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Paris 2024

Alan Fonteles protesta e explica falta de pódio: “Não sumi”

Ouro em 2012 e prata em 2008 e 2016, Alan Fonteles lamenta mudanças que o prejudicaram, afirma ter provas para reverter e pede nova avaliação

Alan Fonteles nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024
Alan Fonteles nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024 - Foto: Wander Roberto/CPB

PARIS – Medalha de prata em Pequim. Ouro em Londres, vencendo Oscar Pistorius. E mais uma prata no Rio. Alan Fonteles se consolidou como referência no cenário paralímpico brasileiro nas últimas décadas, mas passou em branco em Tóquio e agora também sai da capital francesa sem pódios.

Nos Jogos de 2024, o paraense primeiro competiu nos 100m T64, mesmo sendo da classe T62, foi à final e ficou em 8º. Nesta sexta-feira, encerrou a participação com o 5º lugar nos 400m T62. Logo após a prova, em entrevista ao Olimpíada Todo Dia, Alan avaliou não ter desempenhado seu melhor e que também correu errado, mas garantiu estar pronto para levantar a cabeça e se preparar para 2028.

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O QUE ACONTECEU COM ALAN FONTELES?

O brasileiro também garantiu sair de Paris com sensação de dever cumprido, o que pode surpreender muita gente que lê – afinal, dever cumprido não seria levar mais um pódio? Na sequência, explicou. Protestando e mostrando o que aconteceu para que suas conquistas fossem brecadas após três Paralimpíadas seguidas medalhando.

“Queria aproveitar toda a cobertura do OTD, todo mundo que está torcendo lá no Brasil, pra deixar aqui não uma crítica, mas um olhar. Muita gente me pergunta: “Por que o Alan sumiu do cenário paralímpico?”.

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Ele mesmo respondeu e explicou, em questões técnicas e pessoais, o que aconteceu.

“Eu não sumi, eu estou tentando me reinventar. Houve mudanças há sete anos, eu tive que baixar minhas próteses em 15 centímetros para me adequar às regras do IPC e isso fez com que eu me prejudicasse bastante. Não é uma regra, não é 15 centímetros para todo mundo. É feito uma avaliação para estipular a altura que a gente teria se tivesse as duas pernas. No meu caso foi 15 centímetros, no do americano foi 14 centímetros, e eu acredito que dos outros atletas que chegaram na frente, não foi tantos centímetros, foi cerca de 4, 5. Na prótese, qualquer centímetro é válido, qualquer centímetro implica. Aí também a minha prova dos 200 metros foi tirada, eu fui campeão em Londres e não tem mais, e a nossa classe também junta com os unilaterais nos 100 metros”.

Em 2012, quando chegou ao topo do mundo vencendo Oscar Pistorius, da África do Sul, Alan teve o tamanho de suas próteses questionado, e o vice-campeão até entrou com um protesto formal para o resultado dos 200m em Londres. No fim, a medalha de ouro seguiu com o brasileiro. Mas, quatro anos depois, após os Jogos do Rio, as coisas mudaram.

“É só uma observação para que eles possam olhar com mais carinho para essas mudanças. É a única classe que corre junto, em questão de prótese, fazer um novo estudo, ver o que pode ser feito, porque isso tem prejudicado bastante. Muita gente me pergunta, ninguém sabia, ninguém sabe do que vem acontecendo dentro dos bastidores. E eu tive que me reinventar numa nova altura. Eu poderia chegar a 1,85m em Londres, eu corria com 1,81m quando eu ganhei do Pistorius, e agora eu tô com 1,71m. É absurdo, foram lâminas perdidas, não é barato. É física, é um carro de Fórmula 1”.

ESPERANÇOSO

Alan finalizou sua análise sobre a situação com uma declaração esperançosa, contando que tem estudos que provam erros e que torce por mudanças.

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“Junto com o comitê no Brasil já fizemos estudos para poder mostrar para o IPC essa questão. A gente lá do comitê, da parte técnica, da parte de estudos já tem comprovado que existe um erro na questão do cálculo de altura de prótese. Como só mudam em ciclos, de 4 em 4 anos, espero que eles possam olhar com carinho, possam separar a classe dos 100 metros, voltar os 200 metros e olhar a questão da altura de prótese.”

O brasileiro, que ainda tem apenas 32 anos apesar de competir em Jogos Paralímpicos desde 2008, ainda afirma que 2024 pode ter mudado seus planos para o futuro. Quem sabe, este ano possa proporcionar uma carreira mais longa – e por que não, com mais pódios.

“Eu pensava em ir só até Los Angeles e estava meio desanimado com Paris, mas cara, os resultados que eu fiz esse ano… Infelizmente eu não consegui aqui, mas no troféu Brasil eu corri 21.50s, próximo da minha marca que eu corri em Londres, então isso me dá uma realização muito grande.”

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