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100 m feminino

Vitória Rosa nos 100 m feminino dos Jogos Olímpicos de Paris-2024
Vitória Rosa vai ter que correr como nunca se quiser chegar longe nos 100 m feminino (Wagner Carmo/CBAt)

Chances do Brasil em Paris-2024

Para ter chances de chegar à sonhada final dos 100 m feminino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, Vitória Rosa vai precisar correr como nunca. A melhor marca de sua vida, 11s03, obtida em 2018, não a classificaria para a final nem da Olimpíada de Tóquio e nem nos Mundiais de 2022 e 2023.

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Tanto no Mundial de 2023 quanto nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a oitava vaga para a final dos 100 m saiu com a marca de 11s01. No Mundial de 2023, a marca ainda melhor: 10s93. E o grande problema é que a brasileira não tem uma regularidade que possa lhe dar grandes esperanças.

Depois de estar classificada e ter desistido de largar nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, Vitória Rosa ficou em 25º no Mundial de 2022 com 11s20 e em 42º no de 2023 com 11s57. Ou seja, me nenhuma das duas competições conseguiu passar para a semifinal.

Os favoritos em Paris-2024

Há 16 anos, o domínio dos 100 m feminino nos Jogos Olímpicos é da Jamaica. Shelly-Ann Frazer foi bicampeã olímpica em Pequim-2008 e Londres-2012. Depois, Elaine Thompson repetiu o feito na Rio-2016 e em Tóquio2020. Em todos os pódios dessas quatro Olimpíadas, havia, no mínimo, duas jamaicanas. Em 2008 e 2021, o pódio foi inteirinho do país caribenho.

A chance disso se repetir nos 100 m feminino nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 é grande, independente de quais sejam as jamaicanas que se classifiquem. Em 2021, em Tóquio, Elaine Thompson foi acompanhada por Shelly Ann Fraser e Shericka Jackson no pódio olímpico.

No ano seguinte, no Mundial disputado em Eugene, Shelly Ann Fraser ganhou pela quinta vez na carreira o título dos 100 m feminino com Shericka Jackson com a medalha de prata e Elaine Thompson com o bronze.

Esperança americana

A americana Sha’Carri Richardson quer acabar com a hegemonia jamaicana (713 sports)

A esperança de impedir outra vez o domínio jamaicano nos 100 m feminino dos Jogos Olímpicos atende pelo nome de Sha’Carri Richardson. A atleta dos Estados Unidos foi campeã mundial em 2023, deixando Shericka Jackson com a medalha de prata e Shelly Ann-Fraser com a prata.

Richardson não participou dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 porque havia sido suspensa por ter tido exame antidoping positivo para cannabis.

Os Estados Unidos enfrentam um enome jejum nos 100 m feminino nos Jogos Olímpicos. A última medalha de ouro conquistada pelo país na prova foi em Atlanta-1996 com Gail Devers. Em Sydney-2000, Marion Jones foi campeã, mas perdeu a medalha por doping.

O Brasil nos 100 m feminino

A estreia brasileira nos 100m feminino foi na volta dos Jogos Olímpicos após a 2ª Guerra, em Londres-1948. Três brasileiras competiram, mas nenhuma passou de fase. Benedicta de Oliveira, Elizabeth Müller e Helena de Menezes marcaram o mesmo tempo, 13.2. Helena voltou a competir em Helsinque-1952, ficando em 4º na sua bateria com 12.5, não avançando.

O Brasil só voltou a ter uma competidora na prova mais rápida em Montreal-1976 com Esmeralda de Jesus Garcia, a primeira brasileira ouro no atletismo nos Jogos Pan-Americanos, campeã dos 100 m em Caracas-1983 com 11.31. Nas eliminatórias, Esmeralda foi 4ª na sua bateria com 11.80, avançando para as quartas, onde ficou em 7º na sua bateria com 11.77, não passando para as semifinais. Esmeralda voltou aos Jogos em Los Angeles-1984. Ela foi 3ª na sua bateria preliminar com 11.63, passando para as quartas, onde ficou em 6º na sua bateria com 11.82, fora das semifinais.

Cleide Amaral marcou 11.76 nas eliminatórias em Atlanta-1996, sem passar para as quartas. Em Atenas-2004, Rosemar Coelho Neto marcou 11.43 na 1ª rodada, 5ª na sua bateria e avançando pras quartas, onde marcou 11.45, ficando em 7ª na sua bateria, fora das semifinais.

Em Pequim-2008, Lucimar de Moura foi 4ª na sua bateria na primeira rodada com 11.60, mas piorou nas quartas para 11.67, ficando em 8ª na sua bateria, sem passar pra semi.

