Paris – Gabriel Garcia fez história em Paris-2024 ao tornar-se o primeiro homem brasileiro a disputar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos no mesmo ano. Depois de disputar a Olimpíada como integrante do revezamento 4x100m masculino, ele foi o atleta-guia de Jerusa Geber e a auxiliou em sua conquista da medalha de ouro dos 100m T11 (atletas cegas) nas Paralimpíadas. O atleta conversou com o Olimpíada Todo Dia após a conquista do título paralímpico e comentou sobre sua carreira dupla.
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“É só felicidade. Venho treinando muito como atleta individual e também pensando nas Paralimpíadas com a Jerusa. A gente vem fazendo um grande trabalho desde o começo do ano, de eu estando fora também, enquanto corri no olímpico. Esse trabalho é de gratidão. Trabalhamos para conquistar, então é só alegria. A gente veio querendo muito essa medalha desde Tóquio e esse ano a gente conquistou essa medalha”, falou o velocista e atleta-guia, que tem 26 anos.
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Gabriel começou a guiar Jerusa no final de 2016. Até chegar em Paris, ele esteve junto dela na conquista de quatro títulos mundiais, sendo três nos 100m, na quebra do recorde mundial dos 100m e na disputa dos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020. Naquela edição do megaevento, Jerusa chegou como favorita ao título, mas a corda-guia que a liga a Gabriel se rompeu durante a final. Agora, em Paris, eles deram a volta por cima e saíram com o ouro.
“Para mim, é um privilégio estar correndo com o Gabriel, que é um dos atletas mais rápidos que o Brasil tem. A gente trabalhou muito também, o nosso treinador. Era um sonho em conjunto de conseguir que o Gabriel chegasse em uma Olimpíada. E se o criador permitir, nós vamos conseguir muito mais ainda. O Gabriel tem muito pra conquistar, ele é novo. E vamos trabalhar, para chegar no Mundial ano que vem e estar dando muita muito orgulho para o Brasil”, comentou Jerusa.
Sonho olímpico
Depois de muito tempo ao lado de Jerusa, Gabriel Garcia passou a se dedicar de forma mais intensa em competições olímpicas a partir deste ciclo. Ele teve sua primeira convocação para um Mundial de atletismo convencional em 2022, integrando o revezamento 4x100m masculino. Na atual temporada, ele disputou o Mundial de Revezamentos, em Bahamas, e chegou até os Jogos Olímpicos. O atleta paulista tem 10s10 como melhor marca pessoal nos 100m rasos.
Gabriel foi escalado como titular do revezamento na Olimpíada, em prova disputada em 08 de agosto. Ele correu a primeira perna da eliminatória, integrando um quarteto que também contou com Felipe Bardi, Erik Cardoso e Renan Gallina. A equipe terminou em sexto lugar em sua bateria, com 38s73, e não conseguiu um lugar na final. Cerca de 20 dias depois, Gabriel voltou ao Stade de France para iniciar sua jornada na Paralimpíada ao lado de Jerusa, que culminou em um recorde mundial e um ouro paralímpico.
“Sozinho dá aquela emoção. Ser guia é um pouco mais de pressão, porque eu sou os olhos da Jerusa e tenho que carregar essa pressão dela para mim. Mas sempre o atleta tem que estar bem psicologicamente. Eu estou bem, fiquei bem preparado, principalmente por esse momento e para essa final com a Jerusa”, disse Gabriel Garcia, que guiou a atleta na quebra do recorde mundial na semifinal paralímpica, com o tempo de 11s80.
“A emoção é nítida, né? Eu sempre falo para as pessoas, agora é minha casa. A Paralimpíada é minha casa. Foi onde eu comecei como atleta de alto rendimento e dentro do paralímpico consegui atingir esse grande nível de ser esse atleta olímpico. Eu posso dizer que a emoção é um pouquinho maior no paralímpico, mas eu tenho um sonho ainda de, quem sabe, ser um medalhista olímpico também”, completou.
Planos para o próximo ciclo
Jerusa Geber e Gabriel Garcia ainda vão competir em mais uma prova nesta Paralimpíada: os 200m T11, disputa em que ela também foi campeã mundial no ano passado. Apesar do compromisso, Gabriel já fala sobre seus planos para o pós-Paris: ele quer descansar por um período e, depois, retomará sua carreira dupla, com os treinamentos para alimentar ainda mais o sonho olímpico e também para seguir ao lado da acreana.
“Depois dessa Paralimpíada eu quero tirar uma semaninha só de férias, porque eu sei que ano que vem tem Mundial indoor e Mundial olímpico. Quero fazer parte dos dois e vou treinar, mas esse ano acho que a meta já foi batida. Eu quero descansar, pôr a minha mente no lugar e aproveitar, porque só quem é atleta sabe que não é fácil. Você tem que estar em dieta, em descanso, para sempre estar em alto nível, em alto rendimento”, falou.