. Ele chegou em Sydney-2000 como o grande favorito, mas, na decisão, tocou em algumas barreiras, fazendo-o perder preciosos centésimos e Johnson ficaria fora do pódio, em quarto lugar. O ouro ficou com o cubano Anier Garcia com 13.00.

Era Liu Xiang

O chinês Liu Xiang foi um dos grandes nomes dos Jogos de Atenas-2004 ao se tornar o primeiro homem de seu país a levar o ouro olímpico no atletismo. Numa decisão espetacular, Xiang igualou o recorde mundial do britânico Colin Jackson com 12.91. Liu Xiang chegou em Pequim-2008 como um dos maiores ídolos de seu país e com o título mundial de 2007 no currículo. Muito pressionado, Xiang desistiu ainda na primeira rodada. A sua bateria teve uma saída falsa e, antes de ser retomada, ele saiu andando do estádio, desistindo de competir em frente a um incrédulo Ninho do Pássaro.

Com inflamações crônicas recorrentes no tendão de Aquiles, Liu Xiang ainda competiria em Londres-2012, mas, sentindo novamente a lesão, desistiu após a primeira barreira na primeira rodada. O ouro em Pequim-2008 ficaria com o cubano Dayron Robles com 12.93 e o de Londres-2012 com o americano Aries Merritt, com 12.92. Merritt não conseguiu a classificação para os Jogos do Rio-2016 nas seletivas americanas, após um transplante de rim em 2015.

o cubano Dayron Robles travou grandes duelos com o chinês Liu Xiang (Larry Fine/Reuters)

O ouro dos 110 m com barreiras no Rio ficou com o jamaicano Omar McLeod com 13.05 contra 13.17 do espanhol Orlando Ortega e 13.24 do francês Dimitri Bascou. Sem considerar a edição de Moscou-1980 quando houve o boicote americano, tivemos, pela primeira vez na história, um pódio olímpico nesta prova sem os Estados Unidos.

Em Tóquio-2020, Hansle Parchment, da Jamaica, ficou com a medalha de ouro, deixando o então campeão mundial de 2019, o americano Grant Holloway com a prata.

Os medalhistas

OlimpíadaOuroPrataBronze
Atenas-1896Thomas Curtis
USA
Grantley Goulding
GBR
 
Paris-1900Alvin Kraenzlein
USA
John McLean
USA
Fred Moloney
USA
St. Louis-1904Frederick Schule
USA
Thaddeus Shideler
USA
Lesley Ashburner
USA
Londres-1908Forrest Smithson
USA
John Garrels
USA
Arthur Shaw
USA
Estocolmo-1912Fred Kelly
USA
James Wendell
USA
Martin Hawkins
USA
Antuérpia-1920Earl Thomson
CAN
Harold Barron
USA
Feg Murray
USA
Paris-1924Daniel Kinsey
USA
Sid Atkinson
RSA
Sten Pettersson
SWE
Amstrerdã-1928Sid Atkinson
RSA
Steve Anderson
USA
John Collier
USA
Los Angeles-1932George Saling
USA
Percy Beard
USA
Don Finlay
GBR
Berlim-1936Forrest Towns
USA
Don Finlay
GBR
Fritz Pollard
USA
Londres-1948William Porter
USA
Clyde Scott
USA
Craig Dixon
USA
Helsinque-1952Harrison Dillard
USA
Jack Davis
USA
Arthur Barnard
USA
Melbourne-1956Lee Calhoun
USA
Jack Davis
USA
Joel Shankle
USA
Roma-1960Lee Calhoun
USA
Willie May
USA
Hayes Jones
USA
Tóquio-1964Hayes Jones
USA
Blaine Lindgren
USA
Anatoly Mikhailov
URS
Cidade do México-1968Willie Davenport
USA
Ervin Hall
USA
Eddy Ottoz
ITA
Munique-1972Rod Milburn
USA
Guy Drut
FRA
Thomas Hill
USA
Montreal-1976Guy Drut
FRA
Alejandro Casañas
CUB
Willie Davenport
USA
Moscou-1980Thomas Munkelt
FRG
Alejandro Casañas
CUB
Aleksandr Puchkov
URS
Los Angeles-1984Roger Kingdom
USA
Greg Foster
USA
Arto Bryggare
FIN
Seul-1988Roger Kingdom
USA
Colin Jackson
GBR
Tonie Campbell
USA
Barcelona-1992Mark McKoy
CAN
Tony Dees
USA
Jack Pierce
USA
Atlanta-1996Allen Johnson
USA
Mark Crear
USA
Florian Schwarthoff
GER
Sydney-2000Anier García
CUB
Terrence Trammell
USA
Mark Crear
USA
Atenas-2004Liu Xiang
CHN
Terrence Trammell
USA
Anier García
CUB
Pequim-2008Dayron Robles
CUB
David Payne
USA
David Oliver
USA
Londres-2012Aries Merritt
USA
Jason Richardson
USA
Hansle Parchment
JAM
Rio-2016Omar McLeod
JAM
Orlando Ortega
ESP
Dimitri Bascou
FRA
Tóquio-2020Hansle Parchment
JAM
Grant Holloway
EUA
Ronald
Levy
JAM

Quadro de medalhas

 PaísOuroPrataBronzeTotal
1Estados Unidos19211756
2Cuba2215
3Jamaica2024
4Canadá2002
5França1113
6África do Sul1102
7Alemanha Ocidental1001
7China1001
9Grã-Bretanha0314
10Espanha0101
11União Soviética0022
12Alemanha0011
12Finlândia0011
12Itália0011
12Suécia0011

A Prova

Carlos ChininOs 110m com barreira no Mundial de 2007, em Osaka (JAP). No destaque, o brasileiro Carlos Chinin (World Athletics)

A prova dos 110m com barreiras é uma prova olímpica de atletismo disputada apenas por homens. Disputada como competição individual, também integra o decatlo como uma de suas modalidades.

A prova é disputada numa reta onde raias de corrida estão demarcadas. A largada é feita a partir de blocos de partida no chão da pista, como as demais provas de velocidade do programa olímpico. Nos seus 110 metros de extensão são dispostas 10 barreiras; a primeira surge 13,72 m depois da linha de partida, as seguintes têm 9,14 metros de intervalo entre si e depois da última barreira há um percurso livre de 14,02 m até à linha da meta.

As barreiras têm 1,067 m de altura cada e são colocadas de modo a que caiam para a frente, caso sejam tocadas pelo corredor. O toque ou mesmo a derrubada de barreiras não é motivo de desqualificação já que, geralmente, afeta de forma negativa o tempo obtido pelo competidor. O atleta pode ser desclassificado caso invada a raia de outro atleta ou tenha um tempo de reação ao sinal de largada inferior a 0.1s, considerado uma largada falsa.