Era Rosângela Santos

Rosângela Santos foi a representante brasileira em Londres-2012. Quatro anos antes, ela havia competido no revezamento aos 17 anos, terminando em 4º, mas subindo pro bronze com a desclassificação da equipe russa em 2016. Na primeira rodada, Rosângela ficou em 2º na sua bateria com 11.07, atrás da americana multimedalhista Allyson Felix. Nas semifinais, a brasileira foi 3ª com 11.17, atrás de Veronica Campbell-Brown e Carmelita Jeter, mas não pegou vaga na final.

Rosângela competiu novamente no Rio-2016. Ela ficou em 2º na sua bateria de primeira rodada com 11.25, atrás apenas da eventual campeã, a jamaicana Elaine Thompson com 11.21, e foi 5ª na sua semifinal com 11.23, ficando de fora da final. Franciela Krasucki também competiu em 2016, mas foi 7ª na sua eliminatória com 11.67, não avançando para as semifinais.

Em Tóquio-2020, Rosângela Santos marcou 11s33, terminou em 28º lugar e não passou para as semifinais.

Histórico

Monumento em homenagem a holandesa Fanny Blankers-Koen, ouro nos 100m feminino em Londres-1948 (Crédito: AFP)

O atletismo feminino fez sua estreia olímpica apenas em Amsterdã-1928, com apenas cinco provas: 100 m, 800 m, revezamento 4×100 m, salto em altura e lançamento de disco. Com 21 disputas na história, os Estados Unidos são os maiores campeões com nove vitórias (10, mas uma delas foi desclassificada).

A primeira campeã olímpica foi a americana Betty Robinson com 12.2, deixando as canadenses Bobbie Rosenfeld e Ethel Smith com prata e bronze. Os Jogos foram apenas a 3ª competição de 100 m da americana. A vitória em Los Angeles-1932 ficou com a polonesa Stanislawa Walasiewicz, com 11.9, mesmo tempo da canadense Hilda Strike. Walasiewicz se tornou cidadã americana em 1947 e morreu em 1980 com um tiro após um assalto. Sua autópsia revelou que ela era interesex, possuindo uma variação genética conhecida como disgenesia gonadal XY completa. Pelas regras atuais, ela não poderia competir.

Pós-Guerra

Fanny Blankers-Koen fez sua estreia olímpica com 18 anos em 1936, competindo no revezamento 4×100 m e no salto em altura, sem medalha. Após a Guerra, ela foi a campeã dos Jogos de Londres-1948. A holandesa foi campeã com 11.9 e um dos grandes nomes desta edição, vencendo quatro ouros. Além dos 100 m, venceu os 200m, os 80 m com barreiras e o revezamento 4×100 m. Aos 34 anos, Blankers-Koen voltou a competir nos Jogos em Helsinque-1952, mas abandonou nas semifinais por conta de um furúnculo. A campeã na capital finlandesa foi Marjorie Jackson, uma das três australianas na decisão.

Após o sucesso quatro anos antes, as australianas chegaram fortes para competir em casa, em Melbourne-1956. Bethy Cuthbert é um dos maiores nomes da história do esporte australiano, faturando três ouros, incluindo a vitória nos 100 m com 11.5. Cuthbert liderou a equipe feminina australiana nos Jogos, que venceu 7 dos 13 ouros do país nos Jogos.

A primeira bicampeã

A americana Wyomia Tyus se tornou a primeira pessoa a faturar duas vezes o título olímpico dos 100 m, entre homens e mulheres. Tyus venceu aos 19 anos em Tóquio-1964 com 11.4 e na Cidade do México-1968 com recorde mundial de 11.0.

Com medição eletrônica, a alemã ocidental Renate Stecher foi ouro em Munique-1972 com recorde mundial de 11.07. Quatro anos depois em Montreal-1976, Stecher foi prata na final com 11.13, perdendo para a alemã oriental Annegret Richter, com 11.08. Richter havia batido o recorde mundial nas semifinais com 11.01. A soviética Lyudmila Kondratyeva venceu em casa, em Moscou-1980 com 11.06.

Sub-11

Após três Olimpíadas sem americanas no pódio, Evelyn Ashford foi ouro em Los Angeles-1984, se tornando a primeira mulher a correr abaixo dos 11 segundos em uma Olimpíada, ao vencer na final com 10.97.


