100 m masculino
100 m rasos masculino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Chances do Brasil
O Brasil terá como representantes nos 100 m rasos masculino dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 os dois únicos atletas que conseguiram baixar dos 10 segundos na prova em toda a história. Felipe Bardi é o recordista sul-americano com 9s96 e Erik Cardoso tem 9s97 como sua melhor marca.
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O que pesa contra os brasileiros é que ambos conquistaram esses resultados em provas dentro do país e jamais conseguiram repetir o desempenho em provas internacionais. Se chegarem perto de suas melhores marcas, podem até sonhar com uma final. Mas se a sina se mantiver, não passam sequer para as semifinais.
Os favoritos
Em Tóquio-2020 aconteceu a primeira prova olímpica dos 100 m rasos depois da aposentadoria de Usain Bolt, que dominou a disputa de Pequim-2008 ao Rio-2016. No Japão, a vitória ficou com o surpreendente italiano Marcell Jacobs, mas é difícil acreditar que a história possa se repetir. Os Estados Unidos, independente de quem se classificar na seletiva americana, tem tudo para voltar a vencer.
Os americanos venceram os dois últimos Mundiais. Em 2022, em Eugene, o pódio foi triplo dos Estados Unidos: ouro para Fred Kerley, prata para Marvin Bracy e bronze para Trayvon Brommell. Em 2023, em Budapeste, Noah Lyles, que também venceu os 200 m, subiu no lugar mais alto do pódio, seguido por Letsile Tebogo, do Botsuana, e Zharnel Hughes, da Grã-Bretanha.
Histórico
O ícone dos Jogos Olímpicos de Berlim venceu a prova com recorde mundial de 10.3 (Getty Images).
Os 100m masculino é a prova nobre dos Jogos Olímpicos. É a prova que o planeta pára para assistir o homem mais rápido do mundo. Os 100 m rasos, dominados historicamente pelos Estados Unidos, que venceram 16 das 29 disputas olímpicas, está no programa desde a primeira edição, em Atenas-1896. O 1º campeão olímpico foi o americano Thomas Burke, com o tempo de 12s0.
Mas o primeiro grande nome a vencer os 100m masculino e entrar para a história do esporte mundial foi Jesse Owens, nos Jogos Olímpicos de Berlim-1936. Em plena Alemanha comandada por Adolf Hitler, Owens quebrou todos os sonhos arianos do ditador alemão e venceu a prova com 10.3, destruindo as expectativas de Hitler.
Pós-Guerra
Após a 2ª Guerra, o americano Harrison Dillard foi o vencedor em Londres-1948 com os mesmos 10.3 de Owens. Na edição seguinte em Helsinque-1952, pela primeira vez os tempos foram determinados nos centésimos. O americano Lindy Remigino foi ouro com 10.79 contra 10.80 do jamaicano Herb McKenley em decisão pelo photo finish. Apenas em Roma-1960, após 52 anos, que a prova voltou a ter um vencedor europeu. O alemão Armin Hary, conhecido pelos seus tempos de reação impressionantes, venceu com 10.2, mesma marca do americano Dave Sime, medalha de prata.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio 1964 viram a introdução da tomada de tempo automática, mas ainda assim os tempos foram arredondados para parecerem tempos manuais, com apenas uma casa decimal. O americano Bob Hayes marcou oficialmente 10.06, mas seu tempo foi convertido para 10s0, apesar dos cronometristas terem marcado 9s9, o que o tornaria o 1º da história a baixar dos 10s, mas isso não foi o caso. Foi apenas na edição seguinte, na Cidade do México em 1968 que o tempo eletrônico foi totalmente adotado e o americano Jim Hines foi o vencedor dos 100m masculino com 9s95.
O primeiro bicampeão olímpico dos 100 m
Carl Leiws venceu os 100m em Los-Angeles-1984 e herdou o ouro após o doping de Ben Johnson em Seul-1988 (IAAF)
Em Los Angeles-1984, a vitória dos 100m masculino ficou com o mito Carl Lewis, que venceu com 9.99. Ficou com o bronze nesta prova o canadense Ben Johnson com 10.22.
