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Paris 2024

Halterofilista perde 10kg em 44 dias para competir em Paris

Catarinense Ezequiel Correa precisou perder 10kg em 44 dias depois de garantir vaga paralímpica ‘surpresa’

Halterofilista Ezequiel Correa ergue os braços em comemoração nas Paralimpíadas de Paris-2024
(Foto: Silvio Ávila/CPB)

Paris – Depois de dez anos no halterofilismo, Ezequiel Correa recebeu a oportunidade da vida em 2024: se classificou pela primeira vez para as Paralimpíadas. Mas ele teve um grande desafio até chegar em sua competição em Paris-2024, que aconteceu nesta sexta-feira (06). Ele ganhou a vaga na categoria até 72kg, na qual competiu durante todo o ciclo, mas tinha decidido subir para a categoria até 80kg na reta final. Quando soube que disputaria os Jogos Paralímpicos, estava pesando 82kg e teve exatos 44 dias para perder dez quilos e entrar no limite de peso.

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Desde que começou a praticar o halterofilismo, em 2014, Ezequiel se manteve na categoria até 72kg. Ele é o melhor atleta do país neste peso, sendo, inclusive, o recordista brasileiro da categoria. No entanto, aparecia em 12º lugar no ranking mundial no começo do ano, depois de ter erguido 186kg nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago-2023. De acordo com o sistema classificatório do halterofilismo, somente os oito primeiros colocados da lista garantiriam vaga nas Paralimpíadas.

Pensando na classificação paralímpica, Ezequiel decidiu subir para a categoria até 80kg no final do ano passado, porque as marcas de peso para se classificar para os Jogos Paralímpicos eram as mesmas da até 72kg. “O que é que o meu técnico e eu pensamos? Se ganhar oito quilos de peso corporal, vai ganhar muito mais força”, explicou o halterofilista de 35 anos. Logo, se Ezequiel estava conseguindo erguer 186kg com 72kg de peso corporal, certamente poderia erguer 194kg (marca estabelecida por ele e seu treinador para garantir a vaga) pesando 80kg.

A classificação

A estratégia acabou dando errado por conta de uma lesão em fevereiro deste ano. Ezequiel caiu, torceu o pé e o quebrou em dois lugares. Ele teve que andar de muleta e fazer tratamento. O catarinense de Tubarão disputou duas competições internacionais na temporada, sem grandes resultados. A última competição foi em junho, na Copa do Mundo de Tbilisi, o derradeiro evento antes do fechamento do ranking paralímpico. Ele não foi bem, mas teve uma surpresa algumas semanas depois.

Ezequiel Correa erguendo barra, com ajuda de treinador, no halterofilismo de Paris-2024
(Foto: Silvio Ávila/CPB)

“Quando eu fui para a Copa do Mundo, queimei os meus três movimentos, fiquei chateado e saí comendo bastante. Ganhei 2kg a mais do que a categoria, e fiquei com 82kg. Quando atualizou o ranking ‘Caminho Jogos’, quatro atletas migraram de categoria e eu acabei subindo para o oitavo lugar na até 72kg. E vêm [se classificam] os oito melhores do mundo. Eu tive um grande desafio que foi perder dez quilos em 44 dias. Foi muita dieta, muito cardio, muito foco e graças a Deus eu voltei para a minha categoria de origem”, explicou.

Até a pesagem

A última atualização do ranking paralímpico do halterofilismo aconteceu em 15 de julho, exatos 44 dias antes da cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024, que aconteceu em 28 de agosto. Ezequiel recebeu a convocação do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e iniciou o processo para perder peso. Ele viajou para a França em 20 de agosto, e ainda precisou executar parte do seu plano até estar apto para a pesagem de sua competição, que aconteceu em 5 de setembro.

“Eu cheguei em Paris pesando 75kg e, junto com o meu nutricionista, fomos mexendo na dieta. Também não podia fazer muita loucura, porque eu também não poderia perder muita força. E me considero um atleta focado e determinado, então um dia antes da pesagem eu já estava no peso. Eu pesei 71,900kg, deu tudo certo. Também tem um grande desafio que ainda tem a repesagem, em que, se o atleta for selecionado, ele pode pesar 5% a mais do que o limite da categoria. Hoje eu ainda caí na repesagem, mas fiquei dentro dos critérios”, falou ele.

A competição em Paris

Depois de tamanho esforço, Ezequiel Correa pode dizer que realizou o sonho da vida. Ele realizou duas tentativas válidas na competição realizada na Porte de La Chapelle Arena, tendo 174kg como melhor marca, e ficou em oitavo lugar. Zico ainda tentou erguer 181kg na última rodada, mas não obteve sucesso. “Para mim, é uma emoção muito grande. Faz dez anos que eu tento essa convocação para os Jogos e consegui vir. Para mim, é motivo de muito orgulho e muita felicidade estar aqui representando o meu país na categoria que eu sou apaixonado”, disse o halterofilista.

Ezequiel Correa junto com seu treinador
(Foto: Silvio Ávila/CPB)

“Era o meu maior sonho. Eu posso dizer que hoje eu sou um homem realizado, porque o maior sonho que eu tinha na minha vida era vir para os Jogos e eu consegui. Mesmo que eu não tenha a medalha no peito, eu estando aqui é mais do que uma medalha. Só o fato de fazer a preparação e chegar nos Jogos, é uma coisa muito difícil. Me sinto orgulhoso, é a maior competição do planeta. A gente chegou no ápice e posso dizer que eu conquistei tudo como atleta”, completou Ezequiel, que tem baixa estatura devido à má-formação dos membros inferiores.

Agora, seu planejamento é permanecer na categoria até 72kg para o próximo ciclo, na tentativa de seguir quebrando mais recordes e tentando uma vaga em Los Angeles-2028. “Claro que perdendo dez quilos, perde força também, né. Foi um prazo muito curto. Agora, eu vou fazer um trabalho de volta para continuar na minha categoria e melhorar a minha melhor marca na 72kg. Esse ano ainda tem as competições do Circuito Paralímpico lá no Brasil e eu quero fazer a minha melhor marca”, explicou.

Paulistano de 23 anos. Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Estou no Olimpíada Todo Dia desde 2022. Cobri a Universíade de Chengdu, o Pan de Santiago-2023, a Olimpíada de Paris-2024 e a Paralimpíada de Paris-2024.

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