Florence Griffth-Joyner assombrou o mundo ao se tornar recordista dos 100 e 200m em Seul-1988 (Crédito: World Athletics)

Mas foi em Seul-1988 que os tempos despencaram. A americana Florence Griffith-Joyner havia surpreendido o mundo nas seletivas americanas, onde correu quatro vezes abaixo do recorde mundial da época, de 10.76, sendo uma com vento acima do permitido. Nas quartas, Griffith-Joyner bateu o recorde mundial com 10.49, tempo que dura até hoje.

Em Seul, Flo-Jo bateu o recorde olímpico nas eliminatórias com 10.88 e novamente nas quartas com 10.62. Com vento acima dos 2,0 m/s permitidos, ela fez 10.70 nas semifinais e um incrível 10.54 na final, seguida de Evelyn Ashford com 10.83. Flo, que se aposentou das pistas em 1989, morreu aos 38 anos enquanto dormia em 1998 e até hoje seus tempos são questionados e há fortes evidências do uso de doping, mas nada nunca foi provado.

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Últimas conquistas dos Estados Unidos

Em Barcelona-1992, Ashford disputaria sua 4ª Olimpíada, mas parou nas semifinais dos 100 m. A grande campeã foi a americana Gail Devers, famosa também por suas longas e decoradas unhas. Foi uma final muito apertada com apenas 0.06 separando Devers, ouro com 10.82, e a 5ª colocada. Em Atlanta-1996, Devers chegou novamente como favorita tanto nos 100 m como nos 100 m com barreiras. A final foi decidida no photo finish, com a americana e a jamaicana Merlene Ottey marcando 10.94, com a americana campeã mundial um ano antes Gwen Torrence bronze com 10.96.

Marion Jones, a última campeã americana dos 100m, em Atlanta-1996. Perdeu os cinco ouros de Sydney por dopping

Os Jogos de Sydney-2000 viram a americana Marion Jones fazer história e vencer cinco ouros no atletismo, um feito inigualado por uma mulher no atletismo. Jones marcara 10.75 na final para ficar com o ouro, muito a frente da grega Ekaterini Thanou, surpreendente prata com 11.12. Só que em 2007, Jones admitiu o uso de substâncias ilícitas e perdeu todas as medalhas. Como Thanou também teve um histórico com doping após Sydney, ela não recebeu o ouro. Em compensação, a jamaicana Tayna Lawrence subiu pra prata e Ottey foi promovida pro bronze. A prova não tem campeã, mas tem duas pratas.

Surpresa bielorrussa

Thanou era uma das favoritas antes dos Jogos em casa, em Atenas-2004, mas na véspera da Cerimônia de Abertura, ela e Konstantinos Kenteris, ouro nos 200 m quatro anos antes, não apareceram para um exame antidoping e deram entrada em um hospital, alegando um acidente de motocicleta. O acidente foi falso e, com um escândalo a caminho, os dois anunciaram a desistência dos Jogos.

Sem Thanou e Jones, que não conseguiu vaga na seletiva americana, a disputa tendia a ficar entre americanas e jamaicanas, mas a bielorrussa Yulia Netsiarenka deu show e ficou com o ouro. Nas quatro vezes que correu a distância nos Jogos, ela fez tempos abaixo dos 11 segundos, batendo duas vezes o recorde nacional e vencendo o ouro com 10.93 na decisão.

Domínio jamaicano

Em Pequim-2008, as jamaicanas chegaram com tudo. Veronica Campbell-Brown havia vencido o Mundial no ano anterior, mas não conseguiu vaga na forte seletiva de seu país. A vitória ficou com Shelly-Ann Fraser com 10.78, seguida de suas compatriotas Sherone Simpson e Kerron Stewart, empatadas na prata com 10.98. Foi a primeira vez um país fechou pódio na prova. Fraser foi campeã mundial em 2009, mas em 2011 ficou em 4º. Ainda assim, em Londres-2012, agora como Fraser-Pryce, ela brilhou com ótimos tempos e foi ouro com 10.75, contra 10.78 da americana Carmelita Jeter e 10.81 de Veronica Campbell-Brown.

Fraser-Pryce seguiu brilhando, com títulos mundiais em 2013 e 2015 e era a favorita para o Rio-2016. Marcou 10.96 na primeira rodada, venceu sua semi com 10.88, mas na final foi surpreendida pela sua compatriota Elaine Thompson, que venceu com um espetacular 10.71, o melhor tempo dos Jogos desde FloJo em 1988.

Em Tóquio-2020, Elaine Thompson repetiu o feito e conquistou o ouro dos 100 m feminino com a marca de 10s61. O pódio foi inteiro jamaicano com Shelly Ann Fraser com a medalha de prata e Shericka Jackson com o bronze.