Quatro anos depois, Johnson foi o pivô de uma das maiores polêmicas da história dos Jogos. Ele venceu a final em Seul-1988 com espetaculares 9s79 em 24 de setembro. Dois dias depois, Johnson perdeu seu ouro após testar positivo em exame antidoping com estanozolol. O ouro ficou com o segundo colocado, Carl Lewis, que herdou a vitória e o recorde mundial com 9s92 e se tornou o primeiro bicampeão olímpico da prova na história. Também foi nesta final que, pela primeira vez na história olímpica, alguém baixou dos 10s e terminou com o bronze: o americano Calvin Smith ficou em terceiro com 9.99.
Em Barcelona-1992, a vitória ficou com o britânico Linford Christie com 9.96, que voltou como favorito em Atlanta-1996, mas foi desclassificado na final após a segunda saída falsa e a vitória ficou com o canadense Donovan Bailey com 9.84, novo recorde mundial.
Nos Jogos Olímpicos Sydney 2000, os Estados Unidos voltariam ao topo do pódio com Maurice Greene, que marcou 9.87. Na edição seguinte, em Atenas-2004, um jovem americano de apenas 22 anos surpreenderia ao vencer com 9.85. Era a vez de Justin Gatlin subir ao topo do pódio, deixando o então campeão Greene com o bronze.
O reinado de Bolt
O jamaicano Usain Bolt é o único tricampeão olímpico da prova mais rápida do atletismo mundial (Kai Pfaffenbach/Reuters)
Já nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, surgiria o grande nome dos 100m masculino: o jamaicana Usain Bolt. Neste mesmo ano, Bolt surgiria para o mundo em Nova York em maio ao bater o recorde mundial com 9.72. Em Pequim, sua participação foi um show à parte. Ele venceu todas as suas baterias, marcou ótimos 9.92 ainda nas quartas, depois venceu sua semi com 9.85 e levou seu 1º título olímpico com espetacular 9.69 na final, melhorando seu recorde mundial. Foi a 1ª vez na história que três jamaicanos chegaram à final.
Bolt voltaria em Londres-2012 como o homem a ser batido. Em 2009, quando venceu o título mundial em Berlim, Bolt batera o recorde mundial mais uma vez, com espetacular 9.58, marca que persiste até hoje. Liderando a armada jamaicana, Bolt venceu pela 2ª vez com 9.63, novo recorde olímpico, com seu compatriota Yohan Blake na prata e Justin Gatlin, voltando após um gancho de 4 anos por doping, no bronze.
Para encerrar sua brilhante carreira olímpica, Usain Bolt chegaria como uma das maiores estrelas do esporte mundial nos Jogos do Rio-2016 sem decepcionar. Ele venceu novamente todas as suas baterias, com destaque para um 9.86 na semifinal e um belo 9.81 na decisão, faturando o inédito tricampeonato olímpica da prova. Justin Gatlin foi prata com 9.89 e o canadense Andre De Grasse bronze com 9.91.
Os medalhistas dos 100 m rasos masculino nos Jogos Olímpicos
Olimpíada | Ouro | Prata | Bronze |
---|---|---|---|
Atenas-1896 | Thomas Burke USA | Fritz Hofmann GER | Francis Lane USA Alajos Szokolyi HUN |
Paris-1900 | Frank Jarvis USA | Walter Tewksbury USA | Stan Rowley GBR |
St. Louis-1904 | Archie Hahn USA | Nathaniel Cartmell USA | William Hogenson USA |
Londres-1908 | Reggie Walker GBR | James Rector USA | Robert Kerr CAN |
Estocolmo-1912 | Ralph Craig USA | Alvah Meyer USA | Donald Lippincott USA |
Antuérpia-1920 | Charley Paddock USA | Morris Kirksey USA | Harry Edward GBR |
Paris-1924 | Harold Abrahams GBR | Jackson Scholz USA | Arthur Porritt NZL |
Amsterdã-1928 | Percy Williams CAN | Jack Londo GBR | Georg Lammers GER |
Los Angeles-1932 | Eddie Tolan USA | Ralph Metcalfe USA | Arthur Jonath GER |
Berlim-1936 | Jesse Owens USA | Ralph Metcalfe USA | Tinus Osendarp NED |
Londres-1948 | Harrison Dillard USA | Barney Ewell USA | Lloyd LaBeach PAN |
Helsinque-1952 | Lindy Remigino USA | Herb McKenley JAM | McDonald Bailey GBR |
Melbourne-1956 | Bobby Morrow USA | Thane Baker USA | Hector Hogan AUS |
Roma-1960 | Armin Hary GER | Dave Sime USA | Peter Radford GBR |
Tóquio-1964 | Bob Hayes USA | Enrique Figuerola CUB | Harry Jerome CAN |
Cidade do México-1968 | Jim Hines USA | Lennox Miller JAM | Charles Greene USA |
Munique-1972 | Valeriy Borzov URS | Robert Taylor USA | Lennix Miller JAM |
Montreal-1976 | Hasely Crawford TTO | Don Quarrie JAM | Valeriy Borzov URS |
Moscou-1980 | Allan Wells GBR | Silvio Leonard CUB | Petar Petrov BUL |
Los Angeles-1984 | Carl Lewis USA | Sam Graddy USA | Ben Johnson CAN |
Seul-1988 | Carl Lewis USA | Linford Christie GBR | Calvin Smith USA |
Barcelona-1992 | Linford Christie GBR | Frankie Fredericks NAM | Dennis Mitchell USA |
Atlanta-1996 | Donovan Bailey CAN | Frankie Fredericks NAM | Ato Boldon TTO |
Sydney-2000 | Maurice Greene USA | Ato Boldon TTO | Obadele Thompson BAR |
Atenas-2004 | Justin Gatlin USA | Francis Obikwelu POR | Maurice Greene USA |
Pequim-2008 | Usain Bolt JAM | Richard Thompson TTO | Walter Dix USA |
Londres-2012 | Usain Bolt JAM | Yohan Blake JAM | Justin Gatlin USA |
Rio-2016 | Usain Bolt JAM | Justin Gatlin USA | Andre De Grasse CAN |
Tóquio-2020 | Marcel Jacobs ITA | Fred Kerley USA | Andre De Grasse CAN |
Quadro de medalhas
País | Ouro | Prata | Bronze | Total | |
---|---|---|---|---|---|
1 | Estados Unidos | 16 | 15 | 9 | 39 |
2 | Jamaica | 3 | 4 | 1 | 8 |
3 | Grã-Bretanha | 3 | 2 | 3 | 8 |
4 | Canadá | 2 | 0 | 5 | 6 |
5 | Trinidad & Tobago | 1 | 2 | 1 | 4 |
6 | Alemanha | 1 | 1 | 2 | 4 |
7 | União Soviética | 1 | 0 | 1 | 2 |
8 | África do Sul | 1 | 0 | 0 | 1 |
8 | Itália | 1 | 0 | 0 | 1 |
10 | Cuba | 0 | 2 | 0 | 2 |
10 | Namíbia | 0 | 2 | 0 | 2 |
12 | Portugal | 0 | 1 | 0 | 1 |
13 | Austrália | 0 | 0 | 2 | 2 |
14 | Barbados | 0 | 0 | 1 | 1 |
14 | Bulgária | 0 | 0 | 1 | 1 |
14 | Hungria | 0 | 0 | 1 | 1 |
14 | Holanda | 0 | 0 | 1 | 1 |
14 | Panamá | 0 | 0 | 1 | 1 |
14 | Nova Zelândia | 0 | 0 | 1 | 1 |