As Medalhistas

OlimpíadaOuroPrataBronze
Amsterdã 1928Betty Robinson
USA
Bobby Rosenfeld
CAN
Ethel Smith
CAN
Los Angeles 1932Stanisława Walasiewicz
POL
Hilda Strike
CAN
Billie von Bremen
USA
Berlim 1936Helen Stephens
USA
Stanisława Walasiewicz
POL
Käthe Krauß
GER
Londres 1948Fanny Blankers-Koen
NED
Dorothy Manley
GBR
Shirley Strickland
AUS
Helsinque 1952Marjorie Jackson
AUS
Daphne Hasenjäger
RSA
Shirley Strickland de la Hunty
AUS
Melbourne 1956Betty Cuthbert
AUS
Christa Stubnick
GER
Marlene Mathews
AUS
Roma 1960Wilma Rudolph
USA
Dorothy Hyman
GBR
Giuseppina Leone
ITA
Tóquio 1964Wyomia Tyus
USA
Edith McGuire
USA
Ewa Kłobukowska
POL
Cidade do México 1968Wyomia Tyus
USA
Barbara Ferrell
USA
Irena Szewińska
POL
Munique 1972Renate Stecher
GDR
Raelene Boyle
AUS
Silvia Chivás
CUB
Montreal 1976Annegret Richter
FRG
Renate Stecher
GDR
Inge Helten
FRG
Moscou 1980Lyudmila Kondratyeva
URS
Marlies Göhr
GDR
Ingrid Auerswald
GDR
Los Angeles 1984Evelyn Ashford
USA
Alice Brown
USA
Merlene Ottey-Page
JAM
Seul 1988Florence Griffith Joyner
USA
Evelyn Ashford
USA
Heike Drechsler
GDR
Barcelona 1992Gail Devers
USA
Juliet Cuthbert
JAM
Irina Privalova
EUN
Atlanta 1996Gail Devers
USA
Merlene Ottey
JAM
Gwen Torrence
USA
Sydney 2000——Aikaterini Thanou
GRE
Tayna Lawrence
JAM
Merlene Ottey
JAM
Atenas 2004Yuliya Nestsiarenka
BLR
Lauryn Williams
USA
Veronica Campbell
JAM
Pequim 2008Shelly-Ann Fraser
JAM
Sherone Simpson
JAM
Kerron Stewart
JAM
——
Londres 2012Shelly-Ann Fraser-Pryce
JAM
Carmelita Jeter
USA
Veronica Campbell-Brown
JAM
Rio 2016Elaine Thompson
JAM
Tori Bowie
USA
Shelly-Ann Fraser-Pryce
JAM
Tóquio 2020Elaine Thompson
JAM
Shelly-Ann Fraser-Pryce
JAM
Shericka Jackson
JAM

Quadro de medalhas

Clas.PaísOuroPrataBronzeTotal
1Estados Unidos97218
2Jamaica46616
3Austrália2136
4Alemanha Oriental1225
5Polônia1124
6Alemanha Ocidental1012
7Belarus1001
7Holanda1001
7União Soviética1001
10Canadá0213
11Grã Bretanha0202
12Alemanha0112
13Grécia0101
13África do Sul0101
15Cuba0011
15Itália0011
15Equipe Unificada0011

A Prova

Talvez seja a prova que desperte mais interesse em toda a olimpíada (Carlos Barria/Reuters).

100 metros rasos é uma modalidade olímpica de corrida de velocidade no atletismo. A mais curta das distâncias disputadas em eventos ao ar livre, é também uma das mais populares modalidades do esporte.

Os atletas largam de blocos firmados no chão ao som de um sinal de partida e correm dentro de raias demarcadas na pista. As solas têm pregos de comprimento máximo fixado em 8,4 milímetros, e a espessura da sola não pode ultrapassar treze milímetros. O vencedor é determinado pelo primeiro a cruzar o torso na linha de chegada; pernas e braços são desconsiderados. Quando a avaliação do vencedor não é possível ao olho humano, é usado um sistema de photo finish para determinar o campeão.

Provas disputadas com uma velocidade de vento favorável maior que 2 m/s não são aceitáveis para a homologação de recordes. Sensores colocados no bloco de largada marcam o tempo de reação dos atletas ao sinal de largada; um tempo de reação inferior a 0.1s é considerado como largada falsa, os velocistas são chamados de volta à largada, e o responsável desclassificado. Um atleta também pode ser desclassificado caso pise fora da linha que delimita sua raia de corrida.